sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016 - MULHERES NEGRAS

Um dos momentos esperados no final do ano são as festas e com elas as expectativas do ano seguinte com as notícias retrospectivas.  Sempre lemos uma história de amor ou lembranças de uma vida inteira, sobre economia, política e assim se vai. 
Este ano de 2016, fica marcado com grandes encontros e desencontros. Perdas significativas na representação das mulheres na política, e nas conquistas obtidas no plano de políticas públicas. Perdas irreparáveis, de direitos conquistados nas relações de trabalho e na educação, e ações positivas nas políticas de gênero.
O ano passado em 2015 realizei a primeira retrospectiva das mulheres negras no Brasil. Desconheço um blog ou um jornal que fez ou faça uma retrospectiva da Mulher Negra no mundo ou aqui no Brasil.
Na verdade, sempre foram muito insuficientes os destaques dado às mulheres negras, com relação seu protagonismo, participação na vida política, na economia, na cultura, na literatura, no desenvolvimento científico e econômico, quando acontecem sempre são em datas específicas. 
Com o passar do tempo encontramos dificuldades, na busca e pesquisas de matérias no Brasil e no mundo sobre o TEMA que é de tamanha grandeza.
Mantenho sem "abrir mão", mudar a redação das chamadas das reportagens, que comprometem a visibilidade e destacam estereótipos com responsabilizações veladas principalmente as mulheres negras de fatos ocorrido no cotidiano.
Tive o cuidado nesta segunda retrospectiva de selecionar as notícias mais acessadas aqui, no Blog Mulher Negra, relevantes para história que com tempo poderão ser apagados.

No mais, desejo todas um feliz ano novo, muitas alegrias e que ano de 2017
 venha com reconquistas.


  1. Exposição "Quilombos do Rio de Janeiro" na Sala Leila Diniz, Fecha 2016
  2. Mulheres Negras Passam por Depreciação no Mercado de Trabalho
  3. Começa Hoje 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres
  4. Racismo Marca final de Mandato da Primeira Dama do Estados Unidos " Michelle Obama"
  5. "Papo de Pretas" - Marca o Debate sobre a Representatividade da Mulher Negra
  6. Jornalista Etiene Martins Cria Canal para Falar Sobre Literatura Negra
  7. Apenas 5 mulheres negras eleitas vereadoras em 2016 em todo Brasil
  8. Vencedora do Miss Brasil 2016 é Negra. Esta edição fica marcada por ter o maior número de candidatas negras da história do concurso
  9. Mulher Feminista Eleita Vereadora Desbanca Políticos Tradicionais, Batendo Recorde de Votação em BH
  10. As mulheres negras não cabem na “democracia” brasileira
  11. Irmandade de Nossa Senhora do Rosário é Atacada em Rede Social por Ex-prefeita de Ribeirão das Neves em Minas Gerais
  12. Mulheres são menos de 1% de Candidatas a Prefeitas nas Eleições de 2016 no Brasil
  13. Feminismo Negro: sobre minorias dentro da minoria
  14. JORNALISTA JOICE HASSELMANN, OFENDE E DISCRIMINA SOCIAL E RACIALMENTE SENADORA NEGRA DENTRO DO SENADO BRASILEIRO
  15. Computadores Para Mulheres Negras
  16. Os Negros Representam Menos de 50% dos Bem Sucedidos no Brasil
  17. MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS SÃO HOMENAGEADAS EM MINAS GERAIS
  18. 25 de julho : Mulheres Negras em Destaque
  19. Eleições municipais 2016, participação feminina
  20. A notícia da homenagem me chegou pelas mãos da ativista mineira, Mônica Aguiar
  21. Ex Ministra Luíza Helena Bairros faleceu esta manhã em Porto Alegre
  22. Afetividade e Autoestima e experiência do Amor na Vida das Mulheres Negras
  23. Nova Lei em defesa da Mulher Em Belo Horizonte é Sancionada
  24. OLHARES FEMININO NO CINEMA NEGRO COMEÇA HOJE NO RIO
  25. Mulheres e Negros Perdem Ministérios que Terão Denominações Diferentes
  26. MULHER NA POLÍTICA . DE QUEM E PARA QUEM
  27. Pioneiras Negras da História - Edição 1
  28. Atrizes de Hollywood Criam Produtora Feminista de Filmes
  29. Mulheres Negras na Faixa de 50 anos Serão Destaque no Carro da Estácio que Pauta a Inclusão dos Negros
  30. Mulheres Negras, da História para os Cordéis.
As matérias poderão ser acessadas no início da página, pesquisar neste blog.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Inciativa Inédita Promovida por Utramg, Qualifica 380 Mulheres em Minas Gerais

Uma iniciativa inédita da Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) garante formaturas para 380 mulheres, de sete municípios mineiros, que passaram por capacitações e qualificação com foco no empreendedorismo das mulheres em situação de vulnerabilidade.

Os cursos do Pronatec/FIC/Mulheres Mil foram pensados a partir das demandas e especificidades de cada Território. As participantes, em sua maioria beneficiária vinculadas ao CADIÚNICO no programa Bolsa Família, foram distribuídas em três módulos para o aprendizado: Básico (Português, Matemática e Informática); Específico (saberes práticos da profissão em ensino) e Educacional Central (direito e saúde da mulher, empreendedorismo e economia solidária).

O presidente da Utramig, Lindomar Gomes, reforça que, o programa Mulheres Mil responde por uma formação educacional e cidadã de mulheres chefes de famílias, beneficiárias do Bolsa Família e vítimas de violência. “Segundo ele, o programa vai ao encontro de uma premissa do governo Fernando Pimentel, de proporcionar oportunidade para mulheres que historicamente foram esquecidos”, aponta. “Isto sim é transformar pessoas esquecidas em protagonistas de sua própria história”, acrescenta.

AS FORMATURAS

As formaturas tiveram início em 17 de dezembro, na cidade de Machacalis, com a turma de Artesão de Biojoias. Na sequência, em Sabará, com as turmas de Assistente Administrativo e de Auxiliar de Confeitaria. No dia (20/12), em Ouro Verde de Minas, a formatura do curso de Doces, dia (22/12), em Ribeirão das Neves com cursos de Assistente Administrativo e Promotor de Vendas e Caratinga (Artesão de Biojoias e Promotor de Vendas).
Nesta quarta-feira, dia 28 de dezembro em Contagem terá, com a formatura dos cursos de Assistente Administrativo e Promotor de Vendas.

