terça-feira, 28 de abril de 2020

QUANDO FAZ DIFERENÇA TER UMA MULHER NO COMBATE AO CORONAVÍRUS

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Líderes tendem a agir rápido para priorizar pessoas e reduzir maior vulnerabilidade feminina, diz especialista da OCD
De Agência Patricia Galvão 
Faz diferença ter uma mulher à frente do governo durante a pandemia de coronavírus? Não, se o critério for números. Por vários outros motivos, a resposta pode ser sim.
Começando pelos números, não dá para dizer que elas se saiam melhor em relação ao indicador que melhor traduz os danos do coronavírus: a taxa de mortes em relação à população.
É uma mulher, Sophie Vilmès, a primeira-ministra da Bélgica, que até este domingo (26) registrava 61,2 mortos por 100 mil habitantes —recorde entre populações maiores que 1 milhão de habitantes.
Mas à frente de 2 dos 18 países com nenhuma morte até agora, a Namíbia e o Nepal, estão a primeira-ministra Saara Kuugongelwa e a presidente Bidhya Devi Bhandari, chefe de Estado do governo parlamentarista nepalês.
Das 195 nações acima de 1 milhão de habitantes, 22 (11%) têm chefe de governo, chefe de Estado ou membro de governo colegiado do sexo feminino. Em quase um terço (7) delas, a taxa de letalidade supera a média (2,9 mortos/100 mil habitantes), nos 174 de chefia 00exclusivamente masculina, 10% estão acima da média.
Cruzar sexo do governante com impacto letal do coronavírus não quer dizer nada, porém. Para começar, não há segurança sobre os dados divulgados até agora. Nem todo governo tem estrutura de coleta, e os critérios de divulgação variam.
Mesmo que fossem exatos e comparáveis, os índices brutos diriam pouco. Os países estão em estágios diferentes da pandemia, suas populações têm parcelas diversas de velhos, desnutridos e doentes, seus sistemas de saúde têm mais ou menos hospitais, UTIs, testes, médicos, enfermeiros, e seus cofres públicos, mais ou menos dinheiro para socorrer a população.
Tudo isso afeta a mortalidade diretamente, o que já não se pode dizer do número de cromossomos X de quem está no volante.
Se as estatísticas são inconclusivas, o que tem chamado a atenção para essas líderes durante a pandemia é a atitude de algumas delas. “Também tenho vontade de abraçar meus amigos”, disse em março, a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, depois de fechar creches e escolas em todo o país e decretar quarentena.
Não era um discurso na TV, mas uma seção de respostas a perguntas infantis.
“Por causa do coronavírus, a vida no dia a dia ficou muito diferente, e muitas crianças acham isso assustador. É ok sentir medo quando tantas coisas grandes acontecem ao mesmo tempo”, disse ela aos entrevistadores-mirins, que queriam saber se ficariam sem festa no aniversário e quanto tempo leva para aprontar uma vacina.
Sua vizinha dinamarquesa, a premiê Mette Frederiksen, também conversou com os pequenos, mas fez mais sucesso com um vídeo em que lavava louças cantando um hit do pop escandinavo, a música “Vågner I natten” (acordando à noite), do grupo by Dodo and the Dodos.
Do outro lado do planeta, a premiê da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, avisou às crianças que o coelhinho da Páscoa e a Fada dos Dentes estavam muito ocupados com suas famílias durante a quarentena e talvez não pudessem aparecer neste ano.
O que as três manifestações têm em comum, além de percorrerem o noticiário de todo o mundo, é o que poderia ser chamado de orientação para pessoas (cuja tradução, no mundo doméstico, é cuidado maternal).
Não é exclusividade das mulheres, mas faz parte do universo cultural no qual elas são criadas e pode afetar a forma como se expressam como líderes, afirma Gabriela Ramos, chefe de equipe da OCDE, que coordenou há uma semana um documento sobre o impacto da pandemia nas mulheres.
Não se trata apenas de doçura ou empatia, mas de decisão, diz Gabriela: “Pela forma como educamos as meninas em geral, elas tendem a ser mais avessas ao risco quando a vida das pessoas está em jogo. O que vimos foi um movimento rápido para proteger a população, sem hesitar com cálculos de custo-benefício em relação à economia”.
Dinamarca, Noruega e Nova Zelândia implantaram quarentenas rigorosas num estágio inicial da pandemia, enquanto outras líderes evitaram os confinamentos, mas agiram rápido. Na ilha caribenha de São Martinho, com pouco mais de 40 mil habitantes e apenas duas UTIs, a primeira-ministra Silveira Jacobs fez outro discurso que atraiu likes na internet, no qual pede de forma enérgica que seus cidadãos adotem o isolamento: “Pare de se mexer. Se na sua casa não tem o pão de que você gosta, coma biscoitos. Coma cereais. Coma aveia. Coma…sardinha”.
Finlândia e Taiwan são outros países que mantiveram a mortalidade em níveis baixos sem impôr o confinamento, e suas chefes de governo entraram nas listas de exemplos de como líderes mulheres pareciam atuar melhor contra o coronavírus.
Mas elas não atuaram sozinhas. Ao lado da presidente taiwanesa, Tsai Ingwen, estava seu vice, Chen Chien-Jen, que é epidemiologista, e a estrutura de um centro de combate a pandemias criado no país como resposta ao surto de Sars, em 2003.
