quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Mulheres negras presidem pela primeira vez Comissões de Direitos Humanos em três Estados no Brasil


Por Mônica Aguiar

A deputada estadual Leninha (PT-MG), Renata Souza (PSOL-RJ) e Jó Cavalcanti (PSOL- PE), são as primeiras mulheres negras a presidir uma Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, entre as 27 casas Legislativas no Brasil.  
Andrea de Jesus deputada estadual pelo (PSOL-MG), assume  a vice-presidência na Comissão em Minas Gerais.  Todas estão em seu primeiro mandato.

Embora representem 52% do eleitorado, as mulheres brasileiras ainda têm reduzida a participação em cargos de poder nas casas legislativas . Estas mulheres negras vieram para fazer a diferença.

Mesmo com a enorme diferença existente de representações, as mulheres negras tiveram um salto significativo neste último pleito, passando de sete eleitas em 2014 para 15 eleitas, as pardas de 29 para 36 eleitas.

Quando uma mulher negra ocupa um lugar que socialmente foi negado para nós, ela representa todas as mulheres. Mães que perderam seus filhos para a violência do estado, esposas que perderam seus maridos em serviço, mães que não conseguem matricular seus filhos na escola por não ter vaga e tantas outras mulheres negras que batalham diariamente para sobreviver — comenta Deputada Renata Souza (trecho entrevista O Globo).

Leninha disse que pretende construir o diálogo e um clima de convivência, apesar das diferenças. “Não somos inimigos”, salientou. Ela afirmou que Andreia de Jesus será “co-presidenta”, sugerindo uma “presidência conjunta”. Andreia de Jesus reiterou que a eleição é uma “conquista de 500 anos” (trecho entrevista a ALMG).

Eu, destaco o papel fundamental das  mulheres negras nas Comissões de Direitos Humanos das Casas Legislativas no Brasil. 
Representa de fato com a presença, o grupo populacional que sempre contribuiu com a construção do Brasil e nunca tiveram espaço na política, o povo negro.  
Reafirma os direitos fundamentais humanos, partindo do princípio de que toda a pessoa humana possui direitos básicos e inalienáveis que devem ser protegidos pelos Estados e por toda a comunidade internacional.
Tais direitos estão inscritos e ratificados em textos e diplomas importantes de direitos humanos. 
Estas mulheres negras deputadas,  sabem que a história dos direitos humanos  foi construída por militantes que colocaram sua vida em defesa da igualdade, justiça e dignidade humana. Elas fazem parte desta história.

DEPUTADA LENINHA(PTMG): Mulher negra, feminista, graduada em Ciências Biológicas e mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Foi professora nas redes estadual e municipal de ensino, sendo eleita diretora estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Participou do Conselho Estadual de Desenvolvimento Agrário (Cedraf/MG) e do Conselho Municipal de Segurança Alimentar.


DEPUTADA ANDREIA DE JESUS(PSOLMG):Mulher negra e feminista é advogada popular, educadora infantil, funcionária pública e mãe-solo. Nascida no distrito de Venda Nova, em Belo Horizonte, é moradora de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Integrou as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e as pastorais de rua e carcerária. Militante das Brigadas Populares e da #partidA, segue ao lado das pessoas privadas de liberdade e das ocupações urbanas, pela vida da juventude negra, por segurança pública cidadã e por melhores condições de vida nas periferias.

 

DEPUTADA RENATA DE SOUZA(PSOLRJ) : feminista negra, militante dos direitos humanos,  comunicadora popular e moradora da favela da Maré. Cria de pré-vestibular comunitário, Jornalista formada pela PUC-Rio, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ e o pós-doutorando na UFF. Sua primeira experiência legislativa foi em 2007 quando, junto com Marielle Franco, assumi a assessoria do deputado estadual Marcelo Freixo na Alerj e depois a chefia do gabinete de Marielle na Câmara de Vereadores.




DEPUTADA JÓ CAVALCANTI (PSOLPE): Mulher negra, feminista, moradora da periferia do Recife, ambulante, militante do Sintraci (Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal) e coordenadora nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto). 











Fotos:internet

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Oscar 2019: Recorde histórico , maior número de prêmios para profissionais negros e para mulheres


Por Mônica Aguiar


A cerimônia do 91º Oscar  consagrou "Green Book: O Guia", "Roma" e "Bohemian Rhapsody" neste domingo (24), em Los Angeles. “Green Book, conta a história real de segregação racional sofrida por um famoso pianista norte-americano no sul do país na década de 60, levou o Oscar de Melhor Filme”. 

