quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

31 de Janeiro, dia da Rainha Nzinga Mbandi


Por Mônica Aguiar 


O maior símbolo da resistência africana  colonização foi uma mulher. Rainha do Ndongo, atual Angola, Nzinga Mbandi (1582-1663) entrou para a história como combatente destemida, exímia estrategista militar e diplomata astuciosa. 
Nzinga comandou pessoalmente um exército até os 73 anos de idade. Foi muito  respeitada pelos portugueses e Angola só foi dominada depois da sua morte, aos 81 anos.

Nzimga também conhecida como Ngola Ana Nzinga MbandeRainha N'GingaRainha Gingarainha NzingaNzinga Irainha Nzinga NdongoNzinga MbandiNzinga MbandeJingaSingaZhingaGingaAna NzingaNgola NzingaNzinga de Matambarainha Nzingha de NdongoAnn NzinghaNxingha e Mbande Ana Nzingha. Filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluaje e de Guenguela Cakombe.

Falar de Nzinga é falar de um mundo ao mesmo tempo muito distante e muito próximo. Ela nasceu entre os africanos de língua bantu, os mesmos que, escravizados no Brasil, criaram o samba e a capoeira. 
Seu povo está, portanto, na raiz da nossa identidade nacional. A sociedade a que ela pertencia, no entanto, é bem pouco conhecida.

Par além das  invasões, o reino de Ndongo tinha que se defender dos ataques de inimigos mais tradicionais: os jagas, um povo de guerreiros saqueadores. Ainda assim, as guerras não eram a única dor de cabeça da heroína Nzinga Mbandi (pronuncia-se inzinga imbandi). 
Ela também teve de aturar forte oposição interna por ser mulher e ser filha de uma escrava.

Nzinga fora criada pelo pai, o rei Jinga Mbandi, para ser uma rainha guerreira. Mas, quando ele morreu, em 1617, foi o irmão dela, Kia Mbamdi, quem assumiu o trono. Começou, então, uma agitada luta pelo governo de Ndongo. Uma das primeiras medidas de Kia foi matar o filho único de Nzinga, concorrente em potencial. Ela mesma só virou rainha em 1624, após o assassinato de Kia durante uma das piores crises do reino, quando o Ndongo rapidamente perdia terreno para os portugueses.

É claro que não faltaram más línguas para insinuar que teria sido Nzinga a responsável pela morte do rei.

Anos depois, já coroada, ela realizou sua mais bem-sucedida manobra política: a união com os terríveis jagas. Para isso, teve de adotar muitos costumes estranhos à cultura de Ndongo, como os rituais de canibalismo, que ajudavam a manter os soldados animados para a batalha. Os jagas eram especialmente perigosos: combatiam até o último homem e a covardia era punida com a morte.

Muitos contam que em certos rituais, Nzinga se vestia de homem e obrigava seus inúmeros amantes a se fantasiarem de mulher. Sua fama era mesmo a de subverter tradições, provavelmente uma forma de reafirmar o próprio poder em uma sociedade que não aceitava uma mulher como soberana.

Nzinga lutou durante 40 anos contra a escravidão do seu povo.  Defendeu a religião do seu reino. Com bravura, perseverança e determinação, a Rainha Njinga lutou uma longa batalha para recuperar o trono e depois liderar o seu povo numa batalha intensa contra o exército português pela liberdade nacional do seu reino - Ngola e Matamba. Tornou-se uma das maiores governantes da história da África. Por fim, conseguiu manter a independência do seu povo durante todo o reinado e hoje permanece uma figura central na cultura de Angola, país ainda dividido por conflitos internos.

Após a sua morte, 7 000 soldados da rainha Nzinga  foram levados para o Brasil e vendidos como escravos. Os portugueses passaram a controlar a área em 1671. Em certas áreas, Portugal não obteve controle total até o século XX, principalmente devido ao seu tipo de colonização, centrado no litoral.

Nzinga  é homenageada em festas populares de origem bantu, como a congada. Zumbi dos Palmares, contemporâneo dela que adoraria tê-la conhecido, certamente diria: ela merece!

No Brasil, o nome da rainha Nzinga é referido em vários folguedos da Festa de Reis dos negros do Rosário, onde reis de congo católicos lutam contra reis que não aceitam o cristianismo. No século XVII, o lucrativo comércio de escravos praticado pelos portugueses sofreu um duro revés. A oposição mais forte que enfrentaram veio da rainha Nzinga, uma obstinada líder política e militar que, por quarenta anos, impediu que os portugueses penetrassem no continente africano. Conheça a história dessa mulher africana extraordinária.

