terça-feira, 30 de setembro de 2014

Você Conhece as Recomendações da OMS para o Parto Normal ?

Logo ao entrar na maternidade em trabalho de parto, a mulher tem as veias puncionadas para a introdução de soro ou medicamentos. O soro é para hidratar e alimentar, já que a parturiente é impedida de beber ou comer. Em seguida, na triagem, é feito o exame de toque para medir a dilatação. O exame é repetido a cada hora. Se o andamento não segue de acordo com o esperado, injeta-se a ocitocina sintética (hormônio que provoca as contrações), estoura-se a bolsa amniótica manualmente e são feitas massagens de distenção do períneo. No momento do expulsivo, a mulher é colocada deitada, de costas, em posição ginecológica. É orientada a fazer força continuamente. A episiotomia (corte na região genital) é realizada. Assim que a cabeça nasce, o bebê é puxado, levado para longe da mãe para ser aspirado e limpo. 
Essa é a rotina de um parto vaginal nos hospitais do Brasil. No entanto, os procedimentos considerados padrão aqui estão longe das evidências científicas e das recomendações da própria Organização Mundial da Saúde.  Conhecê-las é fundamental para a elaboração de um plano de parto coerente com a intenção de prover o melhor para a mãe e para o bebê.
Segundo a OMS:

Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas
- Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.
- Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto.
- Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.
- Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.
- Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações.
- Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.
- Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
- Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.
- Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto.
- Oferecer às mulheres todas as informações e explicações  que desejarem.
- Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento.
- Fazer monitorização fetal com ausculta intermitente.
- Usar materiais descartáveis ou realizar desinfeção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto.
- Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação (expulsão) da placenta.
- Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto.
- Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.
- Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS.
- Utilizar ocitocina (hormônio que provoca as contrações do útero) profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em consequência de uma pequena perda de sangue.
- Esterilizar adequadamente o corte do cordão.
- Prevenir hipotermia (baixa temperatura) do bebê.
- Realizar precocemente contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno.
- Examinar rotineiramente a placenta e as membranas.


Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas
- Uso rotineiro de enema (lavagem intestinal).
- Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos.
- Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.
- Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa.
- Uso rotineiro da posição supina (deitada) durante o trabalho de parto.
- Exame retal.
- Uso de pelvimetria radiográfica (radiografia da pelve).
- Administração de ocitócicos (ocitocina ou derivados) a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado.
- Uso rotineiro da posição de litotomia (posição ginecológica, deitada com as pernas elevadas por apoios) com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto.
- Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo.
- Massagens ou distensão do períneo durante o parto.
- Uso de tabletes orais de ergometrina (medicamento que provoca a contração do útero) na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias.
- Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação (expulsão da placenta).
- Lavagem rotineira do útero depois do parto.
- Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.




Condutas frequentemente utilizadas de forma inapropriadas
- Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.
- Uso rotineiro de amniotomia precoce (romper a bolsa d’água) durante o início do trabalho de parto.
- Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.
- Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico no momento do parto.
- Manipulação ativa do feto no momento de nascimento.
- Utilização de ocitocina rotineira, tração controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitação.
- Clampeamento (uso de grampo para interromper o fluxo sanguíneo) precoce do cordão umbilical.
- Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação.


Condutas frequentemente utilizadas de modo inadequado
- Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto.
- Controle da dor por agentes sistêmicos.
- Controle da dor através de analgesia (anestesia) peridural.
- Monitoramento eletrônico fetal
- Utilização de máscaras e aventais estéreis durante o atendimento ao parto.
- Exames vaginais freqüentes e repetidos especialmente por mais de um prestador de serviços.
- Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.
- Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.
- Cateterização (introdução de sonda) da bexiga.
- Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.
- Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.
- Parto operatório (cesariana).
- Uso liberal ou rotineiro de episiotomia (corte na região vaginal).
- Exploração manual do útero depois do parto.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pesquisa mostra que mulheres são sub-representadas e estigmatizadas no cinema

