No ano passado, 4,7 milhões de
pessoas desistiram de procurar emprego no país.
Pessoas que desistiram de
procurar emprego – já estão em todos os estratos da sociedade brasileira. Mas
uma análise detalhada dos números mostra que as mulheres têm sido mais afetadas
pela crise do mercado de trabalho.
Esse perfil foi projetado pela
consultoria Plano CDE, com base nos últimos dados divulgados pela Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua. No ano passado, o número de
pessoas que desistiu de procurar emprego
chegou a 4,7 milhões – o equivalente à população da Costa Rica.
São várias as causas que podem
levar um trabalhador ou trabalhadora para o quadro de desesperança. A falta de oportunidades e o baixo estímulo
para disputa de uma vaga no mercado em períodos de crise. Outros fatores ligados
diretamente às dificuldades no desempenho da atividade econômica: muitas
mulheres deixam de buscar trabalho quando não há vagas em creches ou escolas
para os filhos e moram longe .
Desta camada da sociedade de desalentados
do país, 54,31% são do sexo feminino, enquanto os homens respondem por 45,69%.
"Na maioria dos casos, a mulher acaba ficando presa às atividades
domésticas", diz o diretor-executivo da consultoria Plano CDE, Maurício
Prado.
No recorte por anos de estudo, este
desalento está concentrado entre aqueles os trabalhadores com ensino
fundamental incompleto. Esse grupo de brasileiros é responsável por 40,6% do
total no país. As menores taxas são observadas na população que, pelo menos,
chegou ao ensino superior. "O desalento alto é problemático em vários
sentidos", afirma o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, responsável pelo
estudo. "A pobreza, por exemplo, é duplamente afetada pelo quadro
desalento", diz.
Um estudo conduzido pelo Banco
Mundial no ano passado com jovens pernambucanos identificou três razões que
ajudam a explicar porque o desalento é tão alto no Nordeste. Pelo levantamento,
as pessoas deixam de procurar emprego por falta de aspiração, inabilidade de
transformar a vontade de voltar ao mercado de trabalho em ações práticas, e
dificuldade para lidar com barreiras externas, como falta de transporte público
seguro para se locomover.
"O desalento é um capital
humano que não está sendo utilizado. É uma experiência e escolaridade que podem
ser empregados no mercado, mas ficam de foram, sendo passiveis de
depreciação", afirma o professor do Insper e especialista em mercado de
trabalho, Sergio Firpo.
Os dados do estudo do Ipea se referem ao segundo semestre de
2018 indicaram que a quantidade de desalentados no
País era de 4,8 milhões de pessoas , 60% se encontravam na região
nordeste, 21,4% no sudeste; 10,9% na
região norte, 4,4% na região centro-oeste e 4,3% na região sul.
Esses 4,8 milhões de pessoas que já desistiram de procurar
emprego representavam em 2018 4,3% da População em Idade Ativa (PIA), segundo o
IBGE, ultrapassando o dobro do
registrado de 2012 a 2015.
Fonte G1/G1 Economia/Ipea/IBGE/Pnad
Foto: G1
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