Fontes: wikipedia/ Superabril

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Mulheres protestam contra uso do véu islâmico no Irã

Em gesto simbólico, iranianas tiram o hijab em ruas movimentadas de Teerã e, com os cabelos à mostra, erguem-no na ponta de um galho. Pelo menos seis já foram presas.

 Uma série de mulheres voltou às ruas do Irã em protesto contra a lei que obriga o uso do véu islâmico no país, segundo mostram imagens publicadas em redes sociais nesta segunda-feira (29/01). Pelo menos seis delas foram detidas após, num gesto simbólico, tirarem o hijab e segurá-lo na ponta de um galho, com o cabelo à mostra.

No Twitter, jornalistas iranianas compartilharam ao longo do dia uma série de fotos de mulheres em cima de bancos ou caixas de fiação, erguendo seus véus como se fossem bandeiras.

"Essas mulheres são realmente corajosas. Tirar seu hijab em uma rua movimentada para fazer uma manifestação política desse tipo pode levá-las ao pagamento de multa ou mesmo à cadeia", escreveu a jornalista Negar Mortazavi.

As mulheres detidas nesta segunda, ainda não identificadas, repetiram o gesto de Vida Movahed, presa em 27 de dezembro passado, em manifestação contra o uso compulsório da vestimenta islâmica, um dia antes de se alastrarem os protestos contra o governo de Hassan Rohani em todo o país.

Imagens que circularam à época nas redes sociais mostravam Movahed erguendo o hijab também no centro de Teerã, sendo posteriormente detida pela polícia iraniana. O uso do véu para cobrir os cabelos de mulheres é obrigatório no Irã desde a Revolução Islâmica, em 1979. 

Movahed acabou se tornando símbolo das marchas posteriores contra o governo, que tiveram inicialmente como alvo a inflação e o desemprego, mas logo se voltaram contra Rohani e o regime como um todo. Confrontos violentos durante os dez dias de protestos deixaram cerca de 25 mortos.

Nesta segunda-feira, após longo mistério sobre o paradeiro de Movahed depois de sua detenção, a advogada Nasrin Sotoudeh, conhecida no país por defender os direitos humanos, informou que a manifestante iraniana foi solta pelas autoridades.

À agência de notícias AFP, Sotoudeh declarou ter tido acesso ao caso de Movahed na Justiça e ter sido informada por uma autoridade judicial que a mulher foi "libertada".

"Muitas meninas e mulheres estão fartas dessa violência. Deixem as mulheres assumirem o controle de seus próprios corpos", escreveu a advogada em publicação no Facebook, referindo-se ao uso obrigatório do véu islâmico no Irã.

Prêmio para livros que não proponha a violência contra mulher

 Nos livros inscritos no Staunch Book Prize, nenhuma mulher vai apanhar, ser perseguida, explorada sexualmente, estuprada ou assassinada

Fugir à realidade pode ser uma forma de deslealdade, em um momento em que as mulheres são protagonistas de crimes em que são  vítimas.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Bridget Lawless, a criadora da premiação, deu uma justificativa digna de Pollyanna para o seu recorte original.  “Há tantos livros em que as mulheres são estupradas ou assassinadas para que um investigador ou herói possa exibir sua habilidade… Isso tudo é para que autores criem histórias que não precisem se apoiar em violência sexual. Não há outra história além dessa?

O Staunch Book Prize é voltado para escritores de qualquer gênero — feminino ou masculino. O trabalho deve ser inscrito em inglês, mas traduções são aceitas, e o livro pode ter sido publicado até dezoito meses antes do encerramento das inscrições, marcado para 15 de julho — elas começam no dia 22 de fevereiro.

O prêmio, de 2 000 libras (8.800 reais pela cotação de hoje), será pago pela própria Bridget Lawless. O vencedor será anunciado em 25 de novembro.

O prêmio do livro Staunch desqualificará qualquer trabalho que não atenda aos critérios de que nenhuma mulher na história seja "espancada, perseguida, sexualmente explorada, estuprada ou assassinada". Está aberto a histórias em todo o gênero do thriller - crime, psicologia, comédia e mistérios - e obras tradicionalmente publicadas, auto-publicadas e ainda não publicadas.


 Fundada pela  autora e roteirista Bridget Lawless, o prêmio do livro Staunch será aberto às inscrições no próximo mês, com o vencedor a ser anunciado em 25 de novembro, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher.

