quarta-feira, 31 de março de 2021

Negros são os que mais morrem na pandemia, afirma epidemiologista

 

Publicado em 29/03/2021 - 16:47 Por Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Estudo mostrou que as desigualdades raciais e sociais foram intensificadas pela pandemia de covid-19, levando a um número maior de mortes entre a população negra do Brasil no ano passado. Mortes por doenças - incluindo doenças respiratórias como a covid-19 - aumentaram 18% entre os brasileiros brancos no último ano, enquanto entre pessoas negras o crescimento chegou a 28%. De acordo com especialista, políticas públicas devem considerar a desigualdade racial para o combate à pandemia.https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1405353&o=nodehttps://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.gif?id=1405353&o=node

Realizado pela Vital Strategies e pelo núcleo de pesquisa Afro-Cebrap - do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento -, o estudo utilizou o excesso de mortalidade como indicador. O método é usado por epidemiologistas e especialistas em saúde pública para calcular a diferença entre o número de mortes esperadas e o número de mortes observadas em um determinado período e local.

Na análise, foi comparada a quantidade de óbitos por causas naturais esperada em 2020 e a quantidade de óbitos observada para o mesmo ano, revelando que cerca de 270 mil brasileiros morreram acima do esperado no ano passado em comparação com os anos anteriores. Dessas 270 mil, 153 mil ocorreram entre negros e 117 entre brancos, ou seja, foram 30% mais negros dentre as mortes em excesso.

“Se pensar em termos de exposição, você imagina que a população está exposta igualmente. Quando você olha por raça/cor, você vê que não é verdade, que negros - pretos e pardos - estão muito mais expostos aos perigos da pandemia e estão muito mais desassistidos em relação a seus próprios problemas de saúde”, disse Fatima Marinho, epidemiologista que conduziu o estudo e consultora sênior da Vital Strategies.

O estudo foi feito a partir de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) e do sistema de informação da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, além de dados populacionais do IBGE.

Os dados utilizados refletem não apenas os impactos diretos da covid-19 – aumento de mortes pela doença –, mas os indiretos, devido a restrições de movimentação, superlotação de hospitais e unidades de saúde, redução da busca por atendimento médico por parte de doentes graves por medo de se infectar, além do cancelamento ou adiamento de procedimentos médico-hospitalar para doentes graves, devido ao risco de infecção pelo novo coronavírus.

A pesquisadora destaca que desde o nascimento as condições impostas à população negra no país são piores do que à população branca, o que contribui para consequências como maior mortalidade em situações como a pandemia atual. O próprio racismo, segundo a epidemiologista, é um fator estressante que pode desencadear adoecimento. “As pessoas [negras] ficam mais estressadas, elas vivem em áreas violentas, elas sofrem muito mais violência policial se for homem e, se for mulher, sofre abuso mesmo, então vai desenvolvendo nessa população um estresse que vai impactando também na saúde.”

Quando analisados por gênero, os dados mostram que morreram 23,9% mulheres negras a mais do que o esperado, enquanto esse excesso de mortalidade foi de 15,3% entre mulheres brancas. Considerando os homens, o excesso de mortes ficou em 31% para negros e 20% para brancos. Em relação a faixa etária, os dados mostram que pessoas negras até 29 anos morreram 32,9% a mais que o esperado, enquanto brancos na mesma faixa etária morreram 22,6% a mais que o esperado.

“Chamamos isso de uma sindemia, nesse sentido: já está dado para ele [pessoas negras] péssimas condições desde o nascer, na vida e até a morte, por isso ele vai viver menos. E, por isso, agora veio a covid-19 radicalizar realmente essa desigualdade racial no Brasil”, avalia Fatima. Para combater de forma eficaz a pandemia, ela acredita que o poder público deve levar em consideração não apenas o recorte etário, mas o de raça/cor.

Políticas de proteção

A epidemiologista avalia que, mesmo quando se iniciou a política de proteção contra a covid-19, que abrange a vacinação e o isolamento social, as populações negra e pobre ficaram majoritariamente excluídas. “Se você fala que vai fazer um lockdown, quem é que vai pra rua trabalhar? Quem é que tem que pegar trem lotado todos os dias? São os negros principalmente. E aí eu dou mais exposição [à doença] a eles e não tem nem a solução da vacina pra eles porque eles são mais jovens.”, avaliou. 

