quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O Racismo promovido pelo aparelho institucional do Estado dados da violência no Brasil, encarceramento da população negra.


Por Mônica Aguiar 

O que hoje chamamos de segurança pública, não pode ser considerada uma política pública de verdade por que: privilegia uma minoria branca, elitizada e seu patrimônio; criam mecanismos de burocracia para que um simples acesso a informação se torne totalmente limitado, principalmente para mães que buscam ajuda para garantir o direito a defesa do filho ou da filha,  que estão cumprindo pena privativa de liberdade no regime fechado ou semiaberto. 
Entre estas e tantas outras dificuldades consideradas secundárias:- a que se considerar as situações de vulnerabilidade e de discriminação, o extermínio da juventude pobre, negra e periférica pois traduzem esta falta de segurança pública adequada .

O Brasil tem hoje a polícia que mais mata e que mais morre no mundo. 
De acordo com o Atlas da Violência de 2018, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta só na última década – uma média de 153 mortes por dia – e os números tem crescido anualmente.

De outro lado, temos a 3ª maior população prisional do mundo, jogadas num sistema penitenciário abarrotado, em que faltam quase 360 mil vagas e as pessoas privadas de liberdade, são diariamente torturadas, humilhadas e submetidas a condições indignas e sub-humanas.

O número exato de presos no sistema penitenciário brasileiro em 2016 foi de 726.712.(Dados do INFOPEN).

Dos presos, 45% sequer foram julgados, tendo sua presunção de inocência violada.

A população carcerária que hoje, segundo último levantamento (2016) é a terceira maior do planeta – pode chegar a 1,5 milhões em 2025.

Atrás das celas do sistema penitenciário brasileiro estão 45.989 mulheres. Metade delas tem até 29 anos.   — ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Tailândia, com 40,6. (Dados INFOPEN 2016).

O número de mulheres presas cresce 656%. 

E qual é o perfil das internas?  Segundo também o levantamento do Infopen, 62% são negras, 74% mães e 45% apesar de estar totalmente privadas de liberdade, ainda estão sem julgamento.

Do total da população prisional feminina, ao menos 62% delas são de mulheres negras. Proporcionalmente, há 25.581 mulheres negras presas para 15.051 mulheres brancas. 
Entre o total de detentas, 62% são solteiras e sustentam sozinhas, a própria casa. 

Esse grupo formado por mulheres jovens, com idade entre 18 e 29 anos, solteiras, negras: - tem baixa escolaridade – 50% das presas não concluíram o ensino fundamental –, que possuem filho e respondem pelo sustento da família.

Do total de mulheres presas, mais ou menos 45% delas, também aguardam para serem julgadas.

E 74% da população carcerária feminina é mãe. Em relação aos homens, apenas 47%  alegam serem pais.

Na tipificação de crimes, o tráfico de drogas, corresponde a 62% das incidências penais. Ou seja, três em cada cinco mulheres que se encontram no sistema prisional, respondem por ligação ao tráfico. Na sua maioria presas com pequena quantidade de drogas.  

As chances de mulheres jovens serem presas é 2,8 vezes maiores do que a de mulheres de 30 anos ou mais. 

Para estas mulheres, o tráfico de drogas funciona como a base de uma renda familiar e não de criminalidade em si. Vem se tornando um mercado paralelo de sobrevivência.

A maternidade no ambiente carcerário é um dos eixos que compõem a análise sobre a relação entre a infraestrutura prisional e a capacidade de assegurar direitos básicos às mulheres presas.
De acordo também com o levantamento, apenas 55 unidades em todo o país, declararam apresentar cela ou dormitório para gestantes.

Em relação a espaços adequados, para que a paciente permaneça em contato com o filho, inclusive ao longo do período de amamentação, apenas 14% contam com berçário e/ou centro de referência materno-infantil, podendo receber até 467 bebês. 
Em todo o país, só 3% dos presídios declararam contar com espaço de creche, somando uma capacidade total para receber até 72 crianças acima de 2 anos.