Vários protestos foram gerados em prol desta conquista, como o histórico #OscarsSoWhite, em 2015 . O Oscar desta fez, premiou artistas negros e latinos em categorias importantes, a  noite se tornou muito  importante e histórica, pelo recorde de maior número de prêmios para profissionais negros (7 estatuetas) e para mulheres (15) em toda sua história da premiação.

O mexicano Alfonso Cuarón confirmou o favoritismo e levou as estatuetas de direção , fotografia e filme estrangeiro . “Pantera Negra” fez bonito em seções técnicas, com Hannah Beachler tornando-se a primeira diretora de arte negra a ser laureada.

O recorde de premiações para artistas do sexo feminino havia sido estabelecido em 2007, quando 12 mulheres venceram o Oscar. A edição de 2015 igualou este número. Passando por diversas criticas dada a ausência de mulheres .

Na categoria de direção, veio então o alívio com a vitória feminina entre os curtas-metragens — documentário (“Absorvendo o tabu”) e animação (“Bao”). E Spike Lee, que havia recebido um Oscar Honorário em 2016, levou seu primeiro Oscar competitivo pelo roteiro adaptado de “Infiltrado na Klan” , de quebra entregando um dos discursos mais memoráveis.


Hannah Beachler
Hannah Beachler, a primeira mulher negra a levar um Oscar por design de produção, se emocionou ao ver sua estatueta sendo gravada. 

Além de Pantera Negra, ela trabalhou ao lado do diretor Ryan Coogler em Fruitvale Station: A Última Parada e Creed. Entre seus trabalhos de destaque estãoMoonlight e do clipe Lemonade, de Beyonce.


Recorde dos negros:
  • Regina King (Atriz Coadjuvante, "Se a rua Beale falasse")
  • Mahershala Ali (Ator Coadjuvante, "Green Book: O Guia")
  • Spike Lee (Roteiro adaptado, "Infiltrado na Klan")
  • Kevin Willmott (Roteiro adaptado, "Infiltrado na Klan")
  • Hannah Beachler (Direção de arte, "Pantera Negra")
  • Ruth Carter (Figurino, "Pantera Negra")
  • Peter Ramsey (Animação, "Homem-Aranha no Aranhaverso")
Recorde das mulheres:
  • Ruth Carter, figurino por “Pantera Negra”
  • Elizabeth Chai Vasarhelyi e Shannon Dill, documentário por “Free Solo”
  • Rayka Zehtabchi e Melissa Berton, documentário curta-metragem por "Absorvendo Tabu"
  • Kate Biscoe e Patricia DeHaney, maquiagem por “Vice”
  • Hannah Beachler, direção de arte por "Pantera Negra")
  • Domee Shi eBecky Neiman-Cobb, curta de animação por "Bao"
  • Jaime Ray Newman, curta por “Skin”
  • Nina Hartstone, edição de som por “Bohemian Rhapsody”
  • Lady Gaga, canção original por “Shallow” de "Nasce uma estrela"
 Fonte e foto:G1

“VIOLENTA EMOÇÃO” EM PROJETO DE MORO ABRE BRECHA PARA ABSOLVER FEMINICÍDIO?