A expectativa de vida é menor entre a população negra, o que faz com que eles acabem excluídos dos grupos prioritários atuais de vacinação, que são os idosos. “Negros são 56% da população brasileira e brancos são 43%. Se você olhar para a faixa etária de 60 anos e mais, inverte: 50% são brancos, 49% são negros. Se chegar na faixa etária de 80 e mais, 75% são brancos, só temos 25% de negros sobrevivendo até os 80 anos”, ressaltou.

Para Fatima, como a expectativa de vida de negros é menor que a de brancos, esse fator deveria ser considerado na implementação de políticas públicas, o que contribuiria para uma redução dessa desigualdade. “Todos os que tem 90 [anos] primeiro, quase não tem negro aí. Os que tem 80 primeiro, também quase não tem negro aí. Então eu [enquanto gestor público] não protejo esse grupo e essa desigualdade se reflete em um impacto muito maior de adoecimento e morte na população negra e eu não tenho nenhuma política para reduzir esse dano.”

Ela afirma que a decisão de vacinar por idade não é baseada na epidemiologia da doença e que é simplesmente uma decisão burocrática. “Se você basear na epidemiologia, você vai vacinar quem tem mais risco”, destaca. Isso significa que não é só a idade aumenta o risco de ter um caso grave ou morte por covid-19, mas também os determinantes sociais. Há também o elemento das regiões mais precarizadas, que estão mais expostas aos riscos e mortes pela doença.

“Enxergando isso, eu consigo controlar melhor a disseminação do vírus. Está errada a forma como está se fazendo, porque eu tenho que exatamente olhar para onde tem maior circulação viral. O que eu quero controlar com a vacina? A circulação viral. Quanto menos gente estiver transmitindo, eu consigo reduzir a circulação do vírus e então vou reduzir o impacto desse vírus na população em geral”, concluiu a epidemiologista. Ela acrescenta que a vacina não é um instrumento de proteção individual, mas sim instrumento de proteção coletiva. 

terça-feira, 23 de março de 2021

Ações afirmativas são fundamentais para alcançar as reparações .

 

por Mônica Aguiar 

O Brasil encontra em situação alarmante com o aumento das desigualdades e sem nenhuma política afirmativa ou reparatória em relação à população negra.

Embora a população negra (pretos ou pardos), represente a maior parte da sociedade brasileira 53,9%, (IBGE), no Atlas do Desenvolvimento Humano divulgado em 2020, apontavam que no mercado de trabalho formal, o rendimento médio do trabalhador negro é muito menor: R$ 1,28 mil, valor 42% menor do que o de brancos (R$ 1,82 mil).

Apenas 2 negros em cada 10 profissionais que ocupavam cargos de gerência e direção em empresas privadas do país, em 2018.

No quesito educacional, o levantamento apontou que 11% dos negros ainda são analfabetos, enquanto entre os brancos esse índice é de 6%.

Já as mulheres negras maioria da  população preta e parda, carregam diretamente o fardo das mazelas do sistema escravagista, estando em maioria submetidas a conviver com as variantes das desigualdades sociais e econômica. Nesta pandemia, estão passando por outros diversos problemas, agravados com a crise política no Brasil.

A desigualdade salarial no Brasil está basicamente ligada a duas variáveis: raça e gênero.

Para cada R$ 1 que o homem branco recebe, uma mulher negra receberá menos de R$ 0,50. Além disso, 47% das mulheres negras estão em trabalhos informais e apenas 8%, das que trabalham no mercado formal, estão em cargos de liderança, segundo estudos do Indique Uma Preta publicado no Delas IG.  

Dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2016, mostram que mulheres brancas recebem 70% a mais que mulheres negras. As mulheres negras tem jornada de trabalho, incluindo o trabalho doméstico e os não remunerados, muito superior à dos homens independente da cor.

Os aspectos específicos relacionados às desigualdades que decorrem cotidianamente nas vidas das mulheres negras, visibiliza a situação vivida por cada família chefiada por elas.  A desvantagem das mulheres negras é muito pior em muitos indicadores, no mercado de trabalho em especial, mas também na pobreza. 

No mundo do trabalho, o abismo se torna maior. As mulheres mais pobres com filhos, chefes de família ou monoparentais, com idade entre 25 a 54 anos, são as mais afetadas com a: perda de trabalho e renda, falta de creches e escolas, impossibilidade de adotar medidas de distanciamento social, falta ou dificuldade de acessar as políticas sociais e de segurança pública.

