terça-feira, 2 de maio de 2023

Violência obstétrica, precisa estar prevista na legislação federal do Brasil.

 Pôr Mônica Aguiar 

Para este reconhecimento deve-se considerar as assimetrias deste tipo de violência na saúde, as práticas que levam as transgressões aos diretos sexuais e direitos reprodutivos durante a gravides, parto e período puerperal e as possibilidades de colocar a vida social, psicológica e saúde da mulher em risco ou com sequelas irreversíveis.

É muito comum encontrar definições subjetivas e lista reduzida dos cognominados agravos que provocam a violência obstétrica na linha de violências acometidas de forma verbalizada:- sofrimentos psicológicos à gestante, ofensas verbais e tratamento agressivo, dentre outros,  

Na minha avaliação, a violência obstétrica estar relacionada ao crime de gênero. As práticas e condutas ilegais que configuram o crime de violência obstétrica, ferem os direitos humanos das mulheres e meninas, autonomia sobre o corpo e provocam óbitos precoces durante as várias etapas de vida da mulher.

Tenho encontrado várias definições com tipificações sobre o tema e agora, se faz necessário ampliar os olhares, considerar e aprofundar o abismo existente da violência obstétrica que provocam agravos, e que, violam os direitos humanos condizendo a métodos criminais.

E minhas afirmações, além dos estudos aqui apresentados estão baseadas em relatos de adolescentes e mulheres em sua ampla maioria negras, residentes nas periferias de Belo Horizonte, que se predisporiam a romper com a barreira do medo e “contar”. Esta escuta pessoal, foi realizada de forma voluntária no ano de 2020, em função da relevância do tema e aumento de mortes maternas no Brasil.

Não tenho a menor dúvida que a violência obstétrica, além da inegável destruições que causam na vida pessoal de uma mulher, provocam impactos na vida social, produtiva e econômica das mulheres e também de Governos. O aumento das despesas médicas e legais, impactam o orçamento dos programas governamental, sociais, assistenciais e previdenciário e no desenvolvimento econômico e produtivo de um país.

Com isto, devemos considerar todas as assimetrias dos impactos que a violência obstétrica provoca na vida das mulheres.

Estudo recente que envolveu mais de 24 mil mulheres, apontou que mulheres que sofrem com a violência obstétrica tem seu aleitamento comprometido na maternidade e traz repercussões a longo prazo. A pesquisa já havia apontado que 44% sofreram algum tipo de violência obstétrica. Este achado é de um estudo inédito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

 Mulheres que sofrem violência obstétrica têm menos chance de sair da maternidade amamentando exclusivamente e de manter o aleitamento a longo prazo. Entre aquelas que tiveram parto vaginal, o impacto é ainda maior e pode se prolongar por até seis meses”.

Conforme a pesquisadora Tatiana Henriques Leite, professora da UERJ em uma entrevista na revista Metrôpoles: “Há poucos estudos sobre o tema e menos ainda explorando as consequências dessa violência, tanto para a mulher quanto para o recém-nascido”.

“Segundo a autora, um dos problemas é a própria definição de violência obstétrica: embora muita gente a associe com abusos físicos ou sexuais, o termo é bem mais amplo e engloba violência psicológica, desrespeito, falta de informação, de comunicação, de autonomia e até de privacidade no contato com a equipe médica, além da falta de acesso a recursos a que a mulher tem direito”.

ESTUDOS

Como os meus passos, vem de longe, fui a procura na internet sobre assuntos que discorrem sobre a violência obstétrica e estratifiquem os dados a partir das condições territoriais, socioeconômica e de cor/raça. 

Encontrei alguns estudos. O que me chamou a atenção:  RAÇA E VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO BRASIL”, de kelly Diogo Lima, publicado em 2016, constante na arca da FIOCRUZ.Objetivou-se comparar as características sociodemográficas de mulheres segundo cor/, com foco nas mulheres negras e analisar os tipos mais comuns de agressões a elas infringidas na assistência ao parto pelo Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo transversal de base populacional, com dados provenientes da pesquisa Rede Cegonha do Ministério da Saúde”. No estudo, foi observado os piores indicadores sociodemográficos nos grupos de pardas, negras e indígenas se comparadas as mulheres de cor/raça branca.  As violências mais comuns foram a episiotomia, a manobra de Kristeller e o impedimento de um acompanhante no momento do parto. No estudo, houve um excesso de mulheres de cor parda que referiram ter sofrido toques vaginais repetitivos. Conclui-se que, muitas das intervenções usadas na rotina de um parto são desnecessárias ou mesmo prejudiciais à mulher, sendo assim, violentas. Desta forma, é necessário que haja uma maior discussão sobre um modelo de assistência ao parto que se paute em um maior protagonismo da mulher, nos seus desejos e nas suas histórias de vida. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18547