Leiam  matéria completa : https://www.theguardian.com/books/2018/jan/26/staunch-prize-launched-for-thrillers-that-avoid-sexual-violence-against-women

42,5 mil vagas para mulheres fechadas e 21,6 mil abertas para homem em 2017

O ano de 2017 terminou com fechamento de 42,5 mil empregos ocupados por mulheres, enquanto houve abertura de 21,6 mil postos de trabalho preenchidos por homens. O dado consta do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado na manhã desta sexta-feira, 26, pelo Ministério do Trabalho. O coordenador-geral de Estatísticas do Ministério, Mário Magalhães, explica o dado pelo perfil da retomada do emprego. “O perfil do emprego que está crescendo está ligado mais a postos tipicamente masculinos”, disse

Entre as funções que mais criaram postos no ano passado, estão alimentador de linha de produção (90,2 mil empregos novos), faxineiro (34,3 mil) e atendente de loja e mercado (26,9 mil).
Por outro lado, entre as ocupações que mais tiveram destruição de vagas, estão pedreiro (-31,8 mil), supervisor administrativo (-26,9 mil) e gerente administrativo (-22,8 mil).

O Caged mostrou ainda que, quando separados por faixas etárias, o emprego para pessoas de até 24 anos terminou 2017 com criação de 823,9 mil empregos para os mais jovens.

Por outro lado, houve fechamento de 844,7 mil empregos que eram ocupados por trabalhadores com idade a partir de 25 anos. “Essa é uma estratégia de sobrevivência das empresas. Quando você contrata um jovem, paga salário menor”, disse.

A pesquisa mostrou ainda que houve demissão em todas as faixas de escolaridade entre analfabetos e médio incompleto.

Por outro lado, houve contratação nas faixas a partir de médio completo até superior completo. Nesse caso, o técnico explica o fenômeno como fruto do grande desemprego.

“O desemprego é grande e as pessoas estão aceitando postos abaixo da sua qualificação. Isso ainda está ocorrendo e é natural diante dessa realidade (do desemprego)”, disse.

Fonte e texto Estadão 
Foto : Internet 


Mídia representa mulheres em situação de rua de forma negativa

Sem teto são associados à degradação urbana, violência e drogas, além de não terem espaço para falar, diz pesquisa




O número de pessoas em situação de rua tem aumentado nas principais capitais do Brasil. No Rio de Janeiro, essa população quase triplicou em três anos: em 2016 foram contabilizadas 14,2 mil pessoas nessa condição, segundo a Secretaria Municipal de Assistência SocialEm um cenário hostil, as mulheres ainda enfrentam maiores dificuldades. É o que aponta a pesquisadora Suzana Rozendo Bortoli. Em sua tese de doutorado defendida na USP ela se propôs a chamar a atenção para as vivências de mulheres invisibilizadas e apontar possibilidades para que a imprensa modifique a forma de retratá-las.
A jornalista entrevistou 15 mulheres adultas que vivem nas ruas e estavam em Casas de Reinserção Social do município do Rio de Janeiro. Os depoimentos foram coletados em 2014 e revelam o medo da violência física e sexual nas ruas. Além da insegurança, as maiores dificuldades relatadas foram a falta de alimentos, a preocupação com a higiene e o preconceito sofrido.

“Homem não precisa se esconder, entendeu? Homem vive de qualquer jeito lá, acho que assim na rua ele dá um jeito, ele sabe se defender. A mulher, a violência e o estupro na rua é frequente”- relato de uma mulher em situação de rua
Ao contrário do que está presente no imaginário do senso comum, a maioria das entrevistadas disse não fazer uso de drogas. Os motivos que as levaram a essa situação são os mais diversos: a violência doméstica praticada por companheiros ou familiares,  o desemprego e até a fuga de milícias. 

A representação feita pela mídia
Além de dar voz a pessoas marginalizadas, um dos objetivos da pesquisa era descobrir se essas mulheres concordavam com a forma como eram retratadas na mídia. Para isso, Suzana analisou matérias publicadas nos jornais cariocas Extra e O Globo e concluiu que jornalistas eram parciais em suas narrativas. Alguns exemplos mostram que os periódicos não traziam pluralidade de fontes, ao divulgar somente a versão dos que se queixavam das pessoas nas ruas de seus comércios e casas. Também os associavam à degradação urbana, à violência e ao uso de drogas.
O jornalista precisa ouvir os dois lados da história. O repórter não pode ser parcial e divulgar as ‘vozes oficiais’, ele precisa ter contato com aquela pessoa em situação de vulnerabilidade”, afirma a pesquisadora.