O Brasil ratificou a Convenção Internacional 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tem como proposta a promoção de igualdade contra discriminação em matéria de emprego e ocupação.

Mas o que tudo indica que neste Governo, Tratados e Convenções que contribuem com o combate às desigualdades no mercado de trabalho são privilégios para uma camada da população e não políticas afirmativas de reparações.  

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Carta das Nações Unidas , Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos, afirmam que as discriminações contra as mulheres violam os princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade humana, constituindo obstáculos e aumento do bem-estar da sociedade e da família, impedindo o desenvolvimento das potencialidades da mulher para prestar serviço a seu país e à humanidade.

As políticas afirmativas são fundamentais para garantia de aceso aos direitos constitucionais. O Estatuto da Igualdade Racial prevê uma série de medidas afirmativas e de combate ao racismo.  

Mas a falta de atuação política por parte deste Governo e outros negacionistas em assumir a responsabilidade e deveres de gestão pública do Estado, tem levado empresas a criar internamente programas com ações que garantam a representatividade negra em cargos executivos.  

Acredito que pelo perfil destas empresas, o fato de ser um projeto em desenvolvimento, o resultado poderá garantir o impulsionamento para a eliminação da discriminação salarial entre homens e mulheres. Afinal as cotas é um recurso valioso para conseguir causar o impacto desejado no público-alvo.

Muitas destas empresas tendem a acompanhar o percentual de representação da população do Brasil em cargos de relevância dentro das empresas. Boa parte tem um número alto de funcionários pretos e pardos e poucos funcionários em cargos de liderança.

Então, acredito, poder afirmar que, dependendo das mudanças dos dados das desigualdades existente internamente em cada empresa, este resultado poderá ser considerado uma ação afirmativa reparatória.

Eu cá das Minas Gerais fico pensando nas evidências das assimetrias do racismo,  desejando que estas empresas e outras, também destinem vagas exclusivas para pessoas negras e pardas de outros grupos historicamente discriminados, compostos por mulheres negras, chefes de famílias uniparentais com baixa ou nenhuma escolaridade.

Apesar dos protestos racistas e manifestações de cunho ideológico religioso, as iniciativas tem ganhado força.  

Em setembro de 2020, a rede varejista Magazine Luiza decidiu direcionar seu programa de trainees para 2021, mantendo o foco apenas a candidatos negros. A iniciativa encontrou milhares de apoio e centenas de críticas racistas nas redes sociais.

Mas com todas as dificuldades de compreensão e, das mais diversas posições racistas instaladas na sociedade, estas ações, tem avançado entre empresas que tentam aumentar o número de executivos pretos e pardos em seu corpo de funcionários.

A Bayer também lançou em 2020 o programa inédito de trainee com vagas exclusivas para profissionais negros.

A PepsiCo reforça o compromisso global em prol da equidade racial firmado atingir 30% de pessoas negras em cargos de liderança até 2025.

O centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil Canadá (CAM-CCBC). A 99 empresa de tecnologia em mobilidade urbana. Ambev e Accenture também lançaram programas voltados à atração de jovens negros. Os programas de estágio do Goldman Sachs . Faculdade Zumbi dos Palmares. A empresa de advocacia Linklaters e a Associação Alumni, a iniciativa Lift (Língua, Inspiração, Foco, Transformação). Itaú Unibanco, dentre tantas que tem mudado o foco e criando atenção as desigualdades raciais existentes.

De acordo com a SINCOVAGA existe muitas empresas de tecnologia em mobilidade urbana, fazendo busca ativa por profissionais negros.


Mônica Aguiar é uma blogueira negra feminista, residente em Belo  Horizonte/MG, que desde 2010 mantém o Blog Mulher Negra, com “notícias do Brasil e do mundo diariamente. Educação, ciências e tecnologia, cultura, arte, cinema, literaturas, economia, política, dentre outros. Construindo a visibilidade das mulheres negras em fatos reais no mundo”. 

quarta-feira, 17 de março de 2021

Atriz negra mais indicada ao Oscar na história é Viola Davis


Artista disputa o prêmio de Melhor Atriz por sua atuação em "A Voz Suprema do Blues"

A Academy of Motion Picture Arts and Sciences  revelou, no dia 15/03,  a lista de indicados ao Oscar 2021. A maior premiação da indústria cinematográfica norte-americana estar em sua 93ª edição, e, este ano, acontecerá no dia 25 de abril. Mas ainda não se sabe o formato da glamorosa cerimônia.