A parceria poderia ter a mão inversa, como na Coreia do Sul, onde homens ocupam o topo dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, mas a estratégia de combate ao coronavírus foi liderada pela chefe de centro de controle de doenças, Jeong Eun-kyeong, apelidada de “maior caçadora de vírus do mundo” por seus conterrâneos.
Gabriela Ramos diz que não é possível falar em um estilo feminino de liderar, e que mulheres podem ter as mesmas falhas que homens, mas que as desigualdades de acesso à carreira política podem explicar em parte o sucesso desse grupo de dirigentes, que inclui ainda as premiês da Alemanha, Angela Merkel, e da Finlândia, Sanna Marin: “Mulheres têm que fazer o dobro do esforço e estar três vezes mais preparadas para conseguir chegar ao topo”.
O que importa, porém, mais do que o gênero do ocupante do poder, é a inclusão e a diversidade nas decisões do governo, diz a especialista em políticas públicas, principalmente quando a pandemia afeta mais duramente as mulheres em áreas como segurança, saúde e economia.
No primeiro departamento, o confinamento expõe as cidadãs à violência doméstica, cujos números explodiram em vários países. Na saúde, são mulheres 70% dos funcionários da linha de frente hospitalar e 90% dos que trabalham em asilos —maior parcela dos expostos ao contágio e dos afetados pela falta de investimento.
Quanto ao impacto econômico, trabalhadoras têm salários menoresvínculos de emprego mais frágeis e, quando são autônomas, menos acesso ao crédito. “É preciso ter mulheres à mesa de decisões, não apenas por questão de justiça, mas para ampliar os pontos de vista e não deixar desatendidas as mais vulneráveis.”
Governos masculinos que se tornaram referência no combate à violência doméstica, como Espanha, França, Portugal e Colômbia, incluíram mulheres nas tomadas de decisão: nos dois primeiros países, as ministras da Igualdade, Irene Montero e Marlene Schiappa.
Em Portugal, uma força-tarefa: a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, da Justiça, Francisca Van Dunem, a procuradorageral da República, Lucília Gago, e a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro. Na Colômbia, a vice-presidente Martha Lucía Ramírez Blanco decidiu que a ajuda financeira a trabalhadores afetados pela pandemia será suspensa se houver denúncias de que eles cometeram violência doméstica.
Na África do Sul, o pacote de ajuda também levou em conta as necessidades femininas, segundo a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que organizou com Gabriela uma mesa-redonda de 20 líderes para levantar diretrizes de ação durante a pandemia.
“O custo de dar esse apoio a mulheres é uma fração do que está sendo usado para socorrer empresas aéreas”, afirma Phumzile, para quem as mulheres não podem ser vistas apenas como vítimas nesta pandemia, mas como fonte de soluções.
“Precisam ser projetadas publicamente como parte dos que estão fazendo os diagnósticos e encontrando saídas.” Um dos obstáculos é justamente a falta de representação. Na enfermagem, mulheres são 90% dos profissionais, mas apenas um quarto dos chefes, mostrou relatório recente da ONU.
“Não faltam mulheres na linha de sucessão, mas elas não chegam aos cargos e não estão tomando as decisões”, diz a diretora da ONU Mulheres.  E a saúde pública é uma área em que olhar abrangente é indispensável, segundo Jim Gambone, chefe do corpo docente de saúde pública da Escola de Enfermagem e Ciências da Saúde da Universidade Capella (EUA): “É uma área que engloba medicina, biologia, antropologia, políticas públicas e educação”.
A falta de pontos de vista provoca até mesmo escassez de dados que permitam analisar o impacto da pandemia sobre os gêneros, segundo
Phumzile. “Sempre que há uma crise dessa natureza e magnitude, o que sai pela janela primeiro são os serviços que protegem as mulheres da pobreza.”
Uma das principais preocupações de Phumzile e Gabriela é com as mais de 70 milhões de mulheres grávidas que precisam fazer acompanhamento pré-natal ou dar à luz durante a pandemia.
“Os bebês nascerão mesmo no meio da crise [no mundo, nascem em média 11 milhões por mês, segundo a ONU]. Já não temos mais parteiras em nossas comunidades. Que solução está sendo proposta?”, pergunta Phumzile.
Ela diz que não ficará surpresa se, passada a pandemia, descobrirmos uma tragédia ainda maior em relação a doenças e mortes entre as mulheres, não só pela falta de política específica de saúde, mas pela “pandemia silenciosa” da violência doméstica.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Do “comunavirus” as práticas racistas por representantes do governo Bolsonaro


Por Mônica Aguiar 

Afirmam as vozes das experiências de vidas, que não devemos dar ouvidos a que otários falam, mas neste caso....... Não!  
                                                                           
A cada dia ministros do Governo Federal fazem questão de demostrar publicamente ao mundo: a falta de competência técnica na gestão pública, a falta de conhecimento jurídico e histórico do Brasil, o seu antirrepublicanismo e aversão aos valores que formulam a democracia.

