FOTO: BRASIL DE FATO |
Por que digo isto?
As ações voluntárias, de pessoas comuns, tem garantido imagens nítidas com proposito de denunciar cenas violentas ocorridas em abordagem policiais e práticas de filtragem racial.
Neste últimos meses, chama atenção de toda a sociedade vídeos contendo cenas de agressões que denunciam o nível de prática adotada nos cursos de formação dentro das corporações.
Explorando todos os meios de comunicação possíveis, a população
e principalmente a população negra tem gritado por socorro ao publicar vídeos demostrando
as múltiplas formas de violências e abusos nas ações de policiais principalmente nas comunidades.
Em Minas Gerias, várias imagens registraram o nível
de violência utilizada por superiores em um curso de formação destinado a
militares integrantes da corporação. No Maranhão ouve denúncias de privação de sono, pauladas, tarefas em salas
impregnadas de gás lacrimogêneo e pimenta, almoço misturado com água e
consumido com as mãos imundas de terra e pus, humilhação e assédio moral praticados
por superiores. As denúncias registradas em cursos de formação policial
se repetem por todo Brasil. Expõem o predomínio do emprego do sofrimento físico
e moral e ajuda alimentar a violência de seus agentes nas ruas.
“Um estudo realizado com cerca de 21 mil policiais em todo o Brasil
revelou que quase 30% deles já foram vítima de abusos físicos ou morais em suas
instituições – parte deles, durante o treinamento policial”.
A sociedade resta as sequelas: torturas, mortes, falsos testemunhos,
intimidações, ameaças até extorsões. São as práticas daqueles que sobreviveram
a violência doutrinada e se sentem livres para cometer crimes bárbaros.
Para muitos especialistas existe a “urgência em fazer
revisão de protocolos, de modo a garantir a vida como principal valor tutelado
pelo direito brasileiro. A violência dentro das instituições policiais
colabora para que os agentes da lei reproduzam esses abusos contra setores
menos favorecidos da sociedade”.
No estudo Democracia e Violência Policial publicado em 2005,
afirma que “Para se falar em violência policial é necessário entender o
significado de abuso de autoridade” e cita trechos onde “ Oliveira e
Tosta (2001, p. 60), que afirma que o termo abuso apresenta a ideia
de excesso, injustiça e violação em relação às normas. Já o termo autoridade
constitui a ideia de direito de se fazer obedecer, aquele que tem por encargo
fazer respeitar as leis, ou representante do poder público".
Não tem como justificar as violências físicas, assassinatos e
extermínios de pessoas negras por problemas na formação. Sabemos que o problema
é amplo, verticalizado e institucionalizado. É fundamental analisar a falta de
investimento no humano da instituição por parte do Estado, bem como as
concepções políticas, os valores morais e raciais que predominam nas
corporações.
Muitas pessoas da sociedade defendem as ações enérgicas e
repressivas das polícias por ser seguidores adeptos as práticas de violência
extrema.
A desmilitarização é um caminho para acabar com as práticas condenáveis,
desrespeitosas, abomináveis nas relações humanas. Práticas extremas de violências
não podem ser associadas a nenhum profissional como condutas naturais de sobrevivência
na sociedade.
O Estudo “Democracia e Violência Policial”, podemos observar
uma citação de [Gaspari (2002), .....[ as raízes da concepção do uso da
força pelas corporações policiais brasileiras remontam ao período da ditadura
militar. Naquele período havia a predominância de duas concepções sobre a
segurança nacional. A primeira relacionava-se com o pensamento absolutista
da segurança da sociedade, ou seja, o país está acima de tudo, portanto vale
tudo para combater aqueles que o ameaçam. A segunda concepção referia-se à
funcionalidade do suplício: havendo ameaça, os militares entram em ação, as
pessoas falam e o "terrorismo" acaba.]...
Papel dos Jornalistas social.
São inúmeros os casos denunciados de transgressões policiais.
A mídia social tem cumprido um papel fundamental ao divulgar vídeos com
violações contra pessoa.
De maneira geral, parte da mídia, tem tratado o assunto com
formato mais humanizado, sem estimular e tornar plausível as violências
acometidas por policiais. Muitas matérias policiais tem se
apresentado com novos formatos, sem “chamadas” demonizadoras e sem fazer exposições
indevidas de corpos humanos.
Muitos jornalistas não aceitam mais escrever criminalizando o local de moradia das pessoas (da vítima da violência policial) e muito menos reafirmar a velha tese da suspeita em primeiro lugar que fortalecem estereótipos excludentes e a filtragem racial.
Para muitos jornalistas tais práticas são inaceitáveis.
Naturalizar a violência não é o melhor formato por mais que a intenção seja de
informar e denunciar fatos ocorridos.
Número de pessoas mortas
e criminalizadas no Brasil
Nº de pessoas mortas pela polícia
cresce no Brasil em plena pandemia. Ao menos 3.148 pessoas foram mortas por
policiais no primeiro semestre de 2021, em todo o país. O número é 7% mais alto
que o registrado no mesmo período do ano de 2020, quando foram contabilizadas
2.934 mortes.
"Em estudo realizado pela Rede de Observatórios de Segurança
Pública em cinco estados brasileiros e publicado nesta quarta-feira (9) mostra
que a população negra é a mais atingida pelas armas da polícia. Os dados foram
obtidos via Lei de Acesso à Informação com as secretarias de segurança do Rio
de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Ceará".
Os casos de policiais que morreram
em serviço e fora de serviço também apresentaram alta nos primeiros seis meses de 2021. Foram 103 policiais mortos, contra 83 no ano passado, o que
representa um aumento de 24%. (Estes dados fazem parte de um levantamento feito
pelo G1 e dados do Monitor de Violência de 25 estados e do
Distrito Federal).
- ANÁLISE
DO NEV: Matar
e morrer: uma guerra em que tanto policiais quanto cidadãos perdem
- ANÁLISE
DO FBSP: O
crescimento da letalidade policial e a invisibilidade dos dados de raça no
país
- METODOLOGIA: Monitor
da Violência
No Fonte Segura, newsletter semanal, edição 125 do Fórum Brasileiro
de Segurança Pública, Rafael Barreto Souza, apresenta o impacto dos dados
criminais nas garantias penais. Fala dos erros nos softwares de reconhecimento
facial tem gerado prisões de inocentes, documentadas pelo menos no DF, BA e RJ.
Em outros países, o reconhecimento por imagem chega a uma margem de erro de
81%. (https://fontesegura.forumseguranca.org.br/)
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