Fechando o calendário de 2016, no dia 30 de dezembro (sexta-feira), Piedade de Caratinga apresenta ao mercado as formandas do curso de Preparador de Doces e Conservas.
Araçuaí, Belo Horizonte (Ocupações Rosa Leão e Dandara) e São Francisco estão entre os municípios com formaturas previstas para janeiro, porém ainda com datas a serem confirmadas.
A mobilização das mulheres para novas perspectivas profissionais  conta com a atuação de educadores, por localidade, para estender o Mulheres Mil às participantes e prepara-las para o mercado de trabalho.

De acordo com a diretora de Qualificação e Extensão da Utramig e responsável pelos cursos do Mulheres Mil/Pronatec/FIC, Vera Victer, esta é uma experiência extremamente exitosa, sobretudo por mulheres estarem, a partir dos cursos, iniciando a vida como empreendedoras – individuais, familiares e coletivas.
“São 380 mulheres vinculadas ao CADIÚNICO/Bolsa Família, moradoras de cidades onde grande parte das políticas públicas ainda não chegou. E são justamente mulheres que necessitam dessas políticas para terem seus direitos garantidos”, observa. “Além desse momento de qualificação, elas têm a possibilidade de fazer uma pausa e repensar a sua própria vida, tornando-se protagonistas de seus próprios destinos”, completa.

Sobre a Utramig

Subordinada à Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese)de Minas Gerais, a Utramig acaba de completar 51 anos formando técnicos em seus cursos profissionalizantes. A Fundação de Educação para o Trabalho executa também cursos de qualificação de curta duração, que preparam para as demandas do mercado.
A Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) cuida da execução do programa Mulheres Mil, criado com metodologia específica para promover a formação educacional, profissional e cidadã de mulheres em situação de vulnerabilidade.

Fontes:G1/JB


Exposição "Quilombos do Rio de Janeiro" na Sala Leila Diniz, Fecha 2016

Encerrando o ano de exposições na Sala de Cultura Leila Diniz, o Instituto Dagaz apresenta a exposição “Quilombos do Rio de Janeiro”,  o objetivo da mostra é o de compartilhar a cultura do povo quilombola através de sua culinária.

Os quatro artistas Davy Alexandrisky, Fred Borba, Wallace Feitosa e Lidiane Camilo,  conheceram e fotografaram ao todo 29 comunidades que, juntas, originaram o livro “Cozinha dos Quilombos: Sabores, Territórios e Memórias”. 
Para Lidiane Camilo, uma das fotógrafas presentes na exposição, “a fotografia não é apenas apertar um botão. É conseguir retratar não só, mas principalmente, a emoção. Cada sessão é única e procuro fazer de uma forma personalizada com o estilo e jeitinho de cada personagem fotografado”, declarou Lidiane. Para a presidente do Instituto Dagaz, Marinez Fernandes, os retratos se tornaram tão importantes que são capazes de alterar o olhar das pessoas sobre o cotidiano. 
“A fotografia mudou a forma como lembramos das coisas. Ela oferece instantaneidade e tem a capacidade de capturar eventos reais — uma fatia da realidade. O objetivo dessa exposição é o de deixar marcado, na memória dos visitantes, a forma natural dos quilombolas, capturada em momentos de descontração e espontaneidade. Esperamos que as imagens digam por si e que toquem os sentimentos mais profundos, assim como toda arte”, disse.
A exposição "Quilombos do Rio de Janeiro", começou  dia 22/12 
e encera amanhã 27/01/2017, na Rua Professor Heitor Carrilho, no Centro de Niterói. 
Horário de visitação, das 10h as 17h. 
A entrada é franca.
 
Fontes: Ceert/sãogonçalo

 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Mulher Negra Feminista, Assumira Diretoria Executiva da Anistia Internacional Brasil

Jurema Werneck 
A Anistia Internacional no Brasil estará sob nova direção a partir de fevereiro de 2017. Jurema Werneck assumirá o cargo de diretora executiva da organização, que abriu seu escritório no país em 2012.

Jurema Werneck tem formação em medicina e comunicação e foi fundadora da ONG Criola, uma organização de mulheres negras no Rio de Janeiro. 
Com mais de vinte anos de experiência, ela vem trabalhando junto a organizações, movimentos sociais e ativistas do campo dos direitos humanos, principalmente em temas relacionados a raça, gênero e orientação sexual, desenvolvendo iniciativas de educação, mobilização, campanhas e comunicação.
A nova diretora executiva será responsável pelo avanço da missão da Anistia Internacional no Brasil e pela ampliação da sua atuação em todo o país, a fim de fortalecer o trabalho e o impacto em direitos humanos. Jurema Werneck também será responsável por gerenciar as atividades diárias da organização, atuando como principal porta-voz e ampliando a base de apoio da organização no Brasil, mobilizando ativistas e apoiadores para se juntarem à Anistia Internacional.
O trabalho da Anistia International no Brasil é uma referência na área da segurança pública e sistema de justiça; defensores de direitos humanos e modelo de desenvolvimento; e solidariedade internacional em torno das violações de direitos em todo o mundo. Nos últimos cinco anos, as ações promoveram uma maior visibilidade ao tema de homicídio de jovens negros na agenda pública nacional, o reconhecimento da organização como voz independente para os direitos humanos, a mobilização da comunidade global contra violações no Brasil e a construção de uma forte rede de ativistas e doadores comprometidos em apoiar os direitos humanos no país.
Os planos da Anistia Internacional para o Brasil em 2017 incluem novas ações no campo da segurança pública e direitos humanos com a campanha Jovem Negro Vivo, a campanha global sobre os direitos das pessoas refugiadas e o lançamento de uma nova campanha para a proteção dos defensores e defensoras de direitos humanos, especialmente aqueles envolvidos em conflitos por terra, território e recursos naturais.
Fundada em 1961, a Anistia Internacional trabalha para acabar com as violações de direitos humanos e promover a justiça e a dignidade em todo o mundo. É um movimento global de mais de 7 milhões de pessoas em 150 países.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Procuradoria Federal Pede Inconstitucionalidade em Leis Municipais que Proíbem Questões de Gênero em Sala de Aula

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, encaminhou, 14 de dezembro, ao procurador-geral da República, pedido para propositura, junto ao Supremo Tribunal Federal, de inconstitucionalidade nas leis municipais que proíbem a abordagem de questões de gênero em sala de aula.