Em Minas Gerais, a população carcerária triplicou na última década. 
Porém, o que chama atenção nesse contexto é o aumento de presos menores de 24 anos. 
De 2007 a 2017, essa parcela, que correspondia a menos de 1% do total, cresceu 533 vezes e equivalem, hoje, a mais de 18 mil detentos, conforme dados da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Os números vão ao encontro das estatísticas nacionais, que apontam que os internos desse grupo etário já somam mais de 165 mil indivíduos – cerca de 30% do total de encarcerados no Brasil. 
Se considerada a camada de acautelados de 25 a 29 anos, o público jovem representa mais da metade de detentos no país, conforme levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

As maiores taxas de jovens com a liberdade privada, com menos de 25 anos, são registradas no Acre (45%), Amazonas (40%) e Tocantins (39%).

Para especialistas, o fenômeno é um reflexo direto da publicação da Lei de Drogas, em 2006. Segundo eles, a partir daí, foi criado o cenário de repressão, onde os critérios para a prisão de usuários e traficantes não foram claramente estabelecidos.

A ausência de políticas públicas de educação e trabalho voltadas para o público jovem, também é um dos fatores que podem ter relação com o crescimento da população carcerária abaixo dos 24 anos. Quem afirma é a juíza titular da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Ribeirão das Neves, Miriam Vaz Chagas.

A seletividade do sistema penal fica evidenciada nos dados trazidos pelo Atlas da Violência 2018. 
Segundo o Atlas da Violência “os negros, especialmente os homens jovens negros, são o perfil mais frequente do homicídio no Brasil, sendo muito mais vulneráveis à violência do que os jovens não negros.

“Por sua vez, os negros são também as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil”.

Nota-se que o Estado - com apoio da mídia e da opinião pública (da) formada pela elite e por boa parte da classe média - vem apresentando ao longo do tempo um modelo de segurança pública direcionado para medidas que criminalizam os movimentos sociais, a pobreza e as drogas.

Além de tudo, o modelo de segurança pública brasileiro, continua dando ênfase à repressão em detrimento de programas sociais e de medidas preventivas que não sejam controladoras.

Filtragem racial nas instituições policiais 

Mesmo que negada, os dados oficiais, comprovam a existência de filtragem racial nas instituições policiais do país, chanceladas pelo próprio sistema de Justiça.

A proporção de jovens negros mortos em ação policial é três ou quatro vezes superior à de brancos.

No Rio de Janeiro, para cada 100 mil habitantes, 3,6 negros são mortos pela polícia, contra 0,9 brancos.

Em São Paulo, também para cada 100 mil habitantes, os índices são de 1,4 negros para 0,5 brancos. Em cada três jovens mortos, 2 são negros e  79% dos policiais envolvidos são brancos".

"E ai a reflexão: “Se os negros são mais presos e continuam presos, significa que o Judiciário, de alguma forma, chancela essa forma de segurança pública”.

Homens negros, sobretudo jovens, são as principais vítimas da violência policial.

Uma pesquisa do professor Ignacio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), revelou que o número de feridos nessas ações também é maior entre a população negra: 56%.
Este estudo tem ainda um recorte geográfico e aponta que, entre os feridos fora de favelas, 34,4% são brancos e 52, 1%, pretos ou pardos.
A análise dos dados obtidos, proporcionou, verificar que para os policiais entrevistados a construção da fundada suspeita se dá principalmente: através do comportamento suspeito, da roupa suspeita, relacionado ao horário, principalmente na busca por drogas e armas.
Existe de fato discriminação racial na abordagem policial.

Um outro estudo chamado “Filtragem racial: a cor na seleção do suspeito” publicado na revista Brasileira de Segurança Publica por Geová da Silva Barros mestre em Ciência Política, e oficial da Polícia Militar de Pernambuco, em 2012, aponta que a partir de uma aplicação de questionários e da análise de boletins de ocorrências de sete unidades da Polícia Militar de Pernambuco que 65,05% dos profissionais percebem que os pretos e pardos são priorizados nas abordagens, o que corrobora as percepções dos alunos do Curso de Formação de Oficiais e do Curso de Formação de Soldados, com 76,9% e 74%, respectivamente.

“O sistema prisional brasileiro é punitivo, seletivo e racista”.

No Brasil ainda prevalece uma mentalidade que não existe práticas e condutas demarcatórias a partir da cor. A chamada filtragem racial.
Assim as condutas racistas ficam muito difícil de ser identificadas, devido a existência do paradigma de como muitas pessoas querem, acham ou ditam, a partir de seus valores como deve ser identificado o racismo.

As práticas racistas, vem apresentando adaptações, mudando de estratégia conforme as circunstâncias. Na maioria das vezes até chegam assumir configuração e discurso do politicamente correto.

