Por Mônica Aguiar
O Instituto Nacional de Câncer (INCA), lançou a “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil “. O objetivo de estimar e descrever a incidência de câncer no país, Regiões geográficas, Unidades da Federação, Distrito Federal e capitais, por sexo, para o triênio 2023-2025.
As informações apontam para 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025.
Espera-se
que, para 2030, ocorram mais de 25 milhões de casos novos.
Nas
regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os tumores malignos de
cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, sendo que, nas de menor
IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a
população masculina.
“As mulheres,
o câncer de mama é o mais incidente
(depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até
2025. Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas,
nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa essa posição. https://bvsms.saude.gov.br/”
“A
vigilância do câncer é um elemento crucial para planejamento, monitoramento e
avaliação das ações de controle do câncer. https://rbc.inca.gov.br/”
A Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM) ressalta que entre 90 e 95% dos diagnósticos de câncer de mama
estão associados a fatores genéticos, enquanto 5 a 10% são ligados à genética.
De 2016 A 2020 os óbitos por
câncer de mama ocupam o primeiro lugar no Brasil .
A
taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população mundial, foi
11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com as maiores taxas nas regiões
Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente
(INCA, 2022). https://www.gov.br/
Embora
preveníveis, passíveis de serem diagnosticados precocemente e até mesmo
evitáveis em muitos casos, os cânceres que
surgem em órgãos como mama, próstata, pulmão, intestino grosso e reto
(colorretal) e colo do útero continuam na lista dos mais incidentes. https://medicinasa.com.br/brasil-cancer-2023/
Para isto, se faz necessário
que no Brasil Estados e Municípios tenham estrutura mínima, com equipamentos e
profissionais - para realizar procedimentos que faça a diagnósticos e terapêutica , tanto do câncer de mama mas
também do colo do útero.
Quase pelo menos um terço de
todas as mortes relacionadas ao câncer poderiam ser evitadas por meio de exames
de rotina, detecção precoce e tratamento. Milhões de vidas poderiam ser salvas
a cada ano com a implementação de estratégias apropriadas de recursos para
prevenção, detecção precoce e tratamento.
As
mulheres negras tendem a ter tecido mamário mais denso do que as mulheres
brancas. Ter tecido denso na mama pode tornar mais difícil para os
radiologistas identificar o câncer de mama em uma mamografia, e mulheres com
tecido mamário denso têm maior risco de câncer de mama. https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mulheres-negras-
Pesquisadores determinaram
que, ao recomendar o rastreamento do câncer de mama aos 50 anos para as
mulheres, as mulheres negras deveriam começar aos 42 anos.
Para rastrear o câncer de
mama é indicada a mamografia, podendo ser complementada pelo ultrassom.
Embora as mulheres negras
tenham uma taxa de incidência de câncer de mama 4% menor do que as mulheres
brancas, elas têm uma taxa de mortalidade por câncer de mama 40% maior.
O Ministério da Saúde no
Brasil ainda orienta que a mamografia de rastreamento é indicada uma vez por
ano entre mulheres com 50 a 69 anos.
Eu acredito que existe invisibilidade
nas notificações e subnotificações do acesso ao exame e tratamento do câncer de
mama.
Estimativas do número de
casos novos de câncer é uma ferramenta
poderosa para fundamentar políticas públicas e alocação racional de recursos
para o combate ao cânceres que incidem na população negra.
Um estudo realizado no
Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, da Faculdade de Medicina da UFMG,
com base em dados do SUS, indicou que a sobrevida de mulheres
negras em casos de câncer de mama é até 10% menor do
que entre mulheres brancas.
O câncer é a segunda causa
de morte natural no Brasil. Estas mortes poderiam ser evitadas. O diagnóstico precoce é primordial e um divisor de águas no tratamento.
As equipes de Atenção
Básica/Saúde da Família têm um papel fundamental para além de ofertar orientações devidas estimulando a
conscientização do exame de mama e do colo do útero se evitassem a subnotificação.
É preciso avaliar o aumento da equipe de saúde considerando a aplicação de qualificação
técnica nos direitos humanos das mulheres e meninas, especificidades
existentes na saúde, bem como, aumento
da oferta de serviços na atenção primária considerando conjuntamente os números e índices de mulheres
na composição populacional do município e do Estado no território.
Mulheres negras jovens têm
riscos maiores de desenvolver câncer de mama triplo-negativo, que é
um tipo de tumor geralmente agressivo e que não responde tão bem aos
tratamentos. A descoberta foi divulgada na revista
Cancer, da American Cancer Society.
A Equipe de Saúde Familia tem
que considerar a raça, etnia e os determinantes sociais do seu território ao analisar
a idade em que o rastreamento do câncer
de mama deva começar.
É preciso desvelar as desigualdades raciais na saúde pública. Concretizar proposições e ações na atenção específicas que promovam verdadeiramente equidade, sem fazer recortes segmentados que induzem e caracterizam segregação e higienismo.
Medidas segmentadas, imediatistas, territorializadas com recortes, manterá a população negra exatamente onde foi jogada no pós abolição e, Brasil não avançará para reparações.
Os dados epidemiológicos obtidos evidenciaram as iniquidades raciais nas condições de vida da população e seu impacto no perfil da morbimortalidade. A inclusão do quesito cor nos estudos sobre o acesso e qualidade dos serviços de saúde prestada à população, realizados por Kalckmann et al. 14, Leal et al. 15 e Diniz et al. 16, também evidenciaram desigualdades raciais e seu impacto na saúde. https://www.scielo.br/j/csp/a/8QtV5qv9LSRPCWytv45yspS/
O Ministério da Saúde assegura
que” as evidências científicas mostram
que o rastreamento na faixa etária entre
50 a 69 anos é capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama, razão pela
qual as ações de controle devem ser voltadas para ampliação da cobertura na
faixa etária alvo”.
Porém, novas pesquisas e o
aumento de número de óbitos em mulheres jovens por câncer de mama indicam a necessidade
de reavaliação do rastreamento desta faixa etária.
Afinal, o diagnóstico
precoce aumentam as chances de cura e de vidas.