segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

TRABALHO, RENDA E ESCOLARIDADE

 por Monica Aguiar


Com a implementações dos programas e  políticas sociais hoje agregados ao reconhecimento das especificidades, o Brasil tem em várias regiões principalmente nas mais pobres  conseguido a tão sonhada redução da miséria, da pobreza e do desemprego.
De acordo com o Ipea e do IBGE (Estado, 12/10) entre agosto de 2004 e agosto último a taxa de desemprego dos 20% mais pobres da população (renda per capita domiciliar abaixo de R$ 203,3 mensais) aumentou de 20,7% para 26,27%. No mesmo período, a desocupação dos 20% de renda maior (acima de R$ 812,3 mensais) caiu de 4,04% para 1,4% - ou seja, caiu 67,9%. E as causas são claras, segundo Márcio Pochmann, do Ipea: dificuldades relacionadas com baixa escolaridade, num momento em que "a competição é por trabalhadores qualificados".

Porém o quadro de relação trabalho e escola é alarmante e continua longe da promoção das chamadas reparações . Dos 41,8%  desempregados mais pobres, frequentaram  11 anos ou mais de escola, enquanto 86,1% dos ricos têm esse nível mais alto de escolaridade.

A situação se torna mais grave quando analisamos os grupos etnicos raciais, dos 76,7% dos desempregados, os  mais pobres são negros.

Tudo faz parte do mesmo quadro: nos últimos seis anos o número total de desempregados nas regiões metropolitanas caiu de 2,42 milhões para 1,6 milhão, mas o número de desempregados de baixa renda aumentou de 652,1 mil para 667,7 mil. Os 20% mais pobres são 41,72% dos desempregados nas seis regiões, enquanto os 20% mais ricos somam apenas 5,19%.

E o quadro fica bem preocupante quando observam se as faixas de idade. A taxa de crescimento de empregos formais no País foi de 4,5% no ano passado; mas entre jovens de 18 a 24 anos foi de apenas 2,6%; e na faixa de 16 a 17 anos, somente 1,5% (Folha de S.Paulo, 6/8). Tudo isso agrava o quadro que mostra (Estado, 12/8) uma taxa de desemprego de 17% entre jovens, embora haja outras fontes que cheguem a indicar mais de 50% na faixa dos 15 aos 24 anos.

Com relação as mulheres ouve um avanço significativo no mercado de trabalho, mais não é a realidade das mulheres negras. Em percentual menor no mercado de trabalho com qualificação técnica ou acadêmica,  ainda chegam a ocupar cargos de pequenas relevâncias. A ampla maioria das mulheres negras,  que não possui qualifcação e tem  baixa escolaridade ocupam função servil.   Depedendo da acupação exercida chegam a ganhar até 50% menos que demais grupos etnicos.

É inevitável a lembrança das estatísticas do IBGE sobre a violência no País, apontando que jovens de 15 a 24 anos respondem por um quarto das mortes anuais no Brasil (27 mil de 106 mil) por "causas eternas" (homicídios, suicídios, acidentes do trabalho). E os homicídios respondem por 67,5% desse total. São muitos os especialistas que têm relacionado o desemprego nessa faixa com a violência. Se o jovem for negro - seu risco de morte violenta é 130% mais alto. Em 2009, 32,8% dos jovens entre 18 e 24 anos abandonaram os estudos antes de completada a terceira série do ensino médio. O Desempenho não é homogêneo entre as raças.

Os jovens negros em todos os  anos da série e para todos os segmentos, níveis de desempenho inferiores aos jovens brancos.

A falta de qualificação, falta de investimento do poder público estadual em escola pública com qualidade e com profissionais capacitados, eleva consideravelmente o desemprego nos setores de menor renda.

Mas o quadro permanece difícil mesmo quando as crianças da classe baixa , conseguem chegar à escola. As taxas de evasão são muito altas, até na universidade, pois é bem grande o número de jovens que são arrimo de famílias. E o número de mulheres negras que são chefes de familia com a percapita muito baixa é alto.

As diferenças de anos de estudos existente entre a população negra e a branca, reflete hoje na falta de profissionais qualificados para a demanda do mercado de trabalho técnico.

As reparações dos danos causados pela escravidão  não é ultopia de um grupo político ou das organizações sociais, é sim a política mais urgente para um pais que caminha para o crescimento com interferência na econômia mundial.

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