quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Número de negros mortos no Brasil é igual à população da Islândia


Nos últimos oito anos, o número de negros vítimas de homicídio no Brasil equivaleu à população da Islândia. Se o cenário se manter, em cerca de 50 anos os números poderão representar a população da Eslovênia, que é composta por mais de 2 milhões de pessoas.

Esta comparação foi feita pelo site Alma Preta e se trata de uma releitura dos dados do Atlas da Violência de 2017, uma pesquisa realizada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Somente nesse ano, morreram mais de 59 mil negros. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) alerta para a necessidade de se refletir sobre os fatos.

Em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30.000 são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados.

O Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 apontou que a taxa de jovens negros assassinados por 100 mil habitantes subiu de 60,5 em 2007 para 70,8 em 2012. 

Os dados do IPEA de 2018 são ainda mais avassaladores. As maiores taxas de homicídios de negros encontram-se nos Estados brasileiros de Sergipe (79,0%) e do Rio Grande do Norte (70,5%). Os números mostram ainda que entre 2006 e 2016 as taxas de homicídios de negros cresceu 23,1%.

“A conclusão é que a desigualdade racial no Brasil se expressa de modo cristalino no que se refere à violência letal e às políticas de segurança. Os negros, especialmente os homens jovens negros, são o perfil mais frequente do homicídio no Brasil, sendo muito mais vulneráveis à violência do que os jovens não negros”, explica o documento do IPEA.

As mulheres negras também têm taxas altas de homicídios. Em 2016, mais de 4,5 mil mulheres perderam a vida no Brasil. A taxa representa 4,5 mulheres assassinadas a cada 100 mil brasileiras. Nos últimos dez anos, esse número subiu 6,4%.

Segundo dados do Mapa da Violência de 2011, em Minas Gerais, o número de assassinatos de jovens negros (2.8) é mais que o dobro do número de homicídios de jovens brancos (1.2).

Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, conta com números nada positivos quando se fala em juventude negra. Pelo contrário: o índice de letalidade dentro desse grupo social remete ao genocídio propriamente dito. 

De acordo com relatório desenvolvido pela Comissão Especial de Estudo do Genocídio da Juventude Negra e Pobre, da CMBH (Câmara Municipal de Belo Horizonte), presidida pela vereadora Áurea Carolina (PSOL), três entre quatro jovens mortos no município são negros.

 Este indicador coloca o principal município de Minas Gerais na 11ª no lamentável ranking de capitais federais com os maiores percentuais de mortes violentas de jovens pretos e pardos em todo o Brasil. Vale citar que o município tem 2,5 milhões de habitantes e o quarto maior PIB (produto interno bruto) do país.

O encarceramento em massa da população negra e seu extermínio persistem. 
Estes dados mostram que a parcela negra da população, de fato, está mais vulnerável aos efeitos da violência urbana que outros grupos étnicos da sociedade.
Além da alta no número de mortos, há uma tendência crescente da vitimização dos negros no Brasil.
Apesar dos altíssimos índices de homicídio de jovens negros, o tema é em geral tratado com indiferença na agenda pública nacional. As consequências do preconceito e dos estereótipos negativos associados a estes jovens e aos territórios das favelas e das periferias devem ser amplamente debatidas e repudiadas.
Todos os jovens têm direito a uma vida livre de violência e preconceito. 

Fonte:ConexaoLusofona/AlmaPreta/Correionago/ Anistia Internacional

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