A atriz Viola Davis, originária da Carolina de Sul, nos Estados Unidos, faz história mais uma vez com sua indicação de Melhor Atriz ao Oscar por viver Ma Rainey, em "A Voz Suprema dos Blues", filme da Netflix. 

Davis é agora a atriz negra mais indicada de todos os tempos e, a única mulher negra com duas indicações de Melhor Atriz.  Já contabiliza quatro indicações. 

A única mulher negra a vencer nesta categoria foi Halley Berry em 2002.

A primeira vez em que Viola Davis concorreu ao Oscar foi na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante por “Dúvida” (2009).  Em 2012, ela foi nomeada a Melhor Atriz por sua atuação em “Histórias Cruzadas”. O troféu na categoria viria em 2017 com sua participação em “Um Limite Entre Nós”.

Muito emocionada, a atriz com 55 anos, ao saber da ênfase dada por ser a mulher negra, mais vezes indicada ao Oscar, não mudou seu posicionamento sobre a ausência de histórias de pessoas negras e personagens negros no audiovisual , bem como, com relação as desigualdades salariais existentes.

Apesar de vivenciamos um cenário na indústria do cinema bastante desigual para as atrizes e atores negros, Viola estar conquistando cada dia mais projeções, contribuindo para abertura de espaços e derrubada de barreiras e tabus.    

Em seu instagram disse: “Absolutamente emocionada, parabéns à toda equipe @MaRaineyFilm!”

Na edição deste ano, Viola concorre com Andra Day (The United States vs. Billie Holiday), Vanessa Kirby (Pieces of a Woman), Frances McDormand (Nomadland) e Carey Mulligan (Bela Vingança).

 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Desigualdades e violências tecnológicas, uma breve reflexão

Foto Em Debate Democracia no Mundo do Trambalho

Por Mônica Aguiar

No momento da reconhecida era das tecnologias digitais, início do século XXI, estamos passando por um longo período de pandemia provocada pela COVID.

Neste contexto, percebemos a importância do acesso à tecnologia digital para garantia das medidas de distanciamento social. Com isto, mesmo com as variantes existentes que dificultam o acesso à internet, muitas pessoas estão permanecendo por muito mais tempo conectadas.

E este mecanismo tecnológico tem também demostrado ser essencial para que toda sociedade consiga acesos os programas sociais e as políticas públicas estabelecidas como direitos fundamentais prescritos na Constituição brasileira.

Por um outro lado, percebo a necessidade de construir dentro desta narrativa a ampliação do debate sobre o aceso igualitário e universal, independente da renda, grupo social, cor e etnia com a sociedade para além da utilização dos celulares.

A falta de aceso existente entre a ampla maioria da sociedade brasileira por computador demostra os graus de desigualdades socioeconômica, racial e mostra a desigualdade existente no desenvolvimento tecnológico que envolve o uso da internet no Brasil.

Dados do CETIC.br em 2020, apontam que a metade da população tem dificuldade de acesso à internet de banda larga com qualidade. São 46 milhões de brasileiros sem acesso à internet. Desse total, 45% explicam que a falta de acesso acontece porque o serviço é muito caro e para 37% dessas pessoas, a falta do aparelho celular de boa qualidade, computador ou tablet também é uma das razões. Mas o grande responsável por colocar o brasileiros na rede, independente da capacidade de inteligência é o celular. O número de brasileiros que tem acesso a um smartphones é muito baixo.

Dos poucos que tem aceso a uma internet de qualidade, podemos observar interações que garantem grandes retornos.

E milhares destes conteúdos publicados, são produções dotadas de valores morais e pessoais que se misturam propositalmente a valores religiosos que sustentam a discriminação e preconceitos. Em maioria qualifico como arcabouço reverso do racismo.

Estas publicações nos trazem a reflexão para importância de fazer um diagnóstico sobre o acesso a tecnologias, mas também como as mesmas palavras e produções interativas   voam e atingem a sociedade de forma tão irregular.

Estes perfis sobrevivem dentro da bolha tecnológica digital. Acreditam ser donas e detentora de todos os saberes e, a maioria tem alto nível de escolaridade.

