quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

31 de Janeiro, dia da Rainha Nzinga Mbandi


Por Mônica Aguiar 


O maior símbolo da resistência africana  colonização foi uma mulher. Rainha do Ndongo, atual Angola, Nzinga Mbandi (1582-1663) entrou para a história como combatente destemida, exímia estrategista militar e diplomata astuciosa. 
Nzinga comandou pessoalmente um exército até os 73 anos de idade. Foi muito  respeitada pelos portugueses e Angola só foi dominada depois da sua morte, aos 81 anos.

Nzimga também conhecida como Ngola Ana Nzinga MbandeRainha N'GingaRainha Gingarainha NzingaNzinga Irainha Nzinga NdongoNzinga MbandiNzinga MbandeJingaSingaZhingaGingaAna NzingaNgola NzingaNzinga de Matambarainha Nzingha de NdongoAnn NzinghaNxingha e Mbande Ana Nzingha. Filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluaje e de Guenguela Cakombe.

Falar de Nzinga é falar de um mundo ao mesmo tempo muito distante e muito próximo. Ela nasceu entre os africanos de língua bantu, os mesmos que, escravizados no Brasil, criaram o samba e a capoeira. 
Seu povo está, portanto, na raiz da nossa identidade nacional. A sociedade a que ela pertencia, no entanto, é bem pouco conhecida.

Par além das  invasões, o reino de Ndongo tinha que se defender dos ataques de inimigos mais tradicionais: os jagas, um povo de guerreiros saqueadores. Ainda assim, as guerras não eram a única dor de cabeça da heroína Nzinga Mbandi (pronuncia-se inzinga imbandi). 
Ela também teve de aturar forte oposição interna por ser mulher e ser filha de uma escrava.

Nzinga fora criada pelo pai, o rei Jinga Mbandi, para ser uma rainha guerreira. Mas, quando ele morreu, em 1617, foi o irmão dela, Kia Mbamdi, quem assumiu o trono. Começou, então, uma agitada luta pelo governo de Ndongo. Uma das primeiras medidas de Kia foi matar o filho único de Nzinga, concorrente em potencial. Ela mesma só virou rainha em 1624, após o assassinato de Kia durante uma das piores crises do reino, quando o Ndongo rapidamente perdia terreno para os portugueses.

É claro que não faltaram más línguas para insinuar que teria sido Nzinga a responsável pela morte do rei.

Anos depois, já coroada, ela realizou sua mais bem-sucedida manobra política: a união com os terríveis jagas. Para isso, teve de adotar muitos costumes estranhos à cultura de Ndongo, como os rituais de canibalismo, que ajudavam a manter os soldados animados para a batalha. Os jagas eram especialmente perigosos: combatiam até o último homem e a covardia era punida com a morte.

Muitos contam que em certos rituais, Nzinga se vestia de homem e obrigava seus inúmeros amantes a se fantasiarem de mulher. Sua fama era mesmo a de subverter tradições, provavelmente uma forma de reafirmar o próprio poder em uma sociedade que não aceitava uma mulher como soberana.

Nzinga lutou durante 40 anos contra a escravidão do seu povo.  Defendeu a religião do seu reino. Com bravura, perseverança e determinação, a Rainha Njinga lutou uma longa batalha para recuperar o trono e depois liderar o seu povo numa batalha intensa contra o exército português pela liberdade nacional do seu reino - Ngola e Matamba. Tornou-se uma das maiores governantes da história da África. Por fim, conseguiu manter a independência do seu povo durante todo o reinado e hoje permanece uma figura central na cultura de Angola, país ainda dividido por conflitos internos.

Após a sua morte, 7 000 soldados da rainha Nzinga  foram levados para o Brasil e vendidos como escravos. Os portugueses passaram a controlar a área em 1671. Em certas áreas, Portugal não obteve controle total até o século XX, principalmente devido ao seu tipo de colonização, centrado no litoral.

Nzinga  é homenageada em festas populares de origem bantu, como a congada. Zumbi dos Palmares, contemporâneo dela que adoraria tê-la conhecido, certamente diria: ela merece!

No Brasil, o nome da rainha Nzinga é referido em vários folguedos da Festa de Reis dos negros do Rosário, onde reis de congo católicos lutam contra reis que não aceitam o cristianismo. No século XVII, o lucrativo comércio de escravos praticado pelos portugueses sofreu um duro revés. A oposição mais forte que enfrentaram veio da rainha Nzinga, uma obstinada líder política e militar que, por quarenta anos, impediu que os portugueses penetrassem no continente africano. Conheça a história dessa mulher africana extraordinária.

Fontes: wikipedia/ Superabril

2 comentários:

Anônimo disse...

Sobre a história de Nzinga, o melhor trabalho é
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14032013-094719/pt-br.php

Mariana Ancestre disse...

Sobre a memória dela na diáspora
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-31072018-172020/en.php

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