As leis são das cidades de Ipatinga (MG), Cascavel (PR), Paranaguá (PR), Blumenau (SC), Tubarão (SC) e Palmas (TO). Pedido foi encaminhado hoje (14/12) ao procurador-geral da República.
As leis são das cidades de Ipatinga (MG), Cascavel (PR), Paranaguá (PR), Blumenau (SC), Tubarão (SC) e Palmas (TO), e foram aprovadas entre 2015 e 2016.
Na solicitação encaminhada ao procurador-geral da República – a quem cabe ingressar com pedidos de inconstitucionalidade perante o STF – a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, destaca que o propósito desse conjunto de leis municipais é o de limitar o conteúdo da manifestação docente realizada em âmbito escolar, “o que não pode ser considerado como lícito à luz dos princípios constitucionais e legais atinentes à educação nacional”.
No documento, a PFDC ressalta que a atuação dos municípios na edição de leis que disponham sobre diretrizes e bases da educação viola o princípio do pacto federativo, visto que a disciplina da matéria cabe privativamente à União. Além disso, a objeção a qualquer política de ensino que faça referência à ideologia de gênero viola direitos fundamentais previstos na Constituição Federal – tais como o direito à educação, liberdade de ensino, e o direito da criança, do adolescente e do jovem a ser colocado a salvo de toda forma de discriminação e violência.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão esclarece que os conceitos gênero e orientação sexual foram construídos com base acadêmica, desde a década de 1970, e que há mais de mil grupos de pesquisa sobre o tema cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Resta evidente que a abordagem da temática de gênero e orientação sexual no ambiente educacional não possui finalidade ideológica – tal como apontado em exposição de motivos de diversas leis aprovadas em âmbito municipal e estadual no Brasil. O tema possui uma sólida base acadêmica, visando à construção de uma escola democrática e plural e, como consequência, uma sociedade com tais características. Essa abordagem é fundamental para que se possa coibir as violações sistemáticas a direitos humanos no Brasil decorrentes de preconceitos de gênero e orientação sexual, que atingem majoritariamente crianças e jovens”, destaca o texto.
Números – Dados do “Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres” mostram que o Brasil é considerado o quinto país mais violento para mulheres, em um universo de 83 nações analisadas. De acordo com ranking da organização não governamental internacional Save The Children, o número de casamentos infantis – antes dos 18 anos de idade – e de meninas grávidas na adolescência colocou o Brasil entre os 50 piores países para se nascer mulher.
A violência no ambiente educacional também preocupa. Segundo a “Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016”, dentre estudantes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), 73% já foram agredidos verbalmente e 36% agredidos fisicamente nas escolas, descortinando o espaço escolar como um ambiente de violência e que, a partir de práticas pedagógicas, precisa ser modificado.
Os pedidos para apresentação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) atendem a representação encaminhada à PFDC pelo Grupo Dignidade.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Desigualdades e Discriminação entre Homens e Mulheres na Alta Gastronomia

por Naiara Albuquerque

Finalista Dayse Paparoto foi menosprezada ao longo da competição. No Ocidente, diferença de prestígio entre homens e mulheres na cozinha data de séculos

A primeira temporada do programa MasterChef Profissionais, da TV Bandeirantes, que chega ao final nesta terça-feira (13) foi marcada por manifestações de machismo e disputas de gênero. Durante uma das provas, a finalista Dayse Paparoto chegou a ouvir do participante Ivo Lopes que deveria varrer o chão.
“Trabalhar com mulher na cozinha é um pouco mais delicado, vamos ser realistas. Ela acaba sendo um pouco mais frágil”, justificou o chef.
A atitude não passou despercebida pelas pessoas que acompanhavam o programa no Twitter – e o participante acabou pedindo desculpas publicamente:


A sugestão para varrer o chão não foi um fato isolado. Mais de uma vez a chef foi considerada pelos outros participantes como a mais fraca da competição. Este vídeo reúne as situações consideradas machistas pelas quais Dayse passou.

A participante Priscylla Luswarghi, eliminada no sexto episódio, deixou o programa comentando que as mulheres eram subestimadas na cozinha. A situação vivida pelas participantes no reality show parece ser lugar-comum no mundo da gastronomia.
“A cozinha é vista como uma profissão muito masculina, bruta e física. Por isso, existe essa ideia que só homem consegue segurar essa onda”, disse ao Nexo Bel Coelho, chef do restaurante O Clandestino, em São Paulo. Para a chef, o machismo no mundo da gastronomia reflete o que está presente em outras áreas.
“Homem diante de homem tem uma postura de respeito e diante de mulher tem outra. E essas coisas que homens fazem na rua também fazem na cozinha, como boicotar coisas que fazemos ou nos encoxar.”
Bel Coelho, chef do restaurante O Clandestino

