O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, inaugura no próximo dia 26 de fevereiro a exposição “Deusa dos Fluídos” de Gal Oppido. Inspirado na figura de Iemanjá e em sua significação, o fotógrafo ensaísta Marcos Aurélio Oppido lança um olhar provocativo para a figura da divindade africana.
A exposição traz 10 mulheres, com personalidades e características físicas diferentes, apresentadas numa mistura de rostos, corpos e almas, resultando em possíveis caracterizações.
Segundo Gal, a intenção é ter uma perspectiva universalista da imagem da mulher, para representar o orixá africano.
Para o artista, ao contrário do simbolismo inatingível de Nossa Senhora, Iemanjá revela-se mais acessível à humanidade. “Acredito nessa idéia de que Iemanjá é a santa possível do século XXI”, afirma.
A maior parte das fotos foi produzida em estúdio e invade o universo interior de cada mulher, buscando em cada uma características que as aproximem da imagem do orixá. A mostra também inclui uma instalação para a exibição dos vídeos "Bras au Vent” e "Iemanjá Deusa dos Fluídos: processo de construção de um ensaio”.
Deusa dos Fluidos
A partir da figura de Iemanjá, despojada de suas vestes marianizadas e entendida como aparição palpável, aquela que com o cordão umbilical alimenta dentro de seu mar interno a vida sêmen-ada que jorra para o mundo seus oceanos vaginais com felizes náufragos incubados durante meses para aportarem na praia dos humanos.
O erótico como provedor dos ritos de celebração e pró-criação da vida, o corpo da mãe que se orgulha da não-virgindade, pois possibilita o outro corpo, que protege o irmão, o companheiro de luta e desespero; o mesmo corpo que na vigília e no caminhar épico pelos campos africanos religou todos os continentes.
A Maria das Marias, a Maria do Mar, a Maria Preta, a Maria Ninguém, portanto etérea, fluída, onipresente, dos terreiros, terrenos e da terra.
"Humanos úmidos, uni-vos!" Gal Oppido
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