Nos conteúdos destas publicações percebo que ignoram a história, livros, jornais, revistas de leituras que tem avaliações reflexivas seja econômica, política ou social.

Mesmo sendo acadêmicos ignoram produções científicas que contrariam suas crenças e percepção do social. Estas pessoas que tem o raciocínio motivado estão indo além do negacionismo.  

Tenho deparado entre todo arcabouço anti-intelectualista moderado e motivado, os mais diversos arranjos ideológicos de dominação e de novas práticas e interpretações que extrapolam tipificações já existente do que é o racismo.  

Centenas de páginas negras escritas e apenas uma em branco virada!   

O mundo em transformação estrema a cada minuto. Jovens e não mais tão jovens, que se aproveitam desta denominada globalização para expor seus pensamentos entusiastas a partir de frases prontas com imagens maquiadas e palavras maquiavélicas.

Distorcem conteúdos científicos, estudos sociais e teses políticas. Negam a história, a oralidade o conhecimento ancestral. Grandes produções que ignoram o conhecimento, a ética, a democracia, o respeito às diferenças.  

Evolução que desliga da realidade e linka a vida a um mundo particular e individualista a cada milésimo de segundo. 

Uma cognição ampla, sem fundamentos e ética. Um abismo utilizado para negar toda e qualquer possibilidade de percepção do que chamo de consciente humano.  

Comunicação aberta, abrem os imaginários braços das ferramentas de interações, encontro de novos nichos, alimentam necessidades decorrentes e não atendidas no mundo cada dia mais particularmente real.

Uma capsula virtual, uma bolha imaginária, onde de uma maneira ou outra, tudo se pode, sem contrariar a vontade dos soberanos que se resguarda entre aqueles que o seguem em maioria e sustentam crises, promovendo severas desastre de ordem política, econômica, administrativa , com novos conceitos raciais para sustentar as desigualdades raciais.

Um novo formato de colônia. 

Fica cada dia mais notório as variantes deste instrumento de comunicação repressiva com inversões de papeis. Uma busca de poderes a todo e qualquer custo para garantir o que definem new social domain (novo domínio social).

Foto :SMT EM DEBATE DEMOCRACIA E MUNO DO TRABALHO 

quinta-feira, 4 de março de 2021

Maternidade Leonina Leonor passou por inspecão hoje !

 por Mônica Aguiar 

Aconteceu nesta manhã, dia 04 de março, na Maternidade Municipal Leonina Leonor em Venda Nova, uma visita técnica da Comissão de Mulheres da Câmara Municipal de Belo Horizonte para verificar as condições que se encontra a maternidade. 

Estiveram presentes cinco vereadoras: Sonia Lansk(PT) e Fernanda Pereira Altoé(Novo) ambas requerentes das visitas técnicas, com as vereadoras Isa Lourenço e Bella Gonçalves (PSOL), Flávia Borja(Avante).

 As Vereadoras receberam em mãos das representantes do Movimento Leonina Leonor é Nossa:  Maria da Gloria, Maria Goreth e Sueli um manifesto com duas páginas em defesa da Maternidade Leonina Leonor.

 A vista técnica foi aprovada em reunião da Comissão de Mulheres da CMBH dia (26/2), com o objetivo de verificar o desvio da finalidade original da Maternidade Leonina Leonor.

Além da visita técnica ocorrida hoje, foram aprovados requerimentos para a realização de outra visita técnica ao equipamento, no dia 11 de março, e abertura de uma mesa de diálogo com a Prefeitura com recomendações pela manutenção da maternidade, que oferece assistência humanizada ao parto e nascimento, na Região de Venda Nova. 

Hoje durante a visita também estiveram presentes diversos seguimentos da sociedade: Conselho Municipal de Saúde, movimentos sociais e de mulheres de Belo Horizonte e Venda Nova.

As vereadoras presenciaram de perto a situação que se encontra as instalações da Maternidade, totalmente destruía pela Secretária Municipal de Saúde/PBH.

A Maternidade Leonina Leonor Ribeiro, localizada em Venda Nova, está pronta desde 2009 e nunca atendeu uma paciente do Município. Se estivesse pronta, teria capacidade de atender aproximadamente 350 partos de forma humanizada e realizar o atendimento de especialidades médica para as mulheres.