Apenas duas mulheres apontaram críticas às matérias, argumentando que são criminalizadas e retratadas de forma sensacionalista e desrespeitosa. Quanto às outras, apesar de terem se identificado, Suzana notou que não tinham acesso a tantas notícias sobre o assunto. “Nos locais onde estavam não tinha uma biblioteca, um jornal diário que todos pudessem ler ou onde pudessem assistir aos jornais que quisessem. Concluo que, pela falta de acesso, elas nem puderam expressar suas opiniões adequadamente.”

Para ampliar a visão sobre o tema, a jornalista também conversou com profissionais que trabalham com esse público, como médicos, psicólogos, assistentes sociais e policiais. De maneira geral, eles criticaram o viés policial utilizado em notícias sobre essa população, a falta de notícias específicas sobre as mulheres adultas em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro e a ausência de apuração sobre o que acontece com essas pessoas após serem retiradas das ruas.
A pesquisadora comenta como jornalistas podem contribuir para desmistificar estereótipos atrelados a essas pessoas: “Ele [jornalista] também tem que ouvir as entidades que apoiam esse público, como as instituições públicas, religiosas e as ONGs. Deve divulgar serviços de atendimento a essa população, serviços que podem melhorar a qualidade de vida, e fazer denúncias quando encontram algo errado”. Em sua pesquisa, cita o trabalho de páginas como a Rio Invisível e a São Paulo Invisível, que divulgam histórias de pessoas em situação de rua.
A doutora em Comunicação estuda sobre essa população desde o seu trabalho de conclusão de curso (TCC), no qual fez um documentário sobre pessoas em situação de rua em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Para ela, o assunto é quase inesgotável: “A universidade é um ambiente rico para os alunos trabalharem com esse público, criarem jornais, entrevistas e documentários. É importante mostrar o outro lado dessa população, não só aquele que estamos acostumados a ver nas grandes mídias, com relatos parciais, cheios de estereótipos, de estigmas e preconceitos”. 
A tese Mulheres adultas em situação de rua e a mídia: histórias de vida, práticas profissionais com a população de rua e representações jornalísticas foi apresentada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em 2017, sob orientação da professora doutora Alice Mitika Koshiyama.
Fonte: Editorias: Ciências Humanas 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Cresce o número de grávidas e lactantes em presídios . SP e MG ocupam o maior índice

Levantamento divulgado dia 25 ,  pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revela que há 622 grávidas ou lactantes nas unidades prisionais do país.


São Paulo é o estado com maior número de mulheres em tal situação. Das 235 que se encontram sob custódia do Estado, 139 são gestantes e 96 lactantes. 

Em seguida, vêm Minas Gerais, com 22 gestantes e 34 lactantes; Rio de Janeiro, com 28 gestantes e 10 lactantes, e Pernambuco, com 22 gestantes e 13 lactantes.

Ainda conforme o levantamento, Mato Grosso do Sul tinha, no último dia de 2017,15 gestantes e 16 lactantes. O único estado que não registrou casos de mulheres grávidas ou lactantes presas foi o Amapá.

De acordo com o Cadastro Nacional de Presas Grávidas e Lactantes, no último dia de 2017, havia 373 mulheres grávidas e 249 amamentando seus bebês nas prisões brasileiras. Segundo o CNJ, por meio de um censo carcerário, foi possível identificar o perfil das detentas que tiveram filho na prisão: quase 70% delas tinham entre 20 e 29 anos; 70% são pardas ou negras; e 56% são solteiras.

Em nota divulgada pelo CNJ, a presidente do conselho e do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, classificou de “absoluta indignidade” o fato de haver crianças tendo de nascer em presídios. Segundo Cármen Lúcia, caso não haja condições de o Judiciário conceder prisão domiciliar a essas mulheres, cabe ao Estado providenciar um local adequado para a custódia das mães até o término da gestação.

Conforme prevê a Cartilha da Mulher Presa, do CNJ, a mulher não perde a guarda dos filhos quando é presa. A guarda, no entanto, fica suspensa até o julgamento definitivo do processo, ou caso ela seja condenada a pena superior a dois anos de prisão. Enquanto durar o cumprimento da pena, a guarda dos filhos fica com o marido, com parentes ou com amigos da família. Cumprida a pena, a guarda retorna à mãe, caso não haja decisão judicial contrária.