Ao dar prosseguimento a minha navegação, encontrei outro estudo, recentemente publicado: “A violência obstétrica e os danos à saúde psicológica da mulher”.   No artigo fundamentado em pesquisas bibliográficas referentes a violência obstétrica, assinados por Aléxia Fortes, Ana Paula e Evelyn Sofia e apresentado no XIX Encontro Científico Cultural Insteristitucional em 2021, que abordou sobre os danos da violência obstétrica diante da saúde psicológica das mulheres apontam em seu resumo varias asseverações de conceitos:   

 A violência obstétrica é caracterizada por ações que violam o direito das mulheres durante a gestação e principalmente no pré e pós parto, a mesma constitui-se como ações que apropriam-se do corpo da mulher de forma desumanizada, como por exemplo, uso de episiotomias, ocitocina sintéticas e manobras de kristeller, além de humilhações e omissões”.

VEJA ARTIGO : https://www2.fag.edu.br/coopex/inscricao/arquivos/ecci_2021/18-10-2021--16-24-38.pdf

........Observa-se que a violência obstétrica vem aumentando cada vez mais, no entanto, é algo que ainda não é do conhecimento da sociedade, uma vez que esta violência está presente em nossa cultura sendo algo desvalorizado, impactando com danos na saúde física, mas principalmente psicológica da mulher. Contudo, conclui-se que a saúde psicológica da mulher é a mais afetada, causando traumas, pânico, depressão, ansiedade, medo, angústia, insegurança e entre outros aspectos emocionais que prejudicam seu funcionamento, sendo assim, nota-se a necessidade da Psicologia dentro do contexto hospitalar e também na saúde para que auxilie na orientação dos profissionais, da mesma forma que no acolhimento da mulher, como uma maneira de prevenção possibilitando informações sobre os direitos das mulheres.....

Outras pesquisas apontam para o número de casos de violência obstétrica durante o parto. Independente de ser vaginal ou cesária, os abusos são constantes e por diversas razões não existe interesse para serem divulgados à sociedade, ou, para fazerem parte do pacote de temas de provocam o debate e impactam a sociedade. 

A violência obstétrica é um agrupamento de maus tratos, sejam eles físicos, psicológicos ou verbais à mulher em trabalho de parto, além da prática de procedimentos que não são necessários e invasivos, como por exemplo, as episiotomias, restrições de leitos no pré-parto, tricotomia, ocitocina sem nescessidade,  ausência de acompanhamento  e de informações e constragimentos . (A volência obstétrica e os  danos à saúde psicológica da mulher)”.

Dentre estas, acrescento. Ocitocina sem necessidade; ausência de acompanhantes; constrangimentos: morais, racial e religiosos; baixa assistência primária e obstétrica; privação de anestesia; fechamento das penas; pontos extras e laqueaduras sem consentimento da paciente, dentre tantas violações.

O parto no Brasil a um bom tempo se tornou de responsabilidade hospitalar. Com isto, para cada assimetria apontada nos direitos sexuais e reprodutivos, consequentemente uma implicação, em sua maioria, irreversível na vida das mulheres.  

MORTES MATERNAS E CESÁRIAS

 Em um estudo nacional realizado pela IMS (2021) mostra que em 2011/12 houve uma taxa de 56,6% de brasileiros que nasceram por meio da cesariana pelo SUS, porém na rede privada a frequência é ainda maior, com um percentual de 90%. Em relação à ocitocina administrada para indução ou aceleração do processo, há 36,4% de mulheres que foram submetidas a esse medicamento sem necessidade, logo, 39,1% sofreram amniotomia. Em relação às mulheres que tiveram um parto "normal", 36,1% foram submetidas a manobra de kristeller e 53,5% sofreram episiotomia. Em vista disso, a violência.

No artigo “ No Brasil das cesáreas, falta de autonomia da mulher sobre o parto é histórica”, punblicado pela FIOCRUZ em 2021,  destaca influência de fatores médicos, legais e religiosos na disseminação do parto cirúrgico.

Neste artigo, encontrei dados que colocam o Brasil como o, pais com a segunda maior taxa de cesária do mundo e com indicativo a normalização e naturalização da cesária. Com isto, os índices de mortes maternas evitáveis e a violência obstétrica só crescem.  