Sobre as polêmicas do programa, a chef diz que as questões levantadas no reality extrapolam seus participantes. “Na verdade, o que existe há muitos anos é a tentativa de empurrar as mulheres para atividades consideradas menos glamourosas e escondidas, como a limpeza.”
A histórica divisão entre o masculino e o feminino na cozinha
A visão de Bel Coelho tem respaldo histórico. Rafaella Sarti, professora de História Moderna na Universidade de Urbino, na Itália, explica que durante a Idade Moderna, na maioria dos lugares, o responsável pela cozinha variava de acordo com a classe à qual a família pertencia. Enquanto as mulheres de classes mais baixas eram responsáveis pelo preparo do alimento, as classes mais altas designavam homens para a tarefa de cozinheiro. Na França, Itália e Espanha, predominava o gênero masculino na cozinha. A exceção era a Inglaterra e a Alemanha, onde mulheres eram a maioria dos cozinheiros.
No artigo “Flexionando o gênero: a subsunção do feminino no discurso moderno sobre o trabalho culinário”, o pesquisador Carlos Alberto Dória, doutor em sociologia na Unicamp, mostra que expressões como “cozinhar com amor” estão associadas à culinária mais simples, afetiva e, portanto, feminina. Já a boa cozinha, uma arte superior, foi associada à figura masculina.
Na França, por exemplo, considerada berço da gastronomia moderna ocidental, os homens passaram a dominar as cozinhas da aristocracia ao longo do século 16, no reinado de Henrique 4º. Nos séculos seguintes, as diferenças sociais nas categorias “mulher na cozinha” e “homem na cozinha” se evidenciaram.
Dessa forma, mulheres foram excluídas da alta gastronomia, enquanto homens passaram a ganhar dinheiro e prestígio como chefs.
O artigo de Dória ainda explora a obra de Auguste Escoffier, chef da alta cozinha francesa, que teve um de seus discursos publicados em Londres no ano de 1895 sob o título “Why Men Make the Best Cooks” (Porque os homens se tornam os melhores cozinheiros, em tradução livre para o português).
“O homem é mais rigoroso no seu trabalho, e o rigor está na raiz de tudo o que é bom, como em tudo o mais. Um homem é mais atento sobre os vários detalhes que são necessários para produzir um prato verdadeiramente perfeito… Para ele nenhum detalhe é mais importante do que outro.”
Auguste Escoffier – “Why Men Make the Best Cooks” (Porque os homens se tornam os melhores cozinheiros, em tradução livre para o português), discurso publicado em 1895

A fala de Escoffier sintetiza a diferença de gêneros na cozinha. O chef afirmou que, nas tarefas domésticas, “é muito difícil encontrarmos um homem se igualando ou excedendo uma mulher; mas cozinhar transcende um mero afazer doméstico, trata-se, como eu disse antes, de uma arte superior”.
Para o pesquisador Dória, “o discurso sobre a excelência, sobre o estilo culinário, sobre a criatividade, está centrado atualmente na figura do chef” – que é masculino. “E o contradiscurso opressor nesse domínio é também muito claro: trabalho de cozinha é coisa árdua, não é para mulheres”, diz em seu artigo.
A historiadora Rafaella Sarti complementa a análise: “a marginalização das mulheres dos locais mais prestigiosos como chefs é similar à que acontece em outros ambientes de trabalho”, disse ao Nexo. “Muitos países estão buscando leis para igualar a oportunidade entre homens e mulheres e há pessoas lutando para acabar com a cultura patriarcal que impede as mulheres de alcançar a mesma posição que os homens.”
Fonte: Ag. Patricia Galvão
Chamada Mônica Aguiar 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Os lírios dos Campos Choram

Por Mônica Aguiar 
Entre idas e vindas, afetos e desafetos, brisas e tempestades, os lírios sobrevivem em vários lugares!
Sobreviver às tormentas provocadas por fenômenos naturais é fertilizante perante coexistir com o retrocesso provocado por ervas daninha que cotam caule e arremessam venenos provocando muita dor. 

Longa foi caminhada mesmo sem poder caminhar nos tempos que os lírios resistiam e floresciam sem chorar.
Quem já viu um lírio chorar?

Dos caminhos percorridos, poder vivenciar a fase do reflorescimento e as sementes que caiam ou as que de alguma forma apenas desapareciam, cultivar sempre as esperanças dos que já não resistiam a tantos temporais.

Sugar o leite da terra e ao mesmo tempo distribuir o néctar, o perfume extraído das estrelas que com seu brilho fortalecem e renovavam as esperanças de sua espécie. A certeza do seu ciclo são as novas sementes mesmo diante de tantos desafios, tantos caminhos, campos e florestas, um mosaico do mosaico. Mas quem quer saber? A quem interessa?

Hoje realmente não são os mesmo lírios, estão velhos e cansados. Mas não se precipitem tanto, estes lírios por mais frágeis que pareçam estar sempre encontram forças e ajudam na germinação de novas flores resistentes. As experiências adquiridas com as transformações fez a suficiente forte para renascer e multiplicar.


Aguardemos 2017!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Por que o ativismo das mulheres negras incomoda tanto?

Seja no mercado de trabalho ou cultura, a luta da mulher negra para conquistar espaço e ser respeitada é ainda mais difícil que a da mulher branca


A publicitária e ex-modelo Luana Genot há tempos assumiu o desafio de levar ao mundo empresarial a luta contra o privilégio da cor da pele. Cansada de sofrer com o racismo e machismo, ela fundou o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), e literalmente tem batido na porta das empresas para mudar esta realidade. "Perguntei para um menino negro de seis anos o que ele queria ser quando crescer, e ouvi que ele seria segurança, pois esta é uma profissão de preto. Não podemos permitir que as crianças se apropriem desse discurso, por isso precisamos de exemplos", afirma Luana, que participou do Seminário Brasileiras - como elas estão mudando o rumo do país, realizado no dia 2 de dezembro, em São Paulo, pelo EL PAÍS e a Agência Locomotiva.

Maria Rita Casagrande, fundadora do Blogueiras Negras e sócia da Infopreta, também conhece na pele o sofrimento que o estereótipo em relação a mulher negra pode causar. Formada em análise de sistemas, por muitos anos Maria Rita trabalhou como atendente de telemarketing por não encontrar outro emprego. Da necessidade de compartilhar suas experiências, nasceu o Blogueiras Negras, um espaço que une mulheres que escrevem, falam e produzem conhecimento a partir de suas vivências e experiências como mulheres negras. Empreender com o Infopreta foi outra oportunidade que encontrou para fazer o que deseja e não o que outros desejam para ela. “É comum nos oferecerem visibilidade, mas nós queremos oportunidades, emprego, apoio”, afirma.

O avanço do ativismo online de mulheres negras se tornou um importante canal para vencer as barreiras criadas pelo racismo. “A internet é o espaço que as mulheres negras encontraram para existir, já que a mídia hegemônica nos ignora”, explica Djamila Ribeiro, secretária-adjunta de direitos humanos da prefeitura de São Paulo. Segundo ela, os brasileiros ainda veem o racismo como algo da esfera privada, por exemplo, quando a atriz Taís Araújo é atacada na internet. E não como um sistema de opressão, que impede o acesso a determinadas esferas.