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

COM POUCOS NEGROS E MULHERES, CINEMA NÃO REFLETE A REALIDADE DO PAÍS

Os dados que serão apresentados hoje pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) sobre diversidade de gênero e raça no cinema brasileiro, mostram que precisamos evoluir muito neste quesito. 
Este é o primeiro estudo oficial para mapear a diversidade de gênero e raça no elenco e  em cargos de destaque na produção audiovisual brasileira.

A rigor, o cinema brasileiro é feito por homens brancos. Como resultado, a diversidade da população não se reflete nos bastidores da indústria, nem nas telas.

Dos 142 filmes lançados comercialmente em 2016, ano-base do estudo, 138 (ou 97,2%) foram dirigidos por pessoas brancas - 107 (75,4%) por homens, e apenas 28 (19,7%) por mulheres. Míseros três filmes foram comandados por homens negros, e absolutamente nenhuma mulher negra dirigiu um longa naquele ano.
- É uma estrutura social problemática. O fato de o Brasil ter menos negros na universidade, o que pode resultar em menos negros capacitados para trabalhar no setor, reflete na pesquisa - diz Luana Maíra Rufino Alves da Silva, superintendente de Análise de Mercado da Ancine. - Se o diretor é branco, a probabilidade de o elenco ser branco é maior. A questão do elenco foi a mais gritante para mim.
Mulheres são 51% da população. Mas o percentual de personagens femininos no elenco principal dos filmes é de 40,6%. Da mesma forma, os negros (classificação que engloba pretos e pardos, termos usados pelo IBGE) correspondem a mais da metade da população: 50,7%. Mas, nos filmes, são apenas 13,4% dos atores.
- Não há papéis para negros. Para conseguirmos trabalhar, precisa estar especificado no roteiro que o personagem é negro, porque dificilmente vão nos dar o papel de um médico - diz Cintia Rosa, que se considera um "ponto fora da curva" por ter interpretado uma jornalista negra em "O fim e os meios" (2014), de Murilo Salles. - É racismo, simplesmente.
“Não temos mulheres negras na direção e como roteiristas, e isso mostra que temos um problema real para resolver. Na produção executiva, há mais mulheres de forma geral, e isso tem a ver com o fato de ser um cargo mais operacional, refletindo aquela visão de que a mulher está sempre atrás dos palcos ‘ajudando’, mas não é ela que assume o protagonismo. Geralmente é o homem quem aparece mais”, avalia a superintendente.
A pesquisa “Diversidade de gênero e raça nos lançamentos de 2016” analisou 142 longas-metragens lançados em 2016, nas categorias ficção, documentário e animação.
Os números do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mostram que, de 2002 a 2014, homens brancos dominaram o elenco principal das 20 maiores bilheterias de cada ano. Ao todo, eles representam 45% dos papéis mais relevantes. Depois vêm mulheres brancas (35%), homens negros (15%) e, por último, mulheres negras (apenas 5%). Em 2002, 2008 e 2013, simplesmente nenhum filme analisado pelos pesquisadores foi protagonizado por uma mulher negra.

A 90ª edição do Oscar é marcada com a 5ª mulher e 5º negro indicados a melhor diretor

MAry J. Blige em cena de 'Mudbound' (Foto: Divulgação)
90ª edição da premiação contou também com primeira indicada em fotografia, primeiro diretor transgênero e primeira negra na categoria de roteiro adaptado

Os indicados ao Oscar 2018 foram anunciados nesta terça-feira (23) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Com isso, é possível destacar alguns marcos nesta 90ª edição da premiação, como a presença da quinta mulher, Greta Gerwig, e do quinto homem, Jordan Peele, na categoria de melhor direção.

5ª mulher indicada a Melhor Diretor
Antes da indicação de Gerwig por "Lady Bird: É hora de voar", apenas quatro mulheres tinham sido indicadas na categoria em seus 90 anos de história:
  • Luina Wertmuller ("Pasqualino Sete Belezas", 1975)
  • Jane Champion ("O piano", 1993)
  • Sofia Coppola ("Encontros e desencontros", 2003)
  • Kathryn Bigelow ("Guerra ao terror", 2008), a única vencedora
5º negro indicado a Melhor Diretor
Já com seu trabalho em "Corra!", Peele se junta ao grupo de outros quatro cineastas negros indicados:
  • John Singleton ("Os donos da rua", 1991)
  • Lee Daniels ("Precious - Uma história de esperança", 2009)
  • Steve McQueen ("12 anos de escravidão", 2013)
  • Barry Jenkins ("Moonlight", 2016), que não venceu como diretor, mas levou a estatueta de melhor filme
Com isso, Peele pode se tornar o primeiro negro da história a ganhar o Oscar de direção. Ele também é a terceira pessoa na história a receber indicações nas categorias de melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro em sua primeira produção.

