sexta-feira, 30 de maio de 2014

Macapá lança Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, Violência e Pelo Bem Viver


Na próxima quarta (28) o Instituto de Mulheres Negras do Amapá – IMENA, Rede Fulanas – Mulheres Negras da Amazônia Brasileira e a Associação de Mulheres Mãe Venina do Quilombo do Curiaú, juntas com ativistas negras de Macapá e outros estados e países realizam uma caminhada para lançar a construção da Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, Violência e Pelo Bem Viver, que será realizada em 2015. A marcha terá concentração na Concha Acústica do Araxá, a partir das 16h da tarde.
A Marcha foi “pensada” pela articulação pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), uma iniciativa voltada, a aumentar a mobilização/ articulação e fortalecer o processo organizativo de mulheres negras brasileiras tanto no meio rural quanto no urbano. Assim, a intenção é conseguir aglutinar o máximo de negras e organizações de mulheres negras, bem como outras organizações do Movine (Movimento Negro), sem dispensar o apoio de outras organizações de mulheres e de todo tipo de organização que trabalhe pela construção da equidade sócio-racial, de gênero e eliminação da homofobia, negrofobia e de todas as demais formas de discriminação e desigualdades. É bom destacar, entretanto que O protagonismo é de MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS.
Nosso objetivo, entre outros, é dar maior visibilidade a situação de opressão secular da mulher negra, homenagear nossas ancestrais e exigir do Estado brasileiro, bem como de todos os setores da nossa sociedade, respeito e compromisso com a promoção da equidade racial e de gênero, a fim de que possamos exercer plenamente os nossos direitos como cidadãs brasileiras e construtoras históricas deste país chamado Brasil.

O DESAFIO É GRANDE, MAS, ENFRENTAR PROBLEMAS, ATÉ ENTÃO, SEMPRE FOI ESPECIALIDADE DE TODA MULHER NEGRA BRASILEIRA!

Contatos para Informações:
Rosangela Ramos (96) 9119-4597 / 8131-1940
Creuza Miranda (96) 9904-8553 / 9119-4088
Kellyanne Libório (96) 9187-3032
Joelma Menezes (96) 8804-2790 /9117-9706
Lourdes Tavares (96) 9114-3635 / 9906-8424
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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Presidenta Dilma sanciona Lei que torna oficial o Hino à Negritude

A população afro-brasileira agora tem o seu hino. Nesta quarta-feira (28), a presidenta Dilma Rousseff sancionou o projeto de lei 300/09, proposto pelo líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), que institui o Hino à Negritude – de autoria do Professor Eduardo de Oliveira. A partir de agora, passa a ser obrigatória a execução do hino em todos os eventos em alusão à comunidade negra no território nacional.
Para a ministra da Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, trata-se de um avanço a oficialização do hino, num momento em que a população negra brasileira tem lutado e conquistado amplos espaços na sociedade brasileira, a despeito de muitas barreiras que ainda têm que ser enfrentadas. “O hino à negritude contribui para criar um elemento de identidade no interior da sociedade e ao mesmo tempo marca a participação dos negros na construção da história brasileira”.
Ela destacou o papel que os parlamentares negros têm tido no Congresso, com a construção de soluções suprapartidárias que têm permitido avanços, como a aprovação de projeto de lei que reserva, por um período de dez anos, 20% das vagas em concursos públicos da administração federal para candidatos que se declararem negros ou pardos, além do próprio hino.
A sanção da lei aprovada pelo Congresso Nacional foi celebrada em  cerimônia no Ministério de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em  cerimônia para celebrar, com as presenças da ministra, de Vicentinho, da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), do presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), Ubiraci Dantas de Oliveira,  e de representantes da comunidade negra.
Vicentinho recordou que desde 1966 se tentava, sem êxito, a institucionalização do Hino à Negritude no Congresso Nacional. Seu projeto, disse, reforçou o reconhecimento da trajetória do negro na formação da sociedade brasileira. Para Vicentinho, este é um momento histórico para todo o país celebrar, já que o hino, mesmo escrito há mais  70 anos, é atual.
“Aborda o orgulho nosso e de nossos ancestrais, a nossa luta contra o preconceito e a segregação; e saúda também os orixás, o que adquire importância num momento  em que há intolerância contra religiões de matriz africana, inclusive no âmbito do próprio Judiciário”, disse.
Inclusão - Vicentinho frisou que mesmo com avanços obtidos com políticas publicas de inclusão promovidas pelos governos do PT e aliados, a partir de 2003 o Brasil ainda tem muito o que enfrentar no tocante ao racismo. Ele citou o líder sul-africano Nelson Mandela como exemplo e frisou que “não bastam leis, é preciso postura contra o racismo, num trabalho de conscientização que envolva negros e brancos”.
Benedita da Silva disse que a aprovação do Hino à Negritude pelo Congresso Nacional e a sanção, pela presidenta Dilma, é um avanço histórico. Primeiro, por resgatar uma bandeira que era empunhada há décadas por diferentes líderes negros, a começar pelo professor Eduardo de Oliveira, autor do hino. Em segundo, porque marca de forma indelével o reconhecimento ao papel dos negros na construção do Brasil do ponto de vista cultural, histórico e econômico.
O Professor Eduardo de Oliveira foi fundador presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), fundador e vice-presidente do Partido Pátria Livre (PPL), primeiro vereador negro na Câmara Municipal de São Paulo, além de aos 16 anos ter composto o Hino à Negritude, que definia como “uma partitura litero-musical que enaltece os valores afro-brasileiros na sua relação com a cultura nacional”.
O autor do Hino à Negritude entedia que sua institucionalização faria o Estado brasileiro resgatar “uma dívida histórica com o povo negro, que ao lado das demais etnias que construíram a nossa brasilidade, dá um grande passo em favor da sadia convivência entre todas as raças do Brasil”.  Eduardo de Oliveira faleceu aos 86 anos em 2012 após consequências de uma arritmia cardíaca.
O Hino à Negritude pode ser ouvido na página do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) na internet:www.cnab.org.br