Algozes capazes de reproduzir publicamente e, sem o menor receio de qualquer punição legal o seu ódio e repugnância a identidade étnica/racial do povo de uma nação.  

E para safar das Leis, Tratados e Convenções que punem suas artimanhas peçonhentas, utilizam de interpretações literárias de outros, que com certeza compactuaram em sua época com o escravidão e com o genocídio de povos.

Os seguidores e adptos ao "fascio littorio". Totalitários de convicção, em pleno exercício desta ideologia.

Naturalizam a crise mundial de saúde, o sofrimento de um povo com teorias adversas à tudo que pode estar próximo, dar significado e plenitude com a coisa pública. 

A submissão e subserviência são as principais características dos atos destes seguidores de Mussolini. "Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado."

Por isto, se torna tão difícil enquadra-los como genocidas, defensores da pobreza extrema, do racismo, das desigualdades sociais, da xenofobia e intolerâncias correlatas.... 

O Ministro das Relações Exteriores, externou todo seu pensamento racista ao defender nesta quarta-feira (22/4), a ideia de que o mundo enfrenta o “comunavírus”, durante este período que a pandemia de Covid-19  atingiu mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo.

No Brasil, são os Governadores e prefeitos que tem feito praticamente sozinhos  ações diretas para enfrentar e diminuir os impactos da pandemia provocada pelo COVID19 .

Mas vem o Ministro de Relações Exteriores analisar partes de um livro do filósofo esloveno, Slavj Zizek afirmar: 

 “Não bastasse o Coronavírus, precisamos enfrentar também o Comunavírus” . 

Palavras como, democracia, solidariedade foram jogas nas linhas de seu “texto”, no seu Blog, com sentidos transfigurados para justificar a defesa pela implementação do totalitarismo.

Para o Ministro, as organizações internacionais que tem como princípios ações em defesa do acesso a saúde para todos os povos, que promovem “a melhoria da nutrição, habitação, saneamento, recreação, condições econômicas e de trabalho da população; estimulam a cooperação entre grupos científicos para que estudos na área de saúde avancem; fornecem informações a respeito de saúde; que realizar a classificação internacional das doenças (1)”, são responsáveis por difundirem os ideias comunistas em forma de solidariedade.

Os ministros deste Governo não cansam de provocar vexames internacional ao Brasil de cunho racista.

Primeiro o Ministro a Educação, insinuou que a China sairia “fortalecida” da crise atual causada pelo novo coronavírus, apoiada por seus “aliados no Brasil”, associando a origem da covid-19 ao país asiático.  

As falas foram publicadas no mesmo dia em que o cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Li Yang, assinou um artigo no jornal O Globo em que questionava o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, sobre os motivos de suas declarações ofensivas ao país asiático.

Em resposta, a Embaixada da China afirmou ao Brasil que “…tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis…”

Lembrando que em 2013, o Brasil foi considerado pela ONU, exemplo para mundo, ao desenvolver políticas e ações de Promoção de Igualdade Racial, Leis e Estatutos de combate as discriminações baseadas na raça. (2)

Ontem, 22 de abril, um dia após ao dia que remete ao dia da morte do mineiro Tiradentes- Joaquim José da Silva Xavier, um dos líderes da Inconfidência Mineira, libertário e aboliocionista, foi a hora e vez do Diplomata do Brasil,  provar ao mundo o seu nível de concepção ideológica, política, o que pensam e tramam contra o povo.

Direcionada à  população negra e as mulheres, finaliza entre tantas linhas .....

“O vírus aparece, de fato, como imensa oportunidade para acelerar o projeto globalista. Este já se vinha executando por meio do climatismo ou alarmismo climático, da ideologia de gênero, do dogmatismo politicamente correto, do imigracionismo, do racialismo ou reorganização da sociedade pelo princípio da raça, do antinacionalismo, do cientificismo. São instrumentos eficientes, mas a pandemia, colocando indivíduos e sociedades diante do pânico da morte iminente, representa a exponencialização de todos eles”.

Tais práticas e ataques racistas agregadas as posição segregacionista estão sendo  estrategicamente publicada em redes pessoais, para não criar alardes e, não ser cobradas responsabilidades legais como atos de governo do Presidente Bolsonaro.

As políticas que foram desenvolvidas de gênero, raça ou outras específicas no Brasil ,foram  criadas no enfrentamento ao racismo e para consolidação da democracia.

Estamos no poço, o foço da base da pirâmide social.  

