Nos Estados Unidos, durante a 2ª Guerra Mundial, enquanto os homens lutavam, as mulheres trabalhavam nas linhas de produção da indústria bélica, construindo os equipamentos que seriam usados pelos pais, filhos, irmãos e maridos nas batalhas. O trabalho das norte-americanas construindo aviões, motores, munição e trens foi fotografado e documentado e serviu de propaganda política do governo para estimular e atrair mais mulheres para o trabalho na indústria.
As fotografias foram tiradas principalmente entre os anos 1942 e1945 sob a demanda do Office of War Information (órgão do governo norte-americano) e hoje integram o acervo da Biblioteca do Congresso, em Washington. O acervo, segundo Iatã Cannabrava, um dos diretores do Madalena Centro de Estudos da Imagem, é constituído por mais de 700 fotos. Nove delas, inéditas no Brasil, e, em tamanho ampliado, poderão ser vistas na exposição Operárias da Guerra – Razões e Encenações, em cartaz até o dia 12 de maio, no Madalena Centro de Estudos da Imagem, em São Paulo. A curadoria da exposição está sob a responsabilidade Georgia Quintas e Alexandre Belém.
“As fotos são verdadeiros simulacros. As fotos não são as operárias de verdade [em seu ofício]. São as operárias, verdadeiras ou não, mas atuando: todas estão com as mãos bem arrumadas, com movimentos delicados”, disse Iatã Cannabrava. “Como uma espécie de propaganda para convocar mais mulheres para trabalhar na indústria da guerra, já que os homens estavam na guerra”, ressaltou.
Uma das intenções da exposição, além de chamar a atenção para a semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, é também de questionar o papel da fotografia documental na história de um país. “Queremos mostrar como é importante a documentação de todas as etapas da história de um país. Queremos divulgar a ideia da importância de se documentar o país, neste momento em que passamos por uma enorme transformação para que, amanhã, possamos fazer novas avaliações de como foi esse período”, ressaltou Cannabrava, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, esse trabalho documental, por meio da fotografia, quase não existe no Brasil. “É quase nulo o trabalho de documentação sistemática. No Brasil, a fotografia não é política de Estado, como nos Estados Unidos ou na França. Queremos que isso mude e que o governo entenda a importância de se construir uma memória para o futuro”, disse.
Mais informações sobre a exposição, que é gratuita, podem ser obtidas no site do Madalena Centro de Estudos da Imagem http://madalenacei.com.br.
Fonte e texto : Agencia Brasil
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