sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Academia Brasileira de Letras rejeita o desejo e campanha da sociedade em prol de Conceição Evaristo


Escritora mestra em literatura brasileira não foi eleita  apesar da campanha feita por movimentos negros e feministas.

A Academia Brasileira de Letras (ABL) escolheu na tarde desta quinta-feira um cineasta, para ocupar a cadeira de número 7 da instituição, vaga desde abril deste ano com a morte do também cineasta Nelson Pereira dos Santos.

A entidade literária, fundada em 1897 no Rio de Janeiro com o objetivo de cultivar a língua portuguesa e a literatura brasileira, frustrou a expectativa de milhares de pessoas que esperavam que a escritora Conceição Evaristo fosse eleita.

Mulher Negra, nascida em uma comunidade de Belo Horizonte e com 71 anos, Conceição Evaristo militante do movimento negro, com grande participação e atividade em eventos relacionados a militância política social, tem em suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordagem em temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. 

Sua candidatura foi impulsionada por movimentos negros e feministas que buscam uma maior representatividade dentro da ABL, composta por 40 membros efetivos e perpétuos que são, em sua maioria, homens e brancos.

A mobilização em torno de Evaristo começou quando a jornalista Flávia Oliveira lançou a ideia na coluna de Anselmo Gois, no jornal O Globo. "Eu voto em Nei Lopes ou Martinho da Vila. Sem falar na Conceição Evaristo. 'Tá' faltando preto na Casa de Machado de Assis", disse em abril.

Uma petição na Internet chegou a reunir mais de 25.000 assinaturas e a hashtag #ConceiçãoEvaristoNaABL foi criada, fazendo com que a escritora finalmente formalizasse a sua candidatura, no dia 18 de junho. "Assinalo o meu desejo e minha disposição de diálogo e espero por essa oportunidade", dizia um trecho do documento entregue.

Apesar de toda essa campanha, ela recebeu apenas um dos 35 votos. Diegues recebeu 22, enquanto que o editor e colecionador carioca Pedro Aranha Corrêa do Lago, de 60 anos, ficou com 11. A eleição é secreta. Ao todo, havia 11 candidatos.

Se a escritora Conceição Evaristo tivesse sido eleita, seria a primeira escritora negra em 121 anos de ABL  .

Até hoje, apenas oito mulheres fizeram ou fazem parte da ABL: Nélida Piñon, Zélia Gattai, Lygia Fagundes Telles, Rosiska Darcy de Oliveira, Cleonice Berardinelli, Dinah Silveira de Queiroz, Rachel de Queiroz e Ana Maria Machado. Considerando que a ABL já teve mais de 290 membros ao longo de sua história, é muito pouco.

Fontes: BrasilElpais/Folha/CEERT /G1/Catracalivre

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