Por Shirley Costa e Silva
A poética e a vida de Solano Trindade, o “Poeta do povo”, vai invadir a grande tela no próximo dia 27/07. Com lançamento previsto para as 20h, no teatro Raul Cortez, em Duque de Caxias, o filme “O Vento Forte do Levante” é mais uma contribuição do circuito alternativo de cinema para a difusão da cultura brasileira. A obra tem pré-estreia marcada para 24/07, em Embu das Artes - São Paulo, cidade em que Solano também viveu e onde mora parte de sua família.
Tendo como locações diversos lugares na cidade de Embu das Artes, no município do Rio de Janeiro e em Duque de Caxias, em especial a igreja Nossa Senhora do Pilar, o documentário é resultado de um trabalho de três anos do cineasta, historiador e poeta Rodrigo Dutra e sua equipe. “Foram três anos entrevistando, pesquisando e buscando parcerias. Muitas vezes achei que esse filme não ia sair, mas agora que está pronto fico com a sensação de página virada. Que venha o próximo!”, comemora Rodrigo.
O filme conta com a participação especial do bisneto de Solano, Zinho Trindade, que brinda o telespectador com intervenções poéticas. “Solano deixou plantada belas sementes. Na família Trindade todo mundo é artista. Em especial, me encantei por Raquel Trindade (filha do poeta), que me cedeu muitas fotografias e um local para ficar durante a produção. Os demais familiares também me ajudaram muito nessa busca de tentar entender o universo boemio-político-poético do ‘Poeta do povo’”, conta Dutra.
Para os mais ansiosos, Rodrigo adianta que a obra é bastante crítica quanto ao período histórico em que o poeta viveu, suas prisões, sua arte e sua relação familiar.
A estreia será durante sessão especial do premiado cineclube caxiense Mate com Angu. O filme conta com o apoio do Arquivo Nacional, do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, do Centro de Referência Patrimonial e Histórico de Duque de Caxias, do Núcleo de Identidade Brasileira e História Contemporânea/UERJ e do portal Baixada Fácil.
Sobre Solano Trindade
Poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante, Francisco Solano Trindade completaria 103 no dia 24 de julho deste ano, se estivesse vivo. Nascido em Pernambuco, o “Poeta do Povo” morou em vários estados brasileiros, entre eles o Rio de Janeiro. Em Duque de Caxias, entre as décadas de 40 e 50, o poeta negro sentiu na pele as dificuldades da classe proletária. Para chegar ao Centro do Rio, ele utilizava o Trem da Leopoldina, que imortalizou em seu poema “Tem gente com fome”. Em São Paulo, Solano fundou a feira de Embu das Artes, onde desenvolveu intensa atividade cultural voltada para o folclore e para a denúncia do racismo. Ainda em Embu, sua filha Raquel criou o Teatro Popular Solano Trindade e, juntamente com ela, netos e bisnetos do artista cuidam para que sua memória continue viva. No Recife, uma estátua de Solano em tamanho natural, feita pelo escultor Demétrio, encontra-se no Pátio de São Pedro. Em Caxias, uma biblioteca comunitária no bairro Cangulo leva o seu nome. Solano está presente em nomes de escolas, movimentos sociais e ruas brasileiras. Mas, apesar de todas essas homenagens, o escritor ainda é pouco lembrado pela imprensa e historiadores oficiais.
Fonte:igualdadeidentidaderacial
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