Os projetos de lei apresentados pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, podem abrir um caminho para a Justiça absolver acusados de agressão contra a mulher e de feminicídio, o assassinato motivado pela condição de mulher da vítima. A análise é de advogadas e promotoras especialistas no tema da violência contra a mulher.
O pacote altera leis que tratam das penas e do processo criminal, com foco nos crimes de corrupção, os praticados com violência e os cometidos por organizações criminosas. O texto foi apresentado ao Congresso Nacional na terça-feira (19).
Um dos pontos do Código Penal que o projeto quer mudar são os artigos que tratam da legítima defesa.
Hoje o termo é entendido como a possibilidade de usar a força para repelir um ataque ou ameaça iminente contra si ou outras pessoas. Mas isso deve ser feito de forma proporcional, e a lei diz que os chamados “excessos” na legítima defesa devem ser punidos. Um exemplo de excesso é o da pessoa que, para se defender de uma agressão desarmada, atira com uma arma de fogo no agressor.
O projeto de Moro prevê que o excesso na legítima defesa possa deixar de ser punido, ou ter a pena reduzida até a metade, se o juiz entender que ele ocorreu em uma situação que envolve “medo, surpresa ou violenta emoção”.
Foi o uso da expressão “violenta emoção” que disparou o alerta de quem lida com a violência contra a mulher. O temor é o de que, numa situação como a de uma briga de casal, por exemplo, a morte de mulheres deixe de ser punida com base no entendimento de que o agressor foi levado por “violenta emoção” em sua suposta legítima defesa.
“Há uma preocupação, sim, a gente tem um medo que isso acabe sendo um retrocesso e seja utilizado como uma forma de absolver os casos de feminicídio”, diz a advogada Alice Bianchini, vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
“Se aprovado, a gente vai ver como os juízes vão começar a interpretar isso, e não só os juízes, mas, como esse é um processo de júri, os jurados”, ela afirma. “Fora que a gente tem uma cultura de violência contra a mulher muito forte, então essa é a nossa preocupação: que os próprios jurados acabem encontrando nesse dispositivo legal uma forma de absolver o acusado”, diz a advogada.
Esse tipo de crítica foi rebatido por Moro durante a apresentação do projeto. O ministro afirmou que nas agressões às mulheres não estaria caracterizada a legítima defesa. “As situações de violência doméstica, de feminicídio, não envolvem circunstâncias de legítima defesa. Uma mulher que sofre a agressão do marido é uma vítima, o marido não está agindo em qualquer circunstância de legítima defesa”, disse Moro.
Para a subprocuradora-geral da República Ela Wiecko, coordenadora do Comitê de Equidade de Gênero e Raça do MPF (Ministério Público Federal), o texto do projeto amplia as possibilidades de o juiz conceder absolvição ou redução de pena aos acusados de agredir uma mulher, desde que o agressor alegue ter agido em legítima defesa impelido por “violenta emoção”.
“É mais uma possibilidade que os agressores têm na sua defesa. Os advogados vão ter mais uma possibilidade de argumento”, diz Wiecko.
“Se há agressões verbais e ele dá uma bofetada, isso é um excesso de legítima defesa. Essa agressão física já é excessiva”, afirma a procuradora.
Para Wiecko, esse ponto do projeto de Moro parece ter sido pensado para ampliar as hipóteses de aplicação da legítima defesa à atividade policial, porém, como a alteração proposta será feita na parte geral do Código Penal, se aplicaria a todas as situações em que a legítima defesa pode ser invocada.
“Esse dispositivo que está sendo proposto foi pensando realmente dentro da ação policial, para aumentar a possibilidade de aceitação da legítima defesa. Mas, realmente, como o dispositivo é geral, ele pode ser aplicado para outros crimes e têm duas hipóteses que se afiguram de muito provável aplicação que é no caso de homicídio contra as mulheres ou no caso da lesão corporal grave praticada contra as mulheres”, diz a procuradora.
A promotora de Justiça Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público do Estado de São Paulo, diz acreditar que a hipótese de deixar de punir a legítima defesa praticada por “violenta emoção” não deva ser aplicada na prática pelos tribunais, pois a legislação penal já possui uma previsão específica para redução de pena nos casos de homicídios cometidos “sob o domínio de violenta emoção”.
Esse dispositivo do Código Penal permite a redução da pena de um sexto a um terço.
“Essa é uma norma específica dos crimes contra a vida, enquanto a regra do projeto é geral. Então, quando temos esse conflito de leis, uma das regras é a da especialidade: prevalece a lei especial sobre a geral”, diz Scarance.
Já nos casos de agressões que não resultam em morte, a promotora defende que seja acrescentada uma ressalva ao texto do projeto de Moro, para ficar claro que as hipóteses de isenção da punição não se aplicam a agressões contra mulheres.
“Mas, para se estancar qualquer dúvida em relação aos outros crimes, o ideal seria que se colocasse uma ressalva [no projeto], por exemplo: salvo nos crimes hediondos e assemelhados, ou salvo nas hipóteses de violência contra a mulher, idoso, criança e adolescente”, ela diz.
Para Scarance, o projeto traz pontos positivos no enfrentamento à violência contra a mulher, como a maior dificuldade para a progressão de regime de prisão e a possibilidade de cumprimento de pena a partir da condenação em segunda instância. Ela afirma que essas medidas facilitam manter o agressor preso, o que o afasta do convívio da vítima.
“Para mulheres em situação de violência são situações favoráveis, já que muitas vezes quando o agressor está em liberdade ele pode colocar em risco essa mulher”, diz. “De uma maneira geral, esse projeto de lei é mais protetivo para as mulheres”, afirma a promotora.
Fonte: Agencia Pat.Galvão

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Goiana é a primeira mulher quilombola mestre em Direito no Brasil


Pesquisa da advogada procura entender as relações socioculturais da comunidade e os meios jurídicos que busca regular e regularizar as questões territoriais.