Primeiro transgênero indicado
Há também muitos primeiros. A presença de "Strong Island" entre os documentários torna o cineasta Yance Ford o primeiro diretor transgênero a ser indicado a um Oscar.

Primeira Mulher negra em Roteiro Adaptado
Além dele, mais uma estreia é a da roteirista Virgil Williams, primeira negra na categoria de melhor roteiro adaptado, por seu trabalho com Dee Rees em "Mudbound".

Primeira mulher em Melhor Fotografia
O filme também tem a primeira mulher indicada na categoria de fotografia, Rachel Morrison.

Primeira dupla indicação: coadjuvante + canção
E, se isso não fosse bastante, Mary J. Blige se tornou a primeira pessoa indicada no mesmo ano nas categorias de melhor atriz coadjuvante e melhor canção original, também por "Mudbound"


Outros recordes
Se Meryl Streep já era recordista como atriz com o maior número de indicações, em 2018 ela aumentou a marca para 21 vezes, com seu trabalho em "The Post: A guerra secreta".
Já o maior vencedor na categoria de melhor ator, Daniel Day Lewis, foi lembrado mais uma vez. O protagonista de "Trama fantasma" pode levar a estatueta pela quarta vez por aquele que ele promete ser seu último papel.
Enquanto isso, Denzel Washington, de "Roman J. Israel, Esq.", se torna o 8º ator mais indicado na história (junto de Marlon Brando, Jack Lemomon, Al Pacino, Geraldine Page e Peter O'Toole), com sua oitava indicação – a segunda consecutiva.
E isso vai parecer pouco perto do compositor John Williams, que quebrou o próprio recorde como pessoa viva com o maior número de indicações da história, ao ser lembrado por "Star Wars: Os últimos Jedi". O americano chega a 51 indicações ao longo de sua carreira, atrás apenas de Walt Disney [1901-1966], com 59.

Fonte : G1


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Mulheres marcham em Las Vegas no segundo dia de protestos contra Trump

Uma multidão tomou as ruas da cidade americana de Las Vegas neste domingo (21), no segundo dia de protestos pelos direitos das mulheres e contra o presidente Donald Trump. 

As manifestantes destacaram a necessidade de organização política com vistas às eleições parlamentares na metade de mantado, para novembro deste.

"Temos que caminhar juntos, temos que organizar juntos, temos que nos mobilizar juntos e temos que votar juntos, inclusive quando não nos agrada", disse Tamika Mallory, copresidente da organização da Marcha das Mulheres, em Las Vegas.

"Temos o poder de mudar todas as políticas e fazer que quem seja eleito trabalhe para nós (...), mas devemos nos levantar e sermos fortes e corajosas", afirmou.

Os manifestantes repetiram palavras de ordem como "O poder nas urnas", enquanto outros exibiram cartazes com inscrições que diziam 
"O presidente dos Estados Unidos é racista" ou "Mesmo trabalho, mesma remuneração".

No sábado, milhares de pessoas, principalmente mulheres, foram às ruas de mais de 200 cidades de todo o país como parte da segunda Marcha das Mulheres contra Donald Trump, coincidindo com o primeiro aniversário do presidente na Casa Branca.

Em 2017, mais de 3 milhões de pessoas em todo o país mostraram sua oposição ao presidente republicano, que havia acabado de assumir a Presidência.

Fontes: Internet


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Prefeitura de Morrinhos (GO) é acusada de racismo em prova de concurso público

Por Marcelo Albuquerque 


Curta Mais News teve acesso com exclusividade aos documentos. “Negro parado é suspeito, correndo é ladrão, voando é urubu” e “Negro só tem de gente os dentes”, foram algumas das opções de resposta da prova

Uma prova de conhecimentos gerais do concurso público da Prefeitura de Morrinhos (GO), realizada no último domingo (14/01), provocou reações diversas entre candidatos. Enquanto uns ficaram indignados, outros acharam graça ou ficaram indiferentes. 

O tema da avaliação era “Qual a origem do racismo?”, mas o que chamou a atenção foram as opções de respostas em várias das questões, como: “Negro parado é suspeito, correndo é ladrão, voando é urubu” e “Negro só tem de gente os dentes”. Curta Mais News teve acesso aos documentos com exclusividade.

