sexta-feira, 8 de julho de 2011

Heroína negra ganha destaque em sessão especial sobre 02 de julho Olívia Santana destaca a importância da busca por registros oficiais


Eliezer Santos 
A vereadora Olívia Santana realizou no dia 01 de julho sessão especial intitulada O Papel Histórico da mulher na Independência da Bahia. A iniciativa visou estimular o resgate do protagonismo da mulher na história da Bahia e do Brasil, destacando as figuras de Maria Quitéria, Joana Angélica e, em especial, a falta de registros sobre a heroína negra Maria Felipa.

Bastante representativa, a sessão especial contou com a presença da ministra Luíza Bairros, chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), da professora Consuelo Pondé de Sena, presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), da deputada federal Alice Portugal, além de representantes de entidades de mulheres, indígenas e negras. Figuras populares do Recôncavo da Bahia e de Itaparica, localidades que vivenciaram fortemente as batalhas pela independência, trouxeram os seus relatos e enriqueceram ainda mais a sessão, em uma belíssima homenagem,  que contou  representações femininas da Marinha,  Exército e da Polícia Militar, as quais se uniram a incontáveis lideranças femininas populares e lotaram o plenário da Câmara dos Vereadores.

Segundo Olívia, embora a historiografia oficial celebre a força masculina, a Bahia quebrou esse tabu. "Se a história oficial nos nega, nós vamos celebrar a história popular, vamos resgatar a memória do povo, vamos trazer esse símbolo que é Maria Felipa, heroína negra que teve um papel determinante na luta pela Independência da Bahia", ressaltou a vereadora.  "Não é surpresa  não existirem registros. A falta de registros nos torna invisíveis e a invisibilidade nos faz entes passivos da história", pontuou a edil, que destacou a importância do papel da imprensa, uma vez que o que não é registrado não é reconhecido.

A historiadora Consuelo Pondé aproveitou a oportunidade para fazer um breve relato histórico da importância da data para o país. A ministra Luíza Bairros ressaltou que a SEPIR vai ter que desenvolver um papel mais decisivo, no sentido de buscar articulações dentro do governo federal, em busca de um processo de valorização da memória, da história e da experiência do negro no Brasil. "O 2 de julho é considerado para os baianos uma data  singular, justamente porque não nos deixa esquecer o papel importante da mulher. Precisamos construir um momento forte de debate dessa questão", finalizou.

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB), que tem um projeto já aprovado pela Câmara dos Deputados, instituindo o dia 02 de julho como data histórica no calendário das efemérides nacionais, aguarda a votação em plenário, no Senado Federal. A deputada finalizou sua fala destacando a iniciativa da vereadora Olívia: "tinha que ser você, Olívia, a realizadora dessa sessão, que incorpora o sentimento da baianidade, da luta pela igualdade, da luta contra todo tipo de preconceito, da elevação da rebeldia como valor de cidadania, de sentimento popular".

Homenagens

O ponto alto da sessão especial foi a participação de dona Cassimélia Pedreira Barbosa da Costa, pesquisadora e historiadora de Itaparica, que contou a história da heroína negra Maria Felipa, que ainda não foi devidamente reconhecida na história da Independência da Bahia. "Se uma senhora de 85 anos tem uma lembrança tão viva da história de Maria Felipa e conta com tanta vivacidade junto ao povo de Itaparica, temos que recepcionar essa história, garantir sua propagação e ir à luta em busca de mais informação", ressaltou Olívia, que fez questão de elogiar a lucidez de dona Cassimélia.

Além das personalidades citadas, a composição da mesa contou ainda com as presenças da secretária Vera Lúcia Barbosa, da Secretaria da Mulher do Estado, de Janeth Suzarth, coordenadora estadual do Fórum Nacional de Mulheres Negras, Daniele Costa, coordenadora da UBM Bahia; Hilda Clarinda das Virgens, moradora de Itaparica e coordenadora da Casa de Maria Felipa, além Rosilene Araújo, da tribo Tuxá e coordenadora de assuntos indígenas da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

No encerramento, foram entregues alguns certificados para uma série de mulheres que se destacam em diversas áreas, como a senadora Lídice da Mata, primeira mulher a se eleger senadora na história da Bahia e primeira Juíza de Direito negra do Brasil. O desejo da vereadora Olívia Santana é todo ano realizar uma sessão especial como essa, para destacar a imagem de mulheres fortes da história da Bahia e contribuir para tirar outras mulheres do anonimato.

Saiba mais sobre Maria Felipa

Mesmo sem registros oficiais que comprovem a sua existência, segundo contam alguns historiadores, natural de Itaparica, Maria Felipa foi uma mulher de muita coragem, de beleza, porte físico exuberante, habilidade de capoeirista e trabalhadora marisqueira, muito querida da população da Ilha, onde participou das lutas pela Independência na Bahia.

Maria Felipa comandou cerca de 40 mulheres num ato de Ousadia e muito desembaraço, onde queimaram 42 barcos da esquadra, permitindo ao povo de Salvador a supremacia nos embates e a definição da situação, com a vitória sobre as tropas da dominação portuguesa. Em sua biografia, destaca-se também a lendária história de quando Maria Felipa usou galhos de cansanção para dar uma surra nos vigias portugueses Araújo Mendes e Guimarães das Uvas.
 

Fonte : Informativo Vereadora Olivia Santana Bahia

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