Segundo José Galdino Pereira, embora modesto, o Cesarino gozava de prestígio na sociedade local.
Por exemplo, em dezembro de 1872, por ocasião da entrega dos prêmios às alunas aprovadas por distinção
nos exames, o Colégio recebe a visita do inspetor do distrito, o capitão Pimenta, e dos senhores Diogo
Pupo, Dr. Américo Brasiliense de Almeida Mello e Dr. Manuel de Campos Salles (os dois últimos
pertencentes à sociedade Culto à Ciência. Em 1876, o Colégio é visitado pelo próprio imperador em
pessoa, D. Pedro II, quando de sua visita a Campinas para inaugurar os serviços de iluminação a gás.
A antropóloga Irene Maria Ferreira Barbosa, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo,
estudou o caso de uma escola que ajudou negros em Campinas, além de ter esbarrado, durante as pesquisas, com o nome de um outro colégio que teve praticamente a mesma finalidade.
Perseverança era o nome da escola. Ela foi fundada por Antonio Cesarino e funcionou em Campinas de 1860 a 1876. A diferença da escola de Pretextato é que esta recebia alunas brancas durante a tarde (elas pagavam uma mensalidade ao conceituado professor Cesarino). Com o valor arrecadado dessas alunas, ele manteve a instituição e conseguiu ainda dar aulas para mulheres escravas e negras no período da noite. A escola ficava na Rua do Alecrim (atual Rua 14 de Dezembro). Cesarino não era o único professor, quando abriu a escola chamou suas irmãs para lecionar. “Era uma escola que se distinguia das outras do Império pelo seu nível. Se configura entre as escolas particulares que mais tiveram expressão na época”, afirma Irene.
Era um tipo de internato de meninas dirigido por Bernardina Cesarino e por suas irmãs que eram de Paracatu (MG). Em 1875 contava com 50 alunas, algumas pertencentes às melhores famílias da cidade que pagavam mensalidades altas. “As irmãs de Cesarino falavam muito bem francês e entendiam de etiqueta. Foi com o valor cobrado das mensalidades que Cesarino usou o colégio para angariar fundos para comprar também a liberdade de negras ligadas a ele”, explica Irene. Em 1872, Cesarino comprou a liberdade de uma senhora negra que prestava serviços à escola e, em 1874, disputou a custódia de uma criança negra que estava sendo maltratada. O colégio desapareceu em 1876 porque Cesarino teve problemas financeiros.
“A descoberta de escolas para negros em Campinas mostra um dos motivos que os levou [pelo menos alguns] até a elite de São Paulo, principalmente naquela época. Também existiram muitos negros escolarizados no século 19, por serem filhos de negras, contudo de pais brancos que fizeram questão de alfabetizá-los”, diz Irene.
Entre os brancos
A história de Antonio Cesarino está mais bem documentada que a de Pretextato. Ele era filho de um negro alforriado, de nome Custódio, que entrou em Campinas com uma tropa de mulas durante o período escravista, em 1838, e resolveu vender a tropa para que seu filho de 14 anos pudesse estudar. O filho era Antonio Cesarino – que já sabia ler e escrever. Ele leva certa vantagem na cidade que tinha 6,6 mil habitantes e apenas 205 alfabetizados. A duras penas Cesarino conseguiu frequentar a escola dos brancos e se formar.
Há ainda relatos em Campinas de um barão do café que era analfabeto e fundou uma escola para escolarizar quem quer que fosse, gratuitamente. Foi ali que algumas crianças negras também conseguiram ter acesso à educação.
Fonte:Afro Brasilidade (informação do Gazeta do Povo e Semeando Historia) e http://www.facebook.com/nomesafro?sk=photos
Imagem: Semeando Historia
Nenhum comentário:
Postar um comentário