Foi do interior da comunidade quilombola Vão do Moleque, no município de Cavalcante, na Calha Norte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que saiu a primeira advogada Calunga formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela também foi a primeira  quilombola a passar na OAB e agora conquista seu mestrado pela UFG.

A advogada, Vercilene Francisco Dias, será a primeira mulher quilombola com mestrado em Direito no Brasil. Concluiu o curso de direito em 2016. Sendo, também, a primeira quilombola a passar no exame da OAB de Goiás.

Vercilene deu início ao seu mestrado em Direito Agrário, em 2017, e irá apresentar a defesa da sua dissertação no Programa de Pós-graduação da UFG, nesta quinta-feira (21/02), às 14:00h. 

Para ela, as conquistas são uma prova viva de seu esforço, coragem e determinação.

“Na universidade passei por muitas dificuldades e por diversas vezes tive que faltar às aulas por falta de condições de pagar a passagem do ônibus. Nos primeiros anos do curso, me sentia também isolada e deslocada”, lembra.

Vercilene Francisco Dias, trabalha como advogada popular, representando os interesses da comunidade Kalunga . 

A pesquisa da advogada procura entender as relações socioculturais da comunidade e os meios jurídicos que busca regular e regularizar suas questões territoriais.

Olhando para o passado, Vercilene comenta que dificuldades nunca faltaram em sua vida nem na de seus descendentes. Mas também não faltou coragem para enfrentar os desafios.

A pesquisadora também possui diploma em Estudo Internacional em Litígio Estratégico em Direito Indígena pela Pontifícia Universidade Católica do Peru.

“Sinto-me realizada talvez não totalmente, tenho muito a conquistar e a fazer, mas estou cumprindo o propósito que tanto almejei para com a comunidade”.(entrevista OHoje) .

A Advogada Popular participou do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (Najup) da Faculdade de Direito. Participou de Projeto de Extensão Girau dos Saberes: Saberes e Ofícios em Comunidades Tradicionais sob orientação da Professora Maria Tereza Gomes da Silva, que integra o programa de Extensão Kalunga Cidadão: Promoção da Igualdade Racial na Comunidade Rural Quilombola Kalunga sob orientação da professora Maria Cristina Vidotte. A professora integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

A futura mestre fala de projetos futuros.  
“No mestrado tornei-me protagonista e não apenas objeto de pesquisa. Tenho como projeto de pesquisa o estudo dos conflitos internos gerados pelas disparacidades da regularização fundiária na comunidade Kalunga. 
Sou assessora jurídica da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e advogada trainee na organização Terra de Direitos”. 


Fontes e trechos: O HOJE Isabela Martins / Redação Curta Mais 

Mulheres ocupam 69% dos cargos de liderança e negros são minorias em comunicação empresarial


Por Alana Gandra 

A pesquisa inédita Perfil da Liderança em Comunicação no Brasil, divulgada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), mostra que apesar de ocupar 69% dos cargos de liderança na comunicação corporativa no Brasil, as mulheres representam 45% do total de cargos de direção ou vice-presidência nas empresas onde trabalham.

A pesquisa foi feita com 578 profissionais de 20 estados, dos quais 78% são empregados em empresas privadas de grande porte (62%), sendo 41% em multinacionais e 37% em companhias nacionais de todos os setores da economia, com destaque para o de serviços (27%), que inclui agências de comunicação. São Paulo abriga a maioria dessas lideranças (57%). Do total de participantes, 398 são mulheres. Setenta e quatro por cento dos profissionais estão contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 11% sob regime societário.

Embora as mulheres já estejam bem representadas nas empresas, o estudo mostra que é mais lento o processo para elas chegarem aos cargos de direção, informou o coordenador da pesquisa da Aberje, Carlos Ramello.

Salários
Em termos salariais, 59% dos consultados informaram ganhar mensalmente entre R$ 7 mil e R$ 20 mil. Por nível de cargo, verifica-se que 71% dos gerentes ganham por mês entre R$ 10 mil e R$ 30 mil, enquanto para 71% dos diretores, o salário é superior a R$ 15 mil. O levantamento não separa os ganhos mensais dos líderes em comunicação por gênero. “A experiência mostra que não existe diferenciação entre homens e mulheres nessa situação. Estão dentro das mesmas faixas (salariais)”, disse Ramello. As mulheres já não constituem um grupo de diversidade nos cargos de lideranças nas empresas, “até mesmo porque é maioria”.

