sexta-feira, 30 de abril de 2021

Maternidade Leonina Leonor. Um Instrumento Público Fundamental para Atenção as Grávidas , em Pleno período de Pandemia foi Destruída

 por Monica Aguiar 

O Movimento Leonina Leonor realizou nesta quinta-feira, 29, mais um Ato de protesto aos desmandos existentes na saúde de Belo Horizonte, em prol da reconstrução e do funcionamento da Maternidade Leonina Leonor Ribeiro em Venda Nova.

O Ato teve apoio do Conselho Municipal de Saúde de BH (CMSBH) e foi realizado na porta da Maternidade. O ponto de destaque do Ato foi a determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para a suspensão imediata das obras em andamento de demolição e de readequações realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nas dependências da Maternidade Leonina Leonor Ribeiro.

A decisão foi tomada pelo desembargador Armando Freire, após Ação Popular protocolada pela presidenta do (CMSBH) Carla Anunciatta e, pela Ação Civil Pública movida pela Rede Nacional de Humanização do Parto (Rehuna).

O equipamento foi construído a 12 anos, com custo final de mais de R$ 4,9 milhões aos cofres públicos.  A Maternidade Municipal Leonina Leonor, se estivesse funcionando, seria referência em parto humanizado, com a capacidade para atender 350 parturientes por mês.

A demolição, mudanças nos objetivos e de destino deste equipamento público, adotada de forma unilateral pela atual gestão municipal, demonstra o descaso do poder público local com o erário público, além de desrespeito ao descumprir as prioridades aprovadas na Conferência Municipal de Saúde de 2017, com homologação da Resolução n.º 441/2018 do CMSBH que deliberou o Plano Municipal de Saúde de BH ainda em curso, documento homologado pelo próprio Poder Executivo Municipal.(CMS).

SITUAÇÃO NO BRASIL   

A situação preocupante das mulheres grávidas no Brasil durante a pandemia se tornou evidente em uma pesquisa, divulgada em julho de 2020, ao acompanhar a mortalidade materna. O estudo publicado no International Journal of Gynecology apontou que, entre fevereiro de 2020 quando foi registrado o primeiro caso no país de Covid-19 no Brasil, e junho do mesmo ano, 124 gestantes e puérperas morreram em decorrência do novo Coronavírus no Brasil — o que corresponde a 77% dessas mortes no mundo.

Segundo pesquisas realizadas pelo Observatório obstétrico e lançada recentemente, desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) internadas com Covid-19 não tiveram acesso à UTI e 33,3% não foram intubadas, recurso terapêutico importante para os casos graves da doença.

VENDA NOVA É UMA REGIÃO COMPOSTA POR MAIORIA DE 

MULHERES NEGRAS USUÁRIAS DO SUS.

CMS, REHUNA , MOVIMENTO LEONINA LEONOR É NOSSA 
EM JANEIRO DE 21, DENTRO DAS DEPENDÊNCIAS 
DA MATERNIDADE DESTRUIDA  

 Venda Nova é uma Região/Distrito que compõem o Vetor Norte da Capital mineira e, onde estar localizada a Maternidade Leonina Leonor Ribeiro.  A composição populacional da região de Venda Nova é formada por maioria de mulheres, chefes de famílias, em idade reprodutiva e com baixa renda.

A mortalidade materna e neonatal tem maior prevalência entre mulheres das classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais.

Em 2020, pesquisadores, especialistas e representantes da área de saúde do Brasil, já cobravam a falta de dados sobre mulheres negras vítimas de Covid-19 nas Capitais.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo atendimento de 80% da população negra.

Entre o grupo de mulheres que compõem a população total da Região de Venda Nova e de todo o Vetor Norte, as mulheres negras estão em maioria.  

Temos observado uma falta de transparência nas informações das estratégias de combate à mortalidade de mulheres por Covid-19 na idade reprodutiva, bem como, transparência dos dados de mortalidade materna na Capital mineira.

A maternidade Leonina Leonor predispunha ter uma equipe preparada ao parto humanizado, com UTI Neonatal estruturada, livre de internação proveniente da COVID-19.