Por Helena Martins 

Mulheres em postos de comando, ocupando cargos como a Presidência da República ou ganhando prêmios pelo desempenho acadêmico podem até ser mais comuns nos dias atuais. No entanto, ainda não é essa a representação feita sobre as mulheres no cinema, segundo a publicação Preconceito de Gênero sem Fronteiras: Uma Pesquisa sobre Personagens Femininos em Filmes Populares em 11 Países, feita pelo Geena Davis Institute on Gender in Media, a Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres e a Fundação Rockefeller.
A pesquisa destaca que, embora as mulheres sejam metade da população do mundo, dos 5.799 personagens falantes ou nomeados na tela, 30,9% são do sexo feminino. No caso dos filmes de ação ou aventura, essa participação é ainda menor: elas são 23% dos personagens com falas. Já em relação aos protagonistas, apenas 23,3% das tramas tinham uma menina ou uma mulher no papel principal.
O estudo, que analisou produções exibidas entre janeiro de 2010 e maio de 2013 na Austrália, China, França, Alemanha, Índia, Rússia, Coreia do Sul, no Reino Unido, Japão e Brasil – considerados os territórios mais rentáveis para a indústria cinematográfica – constatou ainda que a sexualização “é o padrão para personagens femininos em todo o mundo”. O estudo mostra que a chance de uma pessoa do sexo feminino aparecer com roupas sensuais ou nua é duas vezes maior que a do sexo masculino.
Além disso, adolescentes estão propensas a serem apresentadas como jovens adultas e é comum que as mulheres sejam representadas como magras e atraentes. Enquanto os homens magros são 15,7% do total analisado, a participação de mulheres magras chega a 38,5%.
No caso do Brasil, a pesquisa destaca que a participação das mulheres nos filmes fica em 37,1% – percentual maior que a média mundial. No entanto, o país ganha quando o assunto é a sexualização das mulheres e também na caracterização delas como magras.
Professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e integrante da Rede Mulher e Mídia Ana Veloso considera importante a divulgação do estudo para mostra  que a sociedade está diante de “uma situação muito grave, que revela que o preconceito e a discriminação contra as mulheres são presentes no mundo todo”. Embora aponte avanços em relação a essa representação nos últimos 20 anos, ela destaca que os dados preocupam por constatarem a invisibilidade, a sub-representação feminina nos campos de produção de conhecimento e de produção de sentidos.
“Quando são sub-representadas, por exemplo, no cinema, como protagonistas, a gente tem uma falsa propagação de que as mulheres não podem exercer determinadas funções. É como se um caso particular se transformasse em universal. Isso compromete a própria formação das identidades, uma vez que a sociedade se referencia muito no que é exibido, no que é projetado, nos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, os meios de comunicação e os meios de produção simbólica também ajudam a construir uma realidade social. E é preciso que isso demonstre a real situação das mulheres na sociedade”, explica.
Essa representação, segundo a pesquisadora, ainda está longe de ocorrer, inclusive no Brasil. Ela destaca que faltam representações de mulheres “reais”, que cuidam da casa e dos filhos, mas também trabalham, estudam e inclusive se relacionam sexual e afetivamente com outras mulheres. “Quando esses modelos são reproduzidos, a gente acaba por ter uma sociedade que não conhece o que é ser mulher dentro do seu próprio país. Ou seja, você sabe e vivencia uma realidade que não é espelhada pelos meios de comunicação”, acrescenta Ana Veloso.
Além da representação, a pesquisa mostra que a desigualdade de gênero também é vivenciada por trás das telas. Para cada mulher cineasta, há 3,9 homens, segundo o estudo. Dos que trabalham com ficção, menos de um quarto é mulher. O resultado disso se vê na produção, pois, no caso de filmes feitos por diretoras, há uma maior presença feminina.

Fonte: EBC / Imagem revistalampião

Negra Li conta que abandonou sonho de ser modelo para cantar

Negra Li usa produtos estrangeiros para dar caimento aos fios de cabeloCom 18 anos de carreira, quase que a trajetória de Negra Li toma um rumo diferente dos palcos. A cantora, que também aproveita o talento para as artes em atuações no teatro, sempre sonhou em ser artista, mas quase começou pelas passarelas.
- Seguir carreira de modelo foi um sonho de criança. Quando eu era novinha, aos 12 anos, minha mãe me levava a alguns testes para fazer book, mas era muito difícil e vi muito preconceito. Até hoje, em 2014, são pouquíssimas negras no ramo que são conhecidas, imagina 15 ou 20 anos atrás! Isso me desanimou muito.
Com referências distintas na TV, Negra, hoje com 35 anos, conta que demorou reconhecer negros na TV:
- Quando eu comecei na carreira, não tinha muito quem me inspirasse no Brasil. Queria ser paquita, mas paquita tinha que ser igual a Xuxa. Ela era loura e branca. Quando a Adriana Bombom entrou no programa foi a... a maior alegria, porque ela não era paquita, mas ela estava lá no programa todos os dias. Aí sim, eu comecei a me ver ali.
A cantora paulista conta ainda que tinha receio de sofrer golpes com falsas promessas de agências.
- Havia muita mentira, muita alienação. Eles diziam: “Vem fazer o book, aqui você paga não sei quanto”, uma forma de tirar dinheiro de famílias que já não têm.
Negra Li usa produtos estrangeiros para dar caimento aos fios de cabelo Foto: Reprodução/Instagram
A salvação do sonho de seguir no ramo artístico veio quando ela foi convidada para compor o grupo de rap de São Paulo RZO, aos 16 anos.
- Graças a Deus a música veio - conta ela, que fez participação em eventos específicos com foco em beleza, no final da adolescência: - Cheguei a fazer feiras de cabelo com 18 anos, mas logo depois parei.
Hoje, para manter os cachinhos naturais, Negra Li é adepta de cuidados especiais e recorre a cosméticos estrangeiros.
- O tempo que leva para deixá-lo solto, bonito e com caimento é grande. Mas procuro comprar produtos específicos para o meu tipo de cabelo. Como agora eu tenho condições, às vezes procuro importados.

Fonte e foto :Extra Globo



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Centro Acadêmico do Mackenzie tem primeira diretora negra



Tamires Sampaio, que entrou na universidade pelo Prouni, afirma que ações afirmativas ajudarão a diminuir a desigualdade racial