O candidato Hélio de Araújo Júnior, que concorre a uma das cinco vagas para fiscal de postura do município com outros 580 concurseiros, se sentiu ofendido. O técnico em segurança do trabalho, que também é músico profissional, passou por vários constrangimentos desde que a prova foi distribuída na sala. “Me senti humilhado por ser o único negro em sala, algumas pessoas olhavam para mim quando chegavam na questão rindo ou abaixavam a cabeça desaprovando aquilo", desabafa o candidato. "Falei com a fiscal de sala, ela não podia se manifestar mas acabou indo até a frente e falou que nos dias de hoje as pessoas lutam pelos direitos humanos e que uma pergunta dessas foi no mínimo indiscreta e fora de contexto”, continua.

Junior entrou com processo contra a empresa responsável pelo concurso e contra a Prefeitura de Morrinhos e revela que ainda teve dificuldade de fazer a denúncia. “Foi muito difícil denunciar, você chega num órgão público e as pessoas acham isso normal. O Ministério Público da minha cidade me disse que não viu crime algum nisso”, conta.
Hélio disse ainda, com exclusividade à nossa reportagem, que foi a primeira vez que tomou esse tipo de atitude mas que já foi discriminado outras vezes. “Já passei por várias situações como esta e nunca denunciei nada e dessa vez resolvi agir porque me senti realmente num estado vexatório, você estar sentado em uma sala fazendo um concurso com outras pessoas e uma pergunta desconexa e fora do contexto. Me senti insultado e decidi tomar providências”.

Procurada pela nossa produção, a Prefeitura de Morrinhos chegou a informar que não se manifestaria, mas após a repercussão do caso divulgado com exclusividade pelo Curta Mais News, acabou enviando à nossa redação uma nota oficial. A Prefeitura, por meio da Comissão Organizadora do Concurso Público 01/2017, responsabilizou a Consuplam - empresa responsável pelo certame e pela formulação das questões e aplicação das provas.

Confira a resposta na íntegra:

"A Prefeitura Municipal de Morrinhos, por meio da Comissão Organizadora do Concurso Público 01/2017, vem a público esclarecer que não elaborou a prova que contém a polêmica questão nº 10. Prova aplicada no dia 14 de janeiro último, de conhecimentos gerais sobre: “Qual a origem do racismo?”. A administração do certame Público 01/2017, está sob responsabilidade da Empresa Privada: CONSULPAM - Consultoria Público-Privada, a quem coube a formulação das questões e aplicação das provas. Importante também registrar ainda que os agentes públicos municipais não poderiam ter conhecimento prévio do conteúdo da prova, até por questão de lisura e segurança do concurso, motivo pelo qual não houve como analisar previamente a polêmica assertiva, antes que se tornasse pública.  Inobstante isso, o Município de Morrinhos, através da prefeitura vem lamentar o ocorrido e se solidarizar com as pessoas que se sentiram ofendidas com o conteúdo pejorativo das alternativas à questão de nº10 da prova de conhecimentos gerais, e entendemos que se mostraram inoportunas, infelizes e inconvenientes. A prefeitura de Morrinhos não compactua com nenhuma forma de discriminação, seja direta e indireta, por motivos de cor, raça, gênero, preferência sexual etc. Procuramos sim, promover concretamente políticas públicas de combate aos abusos e ao racismo. A prefeitura de Morrinhos irá diligenciar junto à banca do concurso, visando tomar providências para que medidas sejam tomadas imediatamente em relação ao tema contido na questão nº 10, da prova do concurso público 01/2017".
Tentamos contato com o Instituto Consulpam, que tem sede em Fortaleza (CE), mas até o momento não tivemos retorno.

Matéria : CurtaMaisNews 


terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Comunidade da Família Atacada, com Frases Racistas no Muro da Própria Casa, Responde com Protestos

por Mônica Aguiar

Foram três meses de ataques sofridos por uma família em Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. 

 “Senzala”, “voltem para a África” , “negros  imundos." 

No ultimo dia  11, o previsível e último ataque racista escrito contra a família negra:-  “escravos à venda” com seta direcionada para entrada da casa.

É revoltante que esse tipo de manifestação racista aconteça, ainda mais quando se trata de um Estado negro como Minas Gerais, e uma cidade repleta de trabalhadores, a maioria precários, como Ribeirão das Neves, em que 72% da população se auto-declara negra. Fala  Maria Elisa , estudante de Ciências Biológicas na UFMG .