Existe muita dramatização das ordens dos fatos nos boletins de ocorrência, devido ao local de moradia: favela e comunidade são palavras chave para muitos profissionais da área da segurança pública .
A aparência, a linguagem e gestos, são pretextos para prejulgamentos nas abordagens policiais, realizadas em meninas e meninos, adolescentes e jovens negros e o preconceito de classe não sobrepõem, soma-se ao preconceito racial. 

A conduta final tomada a partir da cor, sempre DESCONSIDERA as regras e princípio dos direitos humanos. Sempre com aparências técnicas, possuem traços criminogênicos.

A institucionalização das práticas racistas ou o racismo institucional velado, faz com que, instituições publicas, fiquem isentas das responsabilidades quanto à acusação de cometer filtragem racial na identificação de um possível suspeito.

Nas abordagens, um menino negro é sempre o principal suspeito, o mais questionado, o que tem menos direito a fala, a qualquer justificativa ou explicação. 
Isto ocorre, mesmo na presença de seus familiares, e na ampla maioria das vezes a mãe que esta presente no momento, vigiando e cuidando da vida do filho ou da filha.
Vendo o filho ser julgado, condenado, perdendo toda sua perspectiva na vida e sonhos, pois já sabe, que independente dos fatos reais, será detido no que deveria ser um simples momento de abordagem.

A necessidade de se rever a política de drogas, a mentalidade punitivista de setores da Justiça, o excesso de prisões provisórias e políticas públicas que estão desconectadas do diagnóstico produzido pelos próprios governos.

Estes números são resultado de uma política baseada no confronto armado, que ao invés de resolver o problema da violência, o agrava. Que acreditam e se fecham nos relatórios dos Boletins de ocorrência.
Não precisamos de medidas de segurança que privilegia a repressão, as prisões em flagrante, mas sim do policiamento investigativo. 

Precisamos lutar por uma reforma profunda da política de segurança pública. 
Se faz necessário que tenhamos uma política de segurança pública que privilegie a vida e seja pautada nos direitos humanos. 

Chega de encarceramento em massa e extermínio da juventude pobre negra, chega de famílias terem suas vidas aniquiladas e se repassada a responsabilidade do Estado para famílias e principalmente para mães! 


O Racismo promovido pelo aparelho institucional do Estado e os dados da violência no Brasil, aspectos da vivência de mães e famílias, encarceramento da população negra, silêncio e medo. (Apresentação no X  COPENE Uberlândia MG por Mônica Aguiar )

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Mãe fantasia filho de “escravo” para festa de escola em Natal


'Não leiam livros de história do Brasil. Eles dizem  que existiu escravidão de negros no País, mas isso é mentira', afirmou mulher após imagens de filho viralizar nas redes sociais

A mãe, empresária é apoiadora do candidato a presidente do Brasil eleito, postou foto do filho de 9 anos fantasiado de escravo, com correntes e marcas de chicotadas, para a festa da Halloween de um colégio particular de Natal (RN). 

Vestido apenas com algumas túnicas brancas, simulando um calção e uma faixa na cabeça, o menino também usa imitações de correntes e grilhões, instrumentos usados na tortura e aprisionamento de escravos.

A foto do  filho de 9 anos fantasiado de “escravo” para a festa de Halloween de colégio particular de Natal (RN), causou revolta nas redes sociais nesta segunda-feira (29) . 

“Quando seu filho absorve o personagem! Vamos abrasileirar esse negócio! #Escravo”, escreveu ela na legenda das fotos que mostram a criança pintada, sem camiseta, com correntes amarradas nos pés e nas mãos e “marcas” de chicotada feitas com maquiagem.

Pouco depois da postagem, usuários comentaram a foto parabenizando a mãe pela criatividade e realismo da fantasia.

Minha nossa senhora!!!! Causou kkkkkkkk”, comentou uma usuária. 
“Meninaaaaa perfeito!!!”, comentou outra

Após a publicação, a mulher, passou a ser chamada de racista e recebeu centenas de críticas. 

“Escravos não são personagens. 
A diferença deve ser encarada como uma maneira de enfrentar o mundo e seu preconceito. Que brincadeira mais sem escrúpulo. 
A história dos escravos deveria ser mais aproveitada de maneira a combater a imposição de ideologias”, escreveu um internauta.