Aos 20 anos, Tamires Gomes Sampaio é a primeira pessoa negra a assumir a diretoria do Centro Acadêmico do curso de Direito da universidade paulistana Mackenzie. Uma conquista que se torna ainda mais relevante diante de seu perfil, diferente do normalmente associado à instituição: a aluna do 4.º ano sempre estudou em colégios públicos estaduais da periferia de São Paulo e conseguiu uma bolsa de estudos para se graduar por meio do Prouni. Há dois anos, o mesmo Centro Acadêmico foi o principal organizador de uma manifestação contra o uso do Enem como critério de classificação para ingressar no Mackenzie. A manifestação chegou a fechar uma das faixas da Rua da Consolação, no centro de São Paulo. Na ocasião, a justificativa dos estudantes era de que a adoção do exame contribuiria para a queda da qualidade do curso de Direito. O protesto não funcionou e o Enem continua sendo o processo seletivo dos ingressantes pelo Prouni na universidade. Graças a sua boa classificação no exame, Tamires conseguiu entrar na instituição. Estimulada por sua mãe, ela escolheu prestar Direito ainda no Ensino Médio, com o intuito de ser promotora pública. Para suprir as deficiências de ensino dos colégios da Zona Leste, onde estudou, precisou fazer cursinho pré-vestibular. "Em Itaquera e Guaianases, a escola pública é uma coisa e, no Centro, é outra completamente diferente. Já existe uma seleção social aí, de quem pode receber uma educação de qualidade e quem não pode. Os professores não são respeitados pelo estado, não dão aulas boas, e os alunos não têm vontade de estudar." Aos estudos do Ensino Médio, Tamires aliou empregos de meio período, um deles pelo Programa Menor Aprendiz, no qual empresas recebem incentivos para contratar adolescentes. "Trabalhei em dois lugares, num atacadista de roupas no Brás pelo ‘Menor Aprendiz’, mas apenas três meses. 'Menor Aprendiz' era uma conversa, né, porque eu ficava das 7h30 às 16 horas. Que ‘Menor Aprendiz' era aquele?’ Ficou muito puxado. Também trabalhei numa recepção de loja de assistência técnica, sem carteira assinada." Desde adolescente, Tamires é ativista do Movimento Negro, tal qual sua mãe, Rosemary Sampaio, de 47 anos. Criada com a ajuda da avó, Tamires nasceu quando Rosemary tentava concluir os estudos em Psicologia. Por parte de pai, tem mais 4 irmãos. Hoje, Tamires é estagiária na Secretaria Municipal de Igualdade Racial de São Paulo e sua mãe, funcionária pública. A ideia de montar o coletivo Frente Perspectiva, embrião da chapa que acabou sendo eleita para direção do CA João Mendes Jr., veio das manifestações de junho de 2013. "Queríamos que o CA deixasse de ser um espaço de amigos e que passasse a ser a representação de todos os estudantes, mas de todos mesmo, pautando questões de raça, gênero." diz. “Nós somos uma chapa que veio de um coletivo de esquerda mas a gente sabe que, entre os alunos do Mackenzie, têm gente de esquerda, de direita, têm os 'pra frente', têm os 'pra trás'." completa.
Fonte: cartacapital


Inscrições abertas para o “Hackaton Gênero e Cidadania” – Brasília, até 03/10

A Câmara dos Deputados promove do dia 24 a 28 de novembro a segunda edição da maratona hacker. O desafio é desenvolver aplicativos que possam contribuir para reduzir a violência contra a mulher e fortalecer as políticas de gênero. As inscrições já estão abertas e vão até 3 de outubro. Desta vez, em todas as equipes, pelo menos um dos componentes deverá ser do sexo feminino ou transgênero.

EMKT_hackathon_2014

Casa da Mulher Brasileira será inaugurada no fim de outubro

Obras foram vistoriadas pela ministra nesta quarta
Eleonora Menicucci, ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, vistoriou na manhã desta quarta-feira (24), pela terceira vez, as obras da Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande. Segundo ela, a sede da Capital, no Jardim Imá, será a primeira a ser entregue no País, no final do mês de outubro. A ministra prometeu que voltará para a inauguração do projeto, que teve investimento de R$ 9 milhões. 
A ideia é reunir, num único espaço, todos os serviços destinados para as mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social: Delegacia da Mulher, Defensoria Pública, Ministério Público, vara especializada em gênero, posto médico, brinquedoteca e salas para o atendimento psicossocial e de qualificação profissional. O atendimento será feito para mulheres de todo o Estado. “As mulheres vítimas de violência não terão que ir a diversos lugares para serem atendidas, estará tudo concentrado num só lugar”, pontuou Eleonora.
Segundo o desembargador Rui Celso Florence, coordenador estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, entre 1° de janeiro até terça-feira (23), 97 mulheres foram vítimas de homicídio. Para a titular da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Liz Derzi, a conclusão da Casa da Mulher Brasileira será um grande impulso para a diminuição da violência contra a mulher.
Fonte e foto: correiodoestado

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mulher - Avanços e Desafios II !

por Mônica Aguiar  

A mulher está cada vez mais conquistando seu espaço no ambiente profissional e participando pela primeira fez de forma definitiva das mudanças ocorridas nas instâncias de Poderes.

As habilidades e características femininas começam a ser valorizadas pela sociedade, deixando a mulher, aos poucos de ser uma mera coadjuvante em determinados segmentos sociais e profissionais, iniciando acesso a posições estratégicas.

Em relação ao trabalho, tais mudanças são ainda mais visíveis. 
No processo de reestruturação produtiva e com o crescente oferta no mercado de trabalho, a mão-de-obra feminina tem sido cada vez mais aceita e solicitada. O Crescimento da participação feminina no mercado de trabalho é intenso e diversificado, não retrocedeu nos últimos anos. 

As mulheres com formação técnica estão em maioria mercado de trabalho formal que inclui indústria, construção, comércio, serviços e agropecuária. A participação, no entanto, varia com a área, pois a grande escala ainda permanece  condicionada no setor de serviços.  

As mulheres têm hoje maior participação, não só no mercado de trabalho, como também nas esferas econômicas,  entre os empreendedores  já representam praticamente a metade neste setor,  sentem mais à vontade e escolhem de forma mais livre com quem e como querem estabelecer suas relações conjugais.

Na realidade, as mulheres foram da esfera doméstica à  diferentes funções na sociedade moderna, mas as conquistas sociais têm sido alcançadas e assimiladas de forma diferente,  variam de acordo com a classe social, o grau de escolaridade e a cor. 

A possibilidade real de superação das  desigualdades entre homens e mulheres que existem na sociedade atual e na família com as mais diferentes esferas sociais é mérito de uma minoria.

Um desafio importante, é poder compreender a amplitude dos avanços obtidos para as   mulheres e ao mesmo tempo conviver com valores patriarcais e eurocêntricos ainda existentes  mantidos por homens que ocupam cargos de poder e prestígio. 

