quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Modelos Negras são atacadas com frases racistas no DF

FOTO FACEBOOK : TOP CUFA BRASÍLIA 
Por Mônica Aguiar

Mulheres negras  participavam do concurso dia 13/10 Top Cufa. 
As ofensas foram feitas pelo WhatsApp; Polícia Civil investiga o caso.

Mulheres negras que participavam de um concurso de beleza negra na cidade de  Taguatinga, no Distrito Federal, foram alvos de ofensas racistas, escritas por três homens, em um grupo de WhatsApp  .  

O evento de beleza, exclusivo para moradoras de favelas, contava com a participação de 180 mulheres, de 16 a 25 anos, no Distrito Federal. O Top Cufa chega à 3ª edição .

Imagens das modelos estavam presentes nos comentários racistas que as comparavam com escravas.

 O evento de beleza, exclusivo para moradoras de favelas, era realizado em um espaço aberto ao público dentro do centro de compras. Algumas modelos quiseram desistir do concurso.

Na troca de mensagens, um dos homens, identificado como Alex, escreve que "tá tendo um desfile só de preta aqui no JK [Shopping]" e comenta: "Coisa horrosa". Ele estava no local no momento do evento; a presença dos outros integrantes ainda é incerta.

Em seguida, outro, identificado como Muniz, fala em tom jocoso que Alex tirou uma foto do desfile e encaminha a imagem de escravas enfileiradas, com cestas em cima da cabeça. Um deles contesta a "brincadeira" e um quarto, de apelido Dandan, responde: "Agr o cara é obrigado a achar as preta bonita? [sic]"

 Após ter seus perfis identificados,  foi registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial por volta das 17h desta segunda-feira (15) pelo organizador do evento e presidente da Central Única das Favelas (Cufa) no DF, Bruno Kesseler.

"O que a Cufa faz é combater o racismo. Não vamos deixar que isso passe impune, que as pessoas achem que isso é normal."

"Esse fato nos mostra a importância do nosso trabalho que vem articulando diversas atividades em busca de desenvolvimento e promoção da igualdade."

A delegada responsável pela investigação do caso, Erica Macedo, explicou ao G1 que as ofensas serão interpretadas como racismo e não como injúria racial.

"Eles não atingiram determinada pessoa negra, mas usaram elementos de cor para ofender toda uma coletividade, as mulheres negras de forma geral."

Os suspeitos não foram identificados  e o  caso ganhou grande repercussão na internet redes sociais.

 A CUFA publicou nota de repudio .

Nota de repúdio às manifestações racistas sobre o concurso de beleza Top Cufa
A comissão organizadora do Top Cufa DF repudia com veemência a manifestação de racismo expressa através de conversas em grupos de WhatsApp, divulgadas no último sábado, 13 de outubro, após a primeira seletiva do concurso de beleza Top Cufa DF. O evento, que contou com cerca de 180 candidatas, aconteceu no JK Shopping e foi aberto ao público. A organização preocupa-se ainda com o crescimento de casos de racismo relatados em todo o nosso país. Uma das características do concurso é o recorte territorial, no qual apenas mulheres da periferia podem concorrer, as ofensas em questão foram direcionadas às candidatas negras que participavam da seleção. Todas as medidas cabíveis para a punição dos responsáveis junto a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, ou Contra Pessoa com Deficiência – DECRIN, já foram tomadas.
A Central Única das Favelas (Cufa) busca, por meio do concurso de beleza e de outros projetos, promover a igualdade racial, além de desenvolver o empoderamento e autoestima das mulheres de comunidades e entorno do DF, tendo como foco a valorização da pluralidade presente em nossa sociedade. Por isso, o concurso conta com duas categorias: Fashion (16 a 22 anos), voltado para jovens que sonham com o universo das passarelas e buscam carreira de modelo, e Street Style (16 a 25 anos), com mulheres que representam toda a diversidade da moda, da cultura e do estilo das ruas.
É importante lembrar que racismo, no Brasil, é crime inafiançável previsto na lei, com pena de até três anos. O artigo 5º da Constituição Federal, inciso 42, prevê que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. Já o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 140, parágrafo 3, descreve que “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.
 A pena é de reclusão de um a três anos, mais uma multa.
A organização do evento ressalta ainda que crimes realizados em redes sociais são passíveis de identificação e punição, estar em rede não significa estar invisível ou livre de responsabilidade. A organização do Top Cufa DF lamenta o ocorrido, se solidariza com as candidatas, e reafirma seu compromisso na promoção da igualdade racial por meio de projetos sociais.
Central Única das Favelas do Distrito Federal (CUFA - DF)


 http://topcufadf.com.br/

Fonte: CUFA DF/G1/Metropolis/Africa notícias 

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