“Você realmente tá achando que você fez algo muito legal? O que mais me enoja é que você acha que tá dando uma super educação pro seu filho, mas tá mostrando que jogou a sua no lixo”, disse outra.

Até mesmo o cantor Marcelo D2 compartilhou prints da publicação. “Quando você acha que já viu de tudo na vida…”, escreveu.

A postagem do cantor ultrapassou os 2 mil retweets no Instagram .

Diante da repercussão negativa nas redes sociais, a mulher deletou as fotos e bloqueou sua conta no Instagram. Pelo Twitter, no entanto, rebateu as críticas com ironia . 

“Ñ leiam livros d História do Brasil. Eles dizem q existiu escravidão d negros no país, mas isso é mentira. Ñ discuta com essa afirmação, pois vc estará sendo racista, A PIOR PESSOA, um lixo Só ñ entendi ainda se o problema foi a fantasia ou o ’17’ na foto”, postou.

A mulher tem na foto do perfil a logomarca de campanha de Jair Bolsonaro.

Em nota, o Centro de Educação Integrado(CEI), colégio onde a criança estuda, informou que não compactua com expressões de racismo ou preconceito.

“Lamentavelmente, a escolha do traje para a participação do Halloween, feita pela família do aluno, tocou numa ferida histórica do nosso país. Amargamos as sequelas desse triste período até os dias de hoje. Não incentivamos nem compactuamos com qualquer tipo de expressão de racismo ou preconceito, tendo os princípios da inclusão e convivência com a diversidade como norte da nossa prática pedagógica”, diz a nota.

Fontes e trechos : Estadão / Revista Fórum /OP9


sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Mulheres Negras marcam presença no X COPENE

Por Mônica Aguiar 

Da esquerda para direita: Marta Cezária, Dra. Lorena,
Meirielle, Mônica Aguiar, Ieda Leal  
O X Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros ocorreu entre 12 a 17 de outubro, na UFU, em Uberlândia MG.  
Foi a primeira vez que o evento ocorreu na cidade e reuniu mais de 2.500 participantes entre brasileiros e países como Colômbia, Argentina, Angola, Moçambique e Portugal. 

Temas relacionados a conjuntura, diálogo com povos africanos, foi pauta e motivaram grandes debates.

As reflexões acerca das temáticas, ocorreram em variadas áreas do conhecimento científico e sob a perspectiva da resistência, do enfrentamento e do combate às diversas formas de racismo, especialmente a segregação dos negros em espaços sociais e na produção acadêmica.

Dra.Janira Sodré e Dra.Lorena, se empenharam com outras lideranças do Encontro Nacional de Mulheres Negras 2018, para garantir no X COPENE, pautas das mulheres negras . 

Atendendo ao convite das pesquisadoras negras Dra.Lorena Souza e Dra. Janira Sodré, estive presente no dia 15, palestrando  na mesa "Mulheres Negras no Brasil em Marcha: recusa em morrer, políticas de enfrentamento à necrofilia, cartografias de resistência e poéticas de bem viver" juntamente com :

Marta Cesária – Bióloga, fundadora do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado, Membro do Fórum Nacional de Mulheres Negras, Membro do Conselho Federal de Saúde, Coordenadora do Projeto “Elas Nas Exatas” 
TEMA: Poder e articulação política das mulheres negras; capacitação, produção e divulgação de conhecimento; resistência e lutas pelo bem viver.

Profa. Ieda Leal – Sindicalista, Coordenadora do Centro de Referência em Cultura Negra Lélia Gonzalez, Presidenta Nacional do Movimento Negro Unificado . 
TEMA A experiência do Movimento Negro Unificado no Brasil, a luta histórica pela vida do povo negro, novas configurações da resistência política.

Eu  Mônica Aguiar – Jornalista, colunista, blogueira, Coordenadora Geral do Centro de Referência de Cultura da Mulher Negra , da Rede Nacional de Ciberativistas Negras .
TEMA: O Racismo promovido pelo aparelho institucional do Estado e os dados da violência no Brasil, aspectos da vivência de mães e famílias, encarceramento da população negra, silêncio e medo.

 O Congresso foi organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) com o apoio da UFU e do Consócio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (Coneabs), tem como intuito difundir e valorizar a produção científica de pesquisadores negros/as e de estudiosos/as vinculados/as a essa temática, sob a perspectiva da resistência do enfrentamento e do combate às diversas formas de racismo de forma mais particular a segregação dos negros e negras  nos espaços  acadêmicos. 