Entre 2016 e 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Brasil assinou a meta global de reduzir a mortalidade materna para menos de 70 por cada 100 mil nascidos vivos.

As mortes maternas no Brasil refletem as desigualdades no acesso aos serviços de saúde pública e privada, destacam as desigualdades existentes entre negros e não negros, com agravamento maior a depender da faixa territorial que residem.  Na ampla maioria destes territórios não existem profissionais qualificados para atenção ao parto e ao nascimento. 

 No Brasil, aproximadamente 55% dos partos realizados no país são cesáreas. É a segunda maior taxa do mundo, atrás apenas da República Dominicana. Se considerarmos a realidade no sistema privado de saúde, a proporção pula para 86%. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a taxa ideal de cesarianas deve estar entre 10% a 15% dos partos”.

O número de cesárias recomendadas e aconselhadas também tem aumentado significativamente nas regiões mais pobres e entre as mulheres jovens.

Quando não existe risco de vida para a mamãe e o bebe, a escolha do parto deve ser baseada no histórico de saúde da paciente, na vontade da gestante em ter o parto humanizado, mais tranquilo possível, livre de quaisquer forma de violências, aconselhamentos e práticas carregadas de valores patriarcal, racial, moral e religioso.  

A cesária sem indicação ou por escolha da mãe podem  levar à prematuridade fetal, acarretando ao bebê problemas respiratórios, dificuldades para manter a temperatura corporal e para se alimentar.

Um estudo liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) sugere que partos cesáreos podem estar associados ao maior risco de mortalidade na infância, com exceção dos casos que uma indicação médica seja clara sobre o procedimento cirúrgico conhecido popularmente como "cesariana".(FIOCRUZ 2021)

As taxas de parto cesáreo têm aumentado, porém, as pesquisas ainda não chegaram a um consenso científico se este aumento tem sido impulsionado pela preferência materna ou por indicações médicas.

Entre os relatos ouvidos por mim, das grávidas que fazem o pré-natal levam a concluir que a maioria das indicações para cesária são dadas em atendimentos do corpo técnico que fazem o acompanhamento do pré-natal das gestantes nas unidades de saúde básica pública como também no setor privado. 

A cada hora, uma mulher perde a vida devido a complicações na gravidez, no parto ou no pós-parto, a grande maioria delas evitáveis.

Nestes últimos 4 anos, centenas de mulheres morrem por complicações na gravidez, parto e pós-parto.

Pressão alta, sangramento intenso e complicações decorrentes de abortos inseguros são causas mais comuns. No entanto, nove em cada dez dessas mortes são evitáveis ​​por meio de atendimento de qualidade, acesso à contracepção e redução das desigualdades no acesso aos cuidados.

O Brasil teve um aumento de 5,4% no número de mortes materna nos últimos vinte anos. O dado é de um estudo publicado, em Genebra, Suíça, pelas Nações Unidas e o Banco Mundial. Subiu para 72 óbitos para cada cem mil habitantes em 2020. Na média de todos os países, houve queda de 34% nas últimas duas décadas. (EBC).

ENEFICÁSSIA DO ESTADO EM GARANTIR OS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS LIVRES DE VIOLAÇÕES, CRIMINALIZAÇÃO E  VIOLÊNCIA.

 O Brasil teve que assumir obrigações internacionais com relação aos direitos da mulher, dentre elas, tomar medidas para implementação dos direitos humanos sexuais e reprodutivos.

Em 1993, a II Conferência Internacional de Direitos Humanos (Viena), a   Conferência Internacional da ONU sobre População e Desenvolvimento (CIPD) em 1994, o Comitê da Convenção sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Comitê CEDAW), o Comitê do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos Sociais e Culturais (Comitê PIDESC), marcam a luta das mulheres ao exigir do Estado brasileiro a atenção devida aos temas que afetam direta e especificamente a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

Como resultado desta batalha travada pelas mulheres brasileiras, passos foram dados e proporcionaram algumas conquistas como: - O Programa de Atenção à Saúde Integral das Mulheres (PAISM), as políticas de atenção à feminização da epidemia de Aids, elementos da estratégia Rede Cegonha, entre outros. A Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento do Ministério da Saúde, instituição e complementações em várias legislações em diferentes esferas no Brasil.

Com a intensificação da luta pela liberdade e autonomia incoercível de decidir sobre os próprios corpos, a pauta da saúde sexual e saúde reprodutiva foram se intensificando. É objeto de resistência direta, por parte legisladores, judiciário e da sociedade que se colocam como capazes de criminalizar as mulheres utilizando aparelhos do Estado, principalmente quando as decisões implicam em aborto seguro, aborto legal, parto humanizado, violência obstétrica e união entre pessoas do mesmo sexo.

