terça-feira, 29 de março de 2011

Fome afeta 90% das vilas quilombolas

As 144 comunidades quilombolas do Brasil —  vivem, como seus ancestrais, na camada mais baixa da escala social brasileira.
 
Um levantamento do governo federal indica que em 126 (86,11%) comunidades quilombolas predominam famílias que tinham, em 2003, uma renda de no máximo dois salários mínimos por mês. Na população brasileira, a proporção é menor: 32,71% dos domicílios vivem nessa faixa de renda, de acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2003.
  O rendimento dos QUILOMBOLAS vem sobretudo de transferências de recursos públicos, como aposentadoria (fonte de renda familiar em 126 comunidades quilombolas, ou 87,50% do total) e programas sociais (48, ou 33,33%).
  No Brasil, apenas em 73 cidades há mais de 30% da população dependente de transferências de verbas governamentais. A produção agrícola é um dos meios de sustento em 87 comunidades quilombolas (60,4%).
  O levantamento do governo federal foi feito a partir de um questionário elaborado pelos Ministério do Desenvolvimento Social, da Agricultura, da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Agrário, e também pela Secretaria Especial para Política de Promoção da Igualdade Racial e pela Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura. O resultado deu origem ao Sicab (Sistema de Informações das Comunidades Afro-Brasileiras), no qual foram investidos R$ 69 mil. Algumas informações, porém, estão incompletas, já que nem todas as comunidades dispõem dos dados requisitados no questionário — das 144 localidades, 20 não sabem, por exemplo, quantas famílias abrigam.
  O Sicab aponta que, apesar de a agricultura ser a atividade principal de boa parte das comunidades, 129 locais abrigam pessoas que passam fome — em 27, a fome atinge todas as pessoas da comunidade e em 55, a grande maioria. O problema é atribuído à insuficiência da produção local para garantir a alimentação da população. Em 188 comunidades (81,94%), o grupo mais atingido são as crianças.
 O sistema também reúne dados sobre educação, criação de animais e pesca, cultura, direitos do cidadão, fontes de alimentos, população, meio ambiente, programas sociais, saúde e caracterização da terra.

No Brasil, o PNUD apóia dois projetos de apoio a quilombolas: Fortalecimento da rede das comunidades quilombolas e Projeto de Melhoria da Identificação e Regularização de Terras das Comunidades Quilombolas Brasileiras.


Nenhum comentário:

MAIS LIDAS