A jornalista e escritora síria Samar Yazbek, que foi forçada ao exílio após criticar o presidente Bashar al-Assad, venceu o Prêmio Internacional PEN/Pinter de Escritor de Coragem.
Yazbek, que fugiu de sua terra natal no fim do ano passado após repetidas altercações com os serviços de segurança do Estado, foi reconhecida pelo livro "Uma Mulher do Fogo Cruzado", um relato sobre os estágios iniciais da revolução síria.
Em linha com o discurso do dramaturgo Harold Pinter, no Nobel, no qual ele falou sobre lançar "um olhar inflexível e inabalável sobre o mundo", o prêmio é concedido anualmente a um escritor que tenha sido perseguido por expressar as suas opiniões.
"A coisa ótima sobre esse prêmio é que ele coloca em evidência pessoas que de outra forma poderiam não obter o reconhecimento que merecem", disse Heather Norman Soderlind, diretora adjunta do PEN, à Reuters.
Yazbek insiste, entretanto, que, embora esteja agradecida pela honraria, ela não percebe isso como um elogio pessoal. "Senti que, além de mim, esse prêmio era para a Revolução Síria", afirmou ela.
Mas com o reconhecimento vem a responsabilidade, e Yazbek parece estar muito ciente das possíveis ciladas impostas pelo maior reconhecimento da comunidade internacional.
"(O prêmio) coloca um determinado peso em você", disse ela à Reuters por meio de um intérprete na Free Word House, no distrito de Farringdon, de Londres. "Ele me dá uma influência maior fora da Síria e pode me dar mais reconhecimento dentro da Síria."
Embora tenha conhecido o chanceler francês Alain Juppé em abril para discutir sobre uma oposição síria alternativa, ela rejeita "terminantemente" a possibilidade de assumir um papel de destaque na oposição síria.
"Não sou uma política. Não quero exercer um papel político; sou uma escritora. Estou com a revolução e faço parte dela e, portanto, eu a defendo."
Yazbek insiste que a mídia internacional ignora o sofrimento do povo sírio - "o povo da revolução está morrendo em silêncio", afirmou ela.
Como consequência, apesar de ter fugido para a França com a filha adolescente, ela continua a voltar com regularidade e secretamente para Síria pela fronteira turca.
Ao contrário das percepções no Ocidente, Yazbek sustenta que a Revolução Síria não se transformou em um conflito sectário. "Ainda estamos todos juntos nessa", afirma Yazbek, que pertence ao clã alauíta do presidente Assad.
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