quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Número de negros mortos no Brasil é igual à população da Islândia


Nos últimos oito anos, o número de negros vítimas de homicídio no Brasil equivaleu à população da Islândia. Se o cenário se manter, em cerca de 50 anos os números poderão representar a população da Eslovênia, que é composta por mais de 2 milhões de pessoas.

Esta comparação foi feita pelo site Alma Preta e se trata de uma releitura dos dados do Atlas da Violência de 2017, uma pesquisa realizada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Somente nesse ano, morreram mais de 59 mil negros. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) alerta para a necessidade de se refletir sobre os fatos.

Em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30.000 são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados.

O Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 apontou que a taxa de jovens negros assassinados por 100 mil habitantes subiu de 60,5 em 2007 para 70,8 em 2012. 

Os dados do IPEA de 2018 são ainda mais avassaladores. As maiores taxas de homicídios de negros encontram-se nos Estados brasileiros de Sergipe (79,0%) e do Rio Grande do Norte (70,5%). Os números mostram ainda que entre 2006 e 2016 as taxas de homicídios de negros cresceu 23,1%.

“A conclusão é que a desigualdade racial no Brasil se expressa de modo cristalino no que se refere à violência letal e às políticas de segurança. Os negros, especialmente os homens jovens negros, são o perfil mais frequente do homicídio no Brasil, sendo muito mais vulneráveis à violência do que os jovens não negros”, explica o documento do IPEA.

As mulheres negras também têm taxas altas de homicídios. Em 2016, mais de 4,5 mil mulheres perderam a vida no Brasil. A taxa representa 4,5 mulheres assassinadas a cada 100 mil brasileiras. Nos últimos dez anos, esse número subiu 6,4%.

Segundo dados do Mapa da Violência de 2011, em Minas Gerais, o número de assassinatos de jovens negros (2.8) é mais que o dobro do número de homicídios de jovens brancos (1.2).

Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, conta com números nada positivos quando se fala em juventude negra. Pelo contrário: o índice de letalidade dentro desse grupo social remete ao genocídio propriamente dito. 

De acordo com relatório desenvolvido pela Comissão Especial de Estudo do Genocídio da Juventude Negra e Pobre, da CMBH (Câmara Municipal de Belo Horizonte), presidida pela vereadora Áurea Carolina (PSOL), três entre quatro jovens mortos no município são negros.

 Este indicador coloca o principal município de Minas Gerais na 11ª no lamentável ranking de capitais federais com os maiores percentuais de mortes violentas de jovens pretos e pardos em todo o Brasil. Vale citar que o município tem 2,5 milhões de habitantes e o quarto maior PIB (produto interno bruto) do país.

O encarceramento em massa da população negra e seu extermínio persistem. 
Estes dados mostram que a parcela negra da população, de fato, está mais vulnerável aos efeitos da violência urbana que outros grupos étnicos da sociedade.
Além da alta no número de mortos, há uma tendência crescente da vitimização dos negros no Brasil.
Apesar dos altíssimos índices de homicídio de jovens negros, o tema é em geral tratado com indiferença na agenda pública nacional. As consequências do preconceito e dos estereótipos negativos associados a estes jovens e aos territórios das favelas e das periferias devem ser amplamente debatidas e repudiadas.
Todos os jovens têm direito a uma vida livre de violência e preconceito. 

Fonte:ConexaoLusofona/AlmaPreta/Correionago/ Anistia Internacional

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Mulher negra e nordestina são heroínas em Game de produção nacional


Por Felipe Mascari
Rede Brasil Atual
No jogo com elementos de exploração e sobrevivência,
a personagem Cícera auxilia os sertanejos a superarem a seca. (Reprodução/AOCA)

Na contramão do padrão da indústria, game baiano Árida surge algo inovador,  com o objetivo de divertir, mas ao mesmo tempo educar, desconstruir estereótipos e ser uma plataforma de reconhecimento identitário.