Dra. Janira Sodré Miranda : Graduada em História pela Universidade Federal de Roraima (1995), especialista em educação pela PUC São Paulo (1996) e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (1999). Foi Visiting School na Florida International University-FIU (2007).
Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros/as e do Centro de Estudos Históricos da Igreja na América Latina- CEHILA. 









Prof. Lorena Francisco de SouzaDoutora em geografia humana pela USP. Geógrafa, professora da Universidade Estadual de Goiás. 
Pesquisadora das relações étnico-raciais e de gênero, Coordenadora do Núcleo de Estudos Africanos e Afrodiasporicos da  UEG e membro da Rede Goiana de Mulheres Negras.



quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Candidato a presidência do Brasil da extrema direita, reforça preconceito e racismo


"Em entrevista, presidenciável disse que políticas afirmativas reforçam preconceito. "

Vamos acabar com coitadismo de nordestino, de gay, de negro e de mulher, diz  presidenciável, que voltou a criticar as políticas afirmativas reforçando preconceitos na TV Cidade Verde, afiliada do SBT ,Piaui.

Ao mirar em eleitores do Nordeste na reta final da campanha, o candidato do PSL à Presidência da República, JB, afirmou em entrevista que irá acabar com a política do “coitadismo” a nordestino, gay, negro e mulher. Segundo ele, as políticas afirmativas reforçam o preconceito.

“Isso não pode continuar existindo. Tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Vamos acabar com isso”, disse.
…)

Sobre o MST, o candidato disse que vai trata-lo como ação de terrorismo. “Ações do MST serão tipificadas como terrorismo. Esse pessoal não pode continuar levando terror ao campo”.

Ele voltou a falar sobre a polêmica do WhatsApp e criticou a Folha. “Primeiro, a matéria surgiu na Folha de S.Paulo, num jornal de sempre, num jornal que não tem qualquer compromisso com a verdade”, disse.

"A reportagem em questão foi publicada pela Folha de S.Paulo na quinta-feira (18) e mostra o pagamento a agências de mídia, por empresários simpáticos a Bolsonaro, para disparar mensagens antipetistas a grandes bases de eleitores no WhatsApp.
 A legislação eleitoral proíbe a doação por empresas às campanhas, e os valores não foram declarados.
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Trechos inclusos Mônica Aguiar 

O Candidato a presidência da extrema direita JB,  além de tantas outras declarações que ferem os direitos fundamentais e o livre exercício da cidadania do povo brasileiro, nega com esta fala, as ações afirmativas como atos ou medidas especiais, tomadas pelo estado, com os objetivos de eliminar desigualdades sócio raciais historicamente acumuladas, a fim de proporcionar a igualdade de oportunidades e tratamento, compensar perdas provocadas pelo racismo.

Com esta afirmação, ele também nega  todos os tratados e convenções assinados pelo Brasil pela eliminação de todas as formas de descriminação racial .

A Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial objetiva fundamentalmente combater e proibir a discriminação racial, mas também promover a igualdade. Estes são os dois eixos centrais, que combina, deste modo, uma vertente repressiva com uma vertente promocional, no que diz respeito à implementação do direito à igualdade.

DESRESPEITO A CONSTITUIÇÃO E TRATADOS  ASSINADOS DO BRASIL

Ao meu ver, este Candidato já esta predispondo a descumprir com  a Constituição e tratado assinado pelo Brasil.  

A Convenção sobre a Eliminação de todas das formas de Discriminação Racial foi adotada pelas Nações Unidas em 21 de dezembro de 1965, tendo sido ratificada pelo Brasil em 27 de março de 1968. Três relevantes fatores históricos impulsionaram o processo de elaboração desta Convenção na década de 60, destacando-se o ingresso de dezessete novos países africanos na ONU em 1960, a realização da Primeira Conferência de Cúpula dos Países Não-Aliados em Belgrado em 1961 e o ressurgimento de atividades nazifascistas na Europa. 
Estes fatores estimularam a edição da Convenção, como um instrumento internacional voltado ao combate da discriminação racial.

O texto constitucional de 1998 consagra ineditamente, como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, a redução das desigualdades sociais e promoção do bem comum, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, incisos III e IV).