A coisificação, objetivação, hirpersexualização, estereótipos negativos, subalternização, restrições, violências, privações de direitos e  segregação são algumas das centenas de assimetrias historicamente apontadas pelo movimentos de mulheres negras. Impedem o exercício da cidadania.(3) 

Traduzem a prática da intolerância social e civil.

Tais atitudes, também são, calculadas e pensadas para disseminar e, doutrinar a sociedade sobre tudo o que este grupo abomina:  a democracia, o exercício da cidadania do povo negro e acesso do povo aos direitos fundamentais.

Qualquer medida ou proposta, escrita ou falada por um Gestor público, que entre linhas, e ou de forma direta nega os efeitos do racismo sobre as desigualdades sociais, vai na contramão de tudo que foi reconhecido como dever deste  Estado Democrático e de Direitos.  

Tais manifestações públicas, passaram da hora de ser analisadas e julgadas pelo Congresso e Supremo Tribunal Federal, são estimulo ao crime de lesa pátria.

África do Sul Nelson Mandela, símbolo da luta pacífica contra a segregação racial,  afirmou: 
“até o dia em que todas as pessoas percebam que a cor da pele de alguém é menos importante do que a cor de seus sonhos, temos que 
manter essa luta”.


  Referências e fontes: 

“(1) Como funções que podem ser atribuídas a OMS, citadas basilescolaUOL”. https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/organizacao-mundial-saude-oms.htm

Blog Mulher Negra/Correiobrasiliense/ OGlobo/ Estadodeminas/CartaCapital/ #RedesSociais 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Mulheres negras na ponta da estratégia para ocupar postos de servilismo


por Mônica Aguiar 

As barreiras de acesso aos direitos fundamentais impõem as mulheres negras a grande maioria da população, situação de pobreza e de extrema pobreza, chefiando a maioria dos lares, com piores salários e residindo longe dos grandes centros. Implicando o enfraquecimento sistemático dos direitos.

Limitadas em atividades subalternas em diferentes lugares, permanecem invisibilizadas, longe dos olhos e da sociedade branca, para que ninguém se importe com sua existência e sobrevivência.

O poço, o foço da base da pirâmide social.  

A coisificação, objetivação, hirpersexualização, estereótipos negativos, subalternização, restrições, violências, privações de direitos, interiorização e segregação são algumas das centenas de assimetrias historicamente apontadas pelo movimentos de mulheres negras. Impedem o exercício da cidadania.

Os números por mais que tenham alterações positivas em percentuais, não refletem a realizada da maioria da população negra. Por mais que pareça arcaico a chamada feminização da pobreza, neste momento de grandes transições políticas que interferem no papel da condução administrativa no Brasil, deixa de ser subjetivo e transparecem  outros papeis da mulher negra na sociedade.  

A cultura milenar patriarcal e o racismo se tornam peças fundamentais para implementação deste programa neoconservador em vigência no Brasil. 
O Estado em pleno século 21 abdica de suas responsabilidades para com seus cidadãos, deixando as obrigações recaírem -majoritariamente- sobre as mulheres.

A subordinação, servilismo, aculturação e individualização se fortalecem nas relações de trabalho e renda, ampliando com naturalidade nas relações entre a sociedade.

As políticas públicas para mulheres e reconhecimento do Estado em combater as desigualdades sociorraciais, deixam de ser desenvolvidas para dar espaço a fragmentação e ações pontais descontextualizadas da realidade das mulheres.

Recusam em reconhecer os avanços das mulheres neste novo modelo  de organização familiar monoparentais - encabeçadas principalmente por mulheres negras.

As reafirmações de valores morais como políticas deste atual Governo, com relação as interpretações e leitura de lares uniparental , formalizam práticas do Estado nas novas dinâmicas culturais e sociais, recondicionando mulheres ao servilismo, segregação com sobreposições de tarefas.

A redução da pobreza nos países progressistas se relaciona diretamente com a implementação de várias políticas de redução da pobreza com uma perspectiva clara de gênero. 

O que se tem com a perda da política de gênero é a elevação de números de miseráveis, desempregadas e desalentadas em todo o Brasil. 

A pobreza, fome, miséria, a falta de acesso à justiça, a  falta de oportunidades estão presentes nos lares chefiados por mulheres negras. A intenção e indução ao servilismo não é uma prática individual. É estratégia política para este modelo de sociedade que o atual Governo acreditam ser o viável .   

Mônica Aguiar 


Fontes e referências:

terça-feira, 21 de abril de 2020

Violência contra mulher aumenta 44,9%

Mulheres enfrentam dificuldades para prestar queixa, 

alerta FBSP



Publicado em 20/04/2020 - 14:44 Por Letycia Bond - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

No contexto da pandemia de covid-19, os atendimentos da Polícia Militar a mulheres vítimas de violência aumentaram 44,9% no estado de São Paulo. Em relatório divulgado hoje (20), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) informa que o total de socorros prestados passou de 6.775 para 9.817, na comparação entre março de 2019 e março de 2020. A quantidade de feminicídios também subiu no estado, de 13 para 19 casos (46,2%).