Inserido no contexto do sertão nordestino durante o século 19, o jogo é uma aventura com elementos de exploração e sobrevivência. Ele traz a história da jovem Cícera, que auxilia os sertanejos a superar a seca. O protagonismo da mulher negra e nordestina é considerado uma “ocupação” dentro do universo do jogo.

De acordo com Filipe Pereira, game designer e diretor geral da Aoca – produtora responsável pelo jogo –, é difícil sair do clichê dos jogos desenvolvidos no Brasil e no mundo. “Todos os componentes que estão no nosso jogo colocam a gente num percentual bastante diminuído pela indústria, não só pelo local do sertão, mas também pelo viés mais social. 
Sem falar do protagonismo de uma personagem mulher, negra e nordestina, o que não vemos nos outros jogos”, afirma à RBA.

Inicialmente, o jogo seria ambientado na região de Canudos, interior da Bahia, durante o confronto entre o Exército e os integrantes do histórico movimento popular liderado por Antônio Conselheiro, no fim do século 19. Entretanto, após iniciarem as pesquisas, os desenvolvedores decidiram agregar questões simbólicas de outras regiões do sertão baiano. Para isso, o grupo recebeu a colaboração de historiadores e especialistas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

“A gente fez a pesquisa em campo após seis meses de projeto, em Canudos e região, o que foi muito bom. Nós validamos caminhos que já tínhamos traçado. Uma coisa curiosa é que lá encontramos personagens como retratávamos já no game. É algo que vai de encontro com vários paradigmas que a gente tem na nossa história, como não conseguir se organizar socialmente, com um viés de resistência e utopia. Canudos, guardados as devidas proporções, é o socialismo na prática”, explica Filipe.

Identidade visual
As visitas ao sertão e o próprio desenvolvimento do projeto permitiram a ampliação de repertório da linguagem visual. Contrastes entre as texturas, a contemplação do horizonte como um elemento de reforço à imensidão do ambiente foram características estratégica adotadas, com o objetivo de oferecer alternância e antecipação à experiência de jogo.

Victor Cardozo, diretor de arte do projeto, explica que há um cuidado especial para o público que não conhece o nordeste, mas que possui uma imagem estereotipada. “A gente contempla o horizonte porque lá é um ambiente muito único. Desde o solo até a flora local, então queríamos passar outra visão, mostrando que há um ambiente duro, mas também bonito.”

A franquia será dividida em quatro episódios. A data de lançamento do primeiro episódio do game está prevista para o primeiro trimestre de 2019, com o computador como plataforma inicial. Victor explica que haverá um amadurecimento e uma dramatização do ambiente, na qual a arte será transformada ao decorrer da história. “As mecânicas vão evoluir também. Hoje, tem diversos aspectos universais e uma paleta de cores diversa; já no capitulo dois vamos explorar mais os detalhes, terá mais textura. O capitulo três será menos saturado, com mais aspectos de dramas e cores mais frias”, conta.

Em 2017, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) selecionou o jogo em seu edital de games. De acordo com o programa, é previsto que Árida receba R$ 250 mil para investir no projeto. O valor deverá ser usado para a elaboração do terceiro e quarto episódio.

“A gente foi o único da Bahia a ganhar. Ao mesmo tempo que estamos orgulhosos, estamos tristes por saber que há outros talentos que poderiam ser contemplados. O fato da Ancine elogiar nosso projeto é um alento, ao mesmo tempo que produzimos socialmente algo forte, também é interessante para o mercado”, comemora Victor.

O universo do jogo mistura o cartoon com o realismo. A arte nordestina também faz bastante parte da ambientação do jogo, com a música e o cordel, sendo utilizados para a história. “Dentro da pesquisa nas artes conceituais, pegamos um novo olhar e trouxemos o grafite para dentro do jogo e chamamos o Bigode (Josivaldo Santos Silva), de Salvador, que atua há 20 anos aqui”, acrescenta Cardozo.