Hino à Negritude agora é oficial

Quase um terço dos britânicos admite ter preconceito racial

Quase um terço dos britânicos admitiu ter algum preconceito racial, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (28/05) pelo Centro Nacional de Investigação Social do Reino Unido. Esse instituto britânico independente dedicado à pesquisa social ressaltou que a proporção de ingleses que confessou ter algum preconceito de viés racial aumentou desde o começo do século XXI, retornando ao nível existente há 30 anos.
Entre os mais de 20 mil britânicos ouvidos, um terço admitiu ter ‘muito’ ou ‘pouco’ preconceito. O número é mais que os 25% que admitiram ter preconceito na pesquisa realizada em 2001.
A conselheira do Centro, Penny Young, considerou o resultado “inquietante”.

O estudo encontrou também diferenças na atitude das pessoas questionadas dependendo da parte do país. Em Londres, 16% dos entrevistados admitiu ter preconceito racial. Na região de West Middlands, no oeste da Inglaterra, este número é mais do que o dobro, 35%.
Embora os homens mais velhos que tem trabalhos braçais sejam os que têm o maior percentual de rejeição, o grupo que registrou o maior aumento na pesquisa foi o de homens com escolaridade.
Os níveis de preconceito aumentam com a idade, segundo o estudo. É de 25% entre pessoas entre 17 e 34 anos, e 36% entre os com mais de 55 anos.
“Os níveis de preconceitos raciais diminuíram na década de 90, mas voltaram a aumentar de novo durante a primeira década deste século”, assinalou Young, e acrescentou que esses dados “vão contra a tendência de um Reino Unido socialmente mais liberal e tolerante”.
“Nossos líderes nacionais têm que compreender e responder aos níveis de preconceitos raciais crescentes se querem construir comunidades locais sólidas”, advertiu.
Além disso, mais de 90% dos indagados que confessou ter algum preconceito confirmou o desejo de que o número de imigrantes ao Reino Unido diminua, opinião compartilhada por 73% das pessoas que indicaram não ter preconceito.

Fonte: Geledes

Assembleia Popular de Mulheres Negras !

"I Assembleia Popular de Mulheres Negras acontece no dia 31": O Coletivo Negro Universitário e o Programa Educação Tutorial Conexões de Saberes da Universidade Federal de Mato Grosso realizam, no dia 31 de maio, a I Assembleia Popular de Mulheres Negras. O encontro será no auditório 2 do Instituto de Educação da UFMT, das 7h30 às 17h30. As inscrições ao evento serão feitas no dia da assembleia. O tema será “A Saúde da Mulher Negra e a Violência contra seus filhos e filhas”. Com essa ação as entidades pretendem unir mulheres de localidades diferentes para promover diálogos e propor ações para avançar em pautas comuns. Para mais informações entre em contato pelo telefone 3615.8447.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mulheres Negras São Mais Criticadas Quando Ocupam Cagos de Lideranças!



As mulheres negras que ocupam cargos de liderança são mais criticadas quando os negócios não correm bem ou quando são as próprias a cometer algum erro. A conclusão é de uma pesquisa norte-americana divulgada pelo The Wall Street Journal.

Em situações de crise, há uma tendência maior para apontar o dedo ao desempenho de chefes negras. As mulheres brancas em cargos de liderança são as segundas mais criticadas e só depois é que surge o sexo masculino, sendo que o típico líder (homem branco) é sempre o mais poupado e apoiado, revela o estudo de Ashleigh Shelby Rosete, professora de Administração da Duke University’s Fuqua School of Business, e Robert W. Livingston, professor de Gestão e Grganização da University’s Kellogg School of Managemen.

