Relatório foi lançado nesta terça-feira, em Brasília, por especialistas do Ipea, MRE, Banco Mundial e UnB
Para analisar a crescente participação política e econômica do Brasil em vários países africanos, principalmente os subsaarianos, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desenvolveu, em Parceria com o Banco Mundial (BM), o relatório Ponte sobre o Atlântico – Brasil e África Subsaariana: parceria Sul-Sul para o crescimento, lançado nesta terça-feira, 13, na sede do Instituto, em Brasília. O documento representa, de acordo com o diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte), Marcos Cintra, o esforço pra se tentar entender as inúmeras relações entre Brasil e África (cooperação, política externa, investimento e comércio).
O ministro Marco Farani, diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE), afirmou que o governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, estabeleceu acordo de cooperação financeira com países daquele continente, para que eles possam solicitar empréstimos, com juros de aproximadamente 2% ao ano, para a compra de mini tratores voltados à agricultura familiar. “A cooperação brasileira se dá no campo da capacitação técnica. O Brasil quer ter papel importante também no campo da cooperação financeira”, apontou.
Desafios
Farani considerou que a relação com a África transcende a cooperação técnica e que a priorização da região sul do continente vem ocasionando a abertura de novas oportunidades comerciais e investimentos. “Lula, durante o período de sua presidência, viu que o Sul será importante para desenvolver relação política e discurso mais uniforme, e o Brasil tem um papel importante na construção de uma agenda internacional nessa perspectiva”, disse.
Farani considerou que a relação com a África transcende a cooperação técnica e que a priorização da região sul do continente vem ocasionando a abertura de novas oportunidades comerciais e investimentos. “Lula, durante o período de sua presidência, viu que o Sul será importante para desenvolver relação política e discurso mais uniforme, e o Brasil tem um papel importante na construção de uma agenda internacional nessa perspectiva”, disse.
A ABC tem procurado qualificar a sua cooperação nessas duas áreas (técnica e financeira). “Isso não se dá por escolha, mas porque o Brasil não tem ainda uma agência estruturada, assim o trabalho fica ao sabor do movimento política; o segundo ponto é pelo nosso orçamento, muito pequeno, e não podemos nos lançar em projetos que financiem projetos de maior assistência, mais estruturantes.
Ele garante que se esses atuais obstáculos forem resolvidos isso, o Brasil poderá trabalhar de forma mais efetiva. “O que fazemos hoje é muito bom, mas os resultados são de longo prazo. Poderíamos fazer muito mais se o Brasil tivesse uma visão mais clara de como trabalhar no campo da cooperação internacional”, alertou.
Outro ponto importante elencado pelo ministro é que se o Brasil mostrar ainda mais engajado nos processos de cooperação internacional, países desenvolvidos que dispõem de recursos podem se interessar e colaborar. “Gostaria que o BM fizesse novo relatório em cerca de três anos, para analisar se as coisas avançaram, pois o estudo vai nos ajudar a ter clareza sobre o futuro”, afirmou. Em 2010, concluiu ele, o Brasil gastou 0,04% do PIB em cooperação internacional e precisa fazer crescer essa parcela de contribuição com a comunidade internacional.
Elos
Tânia Malinski, do Departamento da África do MRE, ressaltou que o continente é uma área geográfica de permanente interesse para o país. “O período colonial nos uniu de forma trágica e isso ainda nos une, portanto, temos o desafio de superar as marcas da escravidão, que ainda se fazem sentir”, iniciou. Ela lembrou que a migração maciça involuntária de africanos nos faz o segundo maior país em descendência africana.
Tânia Malinski, do Departamento da África do MRE, ressaltou que o continente é uma área geográfica de permanente interesse para o país. “O período colonial nos uniu de forma trágica e isso ainda nos une, portanto, temos o desafio de superar as marcas da escravidão, que ainda se fazem sentir”, iniciou. Ela lembrou que a migração maciça involuntária de africanos nos faz o segundo maior país em descendência africana.
O que une essas duas margens do Atlântico Sul na política internacional, de acordo com Tânia, são fatos emblemáticos, como o apoio do Brasil aos processos de emancipação política dos países africanos; o esforço conjunto na superação do subdesenvolvimento; o Brasil ter condenado o regime de apartheid na África do Sul; e por fim, o movimento importante das décadas de 1960 e 70 para se tentar conferir mais dinamismo na relação Brasil-África.
Os interesses mútuos dessa parceria são a agricultura tropical e familiar, agroexportação, reaparelhamento de hospitais, combate à malária, à AIDS e à anemia falciforme, diversificação do comércio, interconectividade por rotas marítimas e aéreas.
Já o grande interesse convergente destacado por Tânia é o trabalho político para tornar os países do Hemisfério Sul mais presentes e estruturados na política internacional, “na advocacia por uma nova ordem mundial”.
Quem também participou da cerimônia de lançamento do relatório foram: o coordenador geral de Operação do Banco Mundial, Boris Utria; Keith Martin, Susana Carrillo e Eduarda Hamann, integrantes do BM envolvidos na elaboração do documento; a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Fernanda Lira Goes e o professor da Universidade de Brasília, José Flávio Sombra Saraiva, ambos também participantes da equipe.
Fonte : IPEA
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