Policiais militares do Acre também foram acionados mais vezes, pelo mesmo motivo, durante o mês passado, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o estado de pandemia para caracterizar o impacto global da doença. Na unidade federativa, constatou-se um crescimento de 2,1% no número de chamados, que saltou de 470 para 480. Também foram registrados dois feminicídios, contra apenas um ocorrido em 2019.

O Rio Grande do Norte apresentou um aumento de 34,1% nos casos de lesão corporal dolosa (quando há intenção de se ferir) e de 54,3% nos de ameaça. As notificações de estupro e estupro de vulnerável dobraram, em relação a março de 2019, de modo que o mês foi encerrado com um total de 40 casos.

Produzido a pedido do Banco Mundial, o levantamento mostra, ainda, que no Mato Grosso os feminicídios quintuplicaram, subindo de duas ocorrências para dez. No Rio Grande do Norte, apenas um caso havia sido contabilizado em março de 2019, enquanto se registraram quatro no mês passado.

Na análise, foram contemplados seis estados: São Paulo, Acre, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Pará. A coleta de dados foi feita ao longo da segunda semana de abril e abrangeu o quantitativo de registros de boletim de ocorrência produzidos pelas Polícias Civis de homicídio doloso de mulheres, feminicídios, estupros e estupros de vulnerável, ameaça a vítimas mulheres e lesão corporal dolosa decorrente de violência doméstica; o número de ocorrências atendidas pela Polícia Militar por meio do 190 em casos relativos à violência doméstica e sexual; e o quantitativo de medidas protetivas de urgência determinadas pelos Tribunais de Justiça.

Subnotificação de ocorrências

Apesar de se ter confirmado a multiplicação dos crimes em diversos pontos do país, formalizar denúncia às autoridades policiais tem sido um obstáculo para as vítimas, em virtude das medidas de quarentena ou isolamento social. Conforme explica o FBSP, se por um lado, as vítimas não têm conseguido ir a delegacias, por outro, podem sentir medo de denunciar os parceiros, devido à proximidade que agora têm deles, com a permanência em casa.

No último dia 13, o Ministério Público de São Paulo soltou nota, em que afirma que "a casa é o lugar mais perigoso para uma mulher". Como referência, o órgão destaca dados da pesquisa Raio X do Feminicídio em São Paulo, que revelou que 66% dos feminicídios consumados ou tentados foram praticados na casa da vítima.

O fórum comenta que esses são fatores que explicam a subnotificação de casos e que acendem um alerta para que as autoridades promovam, logo, respostas frente ao problema. "Apesar da aparente redução, os números não parecem refletir a realidade, mas sim a dificuldade de realizar a denúncia durante o isolamento", escreve na nota.

No Acre, embora se observe que mais mulheres se tornaram alvo das agressões no último mês, os boletins de ocorrência tiveram queda de 28,6%. Na avaliação do FBSP, a redução demonstra a série de obstáculos encarada pelas vítimas para prestar queixa, assim como as taxas do Ceará (-29,1%), Mato Grosso (-21,9%), Pará (-13,2%) e Rio Grande do Sul (-9,4%).

A Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) já havia feito um apelo para que as autoridades governamentais planejassem ações específicas para mulheres durante a pandemia, levando em conta os riscos que sofrem, como a violência doméstica. 
O organismo ressaltou que, nessa fase, as mulheres não somente enfrentam entraves quanto ao acesso a serviços essenciais ou ordens de proteção, mas que "o impacto econômico da pandemia pode criar barreiras adicionais para deixar um parceiro violento". As colocações ajudam a entender por que a concessão de medidas protetivas diminuiu 32,9% no Pará, 67,7% no Acre e 37,9% em São Paulo, no intervalo de 1 a 12 de abril deste ano, ante o mesmo período de 2019.

No dia 7 de abril, o veículo oficial da ONU Mulheres noticiou que autoridades, ativistas dos direitos das mulheres e membros da sociedade civil da Argentina, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos têm reportado aumento nas denúncias de agressões contra mulheres e na demanda por abrigos de emergência. Singapura e Chipre, por sua vez, vivem um crescimento de 30% em chamadas nas linhas de apoio às vítimas. 
Na Austrália, a procura por socorro foi elevada em 40%, o que mais uma vez comprova a violência contra mulher como uma questão generalizada, presente em todo o mundo e em curva ascendente durante a pandemia.

Percepção de vizinhos

O FBSP destaca que os vizinhos das vítimas têm percebido a escalada da violência contra mulher e compartilhado o que testemunham em redes sociais. Segundo a entidade, os relatos sobre brigas entre vizinhos totalizaram 52 mil postagens no Twitter, entre fevereiro e abril deste ano, um acréscimo de 431%.  Ao se considerar apenas as mensagens que indicavam a ocorrência de violência doméstica, as menções chegaram a 5.583.