O Estado brasileiro é coordenado e governado por maioria de homens. Com isto, confrontos com grupos políticos, partidos, legisladores, membros da segurança pública e judiciário sobre estes temas são evitados.

Fecham os olhos, tapam os ouvidos, permitindo que direitos sejam violados. Direitos estes ratificados pelo próprio Brasil, garantidos nos tratados internacionais, de proteção dos direitos humanos e nos que protegem os direitos humanos:-  à saúde sexual e reprodutiva da mulher, direitos humanos à liberdade, autonomia, vida privada, integridade física e psicológica. 

PROJETOS DE LEIS QUE TRATAM DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

O Brasil assumiu várias responsabilidades ao assinar e pactuar tratados e convenções, porém Governantes se sentem com liberdade em não cumpri-los.  Se sentem livres para utilizar as estruturas do Estado brasileiro para manutenção de violências e violações a diretos constitucional e humanos das mulheres.

Eu considero algumas medidas e tomadas de decisões como avanços, diante as complexidades moral e religiosa dentro das questões políticas no Brasil. Esforço dos poucos grupos progressistas e de esquerda com poder. Reconhecem o prejuízo político que traz a interferia de religiosos, ante abolicionistas e moralistas tradicionais na vida administrativa do Brasil. Alguns Governantes até conseguiram dar um furinho neste entrelaçado que operam com sentimentos das pessoas e que sustentam o racismo e o patriarcado. 

Muitos Estados, tem Leis que tratam da violência obstétrica, porém muitas não preveem punições, outros não utilizam a expressão "violência obstétrica". Outros, as legislações tratam da humanização do parto e práticas recomendadas e não indicadas. (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina, Tocantins, Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo).

Existe um Projeto de Lei tramitando na Câmara Federal, o PL 422/23 de autoria da deputada Laura Carneiro (RJ). Este projeto inclui violência obstétrica na Lei Maria da Penha e união, estados, Distrito Federal e municípios. E estes deverão promover políticas públicas integradas para prevenção e repressão da violência obstétrica. 

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2253464 

Na Câmara, já tramitam outras propostas visando coibir a violência obstétrica, como os projetos de lei 7867/17 e 8219/17, que estão apensados ao PL 6567/13, do Senado, que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a oferecer à gestante parto humanizado

 

FONTES DE PESQUISAS INFORMATIVASOPAS - Organização Pan-Americana da Saúde / Ministério da Saúde /Jusbrasil / Sobef /Câmara/ EBC/ Folha/UOL/GELEDES/ POLETIZE/GLOBO  

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Conferência Livre Nacional de Saúde da População Negra . Rumo à 17ª Conferência Nacional de Saúde

 Por Mônica Aguiar 

No dia 13 de maio acontecerá uma das etapas preparatórias para a 17ª Conferência  Nacional de Saúde "A Conferência Livre Nacional de Saúde da População Negra". 

Com o Tema Garantir Direitos, Defender o SUS, a Vida e a Democracia. "Amanhã será Outro Dia", a Conferência Livre de Saúde da População Negra estar, sendo coordenada por Pai Celso de Osogiyan e por uma comissão geral composta por representantes de todos os Estados brasileiro:-pesquisadores, intelectuais, gestores, profissionais de saúde, lideranças de diferentes movimentos sociais e de religiões afro-brasileiras, dedicados à implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra  (PNSIPN) em seus territórios.

As Conferências Livres possibilitam a ampliação da participação social para os debates e para a formulação de propostas em torno do tema central da 17ª Conferência Nacional de Saúde  e, não competem ou substituem a realização das conferências das etapas municipais e estaduais, somam-se.

Todas as Conferências de saúde são espaços de diálogos entre governos e sociedade para a construção das políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS), acontecem a cada quatro anos. É agora que os Planos de Saúde são aprovados para desenvolvimento da política e ações específicas. 

Cabe aos Conselhos Municipais e Estaduais fiscalizar os recursos e a implementação de todas as políticas e ações da saúde pública. 

Demandar dos Governantes e gestores de saúde que as propostas aprovadas nas Conferências façam  parte do Plano  plurianual e anual de saúde, buscando o ajustamento às necessidades e possibilidades da população a partir da compreensão de suas vulnerabilidades e reconhecimento do racismo como determinante social em saúde. 