No portal de boas prática da FIOCRUZ – Boletim Epidemiológico n.º 20/MS (Maio, 2020) Mortalidade Materna no Brasil, consta em destaque:

Os primeiros dados sugerem que gestantes/puérperas estão passando por quadros mais graves de COVID-19 na segunda onda da pandemia do que foi observado na primeira onda. No entanto, a verdadeira causa desta mudança ainda não está clara. Maiores estudos são necessários para se definir se a emergência de novas variantes podem estar relacionadas à esta tendência e se as políticas públicas de saúde devem ser modificadas para aumentar a proteção de mulheres grávidas”. (https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/as-gestantes-foram-mais-afetadas-pela-segunda-onda-da-pandemia/)

A maternidade Leonina Leonor poderia, se, estivesse, funcionando, estar, cumprindo um papel fundamental de atenção as grávidas e puérperas não infectadas neste período de pandemia.

O parto normal ainda é a melhor opção para todas as mulheres.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Movimento em BH faz Ato em Defesa da Decisão Judicial que Determinou a Paralização Imediata das Obras que Destrói a Maternidade Leonina Leonor e Pela Vida das Mulheres

 Por Mônica Aguiar

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou, dia (16), a suspensão imediata das obras em andamento de demolição e de readequações realizada pela SMSA/Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) dentro das dependências da Maternidade Leonina Leonor Ribeiro, localizada na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

 A decisão foi tomada pelo desembargador Armando Freire após Ação Popular, protocolada pela presidenta do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS), Carla Anunciatta de Carvalho, e Ação Civil Pública, movida pela Rede Nacional de Humanização do Parto (Rehuna).

A demolição e mudanças dos objetivos deste equipamento público, demonstra o descaso do poder público municipal com o dinheiro público. Demostra desrespeito e descumprimento com a aprovação realizadas pela Conferência Municipal de Saúde, com a Resolução n.º 441/2018 do CMSBH que deliberou o Plano Municipal de Saúde de BH ainda em andamento (2018-2021) e homologado pelo próprio Poder Executivo Municipal. 

A situação das mulheres grávidas no Brasil neste período de pandemia se tornou evidente com uma pesquisa que acompanha a mortalidade materna. Divulgada em julho de 2020, o estudo publicado no International Journal of Gynecology apontou que, entre 26/2, quando foi registrado o primeiro caso no país, e 18/6, 124 gestantes e puérperas morreram por covid-19 no Brasil — o que corresponde a 77% dessas mortes no mundo.

Segundo pesquisas realizadas pelo Observatório obstétrico e lançada novamente recentemente, desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) internadas com Covid não tiveram acesso à UTI e 33,3% não foram intubadas, último recurso terapêutico para os casos graves da Covid-19.

Na última atualização, agora, no dia 7 de abril, desde o início da pandemia foram 9.479 casos de internações por Covid entre gestantes e puérperas, com 738 mortes. Existem outros 9.784 de registros de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) não especificados nesse grupo, com 250 óbitos. Para os pesquisadores, é grande a possibilidade desses casos serem também Covid.

A Maternidade Leonina Leonor Ribeiro foi construída em 2009 e estar localizada em Venda Nova, região Distrito que compõem o Vetor Norte das Minas Gerais. 

Distante da Capital, tem idade superior a de Belo Horizonte. Sua composição populacional são maioria de mulheres chefes de famílias, em idade reprodutiva e com renda baixa.

A maternidade Leonina Leonor Ribeiro custou R$ 4,9 milhões aos cofres públicos, seria, se, estive funcionando, referência em parto humanizado, com a capacidade para atender 350 parturientes por mês.

Apesar de pronta, a maternidade nunca abriu as portas e estar sendo destruída.

Durante uma entrevista coletiva o Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, chegou a declarar que o projeto da maternidade é “um culto romântico ao ultrapassado” e a abertura do espaço representaria desperdício de dinheiro.

Belo Horizonte não é uma ilha fora do Brasil. A situação da saúde das mulheres belorizontina sempre foi uma preocupação de todas e todos que compõem o Movimento Leonina Leonor é Nossa, da CISAM e do Conselho Municipal de Saúde.  E neste período de pandemia, com a falta de informações da SMSA e os relatos diretos que chegam da população a atenção e preocupação se tornam redobradas. 

Eu tenho acompanhado de perto a Comissão Institucional de Saúde da Mulher (CISAM) do Conselho Municipal de Saúde de BH, que tem sistematicamente solicitado informações e convidado a Coordenação de Saúde da Mulher da SMSA/PBH, para apresentar o quadro da situação de gestantes e puérperas de Belo Horizonte neste período de pandemia. 