Reconhecimento identitário
Com o mercado gamer escorado no eixo Rio-São Paulo, os desenvolvedores acreditam que Árida, carregando a identidade nordestina, pode mudar esse cenário. Ao participar de diversos eventos do gênero pelo país, eles enfrentam a xenofobia e o rótulo de “jogo nordestino”.

“Porém, ao estarmos nesses ambientes, é uma intervenção não só para consumidores, mas para os desenvolvedores também. Muitas pessoas de São Paulo, por exemplo, são filhos de nordestinos, então tem uma identificação com essa raiz. É uma forma de reconhecimento identitário que as pessoas terão”, conta Filipe.

A experiência do jogo pode rever os olhares que tinham para o nordeste, acredita Victor. “Nós vamos levar a informação e cultura para o público, mas de uma forma divertida. Ensinar o que é cacimba ou um caçuá são coisas que fazem parte do Brasil que muitas pessoas não têm contato”, explica o diretor de arte.

A ideia é levar a franquia para o mundo dos quadrinhos. Apesar da equipe que conta com sete pessoas, hoje, eles buscam ampliar os colaboradores para tornar o projeto ainda maior, conta o diretor geral. “O jogo tem um universo que permite expandir a narrativa em outras plataformas e até com maior qualidade.”



https://youtu.be/hvLTjYTojGU


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Mulheres negras estão 50% mais vulneráveis ao desemprego, aponta pesquisa do Ipea

Edson Lopes Jr/A2AD

Taxa de desemprego entre mulheres negras é 80% superior à do início da crise; entre homens brancos, a variação no período foi de 4,6 pontos percentuais.

Mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego, segundo pesquisa do IPEA .
O estudo, que utiliza como base dados da PNAD Contínua, mostra que, a cada 1 ponto percentual a mais na taxa de desemprego de uma unidade federativa, a desocupação de mulheres negras daquela mesma unidade sofre, em média, um aumento de 1,5 ponto percentual.

As mulheres negras  entre o segundo trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017, representaram a fatia com maior aumento absoluto na taxa de desemprego, uma variação de 8,8 pontos percentuais.
O instituto distingue os dados entre homens brancos, homens negros, mulheres brancas e mulheres negras.

Segundo o Ipea, a taxa de desemprego entre mulheres negras é 80% superior àquela encontrada antes do início da recessão de 2015-2016.

Entre homens brancos, a mudança no período foi de 4,6 pontos percentuais. Entre negros do sexo masculino, o desemprego cresceu 7 pontos percentuais no mesmo espaço de tempo. A diferença ocorre desde antes da queda do PIB em 2015-2016.

"Os resultados indicam que a resposta da taxa de desemprego dos grupos durante a recessão não foi alterada", diz trecho do estudo.

"A recessão não afetou de maneira heterogênea a sensibilidade dos grupos socioeconômicos ao aumento da taxa de desemprego."

Na avaliação do Ipea, não foram encontrados desconexões muito grandes no comportamento da taxa de desemprego quando comparadas as mulheres brancas e negras, há uma pequena diferença de 0,2 ponto percentual na desocupação mas "não é significativa do ponto de vista estatístico".
"O mesmo pode ser dito em relação à diferença entre as mulheres brancas e os homens", diz um trecho do estudo. "Não há diferença de resposta entre os dois grupos masculinos."

Ao investigar como o desempenho da economia afeta cada um dos grupos de diferentes idades e cor da pele, o Ipea aponta que períodos de maior dificuldade econômica, como a recessão de 2015-2016 afetam tanto "o número de pessoas que passam a buscar emprego quanto...o tempo em que os desempregados se mantêm nessa condição".

"Assim mesmo, é possível notar um padrão de heterogeneidade entre os grupos semelhante ao verificado para a taxa de desemprego, isto é, com as mulheres negras experimentando um resultado mais adverso que os homens brancos, o mesmo se passando na comparação dos jovens com os adultos."

