quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Artesanato em lã compõe renda dos agricultores familiares


 

Artesanato em lã compõe renda dos agricultores familiaresO artesanato em lã crua proveniente da Metade Sul gaúcha está presente em mais de 10 estandes do Pavilhão da Agricultura Familiar da 34ª Expointer, que ocorre até domingo (04) no Parque de Exposições de Esteio (RS). Os expositores aproveitam o final do inverno como um incentivo adicional para atrair o público.

Janete Conceição Figueiredo, de Mostardas, é uma agricultora quilombola que ingressou no artesanato há nove anos. Na época, ela e algumas vizinhas do quilombo dos Teixeiras, começaram a produzir artigos em lã, após terem assistido um curso promovido pela Emater.
Desde então, passaram a dividir-se entre o plantio de alimentos e a produção manual, em um exemplo de composição da renda sem abandonar a agricultura. “Agora a gente sempre tem um dinheirinho”.
No estande ao lado, Noé de Jesus Bitencourt, de Caçapava do Sul, possui uma trajetória semelhante. O agricultor aposta em itens tradicionais da indumentária e dos costumes gaúchos para incrementar a renda da família. Durante a Expointer, seu produto mais vendido foi o pala, seguido por chergão (um apetrecho para montaria), boinas e casacos.
Noé e a esposa começaram a trabalhar com artesanato há 20 anos. “Naquele tempo era tudo manual; desde cardar (preparar) a lã e fazer o fio. Levava uma semana pra terminar um pala”, lembra.
Hoje a tecnologia facilita as tarefas e o empreendimento foi reforçado pelos três filhos do casal, além de um genro. Até a filha caçula, de 13 anos, participa da produção “é ela que prende as franjas e faz as peiteiras”, orgulha-se o pai. Com teares modernos, os Bitencourt finalizam cinco peças a cada dia.
Parte da matéria-prima é obtida das 30 ovelhas mantidas na propriedade de 16 hectares. Como o plantel é pequeno, o restante precisa ser adquirido em outros locais. “Usamos o Pronaf dois anos pra comprar fio e fazer mais palas”, conta o agricultor que faz questão e manter plantações de feijão, milho, batata e amendoim. Noé explica que as atividades são complementares: “a lavoura tem um tempo de plantar e outro de colher. Então a gente aproveita o tempo esperando a colheita para trabalhar na lã”, finaliza.
Enquanto o agricultor vale-se do tradicionalismo gaúcho para aumentar suas vendas, Mara Goretti Domingues, de Hulha Negra, usa a lã em peças inovadoras. “Olho revistas, vejo o que está na moda e passo tudo para lã. Sempre procuro fazer uma gola maior ou alguma coisa diferente”, revela a artesã. O resultado encanta o público presente na Expointer, como a visitante Jurema Gauzen, de Passo Fundo. “Já vi muito artesanato bonito, mas este é diferente, especial”. Com essa aceitação, no terceiro dia de feira, Mara Goretti havia vendido 50 peças e alguns modelos estão esgotados.


Foto: Tamires Kopp MDA
Fonte: MDA

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