O empoderamento da
mulher no âmbito corporativo, é o eixo central da 3ª edição do Fórum WEPs 2018, ( Fórum
dos Princípios de Empoderamento das Mulheres: Um diálogo entre países da
América Latina e Caribe e a União Europeia), promovido pela Organização das
Nações Unidas (ONU), de 29 a 30, na cidade de São Paulo.
Uma parceria inédita,
ONU Mulheres, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e União Europeia,reunidas para promover uma série de debates para sensibilizar importantes
setores empresariais e empreendedorismo. O objetivo é aumentar e fortalecer o
compromisso com a igualdade de gênero no mundo corporativo e a implementação de
políticas para o empoderamento econômico das mulheres.
Representantes de
Estados, empresas e instituições da América Latina e do Caribe, assim como o
embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, se encontraram
nesta quarta-feira (29), para debater os
desafios pendentes na igualdade de gênero no mundo empresarial.
Durante o Fórum foi
laçado o "Programa Regional Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa
Bons Negócios", assinado por, aproximadamente, 1.800 executivos do mundo
todo. Só na América Latina, 60% das mulheres estão no mercado informal e a
diferença salarial é, em média, de 22%, e apenas 2% das empresas da região
possuem uma mulher no cargo de diretora executiva, conforme dados divulgados
hoje.
A necessidade de
promover a diversidade dentro
das empresas já é compreendida por boa parte das companhias nacionais e
internacionais. Estudos destacam que a diversidade é um fator que traz grandes
benefícios. No entanto tais ações não
são capazes, muitas vezes, de dar conta da complexidade dos recortes da
sociedade – principalmente quando esses extrapolam o gênero.
A diretora regional da ONU Mulheres para América Latina e Caribe, Luiza Carvalho. Foto:(EFE/Fernando Bizerra Jr.) |
A diretora regional
da ONU Mulheres para América Latina e Caribe, Luiza Carvalho, destacou os
avanços da região nos âmbitos legal e jurídico, mas destacou que ainda existe
um "grande déficit" por parte dos governos e do setor privado.
"Nos últimos 15
anos, vimos uma maior incorporação de mulheres ao mercado de trabalho, se
comparado a outras regiões do mundo, mas foram incorporações precárias, a
maioria no setor informal, ganhando menos", informou para agência EFE.
A ministra da Mulher
e da Igualdade de Gênero do Chile, Isabel Plá, ressaltou uma "reforma
constitucional " já aprovada pela Câmara que coloca o Estado com a
"obrigação" de promover a igualdade de direitos.
"A reforma, que
ainda deverá passar pelo Senado, procura eliminar toda discriminação
arbitrária: discriminação para acessar o mercado de trabalho, discriminação
salarial ou qualquer outra que menospreze a dignidade das mulheres”.
Ela salientou também
a importância das "políticas de Estado" e o "empoderamento
econômico" para fazer frente à violência doméstica.
"Há uma relação
muito direta entre o empoderamento econômico e a liberdade para sair do círculo
de violência. No Chile, muitas mulheres permanecem em situações violentas por
dependência financeira do agressor", acrescentou.
Cida Bento |
Com atuação em
psicologia institucional, a Coordenadora do CEERT Cida Bento, durante sua apresentação, avaliou que há mudanças significativas em relação às
mulheres negras, sobretudo na mídia e em manifestações nas ruas, espaços nos
quais é feita a disputa por novas perspectivas de desenvolvimento.
No entanto,
ainda há um caminho para percorrer.
“Quando estamos nesta sala, esquecemos que
mais da metade da população brasileira é negra. Não podemos esquecer disso”.
CIDA BENTO, COORDENADORA DO (CEERT), DURANTE APRESENTAÇÃO NO EVENTO EM SÃO PAULO (FOTO: BRUNNA CASTRO/Epocanegocios) |
“Quando dizemos que,
em uma determinada empresa, a questão de gênero está mudando, essa mudança é
para quem? Tem que ser para todas as mulheres”, “ O “guarda-chuva de gênero” muitas vezes não comporta
mulheres negras, indígenas e quilombolas. “Existe um outro Brasil que é muito
mais instável”,
“Hoje nós temos mais
mulheres negras empreendedoras do que mulheres brancas, mas onde elas estão?
Têm acesso à crédito? O que os bancos podem fazer em relação a isso?”,
questiona Cida Bento, coordenadora do
Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).
Cravinho, por sua
vez, afirmou que a UE avançou em matéria de igualdade entre homens e mulheres,
mas defendeu que ainda existe "um grande caminho a ser percorrido.
"Não há lugar
para complacência. Devemos reconhecer o que foi feito, a situação é melhor do
que há 10 ou 20 anos, mas está longe das ambições", argumentou.
Para o embaixador, as
mulheres entre 30 e 45 anos na Europa "estão mais bem preparadas, mas
participam menos do mercado de trabalho" devido a uma série de barreiras
ainda existentes.
O "Fórum WEPs
2018 em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a União
Europeia, foram destacados, por exemplo, países da América Latina que adotaram
medidas para avançar no quesito igualdade .
Data: 29 e 30 de agosto de 2018
Local: Villa Blue Tree Events: Rua Castro Verde, 247, Jardim Caravelas –
Fonte e entrevistas: ONUMULHER/Época Negócios/Bol/Agencia EFE
Pesquisa e edição Mônica Aguiar
Nenhum comentário:
Postar um comentário