Pesquisa da advogada procura entender as relações
socioculturais da comunidade e os meios jurídicos que busca regular e
regularizar as questões territoriais.
Foi do interior da comunidade quilombola Vão do Moleque, no
município de Cavalcante, na Calha Norte do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros, que saiu a primeira advogada Calunga formada pela Universidade
Federal de Goiás (UFG). Ela também foi a primeira quilombola a
passar na OAB e agora conquista seu mestrado pela UFG.
A advogada, Vercilene Francisco Dias, será a primeira mulher
quilombola com mestrado em Direito no Brasil. Concluiu o curso de direito em
2016. Sendo, também, a primeira quilombola a passar no exame da OAB de Goiás.
Vercilene deu início ao seu mestrado em Direito Agrário, em
2017, e irá apresentar a defesa da sua dissertação no Programa de Pós-graduação
da UFG, nesta quinta-feira (21/02), às 14:00h.
Para ela, as conquistas são uma prova viva de seu
esforço, coragem e determinação.
“Na universidade passei por muitas dificuldades e por
diversas vezes tive que faltar às aulas por falta de condições de pagar a
passagem do ônibus. Nos primeiros anos do curso, me sentia também isolada e
deslocada”, lembra.
Vercilene Francisco Dias, trabalha como advogada popular,
representando os interesses da comunidade Kalunga .
A pesquisa da advogada procura entender as relações
socioculturais da comunidade e os meios jurídicos que busca regular e
regularizar suas questões territoriais.
Olhando para o passado, Vercilene comenta que dificuldades
nunca faltaram em sua vida nem na de seus descendentes. Mas também não faltou
coragem para enfrentar os desafios.
A pesquisadora também possui diploma em Estudo Internacional
em Litígio Estratégico em Direito Indígena pela Pontifícia Universidade
Católica do Peru.
“Sinto-me realizada talvez não totalmente, tenho muito a
conquistar e a fazer, mas estou cumprindo o propósito que tanto almejei para
com a comunidade”.(entrevista OHoje) .
A Advogada Popular participou do Núcleo de Assessoria
Jurídica Universitária Popular (Najup) da Faculdade de Direito. Participou de
Projeto de Extensão Girau dos Saberes: Saberes e Ofícios em Comunidades
Tradicionais sob orientação da Professora Maria Tereza Gomes da Silva, que
integra o programa de Extensão Kalunga Cidadão: Promoção da Igualdade Racial na
Comunidade Rural Quilombola Kalunga sob orientação da professora Maria Cristina
Vidotte. A professora integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros
(ABPN).
A futura mestre fala de projetos futuros.
“No mestrado
tornei-me protagonista e não apenas objeto de pesquisa. Tenho como projeto de
pesquisa o estudo dos conflitos internos gerados pelas disparacidades da
regularização fundiária na comunidade Kalunga.
Sou assessora jurídica da
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
(CONAQ) e advogada trainee na organização Terra de Direitos”.
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