Até o presente momento, a CISAM (Comissão Institucional de Saúde da Mulher), do Conselho Municipal de Saúde(CMS), não teve retorno dos questionamentos realizados a Coordenação Municipal de Saúde da Mulher da SMSA/PBH e não atenderam os convites para participar da reunião da CISAM.

 Estamos passando por um momento que requer atenção e cuidados redobrados. O Brasil estar sendo apontado como um dos pais com maior números de mortalidades maternas no mundo. Sem informações, qual será a real situação das gestantes e puérperas e o atendimento do pré-natal de Belo Horizonte? Estará acompanhado os mesmo índices nacional? 

Por que não apresentam as informações solicitadas pela CISAM/CMS de Belo Horizonte?

As desigualdades raciais se tornam mais assustadoras entre as mulheres grávidas pretas que têm quase o dobro de chance do que as grávidas brancas de morrer por covid-19 no Brasil. 

As mulheres negras são as mais atingidas com as mazelas das desigualdades raciais existentes. 

A Maternidade Leonina Leonor fica em Venda Nova no  Vetor Norte. Região composta por maioria de mulheres negras. 

As mulheres negras são as que tem menos acesso ao serviço de saúde pública, as que são em maioria atingidas pela mortalidade materna, as que sofrem em maioria com a violência obstétrica.  

O racismo é um determinante estrutural na vida das mulheres negras e suas gerações.  

Em conjunto a toda situação da pandemia, vem este desmantelamento da Maternidade Leonina Leonor que poderia, se estivesse funcionando, dar suporte adequado as gestantes de toda Capital e do Vetor Norte de forma humanizada com eficiência e senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos. 

O Movimento Leonina Leonor, estará nesta quinta feira dia 29, as 15:00, promovendo uma atividade simbólica, de protesto aos desmandos existente na saúde de BH e, em prol da abertura e funcionamento da Maternidade Leonina Leonor Ribeiro. Estarão reafirmando a importância da decisão judicial de paralização das obras na dependências da maternidade.

Serviços

ATIVIDADE DE DEFESA DA MATERNIDADE LEONINA LEONOR

  • Dia: 29/04 quinta feira
  • Horário: 15:00
  • LOCAL: Em frente a Maternidade – Rua Padre Pedro Pinto, 175 Venda Nova/BH-Minas Gerais   

 


sexta-feira, 23 de abril de 2021

PL para dispor sobre campanha de divulgação de igualdade de direitos trabalhistas entre homens e mulheres é aprovada

 por Mônica Aguiar 

Em votação simbólica a Câmara dos Deputados aprovou ontem (22), a PL 1943/2019, de autoria da deputada federal Professora Rosa Neide PT-MT, que altera o art. 373-A da Consolidação das Leis do Trabalho para dispor sobre campanha de divulgação de igualdade de direitos trabalhistas entre homens e mulheres, bem como estabelece mecanismos educativos e informativos, nos termos exigidos pelos arts. 1º, III, 3º, I, III e IV, 5º, caput e I, 220 e 221, I e IV, todos da Constituição Federal.

O texto determina que as campanhas publicitárias dos órgãos públicos valorize a responsabilidade compartilhada do trabalho doméstico remunerado ou não, e, as responsabilidades no âmbito familiar. 

 mulheres, especialmente quanto aos aspectos do direito do trabalho, está muito bem resguardada na legislação brasileira, tanto em nível constitucional quanto na legislação ordinária. Contudo, mesmo diante de um marco legal exemplar em defesa da igualdade de gênero, verificamos que, na prática, ainda persiste uma situação de clara discriminação das mulheres no mundo do trabalho”. Afirma Deputada Rosa Neide entre as justificativas apresentada na PL.

As mensagens inseridas em destaque e de forma legível através de tarjas, advertirá  para as normas constitucionais relacionadas à igualdade de direitos entre homens e mulheres, no caso de anúncios veiculados por meio de mídia impressa, de páginas na internet, de emissoras de televisão ou de outras mídias visuais ou audiovisuais. No caso de mensagens veiculadas por meio de emissoras de rádio, o áudio deve ser de “fácil captação”.

Ao longo da história, a publicidade propagou a imagem das mulheres aos diferentes papéis de opressão social. Dos corpos que estão dentro dos padrões sociais de beleza e estética em sua ampla maioria modelos eurocêntricos a destinação exclusiva de papéis domésticos, dona de casa exemplar e servil. Um simples objeto complementar nas imagens para consumo de produtos considerados como certos e direcionados ao público masculino.