No artigo 5º, incisos XLI e XLII, a Carta estabelece que "a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais", acrescentando que "a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei." Portanto, no tocante à Convenção tratada, a atual Constituição transformou o racismo de mera contravenção penal em crime, tornando-o inafiançável e imprescritível.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Bancada de mulheres negras crescerá 30% em 2019


Levantamento do Correio mostra que 13 mulheres autodeclaradas negras ou pardas se elegeram para mandatos no Congresso Nacional neste ano. É pouco. São apenas 2% das cadeiras, embora elas representem um quarto da população.

Elas representam 25,38% da população brasileira, segundo o Censo de 2010, mas ocupam apenas 2% das cadeiras do Congresso Nacional. Aos poucos, porém, aumenta a representatividade das mulheres negras no Parlamento. Em 2010, eram três. No pleito de 2014, 12 se elegeram. Agora, levantamento do Correio mostra que 13 candidatas autodeclaradas pardas ou pretas conseguiram vaga para legislar, a partir de 1º de janeiro de 2019. Doze na Câmara dos Deputados e uma no Senado. “Numericamente, é um crescimento ainda modesto”, observa a socióloga Ana Carolina Lourenço, da Rede Umunna.

Historicamente alijadas da vida pública e detentoras dos piores indicadores sociais do país, além de trabalharem mais e ganharem menos, conforme revelou o estudo Estatísticas de Gênero, do IBGE, as mulheres negras ainda encontram muitos desafios para entrar na vida pública.

“O financiamento das campanhas é insuficiente, há uma má distribuição interna nos partidos políticos”, diz a pesquisadora da Rede Umunna, que, neste ano, lançou a ação Mulheres Negras Decidem, para estimular o fortalecimento do maior grupo populacional brasileiro nos processos eleitorais. Um estudo da Fundação Cidadania Inteligente, organização da qual Ana Carolina Lourenço é coordenadora executiva, indicou que, em 2014, somente 2,51% das despesas com candidatos ao Legislativo foram destinadas às negras.

Um mito que a campanha Mulheres Negras Decidem pretende derrubar é o de que poucas delas se elegem porque as candidaturas são escassas. Nas eleições de quatro anos atrás, elas eram 12,6% dos postulantes a deputados federais. Dessas, 1,9% foram eleitas. Em comparação, 16,4% das candidaturas eram de mulheres brancas, e 8% delas conseguiram entrar para a Câmara dos Deputados. Levantamento do Correio no maior colégio eleitoral do país — São Paulo — mostra que, no pleito de 2018, 143 mulheres negras se candidataram a deputadas federais ou senadoras. Nenhuma foi eleita pelo estado.

Para a gestora de políticas públicas Milena Guesso Leão, autora de uma dissertação de mestrado sobre a inserção de mulheres negras no processo eleitoral, defendida na Universidade de São Paulo (USP), ações afirmativas poderiam aumentar essa participação.

Assim como a Lei nº 9.504/97, que estabelece cotas para candidaturas femininas, e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o repasse de 30% do fundo partidário às candidatas mulheres, Milena acredita que mecanismos semelhantes teriam potencial de alavancar as candidaturas e a eleição das negras. Hoje, uma consulta pública no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pede que metade da cota do fundo e do tempo de propaganda das postulantes do gênero feminino seja destinada às mulheres negras. “Nós fomos sentenciadas à desigualdade. Ações afirmativas, emergenciais, poderiam ajudar a superar essas distâncias, até que a meritocracia seja viável no futuro”, diz.

Apesar das dificuldades, Dione Oliveira Moura, professora e pesquisadora em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), enxerga um movimento positivo de inclusão da mulher negra no Legislativo. Ela observa que o aumento no número de parlamentares é reflexo de políticas públicas inclusivas, especialmente as que proporcionaram acesso à educação a essa parcela da população brasileira. “Temos uma desigualdade estrutural, que vem da colonização. Mas ações estruturantes e políticas de inclusão que passaram pela educação estão possibilitando que populações subjugadas retomem seus espaços. Essas mulheres negras que se elegeram passaram pelo ensino superior, e muitas passaram pelas cotas”, diz.

