sexta-feira, 30 de abril de 2021

Maternidade Leonina Leonor. Um Instrumento Público Fundamental para Atenção as Grávidas , em Pleno período de Pandemia foi Destruída

 por Monica Aguiar 

O Movimento Leonina Leonor realizou nesta quinta-feira, 29, mais um Ato de protesto aos desmandos existentes na saúde de Belo Horizonte, em prol da reconstrução e do funcionamento da Maternidade Leonina Leonor Ribeiro em Venda Nova.

O Ato teve apoio do Conselho Municipal de Saúde de BH (CMSBH) e foi realizado na porta da Maternidade. O ponto de destaque do Ato foi a determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para a suspensão imediata das obras em andamento de demolição e de readequações realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nas dependências da Maternidade Leonina Leonor Ribeiro.

A decisão foi tomada pelo desembargador Armando Freire, após Ação Popular protocolada pela presidenta do (CMSBH) Carla Anunciatta e, pela Ação Civil Pública movida pela Rede Nacional de Humanização do Parto (Rehuna).

O equipamento foi construído a 12 anos, com custo final de mais de R$ 4,9 milhões aos cofres públicos.  A Maternidade Municipal Leonina Leonor, se estivesse funcionando, seria referência em parto humanizado, com a capacidade para atender 350 parturientes por mês.

A demolição, mudanças nos objetivos e de destino deste equipamento público, adotada de forma unilateral pela atual gestão municipal, demonstra o descaso do poder público local com o erário público, além de desrespeito ao descumprir as prioridades aprovadas na Conferência Municipal de Saúde de 2017, com homologação da Resolução n.º 441/2018 do CMSBH que deliberou o Plano Municipal de Saúde de BH ainda em curso, documento homologado pelo próprio Poder Executivo Municipal.(CMS).

SITUAÇÃO NO BRASIL   

A situação preocupante das mulheres grávidas no Brasil durante a pandemia se tornou evidente em uma pesquisa, divulgada em julho de 2020, ao acompanhar a mortalidade materna. O estudo publicado no International Journal of Gynecology apontou que, entre fevereiro de 2020 quando foi registrado o primeiro caso no país de Covid-19 no Brasil, e junho do mesmo ano, 124 gestantes e puérperas morreram em decorrência do novo Coronavírus no Brasil — o que corresponde a 77% dessas mortes no mundo.

Segundo pesquisas realizadas pelo Observatório obstétrico e lançada recentemente, desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) internadas com Covid-19 não tiveram acesso à UTI e 33,3% não foram intubadas, recurso terapêutico importante para os casos graves da doença.

VENDA NOVA É UMA REGIÃO COMPOSTA POR MAIORIA DE 

MULHERES NEGRAS USUÁRIAS DO SUS.

CMS, REHUNA , MOVIMENTO LEONINA LEONOR É NOSSA 
EM JANEIRO DE 21, DENTRO DAS DEPENDÊNCIAS 
DA MATERNIDADE DESTRUIDA  

 Venda Nova é uma Região/Distrito que compõem o Vetor Norte da Capital mineira e, onde estar localizada a Maternidade Leonina Leonor Ribeiro.  A composição populacional da região de Venda Nova é formada por maioria de mulheres, chefes de famílias, em idade reprodutiva e com baixa renda.

A mortalidade materna e neonatal tem maior prevalência entre mulheres das classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais.

Em 2020, pesquisadores, especialistas e representantes da área de saúde do Brasil, já cobravam a falta de dados sobre mulheres negras vítimas de Covid-19 nas Capitais.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo atendimento de 80% da população negra.

Entre o grupo de mulheres que compõem a população total da Região de Venda Nova e de todo o Vetor Norte, as mulheres negras estão em maioria.  

Temos observado uma falta de transparência nas informações das estratégias de combate à mortalidade de mulheres por Covid-19 na idade reprodutiva, bem como, transparência dos dados de mortalidade materna na Capital mineira.

A maternidade Leonina Leonor predispunha ter uma equipe preparada ao parto humanizado, com UTI Neonatal estruturada, livre de internação proveniente da COVID-19.

No portal de boas prática da FIOCRUZ – Boletim Epidemiológico n.º 20/MS (Maio, 2020) Mortalidade Materna no Brasil, consta em destaque:

Os primeiros dados sugerem que gestantes/puérperas estão passando por quadros mais graves de COVID-19 na segunda onda da pandemia do que foi observado na primeira onda. No entanto, a verdadeira causa desta mudança ainda não está clara. Maiores estudos são necessários para se definir se a emergência de novas variantes podem estar relacionadas à esta tendência e se as políticas públicas de saúde devem ser modificadas para aumentar a proteção de mulheres grávidas”. (https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/as-gestantes-foram-mais-afetadas-pela-segunda-onda-da-pandemia/)

A maternidade Leonina Leonor poderia, se, estivesse, funcionando, estar, cumprindo um papel fundamental de atenção as grávidas e puérperas não infectadas neste período de pandemia.

O parto normal ainda é a melhor opção para todas as mulheres.

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