por Mônica Aguiar
Foram três meses de ataques sofridos por uma família em Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.
“Senzala”,
“voltem para a África” , “negros imundos."
No ultimo dia 11, o previsível e último ataque racista escrito contra a família negra:- “escravos à venda” com seta direcionada para
entrada da casa.
É revoltante que esse
tipo de manifestação racista aconteça, ainda mais quando se trata de um Estado
negro como Minas Gerais, e uma cidade repleta de trabalhadores, a maioria
precários, como Ribeirão das Neves, em que 72% da população se auto-declara
negra. Fala Maria Elisa , estudante de Ciências
Biológicas na UFMG .
Cansado e temendo pela integridade
física da família, Ivan Ferreira que mora com sua esposa Marilene e seus três filhos, desabafou que até então a polícia da grande BH teria se negado a aceitar a denúncia, e que foi advertido caso apresentasse um nome que não fosse culpado, poderia ser processado por calúnia.
Moradores da rua revoltados alegaram
“ ...que cada mão de tinta aplicada pelo racista significaria o prenúncio de novo ataque ....”.
De
fato aconteceu.
Ivan, conta que ficaram assustados e apagaram as
frases por várias vezes, mas os atos não cessaram.
Na tentativa de impedir novos
ataques, moradores, vizinhos e amigos realizaram um ato dia 13, em apoio a família e contra o racismo repetida vezes sofrido.
Jeanne
Cristina, vizinha, ficou indignada com a situação e resolveu organizar uma
manifestação pela internet e com os moradores da rua.
“No início só queríamos
demonstrar a nossa indignação com os atos, mas agora descobrimos que ele não
está sozinho, e temos certeza que eles são muito amados por todas as pessoas
aqui. ”
A
manifestação aconteceu com a presença de dezenas de pessoas de diversos locais, além da presença da artista e muralista Beá, que promoveu em conjunto com a comunidade modificação
das cores do muro, aplicando nova pintura e marcas de mãos sobre as frases racistas. Cartazes e faixas também fizeram parte do protesto .
Nas redes sociais, o caso ocorrido na cidade de Neves repercutiu em todo pais, gerando revolta entre internautas e entidades do movimento negro, que estão indignados e monitorando as ações .
Ivan somente conseguiu registra boletim de ocorrência dia 12, por injúria.
Em nota, a assessoria de comunicação da
polícia civil disse que está apurando a responsabilidade e que iria providenciar perícia no local, para dar início às investigações.
O presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados em Minas, Gilberto Silva Pereira, chama atenção para a forma como o crime foi registrado. Segundo ele, trata-se de um caso evidente de racismo, pois houve ofensa à coletividade, e não de injúria.
Fontes e fotos: midianinja/ R7 /G1
Fotos : arquivo pessoal
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