Pelo mapeamento, concluiu-se que um quarto (25%) do total de relatos de brigas de casal foi publicado às sextas-feiras e que mais da metade (53%) à noite ou na madrugada, entre 20h e 3h. Outra descoberta é de que as mulheres foram maioria entre os autores das postagens (67%).

Simplificação e engajamento

Para facilitar o registro do boletim de ocorrência, que, em geral, exige presença física das vítimas em uma delegacia, o FBSP recomenda que os governos façam adaptações no serviço, a exemplo do que fez São Paulo. O estado mudou as regras vigentes até o início da pandemia e agora permite que a vítima preste queixa mediante o preenchimento de um formulário via Delegacia Eletrônica , pela aba "Outras ocorrências".

Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1267/20, que visa ampliar, durante a pandemia, a divulgação do Ligue 180, disque-denúncia do governo federal. De autoria de 13 parlamentares do PSOL, PT, PDT, Rede, DEM, PSB, MDB, Pros e PCdoB, a proposta é de se veicular um anúncio sobre o canal em "toda informação que se exiba por meio dos serviços de rádio e televisão aberta, programação audiovisual, notícias divulgadas na internet em portais, blogs e jornais eletrônicos, sejam de acesso gratuito ou pago, sobre episódios de violência contra a mulher".

O Ligue 180 está disponível 24 horas por dia, todos os dias, inclusive finais de semanas e feriados, e pode ser acionado de qualquer lugar do Brasil. Vítimas residentes do exterior também pode utilizar o serviço, sendo que cada país tem um número de telefone correspondente, que pode ser conferido na página do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). As informações também podem ser fornecidas por meio do aplicativo Proteja Brasil, disponível para download gratuito, em versão para os sistemas iOs e Android. Através do Ligue 180 é possível, ainda, se esclarecer dúvidas sobre a aplicação da Lei nº 11.340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que prevê pena para cinco tipos de violência: moral, psicológica, patrimonial, física e sexual.

A pasta também elaborou informes, cartazes e panfletos contendo orientações de segurança para mulheres e informações, para estimular vizinhos das vítimas a prestar queixa das agressões. O material foi disponibilizado na página do ministério. Na última semana de março, os atendentes do Ligue 180 receberam 9% a mais de chamadas do que na semana anterior, segundo a ministra do MMFDH, Damares Alves.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

O IMPACTO DO COVID NA VIDA DAS MULHERES NEGRAS


Por Mônica Aguiar 


Para muitos especialistas a renda emergencial traz o reconhecimento das trabalhadoras informais e chefes de família no Brasil, mas também, ampliam os dados socioeconômicos das mulheres negras.

As crises política e institucional em percurso, elevam cada dia mais os números de miseráveis, desempregados e desalentados em todo o Brasil. 

Até a crise do coronavirus, não existia nada e nem dados que, conseguissem fazer com que parcela da sociedade detentora de poderes:- econômicos, jurídicos e políticos, enxergassem com pontualidade o tamanho das desigualdades existes, principalmente entre as mulheres negras.

Precisou da crise provocada pelo surto do novo coronavírus no Brasil, para que o Congresso do Brasil reconhecessem e sancionassem uma Lei, estabelecendo na Renda Básica Emergencial o valor de R$1.200.00 para as mulheres chefes de família. Iniciativa das mulheres parlamentares, que são minoria na Câmara federal.

Especialistas ouvidas pelo HuffPost Brasil apontaram que a medida é inédita e de forte impacto na vida de milhões de brasileiras e, em especial, seus filhos, além de ser considerada um marco que pode incentivar políticas públicas de combate às desigualdades no País. O governo estima que o benefício pode atingir cerca de 54 milhões de pessoas, e poderá chegar custar R$ 98 bilhões.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já havia apresentado que há cerca de 11,6 milhões de famílias chefiadas exclusivamente por mães de filhos de até 14 anos no Brasil.

De acordo com os dados, as mulheres pardas e pretas monoparental estão em maioria abaixo da linha da pobreza no Brasil.

Somando o número de trabalhadoras que são MEIs e informais com as desalentadas e desempregadas, o número de mulheres que são declaradamente chefe de família monoparental se torna tão visível, que desnuda a realidade sócio econômica das mulheres, apontando para uma responsabilidade direta do papel significativo que as mulheres negras tem na movimentação e sustentação de vários setores econômicos, sobrevivência dos filhos, muitas de netos e do lar. (Diaristas, ambulantes, constureiras, manicures, cabeleireiras, cuidadoras de idosos, técnicas de produção em diversas áreas, domésticas, motoristas, vendedoras, marisqueiras, quebradeiras de coco), dentre tantas outras categorias que não possuem emprego formalizados.

Podemos afirmar que todas as mulheres brasileiras tiveram impactos financeiros, imediatos, diretos e indiretos com a pandemia. 
Isto considerando também as chefes de família monoparental : com carteiras de trabalho registradas, aposentadas, pensionistas etc, etc........ e as que dividem as responsabilidade do sustento do lar.

