sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Cresce o número de denúncias de Racismo e falta recursos para implementação das politicas

Por Mônica Aguiar 

As denúncias de casos de racismo tem aumentado cada dia mais. Na minha avaliação são diversos fatores que tem influenciado este aumento. Primeiro, a co

Foto: CERCUNVN

nsciência que as pessoas estão adquirindo sobre a importância de fazer a denúncia nos locais específicos. Segundo, as pessoas tem se calado menos, não aceitando mais com naturalidade as práticas de racismo. Terceiro, as pessoas estão utilizado as redes sociais para dar visibilidade e denunciar o racismo sofrido e a contribuição que a imprensa tem dado para dar visibilidade à sociedade sobre as ocorrências.

Por um outro lado, estamos vivenciando o retrocesso nas políticas de promoção da igualdade racial no Brasil. Tanto nas ações afirmativas, quanto na ausência de recursos específicos para implementação das ações que dão vida as Políticas de Promoções da Igualdade Racial.

 A perda do Ministério de Promoção da Igualdade Racial, as mudanças de objetivos da Fundação Palmares, a não execução de várias ações de combate às desigualdades sociorracial, são exemplos significativos destas perdas.

Na estrutura da secretaria(SEPPIR), foi extinto, por decreto do atual governo federal, o Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

 De uma maneira geral, com a extinção de programas sociais dentro das políticas fundamentais que eram monitoradas pela SEPPIR, SPM e Direitos Humanos, provocaram o aumento da pobreza, da fome, do baixo acesso e abandonos da educação universitária no Brasil. Os retrocessos nos acessos das pessoas mais pobres aos programas de ações específicas e universais apontam a para população negra como o grupo diretamente atingido por estas perdas.

Em 2020, o relatório técnico preliminar “Direitos da População Negra e Combate ao Racismo”, elaborado pela Consultoria Legislativa e pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, demostra que o governo federal não tem executado grande parte dos programas de combate do racismo e à violência contra a população negra e outros grupos em situação de vulnerabilidade.

O nível de relações e declarações colocadas por parte dos responsáveis por estas Pastas federal sobre o que pensam das políticas de promoções de igualdades raciais, equidades, igualdades de gêneros, religiões de matrizes africanas, quilombolas, tem legitimado a intolerância, estimulado ataques racistas e o aumento das violências.

No Jornal online, Opinião e Noticias Comuns, afirma que as políticas públicas voltadas aos quilombolas, os recursos executados caíram de cerca de R$ 26 milhões em 2014 para pouco mais de R$ 5 milhões em 2019. Em 2020, o Executivo extinguiu a ação de Fomento ao Desenvolvimento Local para Comunidades Remanescentes de Quilombos e Outras Comunidades Tradicionais. Em 2012, foram executados cerca de R$ 6,5 milhões nas políticas da fundação. Em 2019, o valor caiu para R$ 837,7 mil. Até o final de setembro de 2020, a fundação executou menos da metade do dinheiro empenhado para este ano. Em 2012, a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial chegou a executar cerca de R$ 5 milhões. Em 2020 pouco mais de R$ 800 mil.

A quantas andas o Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens, previsto na Lei 13.675/18? Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, essa iniciativa, que faz parte do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. Porque não está sendo implementado?

Temos presenciado um aumento do número de denúncias de racismo no Brasil, que também aponta para o nível de relações raciais estabelecidas entre bancos e negros no Brasil.

No Paraná, as denúncias de injúria racial e racismo cresceram 440%, de 2019 a 2020, segundo dados do Departamento de Promoção e Defesa dos Direitos Fundamentais e Cidadania, do governo estadual. As denúncias foram registradas no programa SOS Racismo, canal gratuito, criado pela Lei Estadual nº 14.938/2005 e regulamentado pelo Decreto Estadual nº 5115/2016. Em 2019 foram registradas 32 denúncias, enquanto de janeiro a outubro de 2020, o número de registros era de 173, mais de cinco vezes ao ano anterior.

Em Minas Gerais Dados da SEJUSP apontam para aumento de 34% no número de casos de injúria racial em Minas Gerais no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. 232 casos contra 172.

Em São Paulo as denúncias de discriminação racial dispararam em 2022. Em apenas quatro meses ultrapassou o total contabilizado de todo o ano de 2021. A Ouvidoria da Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania paulista recebeu 174 denúncias de discriminação racial no primeiro quadrimestre deste ano, ante 155 ao longo de todo o ano passado. Estes dados fazem parte do levantamento feito pela Globo News com base em dados da pasta responsável por apurar, no âmbito de processos administrativos, violações de direitos humanos no estado.

Em Goiás, também de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública os crimes de racismo aumentaram 77,1% em um ano. Em comparação de dados de 2020 e 2021 aponta que o Estado teve aumento de 26,3% nos casos de injúria racial.

Existem expectativas por parte de quem atua na luta do combate ao racismo no Brasil. Os movimentos negros esperam, que haja mais punição a quem comete o crime considerando a decisão do STF, que ao equiparar a injúria racial ao racismo, tornou o crime inafiançável e imprescritível.

Em entrevista no CONJUR Silvio de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama, disse que a, "apesar de o Direito Penal ser um instrumento bastante limitado para o enfrentamento do racismo, a decisão do STF foi acertada e com isso será possível que as ofensas de cunho racista tenham o tratamento adequado por parte do sistema de Justiça do Brasil".

Em 2021, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, que o crime de injúria racial configura um dos tipos penais de racismo e é imprescritível.

Fontes: Câmara Federal/Comum/Conjur/portalSTF/ Fórum/Estado de Minas/Hoje em Dia

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