Cansado e temendo pela integridade física da família, Ivan Ferreira que mora com sua esposa Marilene e seus três filhos,  desabafou que até então a polícia da grande BH teria se negado a aceitar a denúncia, e que foi advertido caso apresentasse  um nome que não fosse  culpado, poderia  ser processado por calúnia.

Moradores da rua revoltados alegaram  “ ...que cada mão de tinta aplicada pelo racista significaria  o prenúncio de novo ataque ....”.

De fato aconteceu.  
Ivan, conta que ficaram assustados e apagaram as frases por várias vezes, mas os atos não cessaram. 

Na tentativa de impedir novos ataques, moradores, vizinhos e amigos realizaram um ato dia 13, em apoio a família e contra o racismo repetida vezes sofrido.


Jeanne Cristina, vizinha, ficou indignada com a situação e resolveu organizar uma manifestação pela internet e com os moradores da rua. 

“No início só queríamos demonstrar a nossa indignação com os atos, mas agora descobrimos que ele não está sozinho, e temos certeza que eles são muito amados por todas as pessoas aqui. ”

A manifestação aconteceu com a  presença de dezenas de pessoas de diversos locais, além da presença da  artista e muralista Beá, que promoveu em conjunto com a comunidade modificação das cores do muro, aplicando nova pintura e marcas de mãos sobre as frases racistas. Cartazes e faixas também fizeram parte do protesto . 

Nas redes sociais, o caso ocorrido na cidade de Neves  repercutiu em todo pais, gerando revolta entre internautas e entidades do movimento negro,  que estão indignados e monitorando as ações .

Ivan somente conseguiu registra boletim de ocorrência dia 12, por injúria. 
Em nota, a assessoria de comunicação da polícia civil disse que está apurando a responsabilidade e que iria providenciar perícia no local, para dar início às investigações.

O presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados em Minas, Gilberto Silva Pereira, chama atenção para a forma como o crime foi registrado. Segundo ele, trata-se de um caso evidente de racismo, pois houve ofensa à coletividade, e não de injúria.



Fontes e fotos: midianinja/ R7 /G1
Fotos : arquivo pessoal

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Lojas são Fechadas após Protestos Contra Racismo

 
A presença de modelos negros em lojas que comercializam roupas é bastante rara, especialmente na sessão infantil 
A marca H&M utilizou uma criança negra para um anúncio em seu site, com estampa no  moletom  extremamente racista. 
O Anuncio causou revolta em vários países. 

A marca de roupas sueca Hennes & Mauritz (H&M) fechou temporariamente suas lojas na África do Sul, como consequência dos protestos registrados nesse país contra um agasalho tachado de racista, que a empresa tinha retirado do catálogo após a polêmica suscitada por essa peça. 

Nas ações de protesto registradas no sábado (13) nem empregados nem clientes ficaram feridos, segundo afirmou a H&M através da sua conta no Twitter, mas, apesar disso, a empresa optou por fechar temporariamente os estabelecimentos por considerar prioritário garantir a segurança das pessoas. A mensagem acrescenta que as lojas serão reabertas assim que se restabeleça a segurança. 

No sábado aconteceram ações de protesto em seis lojas da rede em Joanesburgo e outros pontos das províncias de Gauteng, aparentemente impulsionados pelo grupo esquerdista Economic Freedom Fighters (EFF), segundo informações do portal sul-africano "News24".

Os protestos seguem à indignação causada no mundo todo por uma campanha da marca, em que se mostrava um menino negro vestindo um agasalho com a frase 'the coolest monkey in the junlge' ('o macaco mais legal da selva').

A rede sueca retirou o agasalho do seu catálogo e pediu desculpas, em meio a críticas surgidas nas redes sociais e também entre figuras do esporte, como o jogador de basquete americano LeBron James.

O artista canadense Abel Tesfaye, líder do projeto musical The Weeknd, também decidiu romper sua colaboração com a empresa sueca em protesto pelo anúncio. 

O porta-voz dos EFF, Mbuyiseni Ndlozi, declarou  que o pedido de desculpa era muito pouco e veio muito tarde. "O tempo de pedir desculpas por racismo acabou; tem de haver consequências para o racismo contra os negro, ponto final. Afirmou o porta-voz dos manifestantes.

A H&M não comentou os ataques. Em sua página sul-africana na internet, a marca apenas  reproduz o pedido de desculpas. 
"Nossa posição é simples, nós cometemos um erro e lamentamos profundamente", diz a nota oficial. 
A polícia informou que monitora os protestos, mas que não prendeu ninguém. 

Fontes: Uol/G1/hypeness



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