Do total de entrevistados, 81% se declararam brancos, 14%, pardos, 5%, negros, e 2%, amarelos; 93% são heterossexuais, enquanto 5% disseram ser homossexuais e 2%, bissexuais. Apenas 1% disse apresentar algum tipo de deficiência. “Isso mostra que não existe diversidade entre os cargos de liderança”, acrescentou o coordenador da pesquisa.

Geração X
Carlos Ramello observou que os profissionais que integram a chamada “geração do milênio”, ou ‘milleniais’, com idade até 35 anos, são minoria entre os líderes em comunicação. Essa geração abrange as pessoas nascidas a partir de 2001, que se desenvolveram em uma época de grandes avanços tecnológicos, prosperidade econômica e facilidade material. De acordo com o estudo, a maioria dos líderes pertence à geração X, referente às pessoas nascidas logo após a Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964, quando ocorreu um aumento significativo da taxa de natalidade. A proporção identificada pelo estudo foi de 72% de lideranças da geração X e 28% dos ‘milleniais’.

Isso revela que as organizações, nas contratações ou promoção de seus líderes, acabam considerando muito a experiência. “As organizações são um pouco mais conservadoras nessa atribuição de liderança”. A experiência na área de atuação é priorizada pelas empresas. Quarenta e quatro por cento dos participantes exercem cargos de liderança na área de comunicação há mais de oito anos.

Escolaridade
Todos os participantes da pesquisa têm curso superior, sendo 40% graduados em jornalismo, 19% em comunicação e 16% em relações públicas. Dos 578 profissionais, 73% fizeram ou estão fazendo especialização ou MBA. Oitenta e nove por cento se comunicam em inglês e 57% em espanhol.

Do total de entrevistados, 90% usam a internet como principal fonte de informação, seguida do jornal (27%) e da televisão (27%). Em média, os entrevistados dedicam uma hora e meia por dia às redes sociais, sendo que os ‘milleniais’ dedicam duas horas ou mais diariamente. O Facebook e o Linkedin são as redes sociais mais utilizadas pelos profissionais que exercem cargos de liderança, da ordem de 93% cada, seguidos pelo Instagram, com 88%.

Os participantes leem, em média, 5,5 livros por ano, superando a média nacional de quatro por ano, com destaque para livros técnicos e profissionais (38%). A maioria dos participantes (57%) não fazia qualquer atividade voluntária no momento da pesquisa e um quarto não era engajado em nenhuma causa.

Análise do contexto e avaliação de tendências foram apontadas por 55% dos consultados como as principais competências para um líder em comunicação. A maior competência que eles demonstram é o profundo conhecimento do setor onde atuam.


Fonte : Agencia Brasil

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Cresce o número de desalentados no Brasil . Mulheres são maioria


No ano passado, 4,7 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego no país.

Pessoas que desistiram de procurar emprego – já estão em todos os estratos da sociedade brasileira. Mas uma análise detalhada dos números mostra que as mulheres têm sido mais afetadas pela crise do mercado de trabalho.

Esse perfil foi projetado pela consultoria Plano CDE, com base nos últimos dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua. No ano passado, o número de  pessoas que desistiu de procurar emprego chegou a 4,7 milhões – o equivalente à população da Costa Rica.

São várias as causas que podem levar um trabalhador ou trabalhadora para o quadro de desesperança.  A falta de oportunidades e o baixo estímulo para disputa de uma vaga no mercado em períodos de crise. Outros fatores ligados diretamente às dificuldades no desempenho da atividade econômica: muitas mulheres deixam de buscar trabalho quando não há vagas em creches ou escolas para os filhos e moram longe .

Desta camada da sociedade de desalentados do país, 54,31% são do sexo feminino, enquanto os homens respondem por 45,69%. "Na maioria dos casos, a mulher acaba ficando presa às atividades domésticas", diz o diretor-executivo da consultoria Plano CDE, Maurício Prado.

No recorte por anos de estudo, este desalento está concentrado entre aqueles os trabalhadores com ensino fundamental incompleto. Esse grupo de brasileiros é responsável por 40,6% do total no país. As menores taxas são observadas na população que, pelo menos, chegou ao ensino superior. "O desalento alto é problemático em vários sentidos", afirma o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, responsável pelo estudo. "A pobreza, por exemplo, é duplamente afetada pelo quadro desalento", diz.

