terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Comunidade da Família Atacada, com Frases Racistas no Muro da Própria Casa, Responde com Protestos

por Mônica Aguiar

Foram três meses de ataques sofridos por uma família em Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. 

 “Senzala”, “voltem para a África” , “negros  imundos." 

No ultimo dia  11, o previsível e último ataque racista escrito contra a família negra:-  “escravos à venda” com seta direcionada para entrada da casa.

É revoltante que esse tipo de manifestação racista aconteça, ainda mais quando se trata de um Estado negro como Minas Gerais, e uma cidade repleta de trabalhadores, a maioria precários, como Ribeirão das Neves, em que 72% da população se auto-declara negra. Fala  Maria Elisa , estudante de Ciências Biológicas na UFMG .

Cansado e temendo pela integridade física da família, Ivan Ferreira que mora com sua esposa Marilene e seus três filhos,  desabafou que até então a polícia da grande BH teria se negado a aceitar a denúncia, e que foi advertido caso apresentasse  um nome que não fosse  culpado, poderia  ser processado por calúnia.

Moradores da rua revoltados alegaram  “ ...que cada mão de tinta aplicada pelo racista significaria  o prenúncio de novo ataque ....”.

De fato aconteceu.  
Ivan, conta que ficaram assustados e apagaram as frases por várias vezes, mas os atos não cessaram. 

Na tentativa de impedir novos ataques, moradores, vizinhos e amigos realizaram um ato dia 13, em apoio a família e contra o racismo repetida vezes sofrido.


Jeanne Cristina, vizinha, ficou indignada com a situação e resolveu organizar uma manifestação pela internet e com os moradores da rua. 

“No início só queríamos demonstrar a nossa indignação com os atos, mas agora descobrimos que ele não está sozinho, e temos certeza que eles são muito amados por todas as pessoas aqui. ”

A manifestação aconteceu com a  presença de dezenas de pessoas de diversos locais, além da presença da  artista e muralista Beá, que promoveu em conjunto com a comunidade modificação das cores do muro, aplicando nova pintura e marcas de mãos sobre as frases racistas. Cartazes e faixas também fizeram parte do protesto . 

Nas redes sociais, o caso ocorrido na cidade de Neves  repercutiu em todo pais, gerando revolta entre internautas e entidades do movimento negro,  que estão indignados e monitorando as ações .

Ivan somente conseguiu registra boletim de ocorrência dia 12, por injúria. 
Em nota, a assessoria de comunicação da polícia civil disse que está apurando a responsabilidade e que iria providenciar perícia no local, para dar início às investigações.

O presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados em Minas, Gilberto Silva Pereira, chama atenção para a forma como o crime foi registrado. Segundo ele, trata-se de um caso evidente de racismo, pois houve ofensa à coletividade, e não de injúria.



Fontes e fotos: midianinja/ R7 /G1
Fotos : arquivo pessoal

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