Considerar as especificidades e necessidades territoriais, situação socioeconômicas de cada pessoa,  a fim de cumprir com os princípios e diretrizes do SUS  estabelecidos na Lei 80080/90: universalidade de acesso; integralidade de assistência; autonomia das pessoas;  igualdade/EQUIDADE; direito e divulgação de informação; participação da comunidade; descentralização político-administrativa; regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; ações de saúde através do meio ambiente e saneamento básico; dentre outros...

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra é um importante mecanismo para que o Ministério da Saúde assuma as necessidades de promoção da saúde integral da população negra no enfrentamento ao racismo institucional no SUS, com vistas à superação das barreiras estruturais e cotidianas que incide negativamente nos indicadores de saúde das pessoas negras – precocidade dos óbitos preveníveis e previsíveis, altas taxas de mortalidade materna e infantil, maior prevalência de doenças crônicas e infecciosas e altos índices de violência provocando forte impacto na morbimortalidade.

A Conferência Livre Nacional de Saúde da População Negra acontecerá de forma híbrida, no dia 13 de maio, elencará propostas do âmbito nacional e elegerá pessoas delegadas à 17ª Conferência Nacional de Saúde que acontecerá em julho de 2023. 

Uma das perspectivas que observo, apontadas com grande relevância, estar em fazer análise conjuntura política do SUS diante os retrocessos ocorridos nos últimos quatro anos no Brasil.  Avaliando as medidas tomadas pelo Ministério da Saúde no Governo anterior, que contrariaram os princípios do SUS e que retrocederam com a equidade, distanciando o diálogo Interfederativo e com o Conselho Nacional de Saúde(CNS).  

“Uma lista com os endereços das atividades presenciais nos diferentes estados deve ser publicada pela Aliança Nacional Pró-Saúde da População Negra nos próximos dias”.

O número de inscrições, pré-inscrições e de pontos inscritos para conferências híbridas nos Estados ultrapassaram todas as expectativas.  A minha avaliação que não seria diferente, diante a bela organização e pelo tamanho e representações sociais  da população negra em todo o território do Brasil.

Diante ao número grande de inscrições on-line, o Coordenador Pai Celso de Osogiyan comunica publicamente:  

Querides, é com muita satisfação que informamos que o elevado número de interessades na Conferência Livre Nacional de Saúde da População Negra nos pegou de surpresa. Atingimos, na ultima segunda feira, mais de 500 inscrições. Com isso e com o objetivo de conseguir acolher a todes, ontem precisamos encerrar o link e agora reabriremos link com pré-inscrição para a CNL de Saúde da População Negra até o dia 13/04/2023. A organização do evento segue em articulações para conseguir, junto as parcerias, acolher presencial  ou virtualmente o maior número  possível de interessades”. 

Outras informações sobre a Conferência livre de Saúde da População Negra Vc pode encontrar no SITE : Aliança Pró-Saúde da População Negra .

quarta-feira, 22 de março de 2023

Nós, Negras e Negros somos livres?


 21 de março, de 2023!

Por Mônica Aguiar 

Quando paro para pensar em todas as denúncias de racismo que acorreram nos últimos anos, e, a dimensão que as práticas racistas tomaram nas redes sociais, consigo perceber como é ampla e expressiva esta parcela produtora e sustentadora de atos e ações institucionais racistas no Brasil. 

Explicitas, reafirmam as mazelas da escravidão e dão sustentação as desigualdades raciais. Revelam-se, sem o menor constrangimento, todos os níveis de desumanização, preconceitos, discriminações, intolerância e de violência.

Em qualquer parte do Brasil, entre quaisquer seguimentos e classe social, existem discípulos do racismo.

Na sociedade brasileira, os negros e as negras sempre foram destituídos(as) do acesso aos bens sociais e fundamentais, forçados a integrar-se no processo de aculturação eurocêntrica, ressaltando o caráter miscigenador: um povo mestiço, misturado, de várias cores e “padrões”.   Forçado a atender os sentidos da subserviência. Tolerante a tudo, passivo. 

O mito da democracia racial institucionalizado, provavelmente ainda é um dos mais poderosos mecanismos ideológicos de dominação já produzidos no mundo.

A assertiva delatada repetida vezes por militantes dos movimentos negros e mulheres negras, sobre genocídios, desigualdades sociorracial, sempre apontaram para tais “camuflagens” existentes. E sobre as implicações das assimetrias do racismo brasileiro.

Quando estratificamos cor/raça nos índices de desempregos, desigualdades nas relações salariais; condutas institucionais; acesso ao desenvolvimento econômico do país, fortunas e identidade étnica; acesso aos programas sociais e de saneamentos básicos; infraestruturas; acesso aos equipamentos:- da saúde, educação, comunitários, justiça e da política, percebemos o tamanho do fosso e onde estar concentrado o povo negro na piramide das desigualdades.     

