segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Estreia de Maju é assinalada por morte de jovem negro


Por Mônica Aguiar
Maria Júlia Coutinho
No sábado (16), Maria Júlia Coutinho, a Maju, estreou no posto de âncora do Jornal Nacional. Na web, espectadores e colegas elogiaram o desempenho da jornalista. 

Maju Coutinho com quase 20 anos de jornalismo, é  primeira mulher negra a ocupar o posto de âncora do Jornal Nacional em 50 anos de exibição.

Duas jornalistas e apresentadoras negras tem também papel de destaque:- Glória Maria que fez parte do Fantástico, hoje no Globo Reporte e Zileide Silva no Jornal Hoje, aos sábados, mas nunca, uma mulher negra, havia chegado a assumir a mesa do Jornal Nacional .

Em entrevista ao F5, a jornalista Maria Júlia Coutinho, afirma que é representativo e simbólico sua estreia no jornal nacional e torce para que este quadro mude. “Foi uma decisão da Direção da emissora, que deixou claro que minha trajetória ate aqui, me permitiu chegar até este lugar” .

É um simbolismo muito grande, estou muito feliz, mas espero que esse, simbolismo gere uma pratica, e que elimine qualquer  manchete. Diz Maju em entrevista no Gshow.

Na sua estreia, Maju foi escalada para ler a resposta do supermercado Extra sobre a morte de Pedro Gonzaga,  rapaz negro,  portador de transtornos mentais,  brutalmente assassinado, por um segurança do estacionamento do Extra,  no Rio. O homicídio  aconteceu na tarde de quinta (14) .  

Assistir uma Mulher Negra lendo uma nota sobre um episódio que causa percepção de racismo tem um peso muito mais contundente para o público em geral- e, com certeza, muito mais constrangedor para quem faz o papel de opressor, no caso, o segurança, bem como dos defensores de sua ação.  

O caso do homicídio gerou  indignação nas redes sociais, e internautas apontam que Gonzaga, que era negro, também foi vítima de racismo. "A carne mais barata do mercado é a carne negra", escreveram em repúdio ao ocorrido, utilizando uma música de Elza Soares. 
O jovem foi  asfixiado até a morte, levando  um golpe de “mata-leão” , por um dos vigias do supermercado .

Nas redes sociais, os internautas e as celebridades fizeram uma campanha a favor das vidas negras, com varias hashtag # Black lives Matter ( Vidas Negras Importam )  é uma das mais comentadas no Twitter.

Maju também ancorou a manhã de cobertura ao vivo do dia seguinte à tragédia de Brumadinho (MG).

Joyce Ribeiro
Jornalistas negras celebraram a conquista da colega e mencionou a luta de outras mulheres

Joyce Ribeiro, âncora do Jornal da Cultura, parabenizou a colega pela conquista. Única negra na ocupando o posto de principal âncora, a jornalista celebrou a conquista de Maju e relembrou a luta de outras mulheres. 
"Lindo momento seu talento nos proporcionou, Maju. Fiquei muito feliz. Sigamos valorizando e multiplicando as conquistas da luta de tantas guerreiras que vieram antes de nós. Parabéns"

Carreira
Maju estreou na televisão em 2005, na TV Cultura, onde integrou o time do Jornal da Cultura. Em 2007, a jornalista foi para a Globo e se tornou repórter. Alguns anos depois, foi convidada para cuidar do quadro de previsão do tempo dos jornais da emissora.

Representatividade
Ainda hoje, é muito pequena a representatividade de mulheres negras que atuam como profissionais de imprensa, principalmente na Televisão Brasileira. A composição étnica no jornalismo, não expressa a realidade.

Apenas 23% dos jornalistas são negros e negras, e não existe um número  exato de quantas negras atuam como profissionais de imprensa (Fonte: Federação Nacional dos Jornalistas/Universidade Federal de Santa Catarina, 2013). 


Como Maju podemos citar outras jornalistas negras que superaram as barreiras existentes:  Aline Prado, Valeria Almeida, Joyce Ribeiro, Luciana Barreto, Zileide Silva, Ida B. Weells, Dulcineia Novaes, Gloria Maria, Jarid Arraes, Ethel Payne,Adriana  Couto, Ezilda Felix, Fernanda Carvalho, Silvia Nascimento, Oprah Gail Winfrey, Luciana Camargo, Graça Araujo( falecida em 2018) .

A jornalista e apresentadora  Maria Júlia Coutinho, em janeiro,   prestou uma homenagem a colegas de profissão negras vestindo camiseta com nomes: Gloria, Zileide, Flávia, Joyce, Luciana e Dulcineia.

F5/ Extra Globo/Contigo/telepadi

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