quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cobertura de palha é tradição em quilombola de Pimenteiras, RO

As construções mantêm o ambiente arejado e podem durar até 10 anos. A extração da palha é feita somente com autorização do Ibama.
As casas com cobertura de palha de naja, aricurí e açaísão uma das características da cidade de Pimenteiras , que tem 2,3 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo que a maioria é descendente de quilombolas. Nas residencias há eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos como geladeira, televisão e rádio. Segundo Lurdes, moradora  a cobertura de palha é mais resistente do que o telhado convencional feito de amianto. “Em setembro costuma ventar forte e as casa com telha de eternite sempre são destelhadas e as casas de palha resistem”, conta. De acordo com os moradores, além de resistirem aos fortes ventos, as casas de palha também são à prova d’água. “Muita gente pensa que quando chove molha tudo, mas não, não dá goteira”, garante Lurdes.
Muita gente pensa que quando chove molha tudo, mas não, não dá goteira"
Lurdes Cândido Moreira, dona de casa
A única desvantagem das casas de palha é a sensibilidade ao fogo, no entanto isso não às impedem de possuir fogões à lenha dentro das construções. “Já acostumamos e é só tomar cuidado que não tem problemas. Não troco essa casa por uma de alvenaria”, diz a moradora. A presidenta da Associação Quilombola de Pimenteiras do Oeste, Izabel Mendes, conta que a tradição de construir casas com palha é oriunda dos remanecentes quilombolas que se instalaram no município vindo do quilombo Quariterê, na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso. “Minha família mora também até hoje em casa com telhado de palha e isso é uma herança da cultura africana dos descendentes escravos que povoaram Pimenteiras”, explica Izabel. A presidente destaca um outro motivo pela preferência: o telhado de palha deixa as casas arejadas, o que é um alívio diante das altas temperaturas que variam entre 35 e 40°C.
Cultura ameaçada
O telhado de uma casa de palha pode durar de sete a dez anos. A troca da palha, por outro lado, está restrita no município por determinação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). De acordo com o órgão, as folhas utilizadas são de árvores nativas protegidas por lei. Izabel Mendes conta que a retirada das palhas é concedida apenas com a apresentação de licença ambiental para a finalidade.

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