domingo, 28 de agosto de 2011

Projeto 1.000 Mulheres oferece treinamento em gestão e negócios para pequenas empresárias brasileiras

Por Carolina Gonçalves
Rio de Janeiro – Dar mais autonomia a mulheres carentes e colaborar para o desenvolvimento pessoal, a partir da formação em gestão e negócios é o objetivo de um projeto aplicado em 22 países pela escola espanhola de gestão IE Business School, com o patrocínio do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs. No Brasil, há instituições parceiras para o desenvolvimento do projeto, chamado 1.000 Mulheres.
A pequena empresária mineira Rosani Aparecida é uma das beneficiadas do programa, em Minas Gerais, onde a instituição apoiadora é a Fundação Dom Cabral. A partir do curso de gestão promovido no âmbito do projeto, ela conseguiu evitar, em 1996, a falência da empresa fundada pela família, há 33 anos, em Sete Lagoas.
A empresa de Rosani fabrica carrinhos de mão para construção civil e garfos agrícolas para mineração, agricultura e carvoaria. “Pedi que me deixassem assumir a administração, montei uma equipe de trabalho e conseguimos reerguer a empresa. Mas fui fazer minha faculdade já muito velha, com mais de 30 anos, e o curso é muito teórico. Não te dá embasamento prático”, relatou a empresária, que viu suas chances crescerem com o projeto 1.000 Mulheres.
Ela foi selecionada para participar do projeto no ano passado. “Já tinha controle de processo produtivo implantado. Mas eu nunca tinha entrado no xis da questão, que é o planejamento estratégico. Aprendi a delegar de maneira prática e com objetivo. Não estou mais parando na empresa. Estou indo ao mercado e buscando novos clientes e o operacional fica dentro da empresa”, descreveu.
Para Rosani, as aulas de marketing e finanças lhe deram ferramentas para que aumentasse em 30% o faturamento da empresa, que conta com 18 funcionários. Agora, ela abriu uma loja, onde revende produtos de outras fábricas e se prepara para exportar. “Não tinha nota fiscal eletrônica, não tinha código de barra, tive que revitalizar minha linha. Enxerguei o que o cliente está pensando, o que o mercado quer. Não posso vender o que quero, mas o que o mercado quer comprar”, disse a empreendedora mineira.
Os cursos do projeto são gratuitos. O 1.000 Mulheres é desenvolvido em países como o Afeganistão, a África do Sul, China, Índia, Nigéria e Ruanda. Em São Paulo, a responsável pela formação das mulheres é a Fundação Getulio Vargas (FGV) e, em Minas e no Rio de Janeiro, a Fundação Dom Cabral.
Em Minas Gerais, já foram formadas 200 mulheres e, no Rio, é a primeira vez que aquelas que mantêm um negócio formal ou informal, com pelo menos cinco funcionários, vão poder participar do treinamento. “É um curso de gestão completo. As mulheres têm muito conhecimento da parte técnica do negócio delas, mas têm carência de ferramentas de gestão. Não sabem o que fazer para aumentar o faturamento, têm insegurança em relação à contratação de financiamento, não têm visão clara da necessidade de treinar a equipe. O curso oferece profundo conhecimento na área de gestão, mas não no negócio específico, porque isso elas conhecem melhor que os professores”, explicou a gerente de Projetos da Fundação Dom Cabral, Ana Paula Tolentino.
O 1.000 Mulheres tem a meta de formar 10 mil mulheres em todo o mundo até 2013. Só a Fundação Dom Cabral terá que capacitar 800 mulheres em Minas e no Rio, no mesmo período. “Faz parte do treinamento uma pesquisa de indicadores que é aplicada no primeiro dia de aula e repetida depois de 12 meses e de 18 meses. A gente faz o acompanhamento para ver quanto a empresa cresceu em faturamento, número de colaboradores, treinamento, filiais”, explicou Ana Paula.
No Rio, as inscrições estão abertas até o dia 19 de setembro pelo site http://www.fdc.org.br/. As aulas começam em novembro. As empresárias e empreendedoras interessadas têm que ter, no mínimo, 21 anos e disponibilidade de três dias na semana para acompanhar as aulas ministradas por professores de pós-graduação. “Investir em mulher é o investimento que traz o maior retorno. A mulher, quando ganha dinheiro, pensa em reinvestir na família, na educação dos filhos, no próprio negócio e em serviços sociais. Já o homem, quando recebe dinheiro, gasta com coisas mais imediatas que não dão tanto retorno para a sociedade, como a compra de um carro”, observou a gerente.

Fonte  Agência Brasil

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