O grupo de percussão Alabê Ôni, que em iorubá significa nobre tamboreiro ou grande mestre do tambor, resgata as raízes culturais africanas no Rio Grande do Sul. Ele é formado pelos músicos pesquisadores Pingo Borel, Mimmo Ferreira, Kako Xavier e Richard Serraria.
O Alabê Ôni une as tradições do maçambique, candombe e ijexá ao tambor de sopapo, ou grande tambor, único tipo de tambor tipicamente afro-gaúcho. O que uniu os componentes do grupo foi o interesse pelo tambor de sopapo, pesquisado individualmente pelos músicos, que recebertam apoio do Serviço Social do Comércio, para participar do projeto Sonora Brasil 2013/2014, lançado na semana passada em Florianópolis.
Kako Xavier disse que a missão do Alabê Ôni é contar, por meio da música, a história do tambor de sopapo. “Nós buscamos em outras vertentes de culturas afro do Rio Grande do Sul. Eu, no caso, a cultura do Maçambique, do Quicumbi, que são culturas que estão radicadas no litoral norte, o Pingo já faz um trabalho que vem da cultura do pai dele, que é o batuque de nação, que vem de dentro dos terreiros, e o Mimmo que traz a cultura afro uruguaia, que é da fronteira, através do ritmo de Candombe. Então reunimos todas essas vertentes em função de encontrar esse mistério, desvendar esse mistério que é a história ancestral do sopapo”.
O músico lembra que a ideia é resgatar a história ancestral do tambor de sopapo, e não o ressurgimento dele ligado ao carnaval depois da abolição da escravatura. “Nós trabalhamos com uma pesquisa de inserção dos ritmos negros na cultura regional do Rio Grande do Sul. Então, com essa busca de num festival a gente ter um pouco do Candombe, do Maçambique, a gente começou a buscar a história desse grande tambor, que é respeitado por todas as outras vertentes, mas que pouco se sabe sobre a história dele”.
De acordo com Xavier, a oportunidade de circular o Brasil com o projeto do Sesc vai ampliar essa busca, além de mostra ao Brasil que o Rio Grande do Sul também tem cultura negra. “De repente a gente descobre um pouco do tambor de sopapo lá no Macapá, ou no Acre, em Tocantins, essa é a nossa expectativa. Com certeza, depois do Sonora Brasil, vai mexer na cultura do Rio Grande do Sul, e o nosso objetivo é fazer com que a cultura afro do Rio Grande do Sul seja reconhecida como cultura gaúcha”.
Fonte e texto AG.Brasil
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