Por Mônica Aguiar
Nzinga comandou pessoalmente um exército
até os 73 anos de idade. Foi muito respeitada pelos portugueses e Angola só
foi dominada depois da sua morte, aos 81 anos.
Nzimga também conhecida
como Ngola Ana Nzinga Mbande, Rainha N'Ginga, Rainha
Ginga, rainha Nzinga, Nzinga I, rainha
Nzinga Ndongo, Nzinga Mbandi, Nzinga Mbande, Jinga, Singa, Zhinga, Ginga, Ana
Nzinga, Ngola Nzinga, Nzinga de Matamba, rainha
Nzingha de Ndongo, Ann Nzingha, Nxingha e Mbande
Ana Nzingha. Filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluaje e de Guenguela Cakombe.
Falar de Nzinga é falar de um
mundo ao mesmo tempo muito distante e muito próximo. Ela nasceu entre os
africanos de língua bantu, os mesmos que, escravizados no Brasil, criaram o
samba e a capoeira.
Seu povo está, portanto, na raiz da nossa identidade
nacional. A sociedade a que ela pertencia, no entanto, é
bem pouco conhecida.
Par além das invasões, o reino de Ndongo tinha que se defender dos ataques de inimigos mais
tradicionais: os jagas, um povo de guerreiros saqueadores. Ainda assim, as
guerras não eram a única dor de cabeça da heroína Nzinga Mbandi (pronuncia-se
inzinga imbandi).
Ela também teve de aturar forte oposição interna por ser
mulher e ser filha de uma escrava.
Nzinga fora criada pelo pai, o rei Jinga Mbandi, para ser uma rainha guerreira. Mas, quando ele morreu, em 1617, foi o irmão dela, Kia Mbamdi, quem assumiu o trono. Começou, então, uma agitada luta pelo governo de Ndongo. Uma das primeiras medidas de Kia foi matar o filho único de Nzinga, concorrente em potencial. Ela mesma só virou rainha em 1624, após o assassinato de Kia durante uma das piores crises do reino, quando o Ndongo rapidamente perdia terreno para os portugueses.
É claro que não faltaram más
línguas para insinuar que teria sido Nzinga a responsável pela morte do rei.
Anos depois, já coroada, ela
realizou sua mais bem-sucedida manobra política: a união com os terríveis
jagas. Para isso, teve de adotar muitos costumes estranhos à cultura de Ndongo,
como os rituais de canibalismo, que ajudavam a manter os soldados animados para
a batalha. Os jagas eram especialmente perigosos: combatiam até o último homem
e a covardia era punida com a morte.
Muitos contam que em certos
rituais, Nzinga se vestia de homem e obrigava seus inúmeros amantes a se
fantasiarem de mulher. Sua fama era mesmo a de subverter tradições,
provavelmente uma forma de reafirmar o próprio poder em uma sociedade que não
aceitava uma mulher como soberana.
Nzinga lutou durante 40 anos contra
a escravidão do seu povo. Defendeu a
religião do seu reino. Com bravura, perseverança e determinação, a Rainha
Njinga lutou uma longa batalha para recuperar o trono e depois liderar o seu
povo numa batalha intensa contra o exército português pela liberdade nacional
do seu reino - Ngola e Matamba. Tornou-se uma das maiores governantes da
história da África. Por fim, conseguiu manter a independência do seu povo
durante todo o reinado e hoje permanece uma figura central na cultura de
Angola, país ainda dividido por conflitos internos.
Após a sua morte, 7 000
soldados da rainha Nzinga foram levados para o Brasil e
vendidos como escravos. Os portugueses passaram a controlar a área em 1671. Em certas áreas,
Portugal não obteve controle total até o século XX,
principalmente devido ao seu tipo de colonização, centrado no litoral.
Nzinga é homenageada em festas populares de origem
bantu, como a congada. Zumbi dos Palmares, contemporâneo dela que adoraria
tê-la conhecido, certamente diria: ela merece!
No Brasil, o nome da
rainha Nzinga é referido em vários folguedos da Festa
de Reis dos negros do Rosário, onde reis de congo católicos
lutam contra reis que não aceitam o cristianismo. No século XVII, o lucrativo
comércio de escravos praticado pelos portugueses sofreu um duro revés. A
oposição mais forte que enfrentaram veio da rainha Nzinga, uma obstinada líder
política e militar que, por quarenta anos, impediu que os portugueses penetrassem
no continente africano. Conheça a história dessa mulher africana extraordinária.
Fontes: wikipedia/ Superabril
2 comentários:
Sobre a história de Nzinga, o melhor trabalho é
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-14032013-094719/pt-br.php
Sobre a memória dela na diáspora
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-31072018-172020/en.php
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