domingo, 27 de março de 2011

Organizações e movimentos populares participantes do 1ºEncontro dos Atingidos e Atingidas pela Mineração na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

Vindos de vários cantos do Brasil (MG, BA, PE, AL e SE), marcaram presença na reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais – CERH.

Para defender a água como bem público fundamental à vida humana e à biodiversidade e para exigir o uso prioritário das águas para as comunidades. Maria Tereza Corujo, do Movimento pelas Serras e Águas de Minas, leu a carta produzida durante o encontro, que denuncia os crimes ambientais cometidos por empresas de mineração na Bahia e em Minas Gerais e a omissão e favorecimento a empresas minerarias, por parte de nossos governantes.
O descaso do poder público contou com o gesto simbólico do Sr.Adriano Magalhães, Secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, que, no momento da leitura da carta, se retirou da mesa e, ao retornar, tentou conter a manifestação da sociedade, pedindo que a manifestação dela se desse ao final da reunião.
Foram expostos aos membros do CERH registros do fotógrafo João Zinclar: as crateras e cemitérios de ecossistemas – Mina da Alegria, da Vale, e a barragem de rejeitos de Germano da Samarco-Vale – que se impõem ao cenário de Ouro Preto a Catas Altas, e toda a vertente leste da Serra do Caraça.
Após duas horas em pé e mal acomodados, aguardando a oportunidade de falar, os cerca de 80 representantes de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, serviram para o Secretário de Meio Ambiente e os membros do CERH um jarro de rejeito de minério de ferro, lembrando que cada mina aberta interfere diretamente nas nossas águas subterrâneas – e que o Estado não pode permanecer com um olhar míope, que abre todas as portas para a mineração, e nenhuma cautela e medida protetora para mananciais que são o bem de utilidade pública mais valioso, essencial à vida.
A representação da Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG, Confederação Nacional da Indústria – CNI e Confederação Nacional do Transporte – CNT – no Conselho Estadual de Recursos Hídricos e também no Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH e no Conama – lamentou ao finalda manifestação, que os copos e xícaras teriam que ser desinfetados. Ficamos em dúvida se referia às xícaras utilizadas pelos atingidos, à mesa do cafezinho da reunião, ou se pelos copos com rejeito de minério: no primeiro caso, tratar-se-ía de um preconceito abominável, e no segundo, da constatação do que realmente traz a exploração mineraria realmente contamina e destrói os corpos d’água e aqüíferos.
Entre canções e considerações sobre as ameaças às águas, no dia mundial a elas dedicado, as comunidades atingidas pelos empreendimentos de mineração deixaram seu recado – é hora de suspender a postura ecocida dos governos e grandes corporações econômicas. A água é um bem inegociável. Não mais admitiremos que continue a ser poluída, ameaçada, servida como monopólio de setores, provocando contaminação e escassez para a coletividade, enquanto os bolsos de empresários e acionistas servem-se do dano público e das negociações que submetem tal bem público, a acordos e subsídios eleitoreiros. A água é um bem público, dotada de valores fundamentais para as comunidades e toda a sociedade, que devem ter asseguradas salvaguardas territoriais e sua preservação, em quantidade e qualidade, para conservá-las adequadas para o consumo e os costumes humanos, para a dessedentação de animais e amanutenção integral dos ecossistemas.

Fonte Racismoambiental

Nenhum comentário:

MAIS LIDAS