São centenas de fatores, que podemos atribuir para existência de tantas desigualdades sociais e no mercado de trabalho: racismo, discriminação, preconceitos, desinteresse político, machismo, violência, falta de implementação de políticas pública especificas, reformas trabalhistas, economia, feminização da pobreza, naturalização de estereótipos, dentre tantos outros. 

Conforme informações publicada no jornal OTempo em 2018, nos últimos 15 anos, o número de lares com este formato mais que dobrou, com crescimento de 105% e já representando 40,5% das residências do país. Eram 14 milhões em 2001 e, em 2015, somavam 28,9 milhões. Dessas, 11,6 milhões estão inseridas no chamado “arranjo monoparental”, ou seja, composição familiar de núcleo único (sem cônjuge). No geral, o número de famílias brasileiras (todos os formatos) aumentou 39% no mesmo período.

Esta medida de dobrar o valor repassado a “Renda Emergencial” para mulheres chefe de família, diferencia de programas fundamentais criados de transferências de renda, como o Bolsa família. Somente após a execução do bolsa familia constatou-se: quem os acessa em maioria como titulares são as mulheres.  Chegando a 92%.

Lembrando que mesmo com vários movimentos, por décadas afirmando que programas específicos de transferência de renda impactaria diretamente nas famílias chefiadas por mulheres, influenciaria e modificaria vários fatores social e econômico no Brasil, somente em 2003 foi criado o Bolsa família.

Existem mais de 7,8 milhões de pessoas vivendo em casas chefiadas por mulheres negras, chefiadas por mulheres brancas, o número absoluto é de 3,6 milhões.

Dados do IBGE afirmam que a vulnerabilidade das mulheres é intensificada em famílias formadas por mulheres pretas ou pardas: 63%.
Em 2017 e em 2016, este número se manteve em cerca de 64%.
Em 2012, 61% do total de famílias monoparentais lideradas por uma mulher negra pertencia ao grupo que vive com menos de R$ 10 por pessoa por dia.
Em 2018, essa parcela representava 63% com filhos até 14 anos.

Conforme os anos passam e os governam mudam, as desigualdades se acentuam, aumentando o número de mulheres negras na pobreza extrema no Brasil.

Ainda de acordo com os dados, a participação das mulheres no trabalho informal é superior à dos homens. As taxas mais elevadas de informalidade entre elas ocorrem nas atividades de serviços domésticos, chegando a 71,2%. E muitas seguem trabalhando neste período de coronavirus, expondo sua vida e dos filhos.

A maioria dos lares tem no máximo três cômodos e não possuem saneamento básico e nem escolas ou creches próximas. As mais vulneráveis neste cenário continuam sendo as mulheres negras.

O que disto tudo percebo:- a sociedade que detém tanto poder, recursos financeiros, comunicação e informações, começou a enxergar que não se trata de vitimização os dados de desigualdades sociais e raciais existentes, tanto denunciados pelos movimento de mulheres negras. 

Se as mulheres adoecer e morrer, vai interromper a principal engrenagem do Brasil.

Uns investidores acreditam que reduzir mortes com isolamento social é pior para economia. Afirmou o presidente do Banco Central no Brasil, hoje,16 de Abril (do Theintercept).

Mesmo que muitos neguem a leitura do importante papel das mulheres negras na economia e que “esta conquista” não tenha vindo diretamente de processo de mobilização imediata das mulheres, analistas e investidores terão que entender o que sempre afirmamos: 
- Tudo faz parte de um conjunto propostas e ações já a décadas construídas de enfrentamento das desigualdades no mercado de trabalho, apontadas por seguimentos importantes da sociedade que lutam contra todas as desigualdades sociais, raciais e contra o machismo.

A prioridade é a vida, o bem estar e viver.  

Construir ações públicas diretas para mulheres não é privilégio, é adotar com convicção, sem ideologia e valores morais a defesa do ser humano, com oportunidades, equidade e igualdade.




terça-feira, 14 de abril de 2020

Faleceu a Coreógrafa, Pioneira da Dança Afro e Militante do Movimento Negro Marlene Silva

Marlene Silva  (1) 

 Por Mônica Aguiar 

O universo da dança está de luto. Partiu Marlene Silva, com 83 anos, nesta segunda(13), ícone da cultura negra em Minas Gerais conhecida em todo o Brasil. 

Marlene Silva é coreógrafa, dançarina, pioneira da Dança Afro, militante do movimento negro, pesquisadora e professora de teoria musical. 

Com mais de quatro década de trabalho, seu legado mante-se vivo,  através das tradições repassadas com muita dedicação para todos alunos. Sua militância contra o racismo fez que criasse um coletivo com bailarinos negros para dançar e fazer a ponte entre a periferia e o centro da Capital Mineira.

Marlene nasceu em Belo Horizonte, atualmente morava no Rio.  Sua trajetória de resistência na dança começou no balé clássico, ainda na infância.