Várias campanhas publicitárias ainda reforçam que funções domésticas devam ser destinadas às mulheres e, em especial as mulheres negras.

E mesmo com a mulher cumprindo diferentes papeis na atual sociedade, ainda, existem propagandas que desvalorizam a força de trabalho das mulheres e seu fundamental papel em toda cadeia do sistema econômico e social, para toda a sociedade.

São várias campanhas publicitárias que ainda desqualificam as mulheres e reforçam estereótipos, contribuindo com o aumento de violência doméstica, sexual e com todas as desigualdades existentes.  

Esta nova redação trará possiblidades para reflexão e reeducação na concepção formada de não valorização da mão de obra e da predestinação preconceituosa de qual o  papel deve ser desempenhado por uma  mulher.

O texto agora segue par análise do Senado.


quinta-feira, 15 de abril de 2021

Média semanal de mortes maternas por Covid em 2021 já é mais do que dobro de 2020


 por CLÁUDIA COLLUCCI (yahoo)


Segundo a última atualização, no dia 7 de abril, desde o início da pandemia foram 9.479 casos de internações por Covid entre gestantes e puérperas, com 738 mortes

O número de mortes mat
ernas por Covid-19 mais do que dobrou nas 13 primeiras semanas de 2021 em relação à média semanal do ano passado. Passou de 10,4 óbitos (449 mortes em 43 semanas de pandemia de 2020) para 22,2 nas primeiras semanas deste ano, com 289 mortes.

Embora estudos mostrem que a gestação e o pós-parto aumentam o risco de complicações e morte por Covid-19, no Brasil o alto número de óbitos maternos associados à doença é atribuído, principalmente, à falta de assistência adequada.

Desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) internadas com Covid não tiveram acesso à UTI e 33,3% não foram intubadas, último recurso terapêutico para os casos graves da Covid-19.

Os dados obtidos pela Folha vêm do OOBr Covid-19, um observatório obstétrico recém-lançado que agrupa informações de várias bases públicas, como os sistemas de nascidos vivos e de mortalidade materna, e o Sivep Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe). A atualização é semanal.

O painel é elaborado por pesquisadores da USP e da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) e está dentro de um projeto maior que analisa dados materno-infantis no país e que conta com financiamento da Fundação Gates e de bolsas de pesquisa do CNPq e da Fapes (fundação de amparo à pesquisa do ES).

Segundo a última atualização, no dia 7 de abril, desde o início da pandemia foram 9.479 casos de internações por Covid entre gestantes e puérperas, com 738 mortes.

Existem outros 9.784 de registros de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) não especificados nesse grupo, com 250 óbitos. Para os pesquisadores, é grande a possibilidade desses casos serem também Covid.

O que explica liderança do Brasil em ranking de mortes maternas?

Desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) internadas com Covid não tiveram acesso à UTI

Segundo a médica obstetra Rossana Pulcinelli Francisco, professora do departamento de ginecologia e obstetrícia da USP-SP e uma das criadoras do painel, os dados deixam evidentes as disparidades regionais envolvidas na falta de uma assistência materna adequada, cenário já apontado em outros estudos que colocaram o Brasil como líder mundial de mortes maternas por Covid.

No Pará, quase a metade (46%) das gestantes e puérperas mortas não puderam contar com terapia intensiva. Já no Rio Grande do Sul, 4% dos óbitos foram nessas circunstâncias.

No estado de São Paulo, 18% das gestantes e puérperas morreram fora da UTI e 38% não foram intubadas. Na capital paulista, 3% não chegaram à UTI e 24% não foram intubadas.

"Nos casos graves, uma boa assistência significa a mulher ter chegado à UTI. E como a maior complicação da Covid é a respiratória, ela precisa ter chance de ser intubada. Se ela morre antes disso, é porque não recebeu toda a assistência que deveria", explica Rossana Francisco.

Segundo a médica, além da falta de leitos da UTI, o fato de as gestantes infectadas terem que percorrer longas distâncias para conseguir alguma assistência também pode contribuir para um pior desfecho.