O contingente feminino tem sido sujeito de limitações promovida por estes senhores, que  fazem questão de mascarar,  velar e fomentar dificuldades que impedem o acesso de cargos estratégicos,  representações de poderes, ascensão na carreira, especialmente no que se refere à dinâmica de conciliação das demandas familiar e profissional.

A mulher,  ao longo dos anos vem desenvolvendo estratégias para lidar com os problemas estruturais e ideológicos,  na jornada de trabalho, no lar e fora dele. 

A participação das mulheres na construção da sociedade, justa e verdadeiramente equilibrada, passa a não ser somente um desejo de um grupo ou das entidades feministas e dos movimentos sociais,  mas individualmente das mulheres, que começam a desejar e desenhar um novo papel, outras possibilidades, produzindo uma nova forma de conviver com os homens, ao mesmo tempo rompendo com valores e com mazelas que as oprimem e segregam.

A prática do racismo institucionalizado e velado promovido em maioria por homens,  vítima cotidianamente a mulher negra, pois a mantêm na base da pirâmide salarial, pagando mais impostos, estando em maioria entre os 10% dos mais pobres.
A cor da pele ainda é o que classifica o potencial educacional e político das mulheres, dificulta acesso as oportunidades e reserva direitos.

O desafio e  aguardar neste processo a evolução da ampla maioria dos homens ao ponto que eles entendam que desejar novas possibilidades, a liberdade, a oportunidade e igualdade fara com que o as pessoas se torne melhor de conviver, de sobreviver , livre da violência.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Quatro Mulheres Brasileiras são Selecionadas como Líderes Globais no Fórum Econômico Mundial

Leila Velez, fundadora da rede de salões Beleza Natural, foi uma das escolhidas na lista de líderes globais (Foto: Women Forum Brasil)

Fórum Econômico Mundial seleciona anualmente lideranças com menos de 40 anos em diferentes áreas como política, negócios e mídia.


Quatro brasileiras integram hoje o seleto grupo do Young Global Leaders (YGL). Com perfis diferentes, a cineasta Julia Bacha, a ex-secretária de Comércio Exterior, Tatiana Lacerda Prazeres, a presidente da companhia aérea TAM, Claudia Sender, e a fundadora da rede de salões Beleza Natural, Leila Cristina Velez, têm se destacado internacionalmente em suas áreas. O Fórum Econômico Mundial, conhecido por suas reuniões anuais em Davos, na Suíça, seleciona, por um mandato de seis anos, personalidades com menos de 40 anos, que tenham se destacado na política, negócios, mídia, pesquisa, cultura e artes. Na última semana, 214 jovens líderes vindos de 66 países se reuniram em Tianjin, na China, durante a edição 2014 do YGL. Mais da metade dos integrantes desse ano são mulheres. "A comunidade do YGL reúne os mais proeminentes dirigentes da próxima geração, que obtiveram resultados extraordinários e os ajuda a continuarem a se desenvolver na estrada da liderança", define David Aikman, responsável pela New Champions Community do FEM, da qual o YGL faz parte. 
Para Tatiana Lacerda Prazeres, única indicada brasileira que vem do setor público, o grupo reúne pessoas com trajetórias e experiências distintas, mas motivadas a dar uma contribuição para o mundo nas áreas em que atuam. "É muito inspirador o contato", avalia.
Julia Bacha, cineasta brasileira, diz que o que une perfis tão diferentes é a preocupação social. "São pessoas que têm um comprometimento em trabalhar para que o futuro seja melhor do que o agora", diz.
Tatiana não se considera um exemplo para os brasileiros, mas acredita que a nomeação como jovem líder global é um reconhecimento em relação a sua carreira e uma aposta para o futuro. "Olhando para lideranças mundiais, que já passaram pelo grupo e que hoje ocupam posições de destaque, se reconhece que o fórum tem capacidade para identificar pessoas com potencial".
Julia Bacha
Desde 1998, a carioca de 33 anos, vive em Nova York para onde se mudou para estudar inglês e acabou cursando graduação na Universidade de Columbia. Sua carreira de documentarista começou em 2004, quando escreveu e editou Control Room, um dos documentários políticos de maior bilheteria de todos os tempos nos Estados Unidos. O trabalho teve grande impacto na cobertura da Guerra do Iraque.Julia se dedica atualmente a um novo filme sobre as mulheres palestinas, que lideraram campanhas de desobediência civil no final dos anos 80, durante a primeira Intifada. Ela conta que se envolveu com a questão entre Israel e Palestina por acaso. O interesse veio através da colaboração desenvolvida com a cineasta israelense, Ronit Avni, fundadora e diretora da Just Vision, organização sem fins lucrativos, que pesquisa e desenvolve conteúdo sobre líderes palestinos e israelenses comprometidos com a não-violência, da qual Julia é a diretora criativa. Juntas elas dirigiram Encounter Point, em 2006, em Israel.

Tatiana Lacerda Prazeres
Tatiana, que até o ano passado integrava o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fez história na pasta já que pela primeira vez um funcionário de carreira chegou ao cargo de vice-ministra.Atualmente, ela é assessora do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. Com passagem pelo mundo acadêmico, Tatiana é doutora em Relações Internacionais pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, e autora de dois livros sobre questões comerciais. Ela coordenou a área internacional da Apex-Brasil e passou pela consultoria de Relações Internacionais da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.Além de suas obrigações profissionais, ela ajuda jovens pesquisadores que trabalham com temas relacionados a OMC. "Faço uma orientação informal de pessoas estudando comércio internacional. 