E mesmo com todos os paralelos históricos de resistências manifestados nas batalhas das pessoas negras: fim da escravidão, liberdade, cidadania, identidade étnica racial, valorização e inclusão da mão de obra, combate as todas as formas de violências, resgate da história, reintegração das nossas terras, dentre tantos. Somos alvos diretos das conjunturas políticas em curso no Brasil.

Neste quadro de perdas das poucas e recentes conquistas, as mulheres negras e jovens negros sofrem duplamente com ataques racistas. Muitos invisibilizados e naturalizados nos meios de comunicações.  

Várias datas marcam a história de nossa resistência, e abominação ao racismo. Uma delas instituída em 1960, de 21 de março, pela ONU. A razão? Em memória do Massacre de Shaperville, ocorrido na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Onde 20.000 negros que protestavam pacificamente, contra a Lei do Passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular. O exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foram 69 mortos e 186 feridos.

Sendo, a instituição da data do 21 de março - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, tem 63 anos. 135 anos da abolição da escravatura.

Eu digo que desde 1831 o Brasil tem feito vistas grossas as Leis e Tratados que sucedem a promover as reparações. Os padrões civilizatórias não podem ser norteados pelo Estado brasileiro por medidas paliativas.  

O caminho para alcançar a liberdade e cidadania para o povo negro é muito longo e inseguro.

Fontes referências: Todamatéria /mundoeducação/Aacademica

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

O SUS, SAÚDE SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA DAS MULHERES

 Por Mônica Aguiar 

O SUS sempre contou com a contribuição dos movimentos de mulheres feministas para se concretizar.

Do ano que o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) foi criado  até o presente momento, são as mulheres que se destacam ao colocar o dedo na ferida dos paradigmas preconceituosos e discriminatórios, chamando a atenção da sociedade para a importância de restabelecer corretamente os conceitos científicos  e não os moralistas que interferem diretamente na vida sexual e reprodutiva das mulheres. 

Dentro de todos as aspectos e consequências, destaco os que causam impactos direto na vida das mulheres e da sociedade: inúmeras esterilizações de mulheres sem conhecimento e autonomia para o  consentimento devido principalmente entre as mulheres negras; colocação  de chip anticoncepcional, laqueaduras e ligaduras de trompas em grande escala em mulheres negras classificadas em situação de vulnerabilidade; altos números de mortes maternas;  violências obstétricas; não interrupção legal da gravidez; indicação desnecessárias de cesárias e as assimetrias raciais.

É necessário o reconhecimento que a mulher é cidadã com direitos e somos muito mais, que um objeto com função reprodutiva. Porém, é justamente na vida reprodutiva e sexual que o estado promove interferência direta não permitindo que as mulheres sejam donas de seus corpos e decisões.

“As divisões raciais geram uma desigualdade de alocação ou acesso à estrutura de classes e esta, por sua vez, condiciona os padrões de saúde e doença da população. Na condição de variável antecedente, raça pode ser pensada como tendo um papel "pré-fundamental" na constituição da desigualdade socioeconômica de saúde”. (Publicação de José Alcides Figueiredo Santos, 2011, Desigualdade racial de saúde e contexto de classe no Brasil ).

Quando medirmos as especificidades considerando fatores sociais, territoriais, perceberemos que ainda falta muito para avançar nas propostas de saúde das mulheres negras nas políticas e programas de saúde.

Vamos cuidar do útero, mas vamos, além disso”, exclama Jurema Werneck, ex-vice-presidente do Conselho Nacional de Saúde, fundadora e foi  coordenadora da ONG Criola, hoje representa o Brasil na Anistia Internacional. (PenseSUS 2014) .

Além das questões relativas ao aborto e maternidade, os movimentos de mulheres defendem que as políticas de saúde devem passar pela defesa da integralidade na percepção dos condicionantes de saúde considerando as distintas características raciais, territoriais, culturais, sociais, religiosas e econômicas.

No artigo publicado pela COFEN em 2020,“Como o movimento de mulheres contribuiu para construção do SUS”, encontro as seguintes afirmações:

Ainda não tinha um conceito de gênero bem desenvolvido, mas sob essa influência feminista, nos vocaliza, por meio dessa política, uma forma de a saúde tratar a mulher para além da função reprodutiva. A ideia de integralidade – um dos pilares do SUS com a universalidade e a participação social — nasce no PAISM. É a primeira vez que falamos de integralidade. Somos nós mulheres que dizemos ‘não queremos ser atendidas de forma fragmentada’. Queremos ser atendidas como sujeitos complexos, que reproduzimos, trabalhamos, sofremos doença crônicas, temos questões de saúde mental.  Somos muito mais do que parir. Somos violentadas, assassinadas. Somos lésbicas, hétero. Somo múltiplas e complexas.