De acordo com Lucas Lacerda, estudante de graduação de estatística da Ufes e que também integra o grupo que mantém o painel obstétrico, gestantes e puérperas com Covid residem em 2.520 municípios brasileiros e foram atendidas em 977 hospitais. Ainda estão sendo organizados os dados sobre o percentual de mulheres que se deslocaram para conseguir a internação.

A morte de uma menina de 13 anos, que estava com 31 semanas de gestação e que morreu em Medicilândia (PA) por complicações da Covid-19, exemplifica o gargalo.

Vítima de estupro, a criança vivia em Uruará (1.048 km de Belém) e foi atendida primeiro no hospital do município. Em seguida, foi levada para Medicilândia, a duas horas de carro.

Com quadro grave de Covid-19 e precisando de UTI, foi transferida para o Hospital Regional Público da Transamazônica, em Altamira. Mais uma hora e meia de estrada.

No meio do caminho, o quadro de saúde da menina piorou e a ambulância voltou para Medicilândia. Ela não resistiu e morreu na unidade.

Segundo Rossana Francisco, também é preciso analisar o tipo de UTI que tem atendido essas gestantes e puérperas com Covid-19. Além dos intensivistas, o serviço precisa ter médicos obstetras, neonatologistas e equipe multidisciplinar.

"Quando a gente tem uma gestante, os parâmetros de ventilação são diferentes, a quantidade de líquidos a ser ingerido [balanço hídrico] também tem que ser monitorada de uma outra forma", explica.

A médica lembra que já existem evidências de que qualquer cirurgia feita em um paciente com Covid aumenta a mortalidade e, durante a pandemia, muitas gestações estão sendo interrompidas precocemente.

"A gente viu muitos serviços indicando o parto porque a paciente estava com Covid. Isso também piora a morbidade e mortalidade."

As mortes maternas por Covid devem se somar às outras que acontecem anualmente por outras causas, como hipertensão e hemorragia. Em 2019, foram 1.575 óbitos durante a gestação ou no pós parto. Em 2018, foram 1.658 mortes.

Mas, para a médica Agatha Rodrigues, também responsável pelo observatório obstétrico e professora do departamento de estatística da Ufes, essa soma é até conservadora levando em conta que, durante a pandemia, muitas gestantes ficaram sem assistência adequada e isso pode estar se refletindo em mortes ainda não computadas.

A ideia do observatório, segundo ela, é justamente tentar mapear isso a partir de informações oficiais. "Sem dados, parece que não tem problema. Não conseguimos analisar o impacto da pandemia na saúde materno infantil e das políticas públicas."

Rossana Francisco ressalta que o Brasil tem tido muitas dificuldades em reduzir as taxas de mortalidade materna, e uma das razões é fragilidade e as deficiências na atenção à saúde das mulheres durante o pré natal, parto e puerpério.

"A pandemia de Covid-19 deixou ainda mais claro essas deficiências, especialmente a desigualdade que temos entre os diferentes estados."

Para ela, há uma necessidade urgente de reestruturação da rede de atenção materna, especialmente na identificação de hospitais que possam ser capacitados para atuar no cuidado dessas mulheres.

No campo da prevenção, a médica diz que é muito importante que a gestante possa ter o direito garantido ao isolamento social para se proteger da infecção.

Rede de médicas pede urgência de vacinação de gestantes

Especialistas pedem prioridade na vacinação das gestantes e puérperas com e sem comorbidades e mais atenção às medidas protetivas para garantir o isolamento dessas mulheres - Foto: AP Photo/Ramon EspinosaMais

Um manifesto recente da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras alerta para os riscos que gestantes e puérperas enfrentam na pandemia de Covid-19.

Além da dificuldade de acesso aos leitos de UTI, o documento aponta para a desorganização dos serviços de assistência pré-natal, com suspensão de consultas, problemas de acesso ao atendimento adequado da Covid-19, falta de testes diagnósticos e de outros insumos terapêuticos.

Estudos mostram que dentre os fatores associados ao óbito materno por Covid estão o período do puerpério, a mulher ter cor preta, viver em área periurbana, não ter acesso ao Programa de Saúde da Família e morar a mais de 100 km do hospital de referência.

Segundo o manifesto, embora o Ministério da Saúde tenha publicado em setembro um manual de recomendações para a assistência às gestantes e puérperas durante a pandemia, não houve modificações importantes da estrutura, dos exames e do fluxo de atendimento, e as mortes continuaram acontecendo.

