Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que há, em
2018, 8,3 mil candidatas, o que representa 30,64% do total.
Maioria do eleitorado brasileiro, as mulheres continuam
representando uma parcela minoritária nas eleições. Mesmo com uma reserva
específica de recursos para as campanhas deste ano, o número de candidatas
praticamente não se alterou e a proporção oscilou negativamente em relação a
2014.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que há, em 2018, 8,3
mil candidatas, o que representa 30,64% do total. Em 2014, eram 8,1 mil, ou
31,1% de todas as candidaturas. Os números ainda serão consolidados pelo TSE
até a segunda-feira, 20, mas a tendência deve se manter.
As estatísticas indicam que houve pouco impacto na alteração
determinada pelo TSE neste ano, de reservar uma fatia de 30% do fundo eleitoral
(maior parcela de valores destinado para as campanhas eleitorais - R$ 1,7
bilhão - e formado por recursos públicos) e do tempo de propaganda para as
candidatas na disputa proporcional.
Um levantamento feito pelo Estadão Dados apontou que elas
terão 140% mais recursos do que tiveram há quatro anos - em 2014, as legendas
repassaram, em média, 12,5% dos recursos disponíveis para suas candidatas a
deputado federal e estadual.
Ainda assim, a expectativa entre analistas políticos é que
haja um aumento no número de mulheres eleitas. Antes dessa regra, só havia a
definição de que 30% das candidaturas dos partidos deveriam ser preenchidas por
mulheres, mas o resultado destas eleições mostrou fortes indícios de que as
siglas faziam uso de candidatas laranja, que não concorriam de verdade.
Nas eleições de 2016, por exemplo, o TSE identificou 16 mil
candidatos sem voto - 14,4 mil deles eram mulheres. Um levantamento do
Movimento Transparência Partidária entre os eleitos nas disputas gerais e
municipais de 2008 a 2016 também aponta tendência semelhante.
Em 2008, antes da reserva de vagas, 9,5% das candidatas
conseguiram se eleger. O índice foi para 5,3% em 2010 e 6,1% em 2012. A
proporção caiu para 2,7% em 2014 e, em 2016, foi de 5 7%.
Recursos
Pesquisadores das relações entre gênero e política partidária
avaliam que neste ano o maior acesso a recursos de campanha deve influir no
sucesso eleitoral de mulheres. "Quando a gente coloca cotas para partidos
políticos usarem mulheres, a tendência é esses partidos usarem o mínimo",
disse Hannah Maruci, pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da
Universidade de São Paulo (USP).
"Agora a gente trata de dinheiro para
campanha. Então a expectativa é que aumente o número de eleitas, principalmente
no Legislativo."
A analista faz uma ressalva, no entanto, sobre o uso das
verbas do fundo eleitoral destinadas às candidaturas femininas pelas
legendas.
A decisão do TSE, na prática, reservou R$ 515 milhões da
reserva de recursos públicos para candidatas em 2018. No entanto, não
necessariamente a verba será usada de maneira equânime para as candidatas e não
está claro como os partidos podem repartir esses recursos.
"Alguns
partidos não têm claro que destino darão a esse dinheiro."
Marilda Silveira, diretora do Instituto Brasileiro de Direito
Eleitoral, concorda com a avaliação de Hannah. "Dirigentes são homens e as
mulheres sofreram ao longo dos anos com a redução de sua participação
civil", disse. "Existe uma expectativa de aumento, mas não no
Legislativo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
fonte: Estadão Conteúdo
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