quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Goiana é a primeira mulher quilombola mestre em Direito no Brasil


Pesquisa da advogada procura entender as relações socioculturais da comunidade e os meios jurídicos que busca regular e regularizar as questões territoriais.

Foi do interior da comunidade quilombola Vão do Moleque, no município de Cavalcante, na Calha Norte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que saiu a primeira advogada Calunga formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela também foi a primeira  quilombola a passar na OAB e agora conquista seu mestrado pela UFG.

A advogada, Vercilene Francisco Dias, será a primeira mulher quilombola com mestrado em Direito no Brasil. Concluiu o curso de direito em 2016. Sendo, também, a primeira quilombola a passar no exame da OAB de Goiás.

Vercilene deu início ao seu mestrado em Direito Agrário, em 2017, e irá apresentar a defesa da sua dissertação no Programa de Pós-graduação da UFG, nesta quinta-feira (21/02), às 14:00h. 

Para ela, as conquistas são uma prova viva de seu esforço, coragem e determinação.

“Na universidade passei por muitas dificuldades e por diversas vezes tive que faltar às aulas por falta de condições de pagar a passagem do ônibus. Nos primeiros anos do curso, me sentia também isolada e deslocada”, lembra.

Vercilene Francisco Dias, trabalha como advogada popular, representando os interesses da comunidade Kalunga . 

A pesquisa da advogada procura entender as relações socioculturais da comunidade e os meios jurídicos que busca regular e regularizar suas questões territoriais.

Olhando para o passado, Vercilene comenta que dificuldades nunca faltaram em sua vida nem na de seus descendentes. Mas também não faltou coragem para enfrentar os desafios.

A pesquisadora também possui diploma em Estudo Internacional em Litígio Estratégico em Direito Indígena pela Pontifícia Universidade Católica do Peru.

“Sinto-me realizada talvez não totalmente, tenho muito a conquistar e a fazer, mas estou cumprindo o propósito que tanto almejei para com a comunidade”.(entrevista OHoje) .

A Advogada Popular participou do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular (Najup) da Faculdade de Direito. Participou de Projeto de Extensão Girau dos Saberes: Saberes e Ofícios em Comunidades Tradicionais sob orientação da Professora Maria Tereza Gomes da Silva, que integra o programa de Extensão Kalunga Cidadão: Promoção da Igualdade Racial na Comunidade Rural Quilombola Kalunga sob orientação da professora Maria Cristina Vidotte. A professora integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

A futura mestre fala de projetos futuros.  
“No mestrado tornei-me protagonista e não apenas objeto de pesquisa. Tenho como projeto de pesquisa o estudo dos conflitos internos gerados pelas disparacidades da regularização fundiária na comunidade Kalunga. 
Sou assessora jurídica da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e advogada trainee na organização Terra de Direitos”. 


Fontes e trechos: O HOJE Isabela Martins / Redação Curta Mais 

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