A pesquisadora da UnB ressalta que o movimento de inclusão política e de afirmação da mulher negra é uma tendência global, com o envolvimento ativo das gerações mais jovens. 
Milena Guesso Leão também aposta na juventude e lembra que, no Rio de Janeiro, a atuação da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada em março, deflagrou uma onda de resistência que culminou na eleição de quatro negras — entre elas, três autodeclaradas pretas. “O que aconteceu com a Marielle escancarou o que está em disputa. Isso estimulou as jovens a reivindicar um espaço que é nosso por direito. O extermínio da negritude é acompanhado de resistência: a Marielle existe nas vozes das nossas mulheres.”

Representação insuficiente  
Treze mulheres autodeclaradas negras foram eleitas para cargos no Congresso Nacional nas eleições deste ano: 12 para deputadas federais e uma para senadora. Dessas, três se declaram pretas, e 10, pardas. 

Deputadas federais
» Flávia Arruda (PR-DF)
» Professora Marcivânia (PDT-AP)
» Leda Maria Sadala Brito (Avante-AP)
» Lídice da Mata (PSB-BA)
» Áurea Carolina (PSol-MG)
» Rose Modesto (PSDB-MS)
» Talíria Petrone (PSol-RJ)
» Rosângela Gomes (PRB-RJ)
» Benedita da Silva (PT-RJ)
» Chris Tonietto (PSL-RJ)
» Mariana Carvalho (PSDB-RO)
» Sílvia Cristina (PDT-RO)
Senadora
» Eliziane Pereira Melo (PPS-MA)

Fontes: diariopernambuco/correiobrasiliense/


sábado, 20 de outubro de 2018

Brasil tem 477 grávidas e lactantes no sistema carcerário


Reprodução 

Levantamento do CNJ mostra aumento de 12% no número

Entre as cerca de 31 mil mulheres que cumpriam pena em todo o país em setembro deste ano, 477 estavam grávidas ou amamentando. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o total representa um aumento superior a 12% em comparação a agosto, quando havia, no interior do sistema prisional, 425 grávidas e lactantes.

De acordo com o Cadastro Nacional de Presas Grávidas e Lactantes, criado e mantido pelo CNJ, 302 presas estavam grávidas e 175 estavam amamentando, em setembro. São Paulo é a unidade da federação com o maior número (164) de gestantes e lactantes, seguida por Minas Gerais (39), Ceará (38), Goiás (33), Rio de Janeiro (26) e Pará (22).

Mais cedo, o CNJ chegou a divulgar que o total de mulheres nestas condições, no mês passado, era de 466 grávidas ou lactantes, mas o cadastro nacional foi atualizado com a inclusão de 11 casos registrados em estados onde, inicialmente, o conselho informou não haver detentas grávidas ou lactantes: nove no Maranhão e duas em Alagoas. 

Segundo o CNJ, o Cadastro Nacional de Presas Grávidas e Lactantes é uma importante ferramenta para que os juízes possam cobrar dos governos estaduais as providências necessárias para a custódia dessas mulheres, com o objetivo de garantir a proteção das crianças que vão nascer ou que nasceram enquanto as mães cumprem pena em unidades prisionais.

Em vigor desde 1984, com alterações, a Lei de Execução Penal diz que os estabelecimentos prisionais destinados a custodiar mulheres devem ser dotados de berçários onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los por, no mínimo, até os seis meses de idade.

A lei também exige que as penitenciárias de mulheres sejam dotadas de seção para gestantes e parturientes e de creche para abrigar crianças maiores de seis meses de idade e menores de sete anos, “com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa”. Além disso, o sistema penal deve assegurar acompanhamento médico às presas, principalmente no pré-natal e no pós-parto. Tais cuidados são extensivos ao recém-nascido.
Em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus coletivo para substituir a prisão preventiva pela domiciliar às gestantes ou mães de crianças até 12 anos e deficientes.

Inspeções
Entre janeiro e maio deste ano, uma equipe do CNJ visitou 34 estabelecimentos penais de todo o país, com exceção ao Amapá que, no período, não contabilizava nenhuma presa grávida ou amamentando. O objetivo das visitas coordenadas pela então juíza auxiliar da presidência do órgão, Andremara Santos, era verificar as condições de custódia das mulheres e das crianças em fase de amamentação que se encontravam no interior dos estabelecimentos prisionais.

De acordo com a equipe do CNJ, mais de 75% dos estabelecimentos apresentaram condições gerais de conservação inadequadas. Trinta dos estabelecimentos são destinados exclusivamente às mulheres, mas apenas 25 dos 34 visitados têm segurança interna feita exclusivamente por agentes penitenciárias. 