Claudia Sender
Duas outras jovens líderes foram indicadas por suas atuações no mundo dos negócios. Claudia Sender é a primeira mulher à frente de uma companhia aérea brasileira. Com 39 anos, ela comanda os cerca de 30 mil funcionários da TAM e define a estratégia da empresa, que tem faturamento de quase US$ 13 bilhões.Formada em Engenharia Química pela Universidade de São Paulo, Claudia mudou de área e fez carreira no mundo corporativo atuando em marketing e planejamento na Whirlpool e na Bain & Company. Ela se especializou na Harvard Business School e apenas em dezembro de 2011 entrou para a maior empresa de aviação do país, como vice-presidente Comercial e de Marketing. Após a fusão com a chilena LAN Airlines assumiu a Unidade de Negócios Doméstica Brasil.

Leila Cristina Velez
Em 1993, Leila Cristina Velez criou aos 19 anos um dos primeiros salões de beleza especializado em cabelos crespos, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, a Beleza Natural é uma rede de cabeleireiros com quase 20 unidades, 2 mil funcionários e mais de 100 mil clientes por mês. A empresa criou ainda nos anos 90 uma linha de produtos para o negligenciado mercado de cabelos afro no Brasil. O sucesso é atribuído pela companhia ao ganho de "autoestima" em milhares de pessoas, por valorizar os fios naturais e ir contra a corrente das técnicas de alisamento praticadas por salões convencionais.No último ano, a cadeia de institutos de beleza presente em cinco estados brasileiros, recebeu um incentivo de US$ 32 milhões da GP Investments, para financiar sua expansão para todo o país.Nascida em uma favela carioca e ex-funcionária do McDonald’s, Leila é formada em Administração de Empresas e fez cursos de Empreendedorismo e Competitividade na América Latina na Columbia Business School e em Harvard .

Fontes: BBC /  G1

Aprovado Parecer pelo Tombamento de Terreiros de Candomblé

O Conselho Estadual de Cultura da Bahia aprovou, por unanimidade, um parecer da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural, que solicita o tombamento e o registro especial de 10 terreiros de candomblé em Cachoeira e São Félix, no Recôncavo Baiano. A decisão foi divulgada após sessão realizada na quarta-feira dia (17). Em nota, o Conselho informou que o parecer é resultado de uma solicitação do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura (IPAC), para que fosse feito o registro especial desses espaços como patrimônio imaterial. No entanto, a Câmara "decidiu que o tombamento é a melhor alternativa para garantir a proteção desses terreiros e a conservação dos seus espaços físicos". Segundo o Conselho, o registro especial proposto aos terreiros prevê a preservação dos aspectos simbólico-culturais. O órgão explica que a medida zela pelos bens imateriais, como as manifestações populares. Já o tombamento é voltado para a preservação física dos espaços, "para bens culturais materiais, como imóveis e obras de arte".
Confira a relação dos terreiros contemplados no dossiê analisado pelo Conselho Estadual de Cultura da Bahia:
1 - Terreiro Humpane Ayomo Huntólogi
2 - Terreiro Viva Deus ( Asepó Eran Opé Olúwa)
3 - Terreiro Aganju Didê
4 - Terreiro Raiz de Ayrá
5 - Terreiro Ilê Axé Ogunjá
6 - Terreiro Lobanekum
7 - Terreiro Ogodô Dey
8 - Terreiro Dendezeiro Incossi Mukumbi
9 - Terreiro Ilê Axé Itayle
10 - Terreiro Labanekum Filha

Fonte: G1 / SEPPIR 
Foto : Divulgação 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

MÚSICA DE RAPPER (RENEGADO) IRONIZA CANDIDATO A GOVERNADOR DE MG



Por Mônica Aguiar 


No dia 11 de agosto, em entrevista antes de um compromisso de campanha em Belo Horizonte, o candidato ao governo de Minas pelo PSDB afirmou iria  se encontrar com 'setores específicos, representantes de movimentos de jovens, negros, índios, coisas desse tipo'.
A reação veio em seguida na segunda-feira, 1º de setembro, com a divulgação no Youtube de uma música do rapper Renegado.
No vídeo, aparecem negros e negras , brancos, índios e deficientes físicos.
A letra faz uma referência à população que construiu e constrói sua vida 'no entorno da AV. Contorno' ou seja, na periferia de Belo Horizonte. 
Faz também referência a tradicional falsa democracia racial mineira, aos esteriótipos existentes, a discriminação e ao preconceito sofrido pelas ainda denominadas minorias. 
Realmente foi o  tradicional descaso aflorando no pronunciamento realizado por quem esta na disputa para Governar um Estado do tamanho de Minas Gerais e constituído majoritariamente pela população negra. 
Renegado fez bem em reproduzir através do rapper sua critica, racismo  não pode ser mais aceitável . 
Mas coisas deste tipo,  devem e vão ser banidas das Minas Gerais. 
A maioria do eleitorado negro mineiro  cidadão e cidadãs negros e negras sabe que pessoas como este Candidato  não nos representa !

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Black Power – Instrumento de Resistência e Cultura

Erykah Badu, que tem fortes ligações com o continente africano 
 “Cabelo, cabeleira, cabeludo, descabelado…” Considerado por muitos apenas um instrumento estético, o cabelo vai muito além disso. Uma simples opção por um corte ou penteado diz bastante sobre a personalidade de uma pessoa. Para os negros especialmente, que desde a década de 1950 desfilam com seus black power imponentes, ele transcende o campo da beleza e significa um encontro com a identidade e, por quê não, uma ferramenta de afirmação.


