segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Mulheres vão às ruas da América Latina e outras regiões contra feminicídio

Diferentes manifestações foram realizadas nesta sexta-feira (25) em países da América Latina, para repudiar os feminicídios e dizer "chega" a toda forma de violência de gênero no Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres, lembrado pela ONU.

"Nem uma a menos, nos queremos vivas", repetiam dezenas de milhares de mulheres na capital argentina, onde uma coluna avançou pelo centro da cidade até a histórica Praça de Maio.
Diante dos manifestantes, homens e mulheres, uma enorme faixa com manchas de pintura vermelha lembrou que "a violência contra a mulher sempre mata".

As marchas se repetiram em outros países da América Latina, entre eles Uruguai, Guatemala, Colômbia, Venezuela e Chile.
No Peru, grupos feministas convocaram para marchar de preto no sábado, em Lima, em repúdio à "violência machista".

Segundo a Procuradoria peruana, no primeiro semestre de 2016 foram reportados 35 feminicídios.
Na cidade francesa de Reims, um tribunal correcional julgou nesta sexta-feira 14 maridos violentos em uma audiência temática pelo Dia Internacional.

Na Guatemala, 500 pessoas marcharam para pedir o fim da violência de gênero, que este ano matou 625 mulheres. "Nem uma a menos" e "A gravidez forçada também é tortura" foram algumas das palavras de ordem.
Também houve manifestação em Bogotá, chefiada por Maria Isabel Covaleda, que em setembro passado levou uma surra de seu companheiro. O caso teve grande repercussão e fez dela um símbolo da violência contra a mulher no país.

No Uruguai, o Coletivo Mulheres de Preto marchou pelo centro de Montevidéu. Nos últimos 12 meses, 46 mulheres foram mortas no Uruguai e, em 30 dos casos, tratou-se de violência doméstica, segundo o Ministério uruguaio do Interior.

Em Caracas, também houve uma passeata. Segundo o último informe oficial do Ministério Público, 516 mulheres foram assassinadas em 2015 na Venezuela.
No Chile, milhares marcharam em Santiago com cartazes que pediam "Nunca mais". Neste país, 34 mulheres foram assassinadas e foram notificados 100 ataques graves este ano. O mais impactante foi o de Nabila Riffo, de 28 anos, que perdeu os olhos após ser atacada de forma brutalmente, supostamente por seu ex-companheiro, em maio passado.

"Se alguma de vocês passar pelo que aconteceu comigo, por favor, recorra a algum parente, a algum vizinho, a qualquer pessoa, mas não se deixem intimidar nem ameaçar por nenhum homem", disse em uma mensagem pelas redes sociais.

Na Argentina, uma mulher é morta a cada 30 horas, segundo a ONG Casa del Encuentro.
"Entramos em contato com centenas de coletivos feministas do mundo, coordenando ações, aproveitando a tecnologia para unificar discursos e para caminharmos juntas em direção a um protesto global de mulheres no próximo 8 de março", Dia Internacional da Mulher, disse à imprensa Marta Dillon do coletivo "Ni Una Menos".

Dora Machicado é boliviana, tem 42 anos e há 20 vive na Argentina. Ela integra a organização Alma, que dos bairros marginais da Villa 31 assiste às vítimas da violência de gênero.
"É certo que nas classes médias há mais violência psicológica, mas na vila é mais física", disse à AFP em meio à marcha.

Criticado em 2014 por defender as cantadas de rua, o presidente Mauricio Macri recebeu familiares de vítimas.
"Ni Una Menos" se soma à convocação do novo movimento de mulheres de base chamado "Paro Internacional de Mujeres (PIM, Greve Internacional de Mulheres)", que abarca coletivos de 17 países, entre eles Argentina, Alemanha, Chile, Coreia, Equador, Rússia, Israel, Itália, México, Peru e El Salvador.
Falam sobre crimes de gênero na América Latina, com casos que também alarmam a Europa e os Estados Unidos, onde irão se manifestar contra a eleição do novo presidente Donald Trump, por suas declarações misóginas.

Um dado impressionante revelado pelo "Ni Una Menos" é que 97% de quase 6.000 mulheres de 1.800 localidades da Argentina disseram em uma pesquisa que mais de uma vez foram vítimas de assédio em espaços públicos e privados. A estatística destaca o novo Índice de Violência Machista.
Dillon disse que "o patriarcado estupra, mata e também prende". Organizações sociais e políticas se juntam agora pelo pedido de "libertação imediata" da líder social indigenista Milagro Sala em Jujuy (norte da Argentina).

O movimento feminino converge também na próxima Marcha das Mulheres em Washington, em 21 de janeiro, um dia depois que Trump assumir o cargo.
A relatora especial da ONU sobre violência contra a mulher, Dubravka Simonovic, falou esta semana em Buenos Aires que o país não cumpre como deve as normas de proteção às mulheres e crianças contra a violência de gênero.

Fonte e texto : Terra

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