Faixa etária
Jovens de 18 a 29 anos estão entre os mais afetados, com uma relação de 1,7 em relação à taxa geral de desemprego. Ou seja, a cada um ponto percentual de aumento na taxa de desemprego, há um avanço de 1,7 ponto percentual na desocupação desta faixa etária. Na faixa etária de 30 a 64 anos, a relação é de 0,7 ponto percentual, segundo o Ipea.

"Conhecer em que medida as oscilações da economia afetam o desemprego dos diferentes grupos socioeconômicos é uma tarefa importante, pois permite que se (re)desenhe a política pública de forma mais adequada às heterogeneidades desses grupos no mercado de trabalho", afirma a pesquisa.

"Embora haja alguma heterogeneidade entre os grupos nas respostas às mudanças nas condições do mercado de trabalho em geral, essa heterogeneidade não se altera de forma expressiva em momentos de recessão."

Fontes: IPEA/G1

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Aprovado afastamento de gestantes e lactantes em trabalhos insalubres


Mulheres poderão se afastar com direito a pagamento de adicional 
de insalubridade agora projeto 
segue para a Câmara

Mulheres gestantes e lactantes poderão se afastar de trabalhos insalubres com direito a pagamento de adicional de insalubridade. De acordo com o Projeto de Lei do Senado (PLS) 230/2018, aprovado pelo plenário nesta terça-feira (18), essas trabalhadoras terão a prerrogativa de decidir se retornam à atividade em casos de insalubridade leve ou média. O texto segue para a análise da Câmara dos Deputados.
O projeto modifica a reforma trabalhista de 2017, que determinou que o afastamento de gestantes e lactantes de trabalhos insalubres só acontecerá mediante apresentação de atestado médico.
Com a nova proposta, o afastamento passa a ser a regra. Nos casos de situações de insalubridade leve ou média, a trabalhadora poderá optar por permanecer no cargo. Ela receberá o adicional de insalubridade em qualquer situação.
O texto aprovado pelo plenário foi um substitutivo . Na primeira versão, o afastamento obrigatório não incluía as lactantes, e o adicional era perdido nos casos em que a trabalhadora se mantivesse fora da função.

Lacuna

Para o Autor do projeto  PLS 230/2018, o projeto foi elaborado com o objetivo de suprir uma lacuna deixada pelo fim da vigência da Medida Provisória 808/2017, editada para aperfeiçoar algumas disposições da reforma trabalhista. A MP modificava dispositivos polêmicos da reforma, mas não chegou a ser votada e acabou não sendo convertida em lei. O Congresso precisava "corrigir uma falha" que cometeu. Afirma autor.
Simone Tebet afirmou que o texto tem chances de ser votado de imediato pela Câmara dos Deputados e de ser sancionado ainda nesta semana pelo presidente da República. Para ela, a nova regra é um avanço tanto em relação à reforma trabalhista quanto à versão anterior da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que não previa a possibilidade de retorno ao trabalho por iniciativa própria da trabalhadora.
"Ficamos devendo uma resposta às mulheres. Não tivemos sequer tempo para analisar a reforma trabalhista e a situação ficou numa penumbra. Podemos agora honrar o compromisso que fizemos", disse a senadora.
O presidente do Senado,  parabenizou o plenário pela aprovação e também destacou a aprovação conflituosa da reforma trabalhista, que passou pelo Senado sem modificações sob a justificativa de que os pontos polêmicos seriam corrigidos depois – o que não aconteceu.