Ativista Angela Davis não abriu mão do black power. 
A trajetória do black power tem início ainda nos anos 20, quando Marcus Garvey, tido como o precursor do ativismo negro na Jamaica, insistia na necessidade de romper com padrões de beleza eurocêntricos e a partir disso promover o encontro dos negros com suas raízes africanas. Décadas depois, nos Estados Unidos, o afro também começou a ganhar espaço e se tornou um dos protagonistas na luta pelos direitos civis nos anos 60. No entanto, foram as mulheres as grandes protagonistas dessa história. Condicionadas desde o tempo da escravidão a alisar o cabelo, elas bateram o pé e decidiram andar pelas ruas ao natural, o que causou espanto e resistência da comunidade branca. 
Entre muitos, o nome de Angela Davis surge como um dos principais marcos nesta luta. Ativista desde os primeiros anos de sua juventude, a norte-americana fez parte do Partido Comunista e também do movimento Panteras Negras. Em pouco tempo Angela havia se tornado uma das principais referências na luta pelos direitos dos negros e muito deste respeito vinha de seu afro, que de tão imponente, se tornava mais uma maneira de intimidar opressores.
Esperanza Spalding também adotou o afro como estilo. 
Mesmo durante os tempos de opressão, os negros sempre estiveram presentes no campo das artes, estilos consagrados como jazz e blues, o último precursor do rock, são exemplos desta presença. Além de brindar o público com seu talento, estes artistas foram responsáveis por um braço da afirmação da estética afro nos quatro cantos do mundo. Jimi Hendrix, revolucionando com sua guitarra, criou tendência ao deixar seus esvoaçados cabelos crespos crescerem ao natural.
 Ainda no rock, o tecladista Billy Preston, famoso por ter tocado com os Beatles, também aderiu ao movimento e passou boa parte dos anos 70 excursionando com um black power de dar inveja. Por fim pinçamos o nome da sul-africana Miriam Makeba, carinhosamente chamada de Mama Africa, que durante seu exílio nos Estados Unidos, adotou o black power. Ainda em 1970, o fenômeno da disco music ganhou espaço e liderado pelos negros, surgiu com força total e logo caiu nas graças do público, tendo sido o black power um dos principais ícones do movimento, destacado na cabeça de membros de grupos como o Earth Wind and Fire. 
Apesar de sair de moda nos anos 80, o afro voltou com força total no começo do século 21, mais uma vez amplamente difundido na música. A partir de 2000, Lauryn Hill e Lenny Kravitz e um pouco antes, a cantora Erykah Badu repescaram o fluxo da estética como mensagem de afirmação. Com o avanço dos anos, o estilou ganhou ainda mais força, e nomes como a baixista Esperanza Spalding e a cantora brasileira Anelis Assumpção foram exemplos da preferência aos cabelos naturais. 
São quase 70 anos na luta da afirmação de estética como identidade na diáspora, em que o cabelo e sua naturalidade sobressaem aos padrões de beleza ocidentais para se afirmar como instrumento de resistência e cultura. Nesse contexto, seja na política ou nas artes, o black power foi e é um símbolo que transcende as fronteiras da beleza e significa para o negro o resultado da luta de seus antepassados e também a determinação em manter viva a identidade de quem lutou pelos seus direitos. Na busca de direitos, cabelo é identidade e é também um símbolo de respeito.
 Fonte: Afreaka

Governo Federal Garante Inclusão Social da População Negra


As comunidades quilombolas representam um patrimônio cultural do Brasil. Estima-se que há hoje, no País, 214 mil famílias quilombolas, distribuídas por 1.834 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Definidas como grupos étnicorraciais, são majoritariamente rurais e se mantêm unidas por tradições, ancestralidade e relações históricas com a terra.
Segundo a ministra Luiza Bairros (foto), da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o governo federal tem realizado muitas iniciativas importantes desde a criação da secretaria, em 2003. “A partir da gestão da presidenta Dilma, passamos a focar em alguns programas voltados para segmentos da população negra, que acreditamos, são aqueles que sofrem uma discriminação específica e que, por isso mesmo, têm que ser tratados de uma forma muito especial”, diz a ministra ao se referir ao programa Brasil Quilombola, que existe desde 2004, com o intuito de levar programas sociais até essas comunidades.
“Nós identificamos, inclusive, entre os quilombolas, níveis de pobreza muito altos e, até por isso, fizemos um esforço junto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para cadastrar o maior número possível de famílias no Cadastro Único, de maneira que hoje temos uma cobertura de programas de inclusão produtiva, criação de escolas, que cobrem um número muito significativo de comunidades no Brasil inteiro”, comemora Luiza Bairros.
Por meio do programa, um conjunto de ações são desenvolvidos pela SEPPIR em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Educação, da Cultura e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por meio da Fundação Cultural Palmares. As ações articuladas incluem a regularização fundiária, expansão de oferta de água para grupos que vivem no semiárido e incentivos para a produção agrícola.
“Temos hoje, 113 mil famílias quilombolas cadastradas em todo o Brasil. Isso é um número bastante significativo. Fundamentalmente, essas famílias, quando é o caso, recebem Bolsa Família. Mas além disso, temos feito chegar nessas comunidades vários outros serviços”, diz a ministra. Ela classifica como um dos mais importantes o programa Luz Para Todos. “Porque a partir daí você consegue, dentro da comunidade deslanchar várias outras atividades por conta desse tipo de acesso e a possibilitar também que as comunidades tenham mais condições de desenvolver atividades produtivas”, explicou.

