Por Mônica Aguiar
A vulnerabilidade econômica entre
as mulheres negras é uma questão complexa e multifacetada que reflete
desigualdades históricas. No Brasil, as mulheres negras enfrentam diversas
dificuldades de acesso a oportunidades econômicas, devido ao legado do racismo
e do patriarcado que permeia o sistema politico, estruturas de governos e
econômicas.
É notório e estou percebendo a
naturalização por parte dos poderes ao avaliar as posições de trabalho
informais ou de baixa remuneração, com menos acesso a benefícios como licença
maternidade e aposentadoria das mulheres negras.
As mulheres negras enfrentaram
barreiras adicionais devido ao racismo, sendo frequentemente relegadas a
trabalhos mal remunerados e sem direitos trabalhistas.
A maldita herança histórica
contribuiu para a manutenção das desigualdades econômicas e sociais, onde a
maioria ainda ocupa os degraus mais baixos da escala econômica. A falta de
acesso aos direitos fundamentais continua a ser um obstáculo significativo, que
reforça o ciclo de pobreza e exclusão.
Esta desigualdade econômica, onde
a ampla maioria são mulheres negras já deveria ter sido encarrada pelo Brasil
com ações verdadeiramente reparatórias.
Todos sabem muito bem que durante
uma crise econômica, as mulheres frequentemente enfrentam um impacto
desproporcional no mercado de trabalho. Elas tendem a perder mais empregos
formais em comparação aos homens.
Além disso, as responsabilidades
domésticas e de cuidado, que já são desigualmente distribuídas, aumentam para
as mulheres durante períodos de instabilidade.
Com baixa remuneração, dependendo
apenas dos recursos de transferência de renda de governos as tarefas, que
incluem cuidar de crianças, idosos e a gestão do lar, sobrecarregam ainda mais
seu tempo e energia, dificultando a busca por novas oportunidades de emprego ou
a manutenção de seus empregos atuais.
Essa dinâmica não apenas exacerba
desigualdades de gênero preexistentes, mas também retarda a recuperação
econômica geral, já que metade da população enfrenta barreiras adicionais para
contribuir plenamente com o crescimento econômico.
As questões analíticas avaliadas
como subjetivas representam um desafio significativo na vida das mulheres
negras, pois frequentemente são permeadas por preconceitos implícitos e
estereótipos raciais.
Essas análises, muitas vezes,
desconsideram as experiências e perspectivas únicas das mulheres negras,
resultando em avaliações injustas que impactam suas oportunidades acadêmicas e
profissionais.
A subjetividade pode levar à
desvalorização de suas contribuições e habilidades, perpetuando desigualdades
de gênero e raça.
É essencial reconhecer que, se as
mulheres negras enfrentam uma falta de qualificação suficiente, isso é reflexo
das desigualdades “estruturais” que persistem na sociedade. Repensar as medidas
tomadas para diminuir essas desigualdades econômicas é crucial para garantir
que todos tenham oportunidades justas de desenvolvimento.
Os programas de transferência de
renda têm sido alvo de debates quanto ao seu impacto nas mulheres em situação
de vulnerabilidade.
Embora esses programas forneçam
um alívio financeiro crucial a curto prazo, eles nem sempre resultam em um
aumento significativo e sustentável na capacidade econômica de compra das
mulheres. Em muitos casos, a assistência recebida é suficiente apenas para
atender às necessidades básicas, sem proporcionar oportunidades para investir em
educação ou capacitação profissional, essenciais para romper o ciclo de
pobreza.
Além disso, se não forem
acompanhados de políticas complementares que promovam a inclusão no mercado de
trabalho e a igualdade de gênero, esses programas podem, inadvertidamente,
perpetuar a dependência econômica e a vulnerabilidade.
Portanto, é fundamental que as políticas
públicas integrem estratégias mais abrangentes que visem empoderar as mulheres,
promovendo sua autonomia e participação ativa.
E a falta de leituras e análises
aprofundadas sobre esse tema significa que muitas dessas questões ficam
invisíveis ou subvalorizadas, dificultando a implementação de políticas
eficazes e inclusivas. É essencial que pesquisadores, formuladores de políticas
e a sociedade em geral reconheçam e abordem essas interseções para promover uma
mudança real para mitigar essa
vulnerabilidade.
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