Os dois docentes estudaram o mercado de trabalho norte-americano e compararam a visão/opinião de 228 voluntários sobre quatro grupos de líderes empresariais: mulheres brancas, mulheres negras, homens brancos e homens negros.

A investigação está a causar grande polêmica nos Estados Unidos, já que é cada vez maior o número de mulheres a ocuparem cargos de direção.



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Por Mônica Aguiar 



Este não é um fato isolado de nossa realidade no Brasil.

 Vivemos e convivemos com a mesma situação, em qualquer que seja o país, independentemente da situação financeira ou grau de escolaridade, basta a mulher negra conquistar sua liderança e ocupar cargos de médio ou grandes escalões para que racismo aflore nas mais diversas versões.

Não é fácil!

A falta de respeito humano, o tom de desprezo na contra-argumentação, a agressividade no trato, a banalização do perfil, o desmerecimento nas deliberações, a desqualificações da posição independente ser for ideológica ou técnica, críticas infundadas. Chega ser patológico! 

Existem pessoas que agem de forma tão agressiva, que se sentem ameaçadas tão somente o fato da mulher negra poder estar.

 E se na estrutura ocupada pela mulher negra for de função de dirigente política, ela sofrerá diretamente com ataques preconceituosos e discriminatórios, além de conviver cotidianamente com o racismo velado e institucionalizado somando-se aos questionamentos e desqualificações intelectual e profissional.

Entendamos que não é uma tarefa fácil chegar onde poucas líderes chegaram convivendo neste universo patriarcal e sexista.

São poucas. Chego a afirmar que se considerarmos o total da composição populacional, mesmo se cometer o recorte para as mulheres brancas, nós somos algumas no mundo.  Muito pouca, e mesmo assim provocamos reações que demonstram a distância que estamos da igualdade de direitos  considerado o elemento ideológico denominado democracia racial aqui no Brasil.

Os estereótipos e os estigmas são fatores que marginalizam milhares de mulheres negras em nossa sociedade.

Utilizam como justificativas denominadas “naturais”, para não aceitar os questionamentos realizados pelas mulheres negras da falta de visibilidade e da falta de oportunidades, os poucos exemplos obtidos na representação alcançado ou conquistado de apenas uma ou outra no mundo.

Quem já não ouviu alguém justificar afirmando: - Mas vocês não são poucas, reclamam demais! - tem a X no EUA, tem a Y no Brasil, tem A no futebol, tem A deputada, tem X na África, tem Y na empresa, tem a XX na comunicação.  

Ou ouviu afirmação realizada para uma mulher negra, que ela não tem perfil para ocupar este ou aquele cargo.

A mulher negra tem como tarefa para além da sobrevivência a luta diuturna contra a herança escravista que ainda se faz presente nas atitudes das pessoas e no sistema que opera a sociedade,  tem como padrão o modelo ideal de ser humano, homem branco, cristão, heterossexual, ocidental….  Estamos subjugadas a um ideal estético-cultural eurocêntrico, desde o Brasil colonial.

São fortes as posições e atitudes que questionam veladamente, o nosso pertencimento, a nossa cultura, nossos valores, a nossa composição ético-racial, a nossa origem linguística. Somos consideradas uma ameaça ao desejarmos na mesma proporção,sem privilégios e por mérito, o poder, a liderança, o comando.

A opressão racial se confunde o tempo todo com a estrutura de classes da sociedade capitalista.

 Não quero ser excluída por ser diferente!  Não quero ser discriminada por destacar no meu perfil minha ancestralidade.

 Minha identidade não significa meu eu. Significa nós. Não nós algumas, mas um conjunto.

Contudo os questionamentos realizados pelas mulheres negras dentro do feminismo no papel da mulher negra na sociedade moderna e a exclusão sofrida, bem como as discriminações existente, ainda são analisadas pela grande parcela do feminismo brasileiro, como pontuais, fatos isolados do conjunto da sociedade organizada.

Os discursos das feministas propõem a inserção da mulher na vida política e civil em condição de igualdade com os homens, tanto de deveres quanto de direitos, mas não reconhecem mulheres negras no comando e as especificidades sem recorte.

Eu termino minha reflexão descrevendo um trecho de um texto que diz:

“ ...Lutar pela mulher negra significa lutar contra o capital, contra o padrão de beleza eurocêntrico, contra a hierarquização da cultura, contra a colonização do conhecimento, contra o eurocentrismo ,....

Desejar diretos iguais, oportunidades, equidade e reparação, significa propor transformações radicais na estrutura desta sociedade…”



Não fomos vencidas pela anulação social,
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial;
O sistema pode até me transformar em empregada,
Mas não pode me fazer raciocinar como criada;
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo,
As negras duelam pra vencer o machismo,
O preconceito, o racismo.


Yzalú


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