Relatório do PNUD aponta que nações em que melhorias são mais urgentes estão progredindo mais lentamente nos Objetivos do Milênio
Os países árabes mais pobres, onde as melhorias sociais são mais urgentes, estão apresentando progresso mais lento em direção aos ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), aponta o terceiro relatório sobre o desempenho dessas nações nas metas estabelecidas pela ONU. O estudo, elaborado pelo PNUD e pela Liga Árabe, indica, por outro lado, que os países mais ricos, como os produtoras de petróleo, devem cumprir a maior parte dos ODM.
“A região árabe continua a ser caracterizada por desigualdades acentuadas entre as diferentes sub-regiões. As desigualdades são grandes não só em termos de nível de desenvolvimento, mas também em termos de progressos em direção aos ODM", afirma o Terceiro Relatório Árabe sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2010. Somália, Sudão, Iêmen, Mauritânia, Djibuti e Ilhas Comores, além de Iraque e dos Territórios Palestinos Ocupados, estão “significativamente atrasados e dificilmente vão atingir a maioria das metas até 2015%”.
De maneira geral, a região árabe registrou progressos em muitos ODM – principalmente no que diz respeito à saúde e à educação. Segundo o relatório, os países árabes também estão perto de alcançar as metas de reduzir à metade a proporção de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia – mas isso só se não forem considerados os pobres nas áreas rurais. O desemprego é outro problema que assola a região, principalmente entre os jovens.
Já a participação econômica e política das mulheres continua muito limitada, e presença feminina nos parlamentos nacionais segue baixa, apesar de alguns governos terem adotado algumas medidas temporárias, como o sistema de cotas, para dar mais espaço a elas na política.
Todos os países árabes compartilham, em graus variados, o desafio de melhorar a governança ambiental e integrar a administração dos recursos naturais com estratégias para redução da pobreza e planos de desenvolvimento nacionais, segundo o relatório. Apesar de contribuir com menos de 5% das emissões globais de dióxido de carbono, o impacto das mudanças climáticas sobre a região preocupa.
Nas últimas três décadas, o rápido crescimento populacional e o acelerado desenvolvimento econômico e social nos países árabes foram atrelados a significativos aumentos na demanda por água. Porém, a proporção de população com acesso a água potável continua baixa.
Entre os fatores que têm prejudicado o avanço da região nos ODM estão o desempenho econômico relativamente fraco na década de 90 e no começo dos anos 2000, assim como o financiamento insuficiente para políticas sociais e o aumento das tensões políticas e dos conflitos.
Esse último ponto é citado na análise de vários dos oito Objetivos. Problemas de segurança afetam a disponibilidade de recursos e emprego, com impacto na pobreza, mas também outros setores. “Em períodos de conflito, os estudantes faltam às aulas, a capacitação de professores é suspensas, os exames são cancelados ou adiados indefinidamente, as horas de aula diminuem ou são postergadas por razões de segurança, e as crianças ficam com frequência confiadas em suas casas”, diz o relatório, citando alguns dos impactos em educação.
"O desafio hoje na região árabe é negociar uma agenda de ação para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Faltando cinco anos para a data-marco de 2015, a perspectiva de não conseguir alcançar as metas é muito real. Isso seria um fracasso inaceitável tanto do ponto de vista moral quando de desenvolvimento", afirma o texto.
Fonte PNDU
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