Um estudo conduzido pelo Banco Mundial no ano passado com jovens pernambucanos identificou três razões que ajudam a explicar porque o desalento é tão alto no Nordeste. Pelo levantamento, as pessoas deixam de procurar emprego por falta de aspiração, inabilidade de transformar a vontade de voltar ao mercado de trabalho em ações práticas, e dificuldade para lidar com barreiras externas, como falta de transporte público seguro para se locomover.

"O desalento é um capital humano que não está sendo utilizado. É uma experiência e escolaridade que podem ser empregados no mercado, mas ficam de foram, sendo passiveis de depreciação", afirma o professor do Insper e especialista em mercado de trabalho, Sergio Firpo.

Os dados do estudo do Ipea se referem ao segundo semestre de 2018 indicaram que a quantidade de desalentados no País era de 4,8 milhões de pessoas , 60% se encontravam na região nordeste,   21,4% no sudeste; 10,9% na região norte, 4,4% na região centro-oeste e 4,3% na região sul.
Esses 4,8 milhões de pessoas que já desistiram de procurar emprego representavam em 2018 4,3% da População em Idade Ativa (PIA), segundo o IBGE, ultrapassando  o dobro do registrado de 2012 a 2015.



Fonte G1/G1 Economia/Ipea/IBGE/Pnad
Foto: G1

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Movimentos Sociais protestam contra morte de jovem negro em supermercado


Manifestantes fazem protesto contra a morte do jovem Pedro
Gonzaga na entrada do supermercado Extra,
na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo —
Foto: Cris Faga/Estadão Conteúdo
Jovem morreu na ultima quinta depois que um segurança, teria lhe aplicado um golpe mata-leão, após uma confusão na loja.

A principal palavra de ordem: “Vidas Negras Importam, sim. Chega de racismo. Foi com estas e tantas outras frases de que manifestantes, convocados por movimentos sociais, realizaram protesto, na tarde deste domingo (17) em frente ao supermercado Extra na Barra da Tijuca,  onde jovem foi brutalmente assassinado por um segurança na quinta-feira (15).

 Também houve atos em outras cidades, como São Paulo e Fortaleza (CE).

Centenas de pessoas representando diversos setores  dos  movimentos sociais , parlamentares e famosos  estiveram presentes no protesto, realizado no estacionamento do supermercado. 
Cartazes com dizeres como “Vidas negras importam” e “Minha cor não é um crime” foram colados na grade de proteção do local.

Ator Aílton Graça
O ator Aílton Graça também esteve no protesto na Barra da Tijuca. Ele falou sobre a importância de protestar e pediu um "basta" ao genocídio e extermínio da população negra e de ações racistas. Falou da importância do ato que aconteceu em vários estados.
O ato também contou com a presença da ex-governadora Benedita da Silva (PT) .



Manifestação em outros estados
O protesto também aconteceu em outros estados dos país como São Paulo e Pernambuco. O protesto no Extra Benfica, na Zona Oeste do Recife, teve início por volta das 14h do sábado (16), com cerca de 20 participantes.

Os organizadores percorreram algumas áreas do estabelecimento e fizeram performances gritando frases como “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Alguns dos clientes que estavam no estabelecimento acompanharam a ação.

Na capital paulista, manifestantes fizeram uma manifestação no Extra da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na altura da Alameda Ribeirão Preto, região central de São Paulo. O ato começou por volta das 14h30 deste domingo (17).

O grupo levou faixas com as frases “não consigo respirar” e “vidas negras importam”. 
Em Fortaleza, um grupo realizou um protesto em frente ao hipermercado Extra do Bairro de Fátima. Durante o ato, os manifestantes entraram no estabelecimento com cartazes e gritaram palavras contra a morte de Pedro Henrique.

 (Agência Brasil/ Fernando Frazão)
Os participantes também se reuniram no estacionamento do Extra e discursaram contra o ocorrido. A manifestação foi organizada por movimentos nas redes sociais.

O corpo de Pedro Henrique Gonzaga, de 25 anos, foi enterrado neste sábado (16) no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Muito abalada, a mãe dele não foi ao enterro e familiares que estiveram na cerimônia preferiram não conversar com a imprensa. Parentes e pessoas próximas contaram que a vítima tinha um filho pequeno, de apenas oito meses.