Votos contrários

A proposta teve votos contrários da senadora Rose de Freitas (MDB-ES) e do senador Paulo Rocha (PT-PA). Para Rose de Freitas, o texto representa uma "solução esdrúxula" para o problema criado pela reforma trabalhista, pois deixa nas mãos das trabalhadoras o ônus de decidir sobre a própria saúde.
"Transferimos [para as mulheres] a responsabilidade de um cuidado explícito que as leis deveriam ter", criticou a parlamentar.
O senador Humberto Costa (PT-PE) votou a favor e disse que o projeto é uma "melhoria considerável" em relação à reforma. No entanto, ele observou que nem sempre a trabalhadora que optar por permanecer trabalhando estará agindo por vontade própria.
"Quando falamos em decisão da própria trabalhadora, deixamos de levar em consideração pressões escamoteadas que habitualmente acontecem", afirmou Costa.

Fonte:Agência Senado

“Quem é ela?”: o novo jogo de tabuleiro que celebra as mulheres que marcaram a História


Exemplos de alguns dos cartões biográficos do jogo
“Quem é ela?” (Imagem: Reprodução Kickstarter)
Criado pela designer polaca Zuzia Kozerska-Girard, o “Who’s She?” (“Quem é ela?”; tradução livre) é uma adaptação do jogo “Guess Who?” (“Adivinha quem?”; tradução livre), o clássico jogo de tabuleiro que fez sucesso na década de 80, um pouco por todo o mundo. Nesta nova versão, submetida na plataforma Kickstarter – dedicada ao financiamento coletivo (crowdfunding) -, o jogo tem um elenco exclusivamente feminino, composto por sonantes nomes de mulheres que atuaram nas mais diversas áreas.

Frida Khalo, famosa pintora mexicana e ícone cultural; Marie Curie, reconhecida cientista polaca que ganhou o Prémio Nobel duas vezes; Harriet Tubman, humanitária e espia dos Estados Unidos da América durante a Guerra Civil; e a russa Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir ao espaço, são apenas quatro exemplos de mulheres marcantes que integram este jogo. No total, é composto por 28 grandes figuras femininas, que foram mais além nas suas áreas e que deixaram um notável legado através das suas escolhas, expressões artísticas, pensamentos e ações. A acompanhar o tabuleiro, há também 28 pequenos cartões biográficos que contêm algumas curiosidades acerca de cada uma das personalidades, desde citações até pormenores insólitos das suas vidas.

“Quem é ela?” é um jogo de tabuleiro composto por 28 figuras femininas que o jogador deve adivinhar através de perguntas relacionadas com os seus grandes feitos. Além de um retrato a aguarela no próprio jogo, é também atribuído um cartão biográfico a cada uma delas, com informações relevantes e curiosidades inéditas (Imagem: Reprodução Kickstarter)

Através desta criação, Zuzia Kozerska-Girard quis eternizar os feitos destas mulheres e, também, passar, através delas, uma mensagem de encorajamento às meninas mais novas. Para isso, contou com a ajuda de outra mulher, Daria Golab, a artista polaca responsável pelas pinturas a aguarela que dão cor a todas as figuras. Mas, atenção, os mais másculos que não se assustem: embora tenha sido inventado por uma mulher, pintado por outra e seja composto, apenas, por mulheres, o jogo não exclui os homens! Bem pelo contrário, toda a gente é bem-vinda e qualquer pessoa pode jogar.
Exemplos de alguns dos cartões biográficos
do jogo “Quem é ela?”
(Imagem: Reprodução Kickstarter)
No jogo original, as sugestões de perguntas a fazer para que a adivinha se concretizasse eram direcionadas para as caraterísticas físicas, como “Usa chapéu?”“Usa óculos?” ou “Tem um nariz grande?“. No “Quem é ela?”, a autora quis transformar o conceito e, em vez das questões mais clássicas, as propostas mudam para perguntas que nada têm a ver com o aspeto físico: “Era espia?”, “Ganhou um Prémio Nobel?” ou “Fez uma grande descoberta?”. Assim, os grandes feitos e ações destas mulheres são verdadeiramente enaltecidos e tornam-se no foco do jogo, sem distrações. Muito melhor, não acham? Embora o objetivo financeiro da submissão rondasse os 17 mil dólares americanos (quase 15 mil euros), atualmente a proposta conta já com mais de 3.000 apoiantes e cerca de 302 mil dólares acumulados (mais de 260 mil euros). A designer polaca só pode estar feliz, visto que além de ainda faltarem nove dias para terminar o prazo de financiamento da primeira parte da proposta, os 100% já estão mais do que ultrapassados – e o melhor é que os 1000% também
Exemplos de alguns dos cartões biográficos
 do jogo “Quem é ela?” (Imagem: Reprodução Kickstarter)