“Eu era a única aluna negra da classe. Durante seis meses, a professora me ignorou completamente. Minha mãe foi perguntar se tinha algum problema comigo, e a professora disse que eu tinha o bumbum muito empinado e ele não caberia dentro do tule. Minha mãe me tirou do balé na hora”, disse, ao jornalista Gustavo Rocha. (Entrevista ao Magazine, em junho de 2018).

Aos 21 anos, assistiu pela primeira vez uma apresentação de dança afro-brasileira com Mercedes Baptista pioneira no Brasil. Neste momento Marlene apaixonou pela Dança Afro.

“Eu sempre fui muito boa de história e quis estudar nosso folclore; quem dera todos tivessem a oportunidade de estudar o folclore brasileiro. No Rio de Janeiro, tinha orquestras em todos os teatros públicos e também as companhias de dança. Na primeira vez que eu vi o balé de Mercedes Baptista, pensei comigo: é isso que quero", comentou, na já citada matéria.

Marlene Silva participou do  filme “Xica da Silva” (1976), de Cacá Diegues e foi convidada a trabalhar os ritmos e a coreografia presentes em uma das cenas do filme, protagonizado por Zezé Motta e Walmor Chagas. 
Por conta do trabalho, se deslocou para Diamantina, onde conheceu Dulce Beltrão, que tinha uma Escola de Dança na capital mineira, foi quando Marlene resolveu abrir a sua academia, dedicada à dança afro na cidade. 

O espaço foi o celeiro de vários espetáculos, como “Raízes da Nossa Terra".

Marlene como toda mulher negra sofreu com racismo.
E por ter como bandeira e valores a defesa do povo negro era discriminada, mas mantinha sua força em prol da liberdade através dos belos movimentos em centenas de apresentações.  
Foto homenagem Câmara Municipal (2) 

Marlene Silva teve vários momentos e reconhecimentos históricos por parte de setores expressivos da sociedade. 

Em 2018, foi a homenageada da mostra Benjamin de Oliveira. 

Recebeu o título do de Cidadã Honorária de Belo Horizonte, ofertado pelo Vereador Paulão, primeiro Vereador negro em Belo Horizonte ...

Desenvolveu diversas coreografias e espetáculos, vistos por milhares de pessoas. 

O primeiro deles, “Raízes da Nossa Terra”, estreou, inclusive, no Teatro Francisco Nunes, mesmo palco onde Marlene foi homenageada.

Marlene Silva participou de programas como o "Fantástico", da emissora de televisão Globo. 
Apresentou em centros como o Wellesley College, Sulffolk University, The Boston Globe e The Boston Phoenix (EUA); e, ainda, esteve no palco em um espetáculo de Milton Nascimento.

Colegas de profissão e amigos de Marlene Silva falaram sobre a trajetória pioneira da artista. 

"É uma perda imensurável para a dança, e não só a de matriz africana", comentou o coreógrafo e dançarino Evandro Passos, um de seus discípulos.
Em sua dissertação, Evandro dedicou um capítulo a Marlene Silva, no qual, em um trecho, Marlena fala sobre a resistência e preconceito na cidade. "Fui eu quem iniciou essa modalidade de Dança Afro para palco em Belo Horizonte e consegui ter um nome por aqui. Mas não foi fácil, tive que levar a Dança Afro para as ruas da cidade também. Apresentei na praça da rodoviária, praça da Liberdade e outras da cidade, antes de ganhar as academias. Chamavam-nos de macumbeiros e outros apelidos pejorativos, jogavam pedra e tudo mais", relatou.

 O percussionista Marcinho Martins, que acompanhou Marlene por mais de 30 anos, foi outro a se emocionar. "Olha, é muito difícil descrever Marlene Silva num momento desses. Eu não diria quem "foi" Marlene (usando o passado), porque Marlene continua aqui. E sempre será eternizada no meu trabalho. Foi mãe, amiga, companheira. E eu tive o prazer de ter trabalhado com ela ao longo de 35 anos. Iniciei com ela aos 12 anos de idade. Vivemos juntos muitas vitórias - e muitas barra-pesadas também. Mas ao final tudo era festa e felicidade, pois preocupávamos mais com o trabalho que com o lado financeiro. Então, para mim, ela não nos deixou. É uma estrela que vai ficar no céu, trabalhando junto com a gente".

O multi-instrumentista, cantor e compositor Sérgio Pererê conta que nos anos 1980, sempre que se falava sobre dança afro, Marlene era a "referência”. O músico dirigiu homenagens feitas a Marlene na edição 2018 da Mostra Benjamin de Oliveira, realizada no Teatro Francisco Nunes. 
“Todas as pessoas ligadas à música afro ou de herança africana têm algum laço direto ou indireto com a Marlene”, comenta ele.   “Devemos celebrar o fato de que tivemos a maravilha de ter alguém tão especial entre nós.”
   
Fonte da entrevistas:  (Marcinho, Evandro Passos o TEMPO) ( Sérgio Pererê Estado de Minas)
Fotos: (1) Pablo Bernardo e (2) arquivo de Mônica Aguiar 

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