Outra questão que as violações dos direitos reprodutivos das mulheres tem provocado aumento significativo de mortes maternas, tornando um grave problema de saúde pública no Brasil.

Para Clarissa Carvalho, do Movimento pela Humanização do Parto e do Nascimento, a violência obstétrica  é a maior forma de discriminar uma mulher nos serviços de saúde, sejam eles públicos ou privados. “De forma bem ampla, podemos falar em procedimentos que são rotina nos hospitais e que são ou ineficazes ou pouco eficazes, mas que causam dor, desconforto ou constrangimento. Uso indiscriminado da versão sintética da ocitocina (hormônio que estimula as contrações uterinas), proibição de comer e beber durante o trabalho de parto, realização de episiotomia (corte cirúrgico da região do períneo para ampliar o canal de parto) de rotina, exames de toques constantes, são alguns exemplos de práticas abusivas e sem respaldo científico que costumam ser feitas em parturientes sem sequer pedir consentimento.”(Pense SUS 2014)

As diretrizes e prioridades estabelecidas pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, não tem sido cumpridas em dezenas de municípios, principalmente nas Capitais do Brasil. 

Muitos Programas, assistências e instrumentos diretamente ligados a saúde das mulheres, que dispunha fazer a  transversalização dentro do SUS, com  demais politicas públicas, foram extintos.

A falta de interesse e resistência com os direitos sexuais e direitos reprodutivos estão demostrados nas ações de Gestores que:- negam dentro da saúde pública a existência do racismo, do machismo, das múltiplas formas de violências; com a destruição de equipamento público como ocorreu em Belo Horizonte com a Maternidade Leonina Leonor Ribeiro;  diminuição de leitos em hospitais gerais com maternidade; falta de testagem de gestantes para o HIV e sífilis; não oferta de atendimento odontológicos; aumento de mortes maternas e de violência obstétrica; descaso no atendimento; diminuição de profissionais na atenção primaria (pré-natal); dificuldades encontradas para se vacinar no período de COVID e dentre tantas violências que comprovam o não reconhecimento dos direitos humanos das mulheres e meninas como fundamentais.

 “Nascer e morrer são verbos dolorosos para mulheres negras”. Entre o nascimento e a morte, porém, as mulheres negras enfrentam ainda uma série de outras violações que vão da infância à vida adulta e permeiam todas as esferas que se possa imaginar( Fabiola Ferraz,2017)

O Brasil firmou compromisso de diminuir os números de mortes maternas até 2030, nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Assim se faz necessário que o Brasil mude seu conceito organizacional. Que busque a adoção de boas práticas que combata o racismo  estrutural existente. 

É preciso pactuar e repactuar entre interfederativos medidas que garantam o  compromisso do país com as multiplicidades culturais, econômicas e composições populacional existente dentro de cada território, enfrentando todos os atos racistas, preconceituosos e discriminatórios.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

REPRESENTAÇÃO DE MULHERES e NEGROS NA GESTÃO LULA

 
Por Mônica Aguiar  

Desde a redemocratização, em 1985, 38 mulheres foram nomeadas ministras de Estado ou secretárias com status de ministras. O Presidente eleito, Luiz Inácio Lula, acaba de nomear onze ministras, proporcionando um marco histórico ao chegar em 48 mulheres desde a redemocratização. É o maior número de mulheres em ministérios da história do país. E pela primeira vez na história do Brasil o Ministério da Saúde e Esportes serão comandados por mulheres.

Pela primeira vez no Brasil, uma indígena Sônia Guajajara Araribóia, assume como Ministra. 

Um levantamento feito pelo Alma Preta em (02/01/23) para saber qual  o número de ministros negros no alto escalão, conseguiram detectar em sites oficiais, por autodeclarações, que 10 Ministros se autodeclaram negros e pardos. Sendo:- Anielle Franco, Carlos Luppi, Flávio Dino, Juscelino Filho Luciana Santos, Margareth Menezes, Marina Silva, Silvio Almeida, Rui Costa, Waldez Gões.

A partir desta pesquisa, podemos considerar que Lula se torna o Chefe de Estado com maior número de negros e negras indicados no alto escalão do Governo federal. 