Para melhorar ainda mais o cenário, todo o material usado é feito para garantir a durabilidade do produto. Os retratos feitos por Daria Golab são impressos diretamente em madeira de bétula e protegidos com óleo de linhaça, que a preserva. Pode encomendar o jogo, que estará disponível para entrega a partir de fevereiro de 2019, através da Kickstarter, por 65 euros. As versões disponíveis são em inglês, francês, alemão, polaco, espanhol ou italiano.
Fonte e texto : http://www.conexaolusofona.org

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Direitos Humanos : O que Esperar ?

Por Mônica Aguiar

70 anos de Declaração universal dos Direitos Humanos, estamos fechando  ano de 2018, marcado por várias tragédias e violações contra a vida e a liberdade. 


Encontramos um País que não conseguiu abordar e resolver suas principais dívidas históricas com a cidadania: o problema estrutural de desigualdade e discriminações profundas, das quais se destacam a discriminação racial esocial. (Frase que fez  parte do relatório divulgado em novembro, pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)

Este ano de 2018 ficou marcado com várias atrocidades. Uma delas, contra a Vereadora negra Marielle Franco, militante feminista e dos direitos humanos, exterminada no exercício de sua função pública como Vereadora, representante notória  dos interesses das mulheres, da população negra e direitos humanos perante o poder público e  sociedade. 

Do Norte ao Sul do Brasil, as mortes de quem defende direitos humanos são recorrentes com aumento alarmante em todo Brasil:- Paulo Sergio Liderança Indígena e quilombola, Márcio Oliveira liderança sem Terra.

Diante de tantos fatos de violação dos direitos humanos ocorridos contra centenas de mulheres negras brasileiras, foi apresentado um  Dossiê  republicado por este BLOG em março. "A situação dos direitos humanos das mulheres negras no Brasil" .
O Dossiê  foi produzido pelo Geledés – Instituto da Mulher Negra e Criola – Organização de Mulheres Negras, apresentado na 157ª sessão da Comissão da OEA – Organização dos Estados Americanos.
Com abordagens da violência e diferentes formas de violações de direitos humanos de mulheres negras brasileiras no Brasil.  

A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma que "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Mas diante declarações afirmadas publicamente, pela futura ministra dos Direitos Humanos, Damaris Alves, tudo indica que estas diretrizes  não serão adotadas pelo futuro Governo no Brasil.

Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, combate ao racismo, oportunidades, combate a toda forma de violência entre e muitos outros.  Todos e todas merecem estes direitos, sem discriminação e preconceito.

Mesmo que estabelecidas as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos, as declarações da futura Ministra de Direitos Humanos, demostram  que sua posição pessoal, sua ideologia religiosa e valores morais sobrepõem o papel de um Gestor Público de uma Nação, ficando na contramão do mais universal de todos os direitos. Os direitos Humanos .  

conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.

  • Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
  • Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
  • Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
  • Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
  • Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa.
A Constituição Federal regula os tratados internacionais no direito brasileiro.  O Brasil assinou e ratificou  vários Tratados Internacionais de Direitos Humanos :
  • Convenção para Prevenção e a Repressão do crime de genocídio (1948);
  • Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951);
  • Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados (1966);
  • Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966);
  • Protocolo Facultativo relativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966);
  • Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966);
  • Convenção Internacional sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial (1965);
  • Convenção Internacional sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (1979);
  • Protocolo Facultativo à Convenção Internacional sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (1999);
  • Convenção contra a tortura e outros Tratamentos ou Penas cruéis, desumanas ou degradantes (1984);
  • Convenção sobre os Direitos das Crianças (1989);
  • Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança referente à venda de criança, à prostituição infantil e à pornografia infantil (2000);
  • Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo ao envolvimento de crianças em conflitos armados (2000);
  • Convenção das Nações Unidas contra corrupção (2000) – Convenção de Mérida;
  •  Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969) – Pacto de San José da Costa Rica;
  • Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos (1979);
  • Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais (1988) – Protocolo de San Salvador;
  • Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos referentes à abolição da pena de morte (1990);
  • Convenção Interamericana para prevenir e punir a Tortura (1985);
  • Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a Mulher (1994) – Convenção de Belém do Pará;
  • Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores (1994);
  • Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência (1999). 

Aumento das violações 

A Declaração universal dos Direitos Humanos completam 70 anos, somos milhões  de brasileiros sem moradia digna, saneamento básico, alimentação, acesso à educação pública de qualidade e trabalho.
Este dado divulgado dia 5 de dezembro, pelo IBGE é um triste retrato da crise econômica no Brasil . Ao todo, somos 55 milhões de pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza. 

Estes indicadores sociais também revelam uma realidade perversa para crianças e jovens no Brasil. No ano passado, 12,5% da população brasileira de 0 a 14 anos vivia na extrema pobreza e 43,4% na pobreza, (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE) .

Em números absolutos, são 5,2 milhões de brasileiros de 0 a 14 anos na extrema pobreza – o equivalente a quase toda a população da Dinamarca – e 18,2 milhões na pobreza – pouco mais do que o número de habitantes do Chile. 

Entre negros ou pardos, 13,6% estavam entre os 10% da população com os menores rendimentos. No outro extremo, porém, apenas 4,7% deles estavam entre os 10% com maiores rendimentos. Já entre os brancos, 5,5% integravam os 10% com menores rendimentos e 16,4% os 10% com maiores rendimentos. 

A análise por restrição de acesso a bens em múltiplas dimensões complementa a análise monetária e permite avaliar as restrições de acesso à educação, à proteção social, à moradia adequada, aos serviços de saneamento básico e à internet. 

Nos domicílios cujos responsáveis são mulheres negras ou pardas sem cônjuge e com filhos até 14 anos, 25,2% dos moradores tinham pelo menos três restrições às dimensões analisadas. Esse é também o grupo com mais restrições à proteção social (46,1%) e à moradia adequada (28,5%). 

A liberdade, o respeito aos direitos humanos constituem elementos essenciais para manutenção da democracia e o exercício da cidadania.


Fontes e trechos:  Nações Unidas / Geledés /UNRIC/

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Sanepar abre exposição de arte de mulheres negras


 
A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) abriu em Curitiba, a Exposição Ero Erê: Mulheres Artistas, com obras de 7 artistas negras. São oito trabalhos, entre pinturas, fotografias, assemblage e instalação têxtil.

A exposição marca as atividades do Mês da Consciência Negra em novembro, vai até 28 de fevereiro de 2019. Simultaneamente, o Coletivo Ero Erê está com exposições na sede da Secretaria de Estado da Educação e no Museu Paranaense.

A artista e curadora da exposição Walkyria Novais, que trabalha na Coordenação de Museu e nos Centros de Educação Socioambiental da Sanepar, afirma que as obras escolhidas além da qualidade estética são resultado de uma pesquisa em arte. “O nosso grupo é bastante diverso porque cada uma tem a sua ocupação profissional, mas somos mulheres negras que temos a arte como foco em nossa vida”, afirmaa. Ela tem formação em Artes e especialização em História da Arte e Curadoria. Walkyria faz pintura com uso de tintas naturais e utiliza material reciclável, como lonas e banners.