O documento também chama a atenção para as subnotificações. "Muitas mortes são registradas como SRAG de causa indeterminada porque não chegaram a ser testadas ou porque não havia testes disponíveis. Além disso, muitos óbitos fetais e neonatais também se associam aos óbitos maternos e precisam ser mais bem estudados."

A rede pede prioridade na vacinação das gestantes e puérperas com e sem comorbidades e mais atenção às medidas protetivas para garantir o isolamento dessas mulheres.

O projeto de lei 3932/2020 que prevê o afastamento do trabalho presencial das gestantes, podendo suas atividades ser exercidas remotamente, foi aprovado pela Câmara dos Deputados mas continua parado no Senado.

 


quarta-feira, 7 de abril de 2021

DIA DO JORNALISTA : 07 DE ABRIL

 


por Mônica Aguiar

Nesta quarta-feira, 7 de abril, é comemorado o Dia do Jornalista. Entretanto, diante da tragédia cotidiana que se desenrola há pouco mais de um ano, não há muito o que celebrar. Especialmente quando se tem dados que comprovam que os efeitos da pandemia de Covid-19 são mais letais para os jornalistas brasileiros.

O mais assustador é que no primeiro trimestre de 2021, os efeitos desta doença foram ainda mais devastadores. Apenas nos três primeiros meses deste ano, 86 casos fatais foram registrados. Um aumento, até agora, de 8,9% de mortes em comparação com 2020.

Foram 169 mortes registradas de abril de 2020 a março de 2021, superando o Peru, que registra pouco menos de 140 mortes.

Refletir sobre a profissão de jornalista diante dos novos cenários políticos, sociais e culturais é, sobretudo, pensar a sociedade contemporânea no exercício da democracia. (Raissa Nascimento)”.

Vários dados são lançados anualmente com relação as dificuldades dos jornalistas em exercer sua profissão com segurança, respeito, livre das violações de direitos humanos e do racismo.

Mundialmente o número de jornalistas assassinados em retaliação por seu trabalho mais do que dobrou em 2020. 

Se faz necessário neste dia, refletir também sobre o que a sociedade jornalística tem feito e o que é necessário para mudar nas redações ou nas assessorias de comunicação dentre outros, o conceito de naturalização da invisibilidade do negros e negras nas TVs.

Qual o olhar, atenção estar sendo dada aos questionamentos realizados por jornalistas negros e negras que não tem as mesmas oportunidades que demais colegas, sem entrar nas narrativas preconceituosas de vitimização?

O que tem estar sendo feito para diminuir as agressões verbais, os estereótipos, a violência racial que as profissionais sofrem e, qual a resposta estar sendo construída para mudar o nível de violências sofrida nas redes sociais?

Não podemos negar que ouve avanços significativos, mudanças de comportamentos e conceitos,  mas ainda precisamos lembrar em todo momento das desigualdades existentes, para que portas sejam abertas.

Neste período de pandemia, milhares de profissionais tem se tornado alvos dos ataques daqueles que não respeitam a democracia e são negacionistas.

Com as restrições, novos movimentos surgem para respeitar regras estabelecidas pelas autoridades locais, constituindo uma nova formula de agir e atuar como repórteres, radialistas, jornalistas, fotojornalistas, comunicadores sociais para realização do trabalho. Exige-se muito mais dedicação e muito mais tempo lingado, ampliando consideravelmente a jornada de trabalho.

Para as mulheres que são 64% da categoria, a dupla jornada de trabalho se torna direta e perversa. Muitas que exercem a profissão não tem a mesma oportunidade que a maioria dos homens, ganham menos, mesmo com a formação acadêmica superior.

Os homens se mantém em ampla maioria sendo as estrelas do jornalismo brasileiro.

Como são por repetidas vezes protagonistas, garantem acessão social e visibilidade a sua pessoa. Tornam se ícones da história, criando veladamente uma barreira de projeção para imagem das mulheres.

Apesar de todo o avanço conquistado, persistem o excesso de feminização nas redações. Digo que neste período de COVID, que surge uma fórmula invisível que induz naturalmente as mulher a cumprir papeis de “prestadoras de serviços”, construção de representações também opressiva.

Ainda hoje, é muito pequena a representatividade de mulheres negras que atuam como profissionais de imprensa, principalmente na Televisão Brasileira. A composição étnica no jornalismo, não expressa a realidade.

 Fontes: Jornalopção/FENAJ/COJIRA

 

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