segunda-feira, 14 de abril de 2025

Vulnerabilidade econômica entre as mulheres negras


Por Mônica Aguiar 

A vulnerabilidade econômica entre as mulheres negras é uma questão complexa e multifacetada que reflete desigualdades históricas. No Brasil, as mulheres negras enfrentam diversas dificuldades de acesso a oportunidades econômicas, devido ao legado do racismo e do patriarcado que permeia o sistema politico, estruturas de governos e econômicas.

É notório e estou percebendo a naturalização por parte dos poderes ao avaliar as posições de trabalho informais ou de baixa remuneração, com menos acesso a benefícios como licença maternidade e aposentadoria das mulheres negras.

As mulheres negras enfrentaram barreiras adicionais devido ao racismo, sendo frequentemente relegadas a trabalhos mal remunerados e sem direitos trabalhistas.

A maldita herança histórica contribuiu para a manutenção das desigualdades econômicas e sociais, onde a maioria ainda ocupa os degraus mais baixos da escala econômica. A falta de acesso aos direitos fundamentais continua a ser um obstáculo significativo, que reforça o ciclo de pobreza e exclusão.

Esta desigualdade econômica, onde a ampla maioria são mulheres negras já deveria ter sido encarrada pelo Brasil com ações verdadeiramente reparatórias.

Todos sabem muito bem que durante uma crise econômica, as mulheres frequentemente enfrentam um impacto desproporcional no mercado de trabalho. Elas tendem a perder mais empregos formais em comparação aos homens.

Além disso, as responsabilidades domésticas e de cuidado, que já são desigualmente distribuídas, aumentam para as mulheres durante períodos de instabilidade.

Com baixa remuneração, dependendo apenas dos recursos de transferência de renda de governos as tarefas, que incluem cuidar de crianças, idosos e a gestão do lar, sobrecarregam ainda mais seu tempo e energia, dificultando a busca por novas oportunidades de emprego ou a manutenção de seus empregos atuais.

Essa dinâmica não apenas exacerba desigualdades de gênero preexistentes, mas também retarda a recuperação econômica geral, já que metade da população enfrenta barreiras adicionais para contribuir plenamente com o crescimento econômico.

As questões analíticas avaliadas como subjetivas representam um desafio significativo na vida das mulheres negras, pois frequentemente são permeadas por preconceitos implícitos e estereótipos raciais.

Essas análises, muitas vezes, desconsideram as experiências e perspectivas únicas das mulheres negras, resultando em avaliações injustas que impactam suas oportunidades acadêmicas e profissionais.

A subjetividade pode levar à desvalorização de suas contribuições e habilidades, perpetuando desigualdades de gênero e raça.

É essencial reconhecer que, se as mulheres negras enfrentam uma falta de qualificação suficiente, isso é reflexo das desigualdades “estruturais” que persistem na sociedade. Repensar as medidas tomadas para diminuir essas desigualdades econômicas é crucial para garantir que todos tenham oportunidades justas de desenvolvimento.

Os programas de transferência de renda têm sido alvo de debates quanto ao seu impacto nas mulheres em situação de vulnerabilidade.

Embora esses programas forneçam um alívio financeiro crucial a curto prazo, eles nem sempre resultam em um aumento significativo e sustentável na capacidade econômica de compra das mulheres. Em muitos casos, a assistência recebida é suficiente apenas para atender às necessidades básicas, sem proporcionar oportunidades para investir em educação ou capacitação profissional, essenciais para romper o ciclo de pobreza.

Além disso, se não forem acompanhados de políticas complementares que promovam a inclusão no mercado de trabalho e a igualdade de gênero, esses programas podem, inadvertidamente, perpetuar a dependência econômica e a vulnerabilidade.

 Portanto, é fundamental que as políticas públicas integrem estratégias mais abrangentes que visem empoderar as mulheres, promovendo sua autonomia e participação ativa.

E a falta de leituras e análises aprofundadas sobre esse tema significa que muitas dessas questões ficam invisíveis ou subvalorizadas, dificultando a implementação de políticas eficazes e inclusivas. É essencial que pesquisadores, formuladores de políticas e a sociedade em geral reconheçam e abordem essas interseções para promover uma mudança real para  mitigar essa vulnerabilidade.

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