“Expor de forma coletiva fortalece o nosso grupo e o nosso propósito de dar mais visibilidade a um trabalho voltado à comunidade negra, às mulheres”, disse a jornalista e fotógrafa Fernanda Castro. Com exposição em vários países, Fernanda Castro faz vários registros fotográficos de mulheres, da cultura, religiosidade e comunidades negras, como a exposição Comunidade Quilombolas do Paraná.

A artista Cláudia Lara já participou de várias exposições coletivas e individuais no Paraná, São Paulo, Paraíba, Portugal, França, Cuba, Nova York, México, Peru e Argentina. Já teve obra premiada em primeiro lugar na “Exposition Biennale d’Art Contemporain Brésilien Et Latino Américain”, em Paris.

Elis Brasil é graduanda em Artes e desenvolve pesquisa sobre a invisibilidade artística e intelectual da mulher negra na história da arte. Ela faz pintura, gravura e escultura e também utiliza tecidos como suporte artístico.

Kênia Cristina tem a produção focada na pintura da figura feminina negra sobre materiais rejeitados com um olhar subjetivo e acolhedor sobre essas mulheres.

Lana Furtado trabalha com fotografia de famílias, retratos femininos, paisagens, fotografia documental e autoral. Ela desenvolve um projeto de fotografia com mulheres apenadas do Presídio Feminino de Piraquara.

Lourdes Duarte, formada em Artes Visuais, faz pinturas que buscam o resgate de memórias da infância. Tem especialização em Arte Inclusão na Educação Especial.

A exposição está aberta ao público, na Sala Engenheiro Tadeu Wantroba, na sede da Sanepar, Rua Engenheiro Rebouças, 1376. 
O horário de visitação é das 8h às 17, de segunda à sexta-feira, até 28 de fevereiro.


Fonte:Bemparana

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Confirmada presença da ativista Ângela Davis no Encontro Nacional de Mulheres Negras


Por Mônica Aguiar 

Evento acontecerá em Goiânia e comemoram os 30 anos do 
primeiro encontro Nacional 
de Mulheres Negras

A filósofa,  ativista e feminista pelos direitos das mulheres, contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos, Ângela Davis, participará do Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos: Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil.

Este encontro marcam os 30 anos da realização do primeiro evento na cidade de Valença (RJ), ocorrido em 1988. As três décadas da rearticulação política contemporânea das mulheres negras trazem o histórico e os desafios da mobilização para afirmação do protagonismo na luta política, para afirmação da sua identidade e existência.

O encontro acontecerá  entre os dias 06 e 9 de dezembro,  na Vila Cultural Cora Coralina em Goiânia, fruto do resultado de encontros estaduais que ocorreram desde março em várias cidades  e pretendem reunir lideranças de todo pais.

O evento buscará ampliar uma agenda positiva de caráter nacional, recentemente fortalecida pela Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver. A marcha mobilizou diferentes forças políticas do movimento e conduziu mais de 70 mil ativistas a Brasília (DF), em 2015.

Para mobilizar recursos para o encontro, as organizadoras estão receberam doações até 2 de dezembro, por meio da plataforma Kickante. A campanha de financiamento coletivo teve como mobilizadoras online as defensoras dos direitos das mulheres negras da ONU Mulheres Brasil, Kenia Maria e Taís Araújo, e da embaixadora da ONU Mulheres Brasil, Camila Pitanga.


A promoção dos direitos humanos das mulheres negras é parte da estratégia de comunicação e advocacy político Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030. Esta iniciativa é desenvolvida pela ONU Mulheres em parceria com o movimento de mulheres negras brasileiras por meio de comitê integrado por organizações da sociedade civil.

A ação está alinhada com o Marco de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021, que adota como diretriz o enfrentamento do racismo e a eliminação das desigualdades de gênero no país, baseada na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e na Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), e com o manifesto da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver.

A iniciativa conta com o apoio do fundo de investimento social Elas e da ONU Mulheres Brasil.

Mais informações: @mulheresnegras30anos

Fonte: UNU Mulheres 

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