Trazer este tema à tona, e propor reflexões sobre o papel da sociedade na manutenção das estruturas de racismo não é fácil. “Há um incômodo das pessoas com o tema, mas isso é importante, ou todos vão achar que está tudo bem”, explica Djamila.

 Representação na cultura

A cineasta Tata Amaral conheceu este incômodo pelos olhos de sua filha. Nos anos 80, as duas costumavam ir ao cinema ver principalmente blockbusters americanos. A menina nem sabia ler, mas percebia que os personagens negros morriam sistematicamente nos filmes. A criança notou também que os bandidos eram sempre os latinos, negros e árabes. Tata lamenta que a representação que orientavam o cinema na época pouco mudaram. “Fiz um documentário sobre hip hop e percebi que o jovem se identificava como PPP – preto, pobre da periferia, o que na sociedade tem uma carga ruim, representando o traficante, o bandido.”

Fonte e texto:El País

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

STF deve julgar hoje direito ao aborto em casos de infecção por Zika

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve iniciar nesta quarta-feira (7) o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 5581) que inclui o pedido de interrupção da gravidez como uma possibilidade excepcional para mulheres infectadas pelo vírus Zika. 
O diagnóstico, durante a gestação, está associado a casos de microcefalia e outras malformações fetais – sobretudo quando identificado no primeiro trimestre de gravidez.
O documento foi protocolado e levado à Corte pela Associação dos Defensores Públicos (Anadep), que questiona as atuais políticas públicas voltadas para gestantes e crianças vítimas da epidemia do vírus no Brasil. O principal argumento trata do sofrimento e do impacto emocional a que as grávidas infectadas pelo Zika são submetidas, além da defesa de que o aborto é uma questão de saúde pública e bem-estar.
“A ADI tem grande repercussão e impacto, sobretudo pelos pleitos principais de implementação de políticas públicas de informações, diagnóstico e tratamento integral às mães e crianças atingidas. Como é de domínio público, estamos diante de uma epidemia mundial que exige atuação estratégica e eficaz do Estado brasileiro”, destacou o presidente da Anadep, Joaquim Neto.
A ação também tem o apoio do Instituto de Bioética Anis, coordenado pela pesquisadora Débora Diniz. Para a antropóloga, o Estado brasileiro falhou em proteger as mulheres contra o Zika e elas não podem ser penalizadas por consequências como a microcefalia. O mesmo grupo impetrou ação similar, em 2004, pelo direito ao aborto em casos de bebês com anencefalia. O pedido foi acatado pelos ministros em 2012.
“Essa ação não visa à legalização do aborto no país, porque estamos falando da epidemia. Temos uma situação concreta que bate à porta”, disse. “Claro que, ao lançar a questão do aborto como parte de uma proteção, o debate volta à cena nacional. Esperamos muito que ele volte de maneira mais qualificada e reconheça o intenso sofrimento e risco [que as mulheres] têm ao se manter grávidas contra sua vontade”, completou.

Fonte: Ag. Brasil

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mulheres Negras Passam por Depreciação no Mercado de Trabalho

Para que a inserção da mulher negras no mercado, não basta esperar mudanças espontâneas: especialistas defendem políticas públicas 

O debate do empoderamento feminino traz à tona dificuldades vivenciadas por mulheres pretas e pardas, no mercado de trabalho no mês da consciência negra e nos 16 dias de ativismo.
Relatório do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que não há muito a comemorar e afirma que as afrodescendentes “enfrentam uma dupla discriminação no mercado de trabalho, de raça e de gênero”. Entre essas mulheres, na capital federal, a taxa de desemprego é a mais elevada, e o valor pago por hora trabalhada é o mais baixo. A exclusão se repete nos demais locais avaliados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED): Fortaleza, Porto Alegre, São Paulo e Salvador.
Os números foram divulgados na última semana de novembro, e reafirma uma condição que a mulher negra é imposta em ampla maioria.
As mulheres negras ainda são maioria em exercício no trabalho domestico, e tem dois anos apenas que as empregadas domésticas conquistaram direitos trabalhistas.
No DF, 14% das negras e 9,7% das não negras são domésticas. Mesmo entre as profissionais pretas e pardas que tiveram acesso a boa educação e ocupam posições de melhor remuneração, o racismo afeta o dia a dia.
Professora de comunicação e serviço social da Universidade Católica de Brasília (UCB), a doutora em comunicação e pesquisadora de raça e gênero Isabel Clavelin observa que as negras se encontram na base da pirâmide social. “Nas relações de trabalho, isso afeta objetivamente o ingresso, o acesso a promoções, a permanência, o salário. Elas se deparam ainda com outras dificuldades, como assédio sexual e moral.” Essa estrutura é perpetuada, na opinião da pesquisadora, por uma conivência das empresas com o racismo. “As companhias sabem da situação, mas pouco fazem”, diz. Exemplo disso é que as negras são apenas 0,4% das executivas do país, segundo dados do Instituto Ethos sobre as 500 maiores empresas do país.
Dione Moura, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC/UnB), analisa que profissionais pretas e pardas enfrentam diversos obstáculos — o primeiro deles, socioeconômico, que leva a piores condições de educação. “Existe ainda uma visão de que elas são menos capazes para o trabalho”, diz a doutora em ciências da informação.

Estética
O racismo o perpassa, inclusive, aspectos estéticos. Em muitos casos, as próprias pretas e pardas têm em mente um ideal de beleza europeu e, em outros, há cobranças para que elas se sujeitem a ele. “Quando a primeira desembargadora negra do Rio de Janeiro — Ivone Caetano — foi tomar posse, um desembargador perguntou se ela participaria da cerimônia com aquele cabelo”, exemplifica frei David Santos diretor executivo da organização não governamental Educafro Educafro.

“O preconceito não é causado pelo cabelo, pelo turbante ou pela roupa, mas pelo que as pessoas acham que isso significa. O brasileiro tem dificuldade de lembrar o período de escravidão, então optou por negar os elementos africanos. Há uma fuga em reconhecer a identidade negra, e as dívidas decorrentes dela. É uma tentativa de apagar essa ancestralidade que foi injustiçada. O mesmo acontece com os indígenas”, analisa Dione Moura.

