Por Mônica Aguiar
O pré-lançamento do “Caderno de Boas Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil” aconteceu no dia 28 de julho, e marcou um avanço significativo na promoção da equidade em saúde no país. Este projeto, liderado pelo Professor Celso Ricardo, também conhecido como Pai Celso, e pela Professora Rosana Monteiro, busca reconhecer, divulgar e abordar as especificidades e necessidades de saúde da população negra, frequentemente negligenciadas nos sistemas tradicionais de saúde.
Este encontro celebrou a rica
tapeçaria de ideias e vozes que compõem ações do povo negro brasileiro.
A apresentação do caderno de Boas
Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil aconteceu em formato
de reunião on-line, foi um evento marcante, reunindo com os autores de todos os
cantos do Brasil, cada um trazendo suas experiências e perspectivas únicas na
promoção e valorização da saúde da
população negra.
Esta iniciativa não só contribui para a visibilidade das questões raciais em saúde, mas também destaca a importância de uma abordagem que priorize a humanização, respeito e adoção de medidas nas políticas públicas que combatam o racismo no sistema de saúde.
Em regiões onde a informação é escassa, o Caderno de Boas Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil” se torna um recurso crucial para educar e empoderar comunidades, assegurando que todos tenham acesso a informações sobre os cuidados de saúde.Como uma das autoras, poder estar neste projeto, escrevendo sobre o Seminário de Saúde da Mulher do Centro de Referência da Cultura Negra de Venda Nova, é extremamente importante.
Julho é um mês de reflexão e conscientização, especialmente no que diz respeito à luta das mulheres negras no Brasil. Destaco a necessidade urgente de enfrentar as desigualdades estruturais que afetam as mulheres negras, principalmente no campo da saúde reprodutiva.
A alta taxa de mortalidade materna evitáveis entre mulheres negras é um reflexo das disparidades no acesso a serviços de saúde de qualidade e do racismo institucional que persiste.
Além disso, a falta de autonomia sobre nossos corpos e a falta de reconhecimento do nosso verdadeiro papel central no parto e nascimento são questões críticas que precisam ser abordadas.
Promover o protagonismo das mulheres, garantindo-lhes voz e escolha em suas experiências de maternidade, é essencial para avançar em direção a uma sociedade livre de discriminações e violências.
É fundamental que políticas públicas sejam implementadas e
aprimoradas para garantir assistência adequada e respeitosa, assegurando que
todas as mulheres tenham o direito de viver experiências específicas de
maternidade com segurança de continuidade da vida e com dignidade.
Chego aos 59 anos, fazendo profundas reflexões sobre as barreiras enfrentadas e as lições valiosas que delas surgiram.
As dificuldades
encontradas por nós mulheres negras são impostas por fatores externos, como a
falta de oportunidades e os determinantes sociais que frequentemente impactam a
vida das pessoas.
Transformar as adversidades raciais vividas em autodescoberta é um testemunho de resiliência e força.
Agradeço profundamente aos protagonistas Professor e Pai Celso Ricardo e a Prof. Rosana Monteiro, estão proporcionando espaço de crescimento e visibilidade. Espaços onde tantas pessoas se encontram e crescem juntas.
Que as nossas trajetórias continuem a inspirar e fortalecer as
pessoas ao nosso redor.
Ser uma pessoa cientista negra protagonista no Brasil envolve enfrentar uma série de desafios, incluindo o racismo estrutural e as barreiras históricas que limitam o acesso e a ascensão em campos tradicionalmente dominados por uma perspectiva eurocêntrica.
Muitos desses espaços científicos foram historicamente estruturados para excluir e negar vozes negras, o que torna ainda mais importante o trabalho de desconstrução dessas normas e a promoção de uma ciência mais inclusiva e diversa.
Cientistas negros desempenham um papel crucial ao trazer novas perspectivas e experiências que enriquecem a pesquisa e a inovação. Além disso, eles servem como modelos inspiradores para as novas gerações, mostrando que é possível romper barreiras e alcançar o sucesso acadêmico e profissional.
O apoio de políticas institucionais que promovam a igualdade racial e a inclusão é essencial para que essas mudanças ocorram de forma significativa e duradoura.
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