Na noite de quinta-feira, imagens da ação do segurança, filmadas por câmeras de celulares, viralizaram nas redes sociais. Nos registros, é possível ver que testemunhas o alertaram para os riscos para Gonzaga, que parecia estar desmaiado sob o corpo do no chão da loja. O segurança, porém, repudiou as intervenções e mandou até que as pessoas em volta calassem a boca.
Gonzaga, que segundo amigos sonhava em ser DJ e tinha um filho, estava com a mãe no supermercado.

Em nota, a rede de supermercados Extra informou "que não aceita qualquer ato de violência, excessos e repudia toda forma de racismo".
Também no texto diz que "não vai se eximir das responsabilidades diante ocorrido" e que tem "interesse em esclarecer a situação o mais rápido possível". "Estamos colaborando com as autoridades fornecendo todas as informações disponíveis", informa a nota.
O Extra também afirmou que "os seguranças envolvidos na morte do jovem foram imediatamente e definitivamente afastados" e "a companhia instaurou uma sindicância interna e acompanha junto à empresa de segurança e aos órgãos competentes o andamento das investigações".

O segurança foi preso em flagrante, mas deixou a Delegacia de Homicídios da capital na madrugada da sexta (15) após pagar fiança de R$ 10 mil, segundo a polícia.

Edição e trechos: Mônica Aguiar
Fontes e trechos texto: Ag. Estado/G1/

Estreia de Maju é assinalada por morte de jovem negro


Por Mônica Aguiar
Maria Júlia Coutinho
No sábado (16), Maria Júlia Coutinho, a Maju, estreou no posto de âncora do Jornal Nacional. Na web, espectadores e colegas elogiaram o desempenho da jornalista. 

Maju Coutinho com quase 20 anos de jornalismo, é  primeira mulher negra a ocupar o posto de âncora do Jornal Nacional em 50 anos de exibição.

Duas jornalistas e apresentadoras negras tem também papel de destaque:- Glória Maria que fez parte do Fantástico, hoje no Globo Reporte e Zileide Silva no Jornal Hoje, aos sábados, mas nunca, uma mulher negra, havia chegado a assumir a mesa do Jornal Nacional .

Em entrevista ao F5, a jornalista Maria Júlia Coutinho, afirma que é representativo e simbólico sua estreia no jornal nacional e torce para que este quadro mude. “Foi uma decisão da Direção da emissora, que deixou claro que minha trajetória ate aqui, me permitiu chegar até este lugar” .

É um simbolismo muito grande, estou muito feliz, mas espero que esse, simbolismo gere uma pratica, e que elimine qualquer  manchete. Diz Maju em entrevista no Gshow.

Na sua estreia, Maju foi escalada para ler a resposta do supermercado Extra sobre a morte de Pedro Gonzaga,  rapaz negro,  portador de transtornos mentais,  brutalmente assassinado, por um segurança do estacionamento do Extra,  no Rio. O homicídio  aconteceu na tarde de quinta (14) .  

Assistir uma Mulher Negra lendo uma nota sobre um episódio que causa percepção de racismo tem um peso muito mais contundente para o público em geral- e, com certeza, muito mais constrangedor para quem faz o papel de opressor, no caso, o segurança, bem como dos defensores de sua ação.  

O caso do homicídio gerou  indignação nas redes sociais, e internautas apontam que Gonzaga, que era negro, também foi vítima de racismo. "A carne mais barata do mercado é a carne negra", escreveram em repúdio ao ocorrido, utilizando uma música de Elza Soares. 
O jovem foi  asfixiado até a morte, levando  um golpe de “mata-leão” , por um dos vigias do supermercado .

Nas redes sociais, os internautas e as celebridades fizeram uma campanha a favor das vidas negras, com varias hashtag # Black lives Matter ( Vidas Negras Importam )  é uma das mais comentadas no Twitter.

Maju também ancorou a manhã de cobertura ao vivo do dia seguinte à tragédia de Brumadinho (MG).

Joyce Ribeiro
Jornalistas negras celebraram a conquista da colega e mencionou a luta de outras mulheres

Joyce Ribeiro, âncora do Jornal da Cultura, parabenizou a colega pela conquista. Única negra na ocupando o posto de principal âncora, a jornalista celebrou a conquista de Maju e relembrou a luta de outras mulheres. 
"Lindo momento seu talento nos proporcionou, Maju. Fiquei muito feliz. Sigamos valorizando e multiplicando as conquistas da luta de tantas guerreiras que vieram antes de nós. Parabéns"

Carreira
Maju estreou na televisão em 2005, na TV Cultura, onde integrou o time do Jornal da Cultura. Em 2007, a jornalista foi para a Globo e se tornou repórter. Alguns anos depois, foi convidada para cuidar do quadro de previsão do tempo dos jornais da emissora.