Soluções
As pesquisadoras Dione Moura e Isabel Clavelin concordam que serão necessárias medidas que responsabilizem as empresas nas relações de desigualdades cometidas. Iniciativas de adesão voluntária em ações afirmativas como o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, são necessárias para combater tais desigualdades. Como as empresas  não enxergam a falta de inserção de trabalhadoras negras como um problema, cabe ao governo trabalhar essa questão de cima para baixo, afirma Isabel.
Na visão da professora Dione Moura entanto, é preciso ter mais políticas públicas efetivas para o mercado de trabalho. Ela cita os Estados Unidos como a nação com ações mais fortes com relação a isso. “Esse país desenhou o perfil das empresas para perceber se elas são inclusivas ou não. Mesmo lá, a solução não foi definitiva (já que essas medidas não acabam com o racismo, mas garantem acesso a melhores condições socioeconômicas): há poucos dias, a primeira-dama Michelle Obama foi alvo de racismo, e isso teve consequências.”

Fonte Correio Brasiliense
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Monica Aguiar 
 Eu acredito que mesmo com uma avaliação muito positiva da conjuntura atual, que a mulher está cada vez mais, conquistando seu espaço no ambiente profissional e participando, pela primeira fez e de forma definitiva, das mudanças ocorridas.
As habilidades e características femininas são pouco valorizadas pela sociedade, a mulher e principalmente a mulher negra é vista ainda como uma mera coadjuvante em determinados segmentos sociais e profissionais, mesmo com exemplos significativos de acesso a posições estratégicas em relação ao trabalho.
processo de reestruturação produtiva, a mão-de-obra feminina tem sido aceita e solicitada. O Crescimento da participação feminina no mercado de trabalho é intenso e diversificado e apesar dos números atuais, não retrocedeu.
As mulheres têm uma significativa participação nas esferas econômicas e entre os empreendedores já representa praticamente a metade neste setor, isto graças ao crescimento na formação acadêmica.
As mulheres estão muito presente no mercado de trabalho formal que inclui indústria, construção, comércio, serviços e agropecuária. Mas sua participação, no entanto, varia com a área, pois a grande parcela permanece condicionada no setor de serviços  e destas, a ampla maioria são as mulheres negras .
Na hora de decidir sobre uma promoção aos empregados ou escolher aquele que irá ocupar um cargo de liderança, as empresas ainda dão preferência aos homens, mesmo que a mulher tenha o mesmo grau de formação.
Quanto aos lares a maioria deles são chefiados por mulheres, quando analisados grupos pretas e pardas, estas estão acima da média nacional e têm maior participação na renda de suas famílias.
Embora sejam as mulheres expressivamente parte da força de trabalho, o contingente feminino tem sido sujeito de limitações, que mascara, e fomentar dificuldades que impedem o acesso de cargos estratégicos, representações de poderes, ascensão na carreira, especialmente no que se refere à dinâmica de conciliação das demandas familiar e profissional.
A desqualificação da imagem da mulher nas peças publicitárias e programas de TVs, enquanto práticas de interação não podem ser mais consideradas ingênuas, natural, desprovida de intencionalidade, servem de fortalecimento das desigualdades, privilegiam manifestações ideológicas racistas e classistas.
O Brasil ratificou a maioria dos instrumentos de proteção no trabalho, mas o contraditório esta presente demostrado através dos dados de desigualdades sociais e econômicas da estagnação das leis que deixa visível que ainda há muito por fazer.
A resolução 156 da OIT determina igualdade de oportunidade e tratamento para homens e mulheres com responsabilidade familiares. Mas a realidade e que parcela significativa dos homens na sociedade espera que as mulheres e perincipalmente as mulheres negras  continuem ocupando apenas funções auxiliares, e desde que estas não sejam deliberativas e ou determinantes.



quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Personalidades protagonizam nova campanha do Movimento ElesPorElas pela igualdade de gênero

Com um tom incisivo e desafiador, a campanha, criada pela agência Heads Propaganda em parceria com a ONU Mulheres, contam com personalidades brasileiras compartilhando depoimentos pessoais sobre machismo, racismo, transfobia, e diferentes formas de violência, preconceitos e privilégios.

Visando a mobilizar a sociedade a assinar o compromisso pela igualdade de gênero no site www.ElesPorElas.org e discutir questões mais sensíveis enfrentadas pelas mulheres no Brasil e no mundo, a campanha contou com o apoio de dez artistas e atletas brasileiros: Camila Pitanga, Mateus Solano, Sheron Menezzes, Bruno Gagliasso, Marcelo D2, Preta Gil, Lea T, Amanda Nunes, Anselmo Vasconcelos e Erico Brás, que aparecem em filmes, anúncios e peças de mobiliário urbano, indoor media e Internet. O objetivo é ampliar o diálogo sobre os direitos das mulheres e impulsionar os progressos para alcançar a igualdade de gênero.

“Nessa campanha, quisemos ir além de informar sobre a importância de viver livre de preconceitos, de conquistar a igualdade de gênero e garantir os direitos das mulheres e meninas”, disse a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.
“Cada personagem dessa campanha dá depoimentos reais e sinceros sobre o que vivem (e vivemos) e por que é importante fazer parte desse movimento para mudar a nossa realidade de machismo, racismo, sexismo e homofobia.”

 “Em cada uma dessas histórias, nós imediatamente identificamos a forte presença e as graves consequências do preconceito na nossa cultura, e é por isso que nos tocam tão profundamente. Sabemos que um lugar onde as mulheres usufruem de seus direitos é um lugar onde todas as pessoas usufruem de seus direitos. A nova campanha mostra exatamente isso: que o movimento HeForShe é um movimento de todos e todas nós, para todos e todas nós”, completou Nadine.

Para o diretor de criação da Heads Propaganda, Astério Segundo, a violência contra as mulheres não é um problema apenas delas. “É meu, seu, de todos nós. E a publicidade pode contribuir muito para endereçar esse problema e colocá-lo na pauta da sociedade”, disse.
Os cinco filmes, estrelados por Camila Pitanga, Sheron Menezzes, Preta Gil, Anselmo Vasconcelos e Lea T, foram produzidos pela produtora Delicatessen com direção de Gustavo Leme, para TV e Internet.

