Por Daiane Souza
A Associação Brasileira de Doença Falciforme (Abraf) lançou durante o maior encontro de especialistas em doenças do sangue da América Latina – o Hemo 2012 – a Campanha Lua Vermelha. A proposta é esclarecer e coibir o estigma em relação à Anemia Falciforme, doença hereditária mais prevalente no Brasil, sobretudo na população afrodescendente.
A doença se caracteriza por uma alteração nas células vermelhas do sangue, que perdem sua forma arredondada, endurecem e tomam o aspecto de uma foice (o que dá origem ao termo falciforme). Com a deformação das células, o sangue tem dificuldade de passar pelos e consequentemente, de oxigenar os tecidos. Os principais sintomas são a icterícia e anemia crônica, além de crises dolorosas nos ossos e músculos.
No Brasil, a doença atinge entre 25 mil e 30 mil pessoas. O Estado com a maior prevalência é o Rio de Janeiro que registra um caso para cada 1,2 mil nascidos. Nele, a cada mês são diagnosticados aproximadamente 17 casos. Já a maior parte dos pacientes estão no Estado da Bahia, a capital negra da América Latina, com um caso para cada 500 nascimentos.
Lua Vermelha – De acordo com a hematologista e presidenta do Congresso Brasileiro de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (Hemo 2012), Clarisse Lobo, a escolha do nome da campanha passou por um rigoroso processo. A idéia seria que o nome humanizasse e desmitificasse a doença. “A lua tem uma imagem amorosa, afetiva e essa simples mudança na forma de encarar retira por completo o estigma da doença”, afirma.
O objetivo é mostrar que uma lua pode ser mais singela ao representar a deformidade celular do que uma foice, já que por se tratar de um problema de saúde a ferramenta passa uma idéia mórbida.
Diagnóstico – Clarisse explicou que a detecção nas crianças é feita por meio da triagem neonatal, com o teste do pezinho. “Estamos trabalhando pela inclusão do teste para a doença falciforme em todos os estados da federação”, afirmou. Segundo ela, apenas 17 dos 26 estados e o Distrito Federal fazem o teste. Outra medida é a inclusão do exame de eletroforese de hemoglobina na lista de procedimentos do pré-natal feito no Sistema Único de Saúde (SUS), anunciado pelo Ministério da Saúde em março deste ano.
Mais prevalente em mulheres negras, a Anemia Falciforme aumenta o risco de mortalidade materna, pois as gestantes só descobrem a doença durante o pré-natal ou já no momento do parto, deixando de tomar alguns cuidados. De acordo com informações do Ministério da Saúde, a incorporação do exame está avaliado em R$ 12 milhões ao ano em investimentos no programa Rede Cegonha.
A Anemia Falciforme não tem cura, porém tem controle. Daí a importância da identificação precoce do chamado “traço falciforme”. Uma vez controlada se torna possível evitar os problemas crônicos resultantes da doença. “Quanto melhor a criança for acompanhada, mais saudável será o adulto com a doença falciforme”, explica a Clarisse
Fonte : FCP
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