segunda-feira, 24 de outubro de 2022

VOLÊNCIAS E DISCRIMINAÇÕES MARCAM A DISPUTA ELEITORAL NO BRASIL

 Por Mônica Aguiar

Vários comportamentos preconceituosos e discriminatórias tem se manifestado neste segundo turno, nas eleições presidenciais no Brasil. Diretos e muito sútil, tem ocorrido cotidianamente. 

Despejados em canais abertos em horários nobres e nas redes sociais, os programas eleitorais gratuitos apresentam-se sem o menor pudor, e respeito a sociedade. Utilizam chavões, frases de efeito moral que subjugam e desrespeitam as diretamente mulheres jovens, meninas e meninos, principalmente negros moradores nas denominadas periferias. 

Como estratégia para surtir efeito de “bom moço” apresentam justificativas que   criam sentimento de segurança na sociedade, para o mesmo feito que produziram. E nestas abordagens , as afirmações "elogiáveis" para as mulheres se tornam o ponto central. 

Tal comportamentos não permitem que a maioria das pessoas percebam a objetificação da mulher, depreciação e desqualificação das funções exercidas.  Associam e utilização adjetivos referentes a beleza, ao afazeres domésticos, educação dos filhos para qualificar potencialmente as mulheres.

Ministra Carmem Lúcia STF
Tudo junto e misturado, condicionando as mulheres as mais variadas formas de violências. Perpetuadas de tal forma que fazem parte do quotidiano da sociedade, que as naturalizam.

É muito comum uma mulher achar que determinado comportamento ou fala de um homem não é nada de mais, não teve a intenção de depreciação ou são, simples circunstâncias que acontecem inocuamente,  sem qualquer intenção lesiva.

É uma crueldade utilizar de tais práticas e induzi-las como característica do ser homem. Com isto, a sociedade carregada de valores, passa a movimentar o círculo rítmico de violências, induzindo as mulheres para uma naturalização de outros tipos de violência graves.

Existem múltiplas formas de violência. Muitas são silenciadas para não provocar desconforto entre nas relações existentes entre as pessoas.

Durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na CPI da Pandemia, em 2021, a Senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao questionar a atuação da CGU na fiscalização de negociações sobre compras de vacinas, foi chamada de descontrolada pelo então ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner.

Recentemente a  ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia e ex-senadora Marina Silva (Rede) foram  alvos de ataques misóginos. 

Um vídeo do mais baixo nível foi produzido por um ex.deputado, presidiário e apoiador do atual presidente da república. Amplamente divulgado, tomou uma proporção estrondosa.

Lula, Simone Tebet(Senadora), Marina Silva, Dandara e
Xakriabá  (Eleitas deputadas federal) 
Marina Silva, eleita deputada federal, também foi alvo da violência política. Foi xingada na saída de um jantar com dirigentes da Rede após cumprir agenda de campanha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais. 

A Ministra do Supremo, Carmem Lúcia, foi desqualificada e comparada a uma "prostituta" pelo ex-deputado meliante. Carmem foi uma dos 4 votos a favor da punição à Jovem Pan. A emissora foi condenada por repetir declarações consideradas distorcidas e ofensivas contra ex-presidente e candidato Lula. 

As divergências e questionamentos postulados por uma mulher quando não aceitos, sempre são sucedidas com denominações de: louca, histérica, exaltada, "prostituta", feia, "velha". Isto entre tantas outras afirmações desassociadas aos valorosos atributos políticos e profissionais de uma mulher. 

Ataques que são naturalizados e tem uma única intenção, desqualificar o potencial técnico, científico, político e social da mulher. Fórmula utilizada por quem não segue Leis e regras existentes na sociedade . 

Querem a qualquer custo  manter o domínio sobre as decisões, postura e sobre o corpo da mulher. 

De fato, estamos sendo obrigadas a conviver com o que é de pior na política brasileira.

E não existe ainda uma legislação específica que puna, pessoas que utilizem as redes de comunicações para agredir e cometer quaisquer tipos de violências, seja ela intencional, subjetiva, social, simbólica, etc... contra as mulheres nos períodos eleitorais.

Existem afirmações que a maior vítima da violência politica é a democracia. Sim. Mas devemos olhar os lírios que forma os campos desta nação. Atacar mulheres é atacar a democracia ! 

Neste sentido firmar que a violência política de “gênero” pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso, ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade, reduz a violência na política ao acesso e não as práticas e formas existentes de violência. 

As tipificações diminuem as múltiplas formas de discriminações e violências que estamos vivenciando.

Outro exemplo de ataque contra a sociedade ocorreu durante um dos debates: o atual Presidente da república, afirmou que seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva, (PT) havia comparecido em um evento, onde só havia traficante. Lula esteve presente em uma imensa passeata no Complexo do Alemão, uma comunidade do Rio de Janeiro. Como resposta as ofensas proferidas pelo candidato e atual presidente do Brasil ao povo pobre, Lula defendeu suas visitas nas favelas durante sua campanha. Reafirmando a dignidade humana, a importância e cidadania do povo negro, pobre morador em periferias e favelas.

A afirmativa do atual presidente do Brasil, evidência o nível de preconceito, discriminação e violação os direitos civis, humanos e violência. Atinge diretamente o público que estamos citando: mulheres, jovens e crianças. 

Estamos vivendo um vale tudo. Sem limites, sem regras, princípios, ética e respeito as mulheres e seus filhos.

Afinal nossa vidas importam para quem tem responsabilidade e respeito com a NAÇÃO. 

 


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