“São mensagens muito tocantes e que colocam luz sobre muitas atitudes comuns do dia a dia. Desde o início do projeto, ficamos bastante honrados em poder apoiar essa iniciativa da ONU Mulheres e nos empenhamos ao máximo para traduzir essa importância de conscientizar a sociedade sobre os direitos das mulheres”, destacou Gustavo Leme, diretor dos filmes.

O lançamento oficial da campanha aconteceu em novembro, no marco dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.

Os vídeos e anúncios serão divulgados online pelos seguintes canais:
Twitter: twitter.com/elesporelas
Facebook: facebook.com/ElesPorElasHeforShe
Instagram: www.instagram.com/elesporelas_heforshe
Os vídeos estão disponíveis para visualização pelo YouTube: Camila Pitanga | Lea T | Preta Gil | Sheron Menezzes | Anselmo Vasconcelos

Sobre o movimento ElesPorElas HeForShe

O movimento de solidariedade ElesPorElas HeForShe foi criado pela ONU Mulheres para reunir pessoas de todos os sexos, gêneros, raças, etnias e classes sociais num esforço global para a remoção das barreiras sociais e culturais que limitam as mulheres e as impedem de usufruir de seus direitos humanos.

Desde seu lançamento em 2014 pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pela Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, Emma Watson, centenas de milhares de pessoas de todo o mundo — incluindo chefes de Estado, presidentes de empresas, personalidades globais, e pessoas de diferentes estilos de vida e classes sociais — apoiaram o movimento e se comprometeram com a igualdade de gênero.

O movimento HeForShe tem sido o tema de mais de 2 bilhões de conversas nas redes sociais, da realização de milhares de eventos em todos os cantos do mundo, além de já ter recebido cerca de 1 milhão de compromissos na plataforma online www.ElesPorElas.org (ou www.HeForShe.org/pt), que oferece conteúdo para orientar os internautas sobre o que fazer e como divulgar o movimento.


A plataforma online contabiliza compromissos e coleta informação e depoimentos sobre o status da igualdade de gênero em seus países e comunidades, de forma a rastrear o impacto do movimento ElesPorElas HeForShe. Para que essa informação seja acurada e para incentivar o compromisso, o movimento HeForshe busca obter o maior número possível de assinaturas pelo site.

Fonte e texto : ONU Mulheres 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Mulheres vão às ruas da América Latina e outras regiões contra feminicídio

Diferentes manifestações foram realizadas nesta sexta-feira (25) em países da América Latina, para repudiar os feminicídios e dizer "chega" a toda forma de violência de gênero no Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres, lembrado pela ONU.

"Nem uma a menos, nos queremos vivas", repetiam dezenas de milhares de mulheres na capital argentina, onde uma coluna avançou pelo centro da cidade até a histórica Praça de Maio.
Diante dos manifestantes, homens e mulheres, uma enorme faixa com manchas de pintura vermelha lembrou que "a violência contra a mulher sempre mata".

As marchas se repetiram em outros países da América Latina, entre eles Uruguai, Guatemala, Colômbia, Venezuela e Chile.
No Peru, grupos feministas convocaram para marchar de preto no sábado, em Lima, em repúdio à "violência machista".

Segundo a Procuradoria peruana, no primeiro semestre de 2016 foram reportados 35 feminicídios.
Na cidade francesa de Reims, um tribunal correcional julgou nesta sexta-feira 14 maridos violentos em uma audiência temática pelo Dia Internacional.

Na Guatemala, 500 pessoas marcharam para pedir o fim da violência de gênero, que este ano matou 625 mulheres. "Nem uma a menos" e "A gravidez forçada também é tortura" foram algumas das palavras de ordem.
Também houve manifestação em Bogotá, chefiada por Maria Isabel Covaleda, que em setembro passado levou uma surra de seu companheiro. O caso teve grande repercussão e fez dela um símbolo da violência contra a mulher no país.

No Uruguai, o Coletivo Mulheres de Preto marchou pelo centro de Montevidéu. Nos últimos 12 meses, 46 mulheres foram mortas no Uruguai e, em 30 dos casos, tratou-se de violência doméstica, segundo o Ministério uruguaio do Interior.

Em Caracas, também houve uma passeata. Segundo o último informe oficial do Ministério Público, 516 mulheres foram assassinadas em 2015 na Venezuela.
No Chile, milhares marcharam em Santiago com cartazes que pediam "Nunca mais". Neste país, 34 mulheres foram assassinadas e foram notificados 100 ataques graves este ano. O mais impactante foi o de Nabila Riffo, de 28 anos, que perdeu os olhos após ser atacada de forma brutalmente, supostamente por seu ex-companheiro, em maio passado.

"Se alguma de vocês passar pelo que aconteceu comigo, por favor, recorra a algum parente, a algum vizinho, a qualquer pessoa, mas não se deixem intimidar nem ameaçar por nenhum homem", disse em uma mensagem pelas redes sociais.

Na Argentina, uma mulher é morta a cada 30 horas, segundo a ONG Casa del Encuentro.
"Entramos em contato com centenas de coletivos feministas do mundo, coordenando ações, aproveitando a tecnologia para unificar discursos e para caminharmos juntas em direção a um protesto global de mulheres no próximo 8 de março", Dia Internacional da Mulher, disse à imprensa Marta Dillon do coletivo "Ni Una Menos".

Dora Machicado é boliviana, tem 42 anos e há 20 vive na Argentina. Ela integra a organização Alma, que dos bairros marginais da Villa 31 assiste às vítimas da violência de gênero.
"É certo que nas classes médias há mais violência psicológica, mas na vila é mais física", disse à AFP em meio à marcha.

Criticado em 2014 por defender as cantadas de rua, o presidente Mauricio Macri recebeu familiares de vítimas.
"Ni Una Menos" se soma à convocação do novo movimento de mulheres de base chamado "Paro Internacional de Mujeres (PIM, Greve Internacional de Mulheres)", que abarca coletivos de 17 países, entre eles Argentina, Alemanha, Chile, Coreia, Equador, Rússia, Israel, Itália, México, Peru e El Salvador.
Falam sobre crimes de gênero na América Latina, com casos que também alarmam a Europa e os Estados Unidos, onde irão se manifestar contra a eleição do novo presidente Donald Trump, por suas declarações misóginas.