Representatividade
Ainda hoje, é muito pequena a representatividade de mulheres negras que atuam como profissionais de imprensa, principalmente na Televisão Brasileira. A composição étnica no jornalismo, não expressa a realidade.

Apenas 23% dos jornalistas são negros e negras, e não existe um número  exato de quantas negras atuam como profissionais de imprensa (Fonte: Federação Nacional dos Jornalistas/Universidade Federal de Santa Catarina, 2013). 


Como Maju podemos citar outras jornalistas negras que superaram as barreiras existentes:  Aline Prado, Valeria Almeida, Joyce Ribeiro, Luciana Barreto, Zileide Silva, Ida B. Weells, Dulcineia Novaes, Gloria Maria, Jarid Arraes, Ethel Payne,Adriana  Couto, Ezilda Felix, Fernanda Carvalho, Silvia Nascimento, Oprah Gail Winfrey, Luciana Camargo, Graça Araujo( falecida em 2018) .

A jornalista e apresentadora  Maria Júlia Coutinho, em janeiro,   prestou uma homenagem a colegas de profissão negras vestindo camiseta com nomes: Gloria, Zileide, Flávia, Joyce, Luciana e Dulcineia.

F5/ Extra Globo/Contigo/telepadi

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Mulheres são grandes vitoriosas no Grammy


Potentes vozes femininas tomaram conta do palco na entrega dos prêmios Grammy neste domingo (10): Lady Gaga, Dua Lipa, Kacey Musgraves, Brandi Carlile e Cardi B foram premiadas por sua música, de diferentes gêneros, mas com uma missão em comum: abrir o caminho para que outras mulheres continuem brilhando na indústria.

Mas também foi uma festa que celebrou o rap, um gênero até então significativamente marginalizado.

"This is America", canção de Childish Gambino, repleta de críticas à violência armada e ao racismo nos Estados Unidos venceu como melhor canção e gravação do ano, a primeira vez que uma música deste gênero ganha nessas categorias.

O álbum do ano foi para a cantora country Kacey Musgraves por "Golden Hour".

Das quatro categorias principais, duas foram para Gambino, alter ego do ator Danny Glover, que não compareceu à cerimônia, e as outras duas para mulheres.

"As mulheres têm uma perspectiva única para a arte, a música, e é excelente ver que tivemos a oportunidade de sermos incluídas", disse Musgraves a jornalistas após a cerimônia. "É preciso que as mulheres tenham coragem de fazer uma arte que talvez não agrade a todos, mas que também leve outras pessoas a explorar e nos dar uma oportunidade".

Gambino encerrou a noite com quatro prêmios, assim como Musgraves. Lady Gaga e Brandi Carlile ficaram com três cada uma.

Mas para além dos prêmios, o desfile de vozes de mulheres foi para todas uma reivindicação.
"Deixemos que a vagina faça um monólogo", lançou Janelle Monaé em sua impressionante apresentação, tão boa quanto à de H.E.R. e Gaga, ou da anfitriã Alicia Keys, vencedora de 15 Grammys e a primeira mulher a apresentar este evento em 14 anos... E que obviamente não se limitou a apresentar os prêmios.

Tocando de uma só vez dois pianos, apresentou um medley de "Canções que eu gostaria de ter escrito" no qual apareceram temas como "Unforgettable", de Nat King Cole, e "Killing Me Softly", de The Fugees.

Também foi emocionante a homenagem que Katy Perry, Musgraves, Miley Cyrus e Marren Morris fizeram a Dolly Parton, e que Andra Day, Fantasia e Yolanda Adams fizeram à lenda falecida Aretha Franklin.

Jennifer López cantou para Motown, apesar de ter recebido críticas anteriormente por não ser uma artista negra, e Diana Ross celebrou seus 75 anos cantando com os olhos marejados, mas a voz intacta.

"Me deram os melhores anos da minha vida", cantou emocionada em uma apresentação que terminou com um efusivo: "Feliz aniversário para mim!".

Outra mulher a ser muito aplaudida foi a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama, que falou no começo da cerimônia, imediatamente depois da apresentação de "Havana", com a qual Camila Cabello abriu o show com Ricky Martin, J Balvin e o trompetista de Arturo Sandoval.

"A música me ajudou a contar a minha história", disse a ex-primeira-dama. "A música nos mostra que tudo importa".

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