Alimentação saudável

Segundo a ministra, por meio do trabalho realizado com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o governo federal está levando às comunidades conhecimentos sobre o tratamento da terra, visando aumento da produtividade. A produção é também utilizada em outros programas de governo, como é o caso do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
O governo federal criou o ‘Selo Quilombos do Brasil’, que identifica produtos oriundos de comunidades quilombolas, como verduras, legumes, polpas de frutas, laticínios e artesanato, a fim de promover maior valorização étnico-cultural e possibilitar novos espaços de comercialização.
Na área de Educação, Luiza Bairros diz que já existem hoje, no Brasil, cerca de 2.200 escolas quilombolas, construídas dentro das comunidades. “Muitas delas já dispõem de material didático específico, ou seja, aquele material que traz também a própria história das comunidades dos quilombos no Brasil. A nossa estimativa é de que nós temos quase 230 mil alunos nessas escolas quilombolas. Isso dá uma ideia de que o grau de inclusão de comunidades – que antes estavam completamente à parte do restante da sociedade – foi muito grande”, completa.
Mais educação
A ministra ressalta, ainda, que existem universidades no Brasil que já designaram cotas para estudante oriundos das escolas quilombolas. “Existe um processo nessas comunidades de renovação através da juventude, que cada vez mais tem acesso a oportunidades que antes estavam praticamente impossibilitadas para essas populações”, comemora.
“Entre todas as iniciativas que nós temos feito, voltadas para a população negra, as que são mais visíveis são aquelas relativas às ações afirmativas”, diz a ministra em relação à aprovação da Lei de Cotas, que estende a reserva de vagas para estudantes de escolas públicas, para negros e indígenas em todas as universidades federais e nos institutos técnicos federais, e a instituição de reserva de 20% de vagas para negros nos concursos públicos da Administração Pública Federal.
“Foi um ganho extremamente importante, especialmente para os setores jovens da população negra, que há muitos anos se encontravam impossibilitados de participar do ensino superior, por conta de vários obstáculos”, ressaltou. Para a ministra, a Lei de Cotas foi potencializada pelo fato de terem sido criadas no Brasil, nos últimos anos, 18 universidades federais.
Sobre a reserva de vagas, em cada concurso com no mínimo de três vagas, 20% serão destinadas para candidaturas negras. “Isso é tanto em concursos públicos dos ministérios, mas isso também de fundações e empresas públicas, o que significa uma possibilidade de entrada para o setor público muito significativa”, disse.
Plano Juventude Viva
Os homicídios são a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.
“Nós não podemos mais fingir que essa situação não existe e por isso instituímos, desde 2012, o Plano Juventude Viva, que trabalha com os governos Estaduais e Municipais em cerca de 132 cidades brasileiras, que correspondem a 70% das mortes de jovens no País”, explicou a ministra.
Construído por meio de um processo participativo, o Plano reúne ações de prevenção que visam a reduzir a vulnerabilidade dos jovens a situações de violência física e simbólica, a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia; da oferta de equipamentos, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentram altos índices de homicídio; e do aprimoramento da atuação do Estado por meio do enfrentamento ao racismo institucional e da sensibilização de agentes públicos para o problema.
“É dessa maneira, procurando levar programas que atendam às culturas juvenis, criando mais opções, alternativas de educação para os jovens, apoiando as organizações juvenis, que vamos expandindo essa intervenção, na expectativa que, juntamente com outras políticas públicas que permitam que os jovens realizem seus sonhos e talentos, nós possamos finalmente diminuir esses índices de mortes”, completou.

Futebol feminino do Brasil estreia na Copa América

As jogadoras brasileiras participam de dois campeonatos de futebol simultâneos. Enquanto a seleção inicia, nesta sexta-feira (12/09), a disputa pela Copa América Feminina, no Equador, 20 equipes jogam pelo título do 2º Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino Caixa 2014. A equipe vencedora da Copa América estará classificada para a Olimpíada, que acontecerá no Rio de Janeiro em 2016. Caso o Brasil, já garantido no torneio Olímpico por ser o país-sede, vença a competição, o vice-campeão herdará a vaga para os Jogos de 2016. A Copa América ocorre entre 11 e 28 de setembro e envolve dez seleções do continente. Além da vaga nos Jogos Rio 2016, a sétima edição do torneio classificará equipes para o Campeonato Mundial e para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015. O time brasileiro estreia nesta sexta-feira (12), contra a Bolívia, às 19h10 no horário local (21h10 de Brasília), no Estádio Reina del Cisne, na cidade de Loja. Campeão por cinco vezes, o Brasil vai em busca do sexto título.

Jogos do Brasil na primeira fase da Copa América
Grupo B
12.09 – Brasil x Bolívia – 21h20 – Estádio Reina del Cisne – Loja
14.09 – Brasil x Paraguai – 17h10 – Estádio Reina del Cisne – Loja
18.09 – Brasil x Chile – 21h10 – Estádio Alejandro Serrano Aguilar – Cuenca
20.09 – Brasil x Chile – 18h10 – Estádio Jorge Andrade de Cantos – Azogue


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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Mulheres Negras Pagam mais Impostos do que Homens Brancos

 Por Najla Passos

O estudo “As implicações do sistema tributário brasileiro nas desigualdades de renda”, lançado nesta quinta (11) pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), comprova que o sistema tributário brasileiro é injusto não só pela perspectiva de classe, mas também quando se analisa o recorte de gênero e raça: mulheres negras pagam, proporcionalmente, mais impostos do que homens brancos.
“Duas questões que marcam a nossa desigualdade é gênero e raça. E como as mulheres, sobretudo as negras, estão na base da pirâmide social e o sistema tributário brasileiro é muito regressivo, obviamente, as mulheres em geral, e as mulheres negras em especial, vão pagar mais tributos do que homens brancos que, em geral, estão no topo da pirâmide e são mais ricos. O que o estudo faz é comprovar isso empiricamente”, afirma o autor da pesquisa, o professor da Pós Graduação em Políticas Públicas da Universidade de Brasília (UnB), Evilasio Salvador.
Segundo ele, a comprovação foi obtida a partir do cruzamento de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo, os 10% mais pobres da população, compostos majoritariamente por negros e mulheres (68,06% e 54,34%, respectivamente) comprometem 32% da renda com os impostos, enquanto os 10% mais ricos, em sua maioria brancos e homens (83,72% e 62,05%, respectivamente) empregam 21% da renda em pagamento de tributos.

