Por Daiane Souza
Feminina, jovem, negra e conectada. Foi este o perfil citado por Ricardo Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular para definir a nova classe média brasileira, em evento promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência, na segunda-feira (08). A classe corresponde agora a cerca de 104 milhões de uma população total de 193 milhões. Destes, 51% são mulheres e, 48%, pretos e pardos. A renda média domiciliar deste grupo é de R$ 2.295.
Para Eloi Ferreira de Araujo, os resultados são prova concreta de um esforço conjunto que vem se realizando ao longo de anos pelo governo brasileiro e pelo movimento negro. “Trata-se de um grande avanço. Correspondemos à população que mais cresceu nos últimos 10 anos. O que não deve acontecer, é estacionarmos a luta pela conquista de nossos direitos e ideais”, afirma.
ECONOMIA – Com novo potencial de consumo de R$ 1 trilhão por ano, a nova classe média brasileira superou o valor correspondente ao Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina, Portugal, Uruguai e Paraguai somados. Meirelles, que foi responsável pelo estudo, explica que o potencial de consumo engloba, além da renda, benefícios como 13º salário e férias, além do crédito que as pessoas da classe C têm acesso.
A pesquisa verificou ainda que 59,1% dessas pessoas possuem cartão de crédito e 52,7% têm alguma conta bancária. A maior parte da renda (23,16%) desta classe é gasta com serviços. Alimentos e bebidas (18,49%) ficam em segundo lugar. Na terceira posição estão os gastos com saúde e beleza (8,32%).
Para Wellington Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, o aumento tão significativo da classe tem a ver com a valorização real do salário mínimo e com o crescimento das ofertas de emprego. “Um dos efeitos do ganho de renda é que as pessoas estão investindo mais para melhorar a formação profissional e a escolarização dos filhos”, afirmou lembrando a abertura de escolas particulares na periferia.
EDUCAÇÃO – A atual classe média é também líder em número de universitários, de crianças em escolas particulares e pessoas com acesso à internet. 52,5% das pessoas do grupo tem computador em casa e 57,6% dizem ter acesso ao meio virtual. Pelo menos 36 milhões de pessoas participam de redes sociais, enquanto nas classes A e B juntas, 13 milhões têm o mesmo tipo de acesso. Segundo Meirelles, 68% dos jovens da classe média estudaram mais do que seus pais e a diferença de renda entre estes jovens e os da classe A é de apenas 2%, resultado das políticas de universalização de acesso ao estudo.
Para Ricardo Paes de Barros, subsecretário da SAE, a redução da pobreza e o crescimento da classe média obrigam o país a repensar suas políticas de modo a responder às novas demandas. Ele ressalta que para atender ao grupo é preciso diversificar os mercados nas áreas de educação, cultura, saúde e cuidados pessoais, além de regular o setor de planos de saúde.
Dada a alta participação da classe entre brasileiros com carteira assinada (68%), seria necessária também, a melhoria da qualidade do emprego formal. “O Brasil passou por grandes mudanças, as políticas públicas também têm de mudar rapidamente”, pontuou. Para ele, a proposta é que os milhões de brasileiros que enriqueceram na última década continuem sua trajetória ascendente.
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