Edson Lopes Jr/A2AD |
Taxa de desemprego entre mulheres negras é 80% superior à do
início da crise; entre homens brancos, a variação no período foi de 4,6 pontos
percentuais.
Mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego,
segundo pesquisa do IPEA .
O estudo, que utiliza como base dados da PNAD Contínua,
mostra que, a cada 1 ponto percentual a mais na taxa de desemprego de uma
unidade federativa, a desocupação de mulheres negras daquela mesma unidade
sofre, em média, um aumento de 1,5 ponto percentual.
As mulheres negras entre o segundo trimestre de 2014 e o primeiro
trimestre de 2017, representaram a fatia com maior aumento absoluto na taxa de
desemprego, uma variação de 8,8 pontos percentuais.
O instituto distingue os dados entre homens brancos, homens
negros, mulheres brancas e mulheres negras.
Segundo o Ipea, a taxa de desemprego entre mulheres negras
é 80% superior àquela encontrada antes do início da recessão
de 2015-2016.
Entre homens brancos, a mudança no período foi de 4,6 pontos
percentuais. Entre negros do sexo masculino, o desemprego cresceu 7 pontos percentuais
no mesmo espaço de tempo. A diferença ocorre desde antes da queda do PIB em
2015-2016.
"Os resultados indicam que a resposta da taxa de
desemprego dos grupos durante a recessão não foi alterada", diz trecho do
estudo.
"A recessão não afetou de maneira heterogênea a
sensibilidade dos grupos socioeconômicos ao aumento da taxa de
desemprego."
Na avaliação do Ipea, não foram encontrados desconexões muito
grandes no comportamento da taxa de desemprego quando comparadas as mulheres
brancas e negras, há uma pequena diferença de 0,2 ponto percentual na
desocupação mas "não é significativa do ponto de vista estatístico".
"O mesmo pode ser dito em relação à diferença entre as
mulheres brancas e os homens", diz um trecho do estudo. "Não há
diferença de resposta entre os dois grupos masculinos."
Ao investigar como o desempenho da economia afeta cada um dos
grupos de diferentes idades e cor da pele, o Ipea aponta que períodos de maior
dificuldade econômica, como a recessão de 2015-2016 afetam tanto "o número
de pessoas que passam a buscar emprego quanto...o tempo em que os desempregados
se mantêm nessa condição".
"Assim mesmo, é possível notar um padrão de
heterogeneidade entre os grupos semelhante ao verificado para a taxa de
desemprego, isto é, com as mulheres negras experimentando um resultado mais
adverso que os homens brancos, o mesmo se passando na comparação dos jovens com
os adultos."
Faixa etária
Jovens de 18 a 29 anos estão entre os mais afetados, com uma
relação de 1,7 em relação à taxa geral de desemprego. Ou seja, a cada um ponto
percentual de aumento na taxa de desemprego, há um avanço de 1,7 ponto
percentual na desocupação desta faixa etária. Na faixa etária de 30 a 64 anos,
a relação é de 0,7 ponto percentual, segundo o Ipea.
"Conhecer em que medida as oscilações da economia afetam
o desemprego dos diferentes grupos socioeconômicos é uma tarefa importante,
pois permite que se (re)desenhe a política pública de forma mais adequada às
heterogeneidades desses grupos no mercado de trabalho", afirma a pesquisa.
"Embora haja alguma heterogeneidade entre os grupos nas
respostas às mudanças nas condições do mercado de trabalho em geral, essa
heterogeneidade não se altera de forma expressiva em momentos de
recessão."
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