Um dado impressionante revelado pelo "Ni Una Menos" é que 97% de quase 6.000 mulheres de 1.800 localidades da Argentina disseram em uma pesquisa que mais de uma vez foram vítimas de assédio em espaços públicos e privados. A estatística destaca o novo Índice de Violência Machista.
Dillon disse que "o patriarcado estupra, mata e também prende". Organizações sociais e políticas se juntam agora pelo pedido de "libertação imediata" da líder social indigenista Milagro Sala em Jujuy (norte da Argentina).

O movimento feminino converge também na próxima Marcha das Mulheres em Washington, em 21 de janeiro, um dia depois que Trump assumir o cargo.
A relatora especial da ONU sobre violência contra a mulher, Dubravka Simonovic, falou esta semana em Buenos Aires que o país não cumpre como deve as normas de proteção às mulheres e crianças contra a violência de gênero.

Fonte e texto : Terra

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Começa Hoje 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres

por Mônica Aguiar 
Mônica Aguiar
Começa hoje, 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres em vários países do mundo, finalizando no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. 
No Brasil, a campanha tem começo antecipado no Dia Nacional da Consciência Negra, para enfatizar a dupla discriminação sofrida pela mulher negra. 
Uma série de atividades está agendada neste período por feministas de vários setores dos movimentos de mulheres e mulheres negras, no intuito de informar e cobrar dos governantes ações efetivas no combate as mais variadas formas de violência contra as mulheres.

A questão ganhou reforço com a Lei Maria da Penha, em 2006, aumentando a punição dos agressores, e recentemente foi classificada como crime de tortura , são mais de 15 Leis federais existentes de defesa da mulher vitima de violência, uma delas a LEI  13104/2015 - Lei do Feminicidio.

Desde 2009 a pesquisa DataSenado vem realizando varias pergunta às entrevistadas se já ouviram falar da Lei Maria da Penha e sempre registra um elevado percentual de conhecimento sobre a existência da lei: em 2011 eram 98%, e em 2013, 99%. Em 2015, praticamente 100% das entrevistadas declararam saber da Lei. Ao mesmo tempo, em relação aos anos anteriores, menos mulheres acreditam que a proteção à mulher melhorou com a Lei Maria da Penha. Hoje, 56% apontam estar mais protegidas. Em 2013, eram 66%.

Vale lembrar que vários instrumentos foram desenvolvidos com o passar dos anos, mas outros após a condenação do Brasil pela comissão interamericana de direitos humanos pela violação das obrigações referentes à prevenção da violência contra mulher, especialmente a violência doméstica.

A punição da violência contra mulher é uma grande conquista, mas que ainda precisa de avanços.
Chamar para reflexão da sociedade brasileira, setores acadêmicos, profissionais do direito sobre as múltiplas formas de violência que se abatem sobre as mulheres e o descaso com cumprimento das legislações é uma tarefa cotidiana do movimento de mulheres.

A violência contra a mulher não é um fato novo muito pelo contrário, é tão antigo quanto a humanidade. O que é novo, e muito recente, é a preocupação com a superação dessa violência como condição necessária para a construção da humanidade.

Hoje, grupos feministas ainda buscam avanços no que diz respeito aos direitos reprodutivos, muitos países já superaram este tabu, entendendo que os direitos sexuais e reprodutivos da mulher faz parte dos direitos humanos, mas no Brasil existem grandes dificuldades e barreiras, principalmente nas alas conservadoras do congresso nacional que não quer entender o paradigma no campo das politicas vinculadas a reprodução humana e a sexualidade, por uma serie de fatores menos dos direitos invioláveis do ser humano.


Dados da Violência

Os dados do Ligue 180 apontam que 77% das mulheres em situação de violência sofrem agressões semanal ou cotidianamente.
De todas as mulheres do planeta 70% já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em, pelo menos, um momento de suas vidas — independente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social (ONU).

Segundo dados de 2012 (do Governo Federal), a cada 5 minutos uma mulher é agredida no país. Em 80% dos casos, o agressor é o marido, companheiro ou namorado.
Segundo dados de 2013 do Ministério da Saúde, 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

Segundo o Mapa da Violência 2015 (disponível aqui), estudo elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), com o apoio da ONU Mulheres e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), o Brasil assume a 5ª posição no ranking de feminicídio, com uma taxa de 4,8 assassinatos por cada 100 mil mulheres; O estudo diz ainda que houve um aumento de 54% em dez anos no número de assassinatos de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. Homicídio de negras aumenta 54% em 10 anos. 

 As taxas das mulheres e meninas negras vítimas de assassinatos cresce de 22,9% em 2003 para 66,7% em 2013. Houve, nessa década, um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade brancas e negras, expresso em percentual.

O Instituto Patrícia Galvão divulgou em 28/09/16 vários dados, um dele que , 85% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência sexual.37% dos homens e mulheres entrevistados concordam que “mulheres que se dão ao respeito não são estupradas”. Entre as mulheres a concordância com essa frase cai para 32%, enquanto que entre homens sobe a 42%. A boa notícia é que a tendência a culpar a vítima aumenta com idade e diminui com mais educação. 91% concordam que “temos que ensinar meninos a não estuprar”.

Instituto Patrícia Galvão recentemente divulgou uma plataforma digital sobre feminicídioDossiê Feminicídio #InvisibilidadeMata, considerando o Mapa da Violência Contra as Mulheres Lançado em 2015.


História

O 25 de Novembro é o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher foi definido no I Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em 1981, em Bogotá, Colômbia.
A primeira edição aconteceu em 1991. Atualmente, mais de 160 países participam do movimento, que tem como objetivo apresentar dados, da violência que as mulheres sofrem em todo o mundo.
Em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas instituiu 25 de novembro como o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, em homenagem às “Mariposas”. Ou seja, durante um dia no ano, incitam-se reflexões sobre a situação de violência em que vive considerável parte das mulheres em todo o mundo.

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