Na minha avaliação, as indicações se tornam um marco reparatório para desconstruir o formato dado na sociedade onde sempre privilegiam brancos no primeiro escalão do Governo Federal, excluindo completamente negros e indígenas da participação em cargos com indicação e nomeação por tomada de decisão política.

No primeiro governo Lula, em 2003, foram nomeadas cinco ministras: Marina Silva (Meio Ambiente); Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social); Dilma Rousseff (Minas e Energia); Matilde Ribeiro (Secretaria de Igualdade Racial); Emília Fernandes (Secretaria de Políticas para Mulheres). Mulheres conhecidas nacionalmente pela experiência técnica e atuação política, aproximação e diálogo permanente com a militância de mulheres e seus seguimentos na sociedade.

A participação de mulheres no atual governo foi uma das promessas de Lula durante a campanha eleitoral, ainda que as mulheres que apoiaram Lula desejasse a paridade total nos cargos, para contrapor pensamentos e ações discriminatórias e racistas do grupo negacionista de Jair Bolsonaro  atuou para para deturpar os verdadeiros objetivos das políticas de gênero, saúde das mulheres nos direitos sexuais e reprodutivos, saúde materna, direitos humanos e combate ao racismo.

A extinção de várias políticas específicas e ações afirmativas para a população: — feminina, negra e indígenas implantadas por Lula e Dilma, proporcionou um aumento significativo de múltiplas formas de violências contra mulheres e grupos LGBTQI+ entre 2019 e 2022. 

É inegável que a dada composição é um importante avanço. Porém, este marco está bem longe da paridade, e das reparações aguardada pelas mulheres e principalmente pelas mulheres negras. São menos de 30% de representação ministerial. As mulheres no Brasil representam mais de 51% da população brasileira e sua ampla maioria é composta de mulheres negras. Lula obteve cerca de 53% dos votos femininos para se eleger.

Apesar de alguns Ministros não atuar em conjunto com as notórias entidades organizadas do Movimento negro e Movimento de mulheres que: pautaram historicamente o racismo e machismo na sociedade brasileira, que desnudou a hipocrisia da democracia racial para o mundo, que denunciou ao mundo as desigualdades raciais e suas mazelas, EU espero que os direitos humanos das mulheres e meninas negras sejam pautados com o devido respeito, seja transversalizado sem recorte, em todos os ministérios. Afinal, somos a maioria da população brasileira.

Sei que enfrentar o racismo sistêmico não é uma tarefa fácil, nem para o Presidente Lula. Mas é fundamental que demais Ministros, tenham compromissos de dirimir as desigualdades existentes entre homens e mulheres, não negros e negros.

É imprescindível que todos os Ministros garantam a presenças de mulheres negras nas principais estruturas hierárquicas dos Ministérios, secretarias e órgãos com status ministeriais: Educação, Justiça e Segurança Pública, Fazenda, Casa Civil, Relações Exteriores, Relações Insitucionais, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Trabalho e Emprego, Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União, Direitos Humanos e Cidadania, Portos e Aeroportos, Secretaria-Geral da Presidência da República, Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Agricultura e Pecuária, Previdência Social,  Defesa, Pesca e Aquicultura, Comunicação Social, Segurança Institucional, das Cidades, Integração e Desenvolvimento Regional, Transportes, Minas e Energia, Comunicações e Turismo.

Embora algumas Ministras declara não pertencer a partido algum, estão dentro do leque político de indicações. As que declaram estar dentro de um partido, estão no (PT, União Brasil, Rede, MDB, PSOL e PCdoB).

Para engrossar esta lista de mulheres com comando no Governo Lula, Fernando Haddad(PT), Ministro da Fazenda deu o primeiro passo em prol da igualdade. Indicou nomes de duas mulheres para comandar o Banco do Brasil com Tarciana Medeiros e a Caixa Econômica Federal com Rita Serrano. Para o Banco do Brasil nos seus 200 anos, e que nunca uma mulher chegou a sua presidência é uma decisão importante e reparatória.

Vejam quem são das


Ministras :

  • Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial;
  • Ana Moser, ministra do Esporte;
  • Cida Gonçalves, ministra das Mulheres;
  • Daniela do Waguinho, ministra do Turismo;
  • Esther Dweck, ministra da Gestão;
  • Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia.
  • Margareth Menezes, ministra da Cultura;
  • Marina Silva, ministra do Meio Ambiente;
  • Nísia Trindade, ministra da Saúde;
  • Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento;
  • Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas;


Fontes: Alma Preta, G1, DP,Folha,Diario de Pernambuco

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