sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

“Violas & Canções” – Por Jamari França


Foram mais de 20 anos de trajetória com o Cidade Negra desde os primórdios na Baixada Fluminense como Lumiar até o sucesso como Cidade Negra. É hora de buscar novos desafios e Da Ghama está pronto para o que der e vier com muita garra e disposição. O novo começo se chama “Violas e canções,” o primeiro disco solo do ex-guitarrista do Cidade, uma nova sonoridade sem abandonar o reggae, um dos ritmos importantes de sua formação, mas não o único.
- O disco é um resgate de minhas fontes de 30 anos atrás, a retomada do meu interesse musical da época com os grooves e a linguagem musical de hoje. Minha relação com a música nasceu em casa com o violão, com a música que meus cinco irmãos escutavam que incluía samba, reggae, Marcos Valle, Djavan, Vinicius de Moraes, Jorge Ben Jor. A cultura rock não faz parte disso, o único canal nos anos 70 era um programa que tinha na televisão, Sábado Som, apresentado por Nelson Motta.
Da Ghama estruturou o disco em três módulos. Ele abre com cinco baladas cheias de groove, uma forma de mostrar sua afinidade com o formato canção e também para fazer o link com seu “lado de rádio”. No miolo gravou um samba de sua autoria com Marcos Valle, “Ciranda”, com a participação poderosa de Arlindo Cruz. A seguir algumas regravações em homenagem a algumas influências suas e, para encerrar, alguns reggaes.
O disco foi gravado no DV Music Studio no Rio por Robson Vidal com produção de Da Ghama, mixado por Vitor Farias. Da Ghama gravou com os músicos da banda Baixáfrica, que o acompanha na estrada: Márcio Souza (violão solo e slide), Tácio Farias (baixo), Gui Rodrigues (bateria), Waldir Gama (percussão) e Aline Spinosa (maravilhosos vocais).
O álbum abre com “Tesouro Perdido”, dele com Bernardo Vilhena, o parceiro mais constante no disco, com quem Da Ghama trabalha ao vivo, no estilo clássico, sem usar de e-mail. O groove impera, embalando uma letra que fala de um amor escondido em algum lugar, com direito a citação de uma obra de Alfred Hitchcock. “Carta Grega” é uma parceria com George Israel embalado em cordas sobre um amor separado pela distância.
“Amor proibido,” parceria com Rick Magia, com belo solo de slide de Márcio Souza, conta a história de um amor encerrado que reflui como as ondas do mar. “A Cor do Sol,” com Vilhena e Lazão, já registrada pelo Cidade Negra, fala da esperança de uma vida melhor no segundo milênio no contexto de um relacionamento a dois. “Jeito de ser,” com Vilhena, fala das alegrias da vida a dois.
Da Ghama homenageou algumas influências no disco, dando nova roupagem a músicas conhecidas. A começar por “Cair em si,” de Djavan, cantautor que ouviu muito na juventude, com uma levada marcada pela bateria e muito balanço. “Não chore mais,” o hino de Bob Marley em versão de Gilberto Gil recebe o reforço do rap de Renato Biguli, do Monobloco, ampliando a mensagem universal da canção.
O hino soul de Hyldon, “Na Rua, na Chuva, Na Fazenda” ganha uma versão em reggae, um idioma que Da Ghama domina muito bem e que dá novo gás à canção. “Amor matador,” homenageia o grupo que o teve no seu DVD “Ao Vivo” lançado em 2005.
O samba está presente na faixa “Ciranda,” parceria com Marcos Valle, que tem a participação certeira do mestre Arlindo Cruz, dividindo os vocais numa faixa que fala em aprender com a criança que existe em nós.
O reggae “Um Só Coração,” já gravada pelo Negril, conta a história de um amor quente como um vulcão. “O Calor da Palavra” transmite uma mensagem de otimismo em ritmo de reggae em versos como “Cantar é celebrar a vida/ Brincando como uma criança/ Amar é estar de bem com a vida. E dizer boas palavras ao coração”.
“Se Você,” parceria com a cantora Liah, é a música de trabalho, com direito a clipe no You Tube, um reggae radiofônico de alto teor dançante e poético. “Além das Ondas, parceria com Vilhena, já gravada pelo Cidade Negra, fecha o disco em ritmo de reggae marcado por uma cuíca.
“Violas e Canções” abre a viagem solo de Da Ghama num astral “tranqüilo como eu quero ser,” como dizem os versos da faixa de encerramento. Um recomeço com muita vontade de mostrar a que veio.
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Carlos Romero
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Fonte: Africa.com

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