por Daniel Barbosa
Um dos convidados de projeção nacional que integra a programação da primeira etapa do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, o músico, escritor e pesquisador carioca Nei Lopes vai experimentar algo inédito em sua trajetória: no domingo, ele ministra uma aula-espetáculo em que intercala com músicas, no formato voz e violão, um bate-papo com o público sobre um assunto que domina com absoluta propriedade - o samba. Como de praxe em seu discurso musical e literário, a provocação está no cerne da apresentação, o que, aliás, se afina com a proposta desta 6ª edição do FAN.
"O tema dessa aula-espetáculo, ‘Sambeabá: o Samba Que Não se Aprende na Escola’, é tirado de um livro meu publicado há algum tempo, e evidentemente é um passeio pelo universo do samba, só que a partir de uma visão muito própria que tenho sobre o assunto", diz, destacando o que considera as questões centrais acerca do tema.
"Acho que só se pode entrar nessa seara quando a gente parte de uma separação do que seja o samba como manifestação efetiva da cultura popular e o que é o samba de mercado, o que está inserido na indústria de consumo. Essa é a primeira separação que tem que ser feita. A segunda é entre samba e escola de samba. A confusão entre essas duas coisas tem sido feita reiteradamente, acho que até com uma certa malícia, como estratégia de exclusão, na medida em que se tenta colocar essa expressão genuína, popular, que é o samba, num gueto, que é a Sapucaí. É um tremendo desserviço", diz.
Diferenças. Nei ressalta que sua própria experiência o credencia a falar sobre essas dicotomias e confusões que turvam o universo do samba autêntico. "Sou sambista, no sentido vulgar do termo, e já participei ativamente de escola de samba, o que não quero nunca mais na vida fazer, em hipótese alguma. Continuo inserido num contexto de consumo, produzo sambas o ano inteiro, mas permaneço dentro desse sistema com minha posição crítica, que, aliás, tenho exercitado muito mais na literatura que produzo", diz.
Esse foco que, nos últimos tempos, tem recaído mais sobre a produção literária, conforme explica Nei, tem a ver justamente com o cerceamento que o samba sofre atualmente, o que, nessa seara, limita o alcance de sua voz. "Existe essa contradição, esse nó para ser desfeito, que é o seguinte: você tem que preservar o samba, mas como, deixando que ele entre na grande corrente de consumo? Eu não tenho a solução para isso. Componho hoje com menos intensidade do que antes, até por causa dessa exclusão que existe no ambiente do mercado, onde se privilegiam outras vertentes, como o pop internacional. Atualmente, até a música gospel tem mais valor de mercado que o samba", critica.
Fonte: grupodiscriminação Marcos Cardoso
"O tema dessa aula-espetáculo, ‘Sambeabá: o Samba Que Não se Aprende na Escola’, é tirado de um livro meu publicado há algum tempo, e evidentemente é um passeio pelo universo do samba, só que a partir de uma visão muito própria que tenho sobre o assunto", diz, destacando o que considera as questões centrais acerca do tema.
"Acho que só se pode entrar nessa seara quando a gente parte de uma separação do que seja o samba como manifestação efetiva da cultura popular e o que é o samba de mercado, o que está inserido na indústria de consumo. Essa é a primeira separação que tem que ser feita. A segunda é entre samba e escola de samba. A confusão entre essas duas coisas tem sido feita reiteradamente, acho que até com uma certa malícia, como estratégia de exclusão, na medida em que se tenta colocar essa expressão genuína, popular, que é o samba, num gueto, que é a Sapucaí. É um tremendo desserviço", diz.
Diferenças. Nei ressalta que sua própria experiência o credencia a falar sobre essas dicotomias e confusões que turvam o universo do samba autêntico. "Sou sambista, no sentido vulgar do termo, e já participei ativamente de escola de samba, o que não quero nunca mais na vida fazer, em hipótese alguma. Continuo inserido num contexto de consumo, produzo sambas o ano inteiro, mas permaneço dentro desse sistema com minha posição crítica, que, aliás, tenho exercitado muito mais na literatura que produzo", diz.
Esse foco que, nos últimos tempos, tem recaído mais sobre a produção literária, conforme explica Nei, tem a ver justamente com o cerceamento que o samba sofre atualmente, o que, nessa seara, limita o alcance de sua voz. "Existe essa contradição, esse nó para ser desfeito, que é o seguinte: você tem que preservar o samba, mas como, deixando que ele entre na grande corrente de consumo? Eu não tenho a solução para isso. Componho hoje com menos intensidade do que antes, até por causa dessa exclusão que existe no ambiente do mercado, onde se privilegiam outras vertentes, como o pop internacional. Atualmente, até a música gospel tem mais valor de mercado que o samba", critica.
Fonte: grupodiscriminação Marcos Cardoso
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