Quem paga a conta?

O estudo também aprofunda análises sobre os mecanismos que fazem com que o sistema tributário brasileiro seja tão injusto com os mais pobres, permitindo que estes sejam responsáveis por 71,38% do montante de impostos arrecadados no país. “O que nós propomos é que seja revertida essa estrutura regressiva do sistema de tributação brasileiro, que está pautada em tributos sobre o consumo e a produção, que acabam onerando os mais pobres, os trabalhadores em geral. O ideal é inverter isso e priorizar tributação de patrimônio e renda”, defende Evilasio.
Segundo ele, as mudanças devem passar necessariamente pelo aumento do número de alíquotas de tributação do Imposto de Renda, que precisa ser mais progressivo. “O Brasil já chegou a ter 12 alíquotas de imposto de renda, mas foi reduzindo isso e ficou muito tempo só com duas, algo que só ocorria em outros dois países do mundo: Peru e Barbados”, relata. Hoje, o imposto de renda trabalha com quatro alíquotas, mas o professor defende que o número deve ser ampliado para que quem ganhe mais pague mais. “O Brasil tem uma alíquota final muito baixa, que é de 27,5%. Países como França e Estados Unidos têm alíquotas de 50% e 60%”, compara.

Renda
Evilasio ressalta, entretanto, que só ampliar as alíquotas não é suficiente para promover justiça social. "Da forma com que o sistema tributário brasileiro está organizado, isso só penalizaria trabalhadores e funcionários públicos”, alerta. Para ele, o essencial é tributar todos os tipos de renda, e não apenas a oriunda do trabalho. Pela legislação atual, forjada nos anos neoliberais e jamais corrigida, não há tributação sobre lucros e dividendos, remessa de lucros para o exterior e vários tipos de rendas oriundas do mercado financeiro, como fundos vinculados ao agronegócio e setor imobiliário.“A renda, independente da sua origem, deve ser tributada. Em uma sociedade tão desigual como a brasileira, ninguém pode ter privilégios, quanto mais os mais ricos. É inadmissível você ter proprietários e sócios capitalistas que recebem lucros e dividendos distribuídos e não pagam nada, absolutamente nada, de imposto de renda”, critica. Além de taxar todos os tipos de renda, o professor também recomenda uma cobrança maior e mais progressiva dos impostos sobre a propriedade, o que envolveria uma parceria com outros níveis de administração federativa: os estados e municípios. “No tocante á tributação de patrimônio, há muita coisa a fazer. Nós somos um país que praticamente não taxa patrimônio. É uma aberração a arrecadação do IPVA ser maior do que a arrecadação do IPTU, por exemplo. É claro que aí há um conflito de competências. Há legislações estaduais e municipais. Mas você pode fazer alterações na constituição para garantir essa progressividade”, defende. O professor também sugere maior progressividade no IPTU, maior taxação sobre heranças e a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, que permanece como letra morta 25 anos após a promulgação da Constituição de 1988. “Esse conjunto de medidas permitira aumentar a arrecadação e dar folga para desonerar consumo e produção. E grande parte dessas medidas não implica nem mesmo em mexer na Constituição”, afirma.

Fonte: Caros e Amigos 

Na reta final, voto feminino poderá desempatar disputa Dilma x Marina

Com as pesquisas de opinião indicando empate técnico tanto no primeiro como no segundo turnos entre Dilma e Marina, será importante observar o comportamento das eleitoras mulheres. Maioria do eleitorado – elas são 74 milhões contra 68 milhões de homens – elas tem decidido as eleições no Brasil.
Pois homens e mulheres podem apresentar comportamentos diferentes em termos de tendência de voto. Em 2010, por exemplo, Dilma ganhou tanto no eleitorado masculino como no feminino, mas proporcionalmente a petista teve mais votos entre os homens do que entre as mulheres. Vários analistas apontam que a migração de votos das mulheres para a oposição, na reta final da disputa, foi decisiva para a realização do segundo turno em 2010.
Naquela eleição, o oposicionista José Serra (PSDB) forçou a mão no tema do aborto com forte viés moral, o que coincidiu com um afastamento do eleitorado feminino no segundo turno (pesquisas mostraram que as eleitoras consideraram na ocasião o aborto um assunto a ser definido em foro íntimo; o exemplo sugere como errar na comunicação com as mulheres pode ser fatal em uma eleição).
Além de maioria, as mulheres apresentam outra característica que vem se repetindo em todas as eleições: elas têm uma tendência maior a definir o voto nos últimos momentos. Em 2014 não será diferente. Nas pesquisas “espontâneas”, quando o entrevistado diz o que lhe vem à mente sem a apresentação prévia de nomes, as mulheres registraram no início de setembro um grau de indefinição (faixa dos 37%, segundo dados compilados pelo Instituto Patrícia Galvão, de São Paulo) superior ao dos homens (27%). Mais do que o “estimulado”, o “espontâneo” detecta a consolidação do voto.
Ou seja: em disputas acirradas como a de agora, surpresas e reviravoltas podem acontecer por conta do comportamento do eleitorado feminino, que tende a definir seu voto às vésperas da eleição. Até aqui, entre mulheres, Dilma e Marina seguem também empatadas no primeiro turno.
Seja como for, daqui até 5 de outubro as campanhas devem intensificar os seus discursos para as mulheres. Ao segmentar suas mensagens – o que em termos amplos inclui não apenas mulheres, mas negros também — as candidaturas buscam explorar todas as brechas possíveis para a vitória. Caso permaneça acirrada a disputa, a mensagem segmentada será aquela que poderá fazer a diferença.

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