Nenhum estabelecimento visitado pelo CNJ era dotado de creche e apenas 12 presídios estavam com a lotação dentro da capacidade projetada. Quatro presídios extrapolaram sua capacidade em mais de duas vezes. Entre 18 estabelecimentos, o CNJ encontrou ao menos dois que autorizam a permanência infantil até os dois anos de idade.

Por outro lado, todos os estabelecimentos visitados asseguraram oferecer acompanhamento médico, especialmente no pré-natal e pós-parto. Os responsáveis pela maioria (27 estabelecimentos, ou 79,4%) dos estabelecimentos visitados declarou haver, na unidade, acompanhamento psicológico às presas grávidas. Mais da metade dos estabelecimentos tem berçário e pouco mais da metade (53%) afirmou contar com seção para gestante e parturiente.

A equipe do CNJ apontou que todos os partos são realizados em hospitais públicos, fora dos estabelecimentos prisionais, mas que apenas 20% dos estabelecimentos prisionais afirmaram ter condições de assegurar o cumprimento do ponto da Lei de Execução Penal que proíbe o uso de algemas durante o parto e pelos 40 dias que sucedem o nascimento da criança (puerpério). Poucos estabelecimentos providenciam o registro imediato dos recém-nascidos. Motivo pelo qual foram encontrados 33 crianças ainda sem registro de nascimento.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Saúde da mulher negra é foco da campanha Outubro Rosa das Rosas

Saúde da mulher negra, esse é o tema principal da campanha Outubro Rosa das Rosas, que acontece em 28 de outubro, domingo, do meio-dia às 19h, na Unibes Cultural.
Com entrada gratuita, a mescla entre movimento e evento busca sensibilizar a comunidade para os cuidados com a doença e a importância do diagnóstico precoce, da autoanálise, do diagnóstico e do autocuidado. 
Durante oito horas, a iniciativa oferece palestras, banco de mechas, atrações culturais, oficina de turbante, espaço infantil, entre outras atividades.
“Relacionada ao câncer de mama, a campanha Outubro Rosa ocorre desde 2002 no Brasil.  Estatisticamente, esse grupo é o mais afetado pela doença”, explica a organização.
As mulheres negras tem maior incidência de câncer de mama na pré-menopausa , antes dos 40 anos,  é a maior causa de morte nas mulheres em todo o mundo, com cerca de 522 mil mortes estimadas por ano.

" ....A recomendação do Ministério da Saúde segue os padrões de saúde pública do Reino Unido, Bélgica, Suíça e outros países europeus, mas diverge de pesquisas recentes realizadas no Canadá e nos Estados Unidos. 
A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a realização anual de mamografia a partir dos 40 anos de idade, já que segundo a entidade, 25% dos diagnósticos de câncer no Brasil acontecem  em pacientes nessa faixa etária.(  Fonte parágrafo Geledés)...."

Dada a relação direta entre cor e pobreza, as mulheres negras normalmente dependem do SUS (Sistema Único de Saúde) para atendimento e diagnostico. As campanhas de prevenção não chegam com facilidade e instruções sobre o auto exame também são distantes. 
Motivo da atividade esta sendo vista como pioneira, um ponto positivo dentro da campanha do Outubro Rosa.

Além das ações para chamar  a atenção sobre o cancer de mama, é preciso reforçar as formas de prevenir o câncer de mama. Além de manter os exames preventivos em dia, outras medidas são importantes como manter o peso, se exercitar regularmente, restringir o consumo de álcool, largar o cigarro e adotar uma alimentação mais saudável.

 Vale lembrar ainda de conversar com a família para investigar casos da doença e informar ao médico.

 O Outubro Rosa chegou. A campanha, criada em 1990 em Nova York tem o objetivo de conscientizar mulheres do mundo todo a fazer exames de rotina para auxiliar na prevenção do câncer de mama.
SERVIÇO
DATA: 28 de Outubro/2018
HORÁRIO: 12 as 19 horas 
 LOCALUNIBES CULTURAL 
ENDEREÇO: Rua Oscar Freire, 2.500 (ao lado da estação Sumaré do Metrô, na Linha 2-Verde) | Sumaré | São Paulo 
TELEFONE(11) 3065-4333


Fontes : Unibes/Rd Quilomba 

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