A unidade corre o risco de não abrir e funcionar como maternidade, devido um estudo da Rede Materno-Infantil da SMS/PBH.

O estudo conclui não existir demanda para uma nova maternidade e sim para qualificar o atendimento em todas as maternidades da Rede SUS-BH para a prestação do serviço centrado no binômio mãe-bebê com consultas de pré-natal de alto risco, consultas ginecológicas de mastologia e climatério, ações de planejamento sexual e reprodutivo, com enfoque em adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade. A unidade também terá espaço para treinamento dos profissionais da Rede SUS, para aprimoramento das boas práticas obstétricas, qualificando o cuidado durante o pré-natal.                 

As lideranças de Venda Nova e BH rebatem a argumentação da SMS/PBH.  Afirmam que existe necessidade para o funcionamento da maternidade, bastando analisar e aceitar a realidade do grande número de grávidas, a capacidade e distância das maternidades de referências das regiões de Venda Nova, Pampulha e Norte.  Além da peregrinação constatada e denunciada por diversas vezes por causa da busca de uma vaga quando a grávidas entram em trabalho de parto destas regiões.

 Já o Conselho Municipal de Saúde tem afirmado que não deliberou pela mudança e transformação da Maternidade em um Centro de Atendimento à Mulher.

Mesmo tendo conhecimento que o veto do Conselho(CMS) estar garantido na Constituição Federal (Lei 8.142/91), tendo conhecimento das deliberações em duas Conferências Municipal de Saúde, da própria secretaria ter publicado o Plano Municipal de Saúde de BH (2018/2021) que consta a abertura e funcionamento da Maternidade, a Secretária Municipal de Saúde vem insistindo com a distribuição e mudança de seus objetivos. Afirma Maria a Gloria (representante de Venda Nova no Conselho Municipal de Saúde).

Sem retorno satisfatório da PBH, o Conselho entrou com uma ação popular e uma ação civil para obrigar respostas sobre os motivos da destruição da Maternidade. De acordo com nota oficial do Conselho, publicada na página oficial da rede social do órgão, houve, no dia 25 de fevereiro, por meio da Vara da Fazenda Pública Municipal de Belo Horizonte, a emissão do prazo de 72h para que a PBH explicasse o porquê destruiu os equipamentos da Maternidade Leonina Leonor.      

Mulheres estão à frente das mobilizações populares

 Por Brasil de Fato 

Em contrapartida, as mulheres são o fogo no pavio das mobilizações populares: a defesa do SUS e o direito da vacina para toda a população - GIorgia Prates

Em 2020, as mulheres representaram a maior taxa de desocupação no país

O dia internacional das mulheres de 2021 será marcado pela pandemia do Covid 19, que há um ano tem aprofundado a crise econômica, intensificando os impactos sobre a vida das mulheres. O momento é de denúncia, luta e resistência: o corte de gastos da Emenda Constitucional 95, com teto de gastos para a educação e saúde, impacta nos serviços públicos que por consequência impactam diretamente no trabalho das mulheres.

No que se refere ao trabalho assalariado, os serviços de educação básica e enfermagem são profissões majoritariamente ocupadas por mulheres, além disso o setor de serviços foi o mais afetado pela crise, atingindo os serviços de trabalhadoras domésticas, serviços de alimentação, caso de ambulantes e restaurantes, além de serviços pessoais, tratamento de beleza e cabeleireiras. Em 2020, as mulheres representaram a maior taxa de desocupação no país. 

Quanto ao espaço doméstico, a pandemia e a prática do isolamento social aguçou alguns problemas já existentes como a intensificação do trabalho invisível que as mulheres fazem com as tarefas domésticas e de cuidado das crianças, idosos e os doentes da casa. Além disso, não houve nenhum investimento no combate à violência doméstica, o que no agravamento do desemprego e dependência econômica faz com que muitas mulheres não conseguissem sair do ciclo da violência. 

Em contrapartida, as mulheres são o fogo no pavio das mobilizações populares: a defesa do SUS e o direito da vacina para toda a população, o retorno do auxílio emergencial e o impeachment de Jair Bolsonaro são os eixos centrais de reivindicação das mulheres no 8 de março deste ano.

Em uma unidade histórica, as mulheres de todos os estados do Brasil estarão juntas em um ato nacional virtual no dia 7 de março e o dia 8 será marcado por ações de solidariedade construídas pelos movimentos populares. 


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