quarta-feira, 30 de julho de 2025

Expectativa para o lançamento do Caderno de Boas Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil

 
Por Mônica Aguiar 

O pré-lançamento do “Caderno de Boas Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil” aconteceu no dia 28 de julho, e marcou um avanço significativo na promoção da equidade em saúde no país. Este projeto, liderado pelo Professor Celso Ricardo, também conhecido como Pai Celso, e pela Professora Rosana Monteiro, busca reconhecer, divulgar e abordar as especificidades e necessidades de saúde da população negra, frequentemente negligenciadas nos sistemas tradicionais de saúde.

Este encontro celebrou a rica tapeçaria de ideias e vozes que compõem ações do povo negro brasileiro.

A apresentação do caderno de Boas Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil aconteceu em formato de reunião on-line, foi um evento marcante, reunindo com os autores de todos os cantos do Brasil, cada um trazendo suas experiências e perspectivas únicas na promoção e  valorização da saúde da população negra.

Esta iniciativa não só contribui para a visibilidade das questões raciais em saúde, mas também destaca a importância de uma abordagem que priorize a humanização, respeito e adoção de medidas nas políticas públicas que combatam o racismo no sistema de saúde.

Em regiões onde a informação é escassa, o Caderno de Boas Práticas em Atenção à Saúde da População Negra no Brasil” se torna um recurso crucial para educar e empoderar comunidades, assegurando que todos tenham acesso a informações sobre os  cuidados de saúde.

Como uma das autoras, poder estar neste projeto, escrevendo sobre o Seminário de Saúde da Mulher do Centro de Referência da Cultura Negra de Venda Nova, é extremamente importante.

Julho é um mês de reflexão e conscientização, especialmente no que diz respeito à luta das mulheres negras no Brasil. Destaco a necessidade urgente de enfrentar as desigualdades estruturais que afetam as mulheres negras, principalmente no campo da saúde reprodutiva. 

A alta taxa de mortalidade materna evitáveis entre mulheres negras é um reflexo das disparidades no acesso a serviços de saúde de qualidade e do racismo institucional que persiste. 

Além disso, a falta de autonomia sobre nossos  corpos e a falta de reconhecimento do nosso verdadeiro papel central no parto e nascimento são questões críticas que precisam ser abordadas. 

Promover o protagonismo das mulheres, garantindo-lhes voz e escolha em suas experiências de maternidade, é essencial para avançar em direção a uma sociedade livre de discriminações e violências. 

É fundamental que políticas públicas sejam implementadas e aprimoradas para garantir assistência adequada e respeitosa, assegurando que todas as mulheres tenham o direito de viver experiências específicas de maternidade com segurança de continuidade da vida e com dignidade.

Chego aos 59 anos,  fazendo profundas reflexões sobre as barreiras enfrentadas e as lições valiosas que delas surgiram. 

As dificuldades encontradas por nós mulheres negras são impostas por fatores externos, como a falta de oportunidades e os determinantes sociais que frequentemente impactam a vida das pessoas.


Transformar as adversidades raciais vividas em autodescoberta é um testemunho de resiliência e força.

Agradeço profundamente aos protagonistas Professor e Pai Celso Ricardo e a Prof. Rosana Monteiro, estão proporcionando espaço de crescimento e visibilidade.  Espaços onde tantas pessoas se encontram e crescem juntas.

Que as nossas trajetórias continuem a inspirar e fortalecer as pessoas ao nosso redor.

Ser uma pessoa cientista negra protagonista no Brasil envolve enfrentar uma série de desafios, incluindo o racismo estrutural e as barreiras históricas que limitam o acesso e a ascensão em campos tradicionalmente dominados por uma perspectiva eurocêntrica. 

Muitos desses espaços científicos foram historicamente estruturados para excluir e negar vozes negras, o que torna ainda mais importante o trabalho de desconstrução dessas normas e a promoção de uma ciência mais inclusiva e diversa. 

Cientistas negros desempenham um papel crucial ao trazer novas perspectivas e experiências que enriquecem a pesquisa e a inovação. Além disso, eles servem como modelos inspiradores para as novas gerações, mostrando que é possível romper barreiras e alcançar o sucesso acadêmico e profissional. 

O apoio de políticas institucionais que promovam a igualdade racial e a inclusão é essencial para que essas mudanças ocorram de forma significativa e duradoura.

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