Escritora mestra em literatura brasileira não
foi eleita apesar da campanha feita por
movimentos negros e feministas.
A Academia
Brasileira de Letras (ABL) escolheu na tarde desta quinta-feira um
cineasta, para ocupar a cadeira de número 7 da instituição, vaga desde abril
deste ano com a morte do também cineasta Nelson Pereira dos Santos.
A entidade literária, fundada
em 1897 no Rio de Janeiro com o objetivo de cultivar a língua portuguesa e a
literatura brasileira, frustrou a expectativa de milhares de pessoas que esperavam que a escritora Conceição Evaristo fosse eleita.
Mulher Negra, nascida em uma
comunidade de Belo Horizonte e com 71 anos, Conceição Evaristo militante do movimento negro, com grande participação e atividade em eventos relacionados a militância política social, tem em suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordagem em temas como a discriminação racial, de gênero e de classe.
Sua candidatura foi impulsionada por
movimentos negros e feministas que buscam uma maior representatividade dentro
da ABL, composta por 40 membros efetivos e perpétuos que são, em sua maioria,
homens e brancos.
A mobilização em torno de
Evaristo começou quando a jornalista Flávia Oliveira lançou a ideia na coluna
de Anselmo Gois, no jornal O Globo. "Eu voto em Nei Lopes
ou Martinho da Vila. Sem falar na Conceição Evaristo. 'Tá' faltando preto na
Casa de Machado de Assis", disse em abril.
Uma petição na Internet chegou
a reunir mais de 25.000 assinaturas e a hashtag #ConceiçãoEvaristoNaABL foi criada, fazendo com que a
escritora finalmente formalizasse a sua candidatura, no dia 18 de junho.
"Assinalo o meu desejo e minha disposição de diálogo e espero por essa
oportunidade", dizia um trecho do documento entregue.
Apesar de toda essa campanha,
ela recebeu apenas um dos 35 votos. Diegues recebeu 22, enquanto que o editor e
colecionador carioca Pedro Aranha Corrêa do Lago, de 60 anos, ficou com 11. A
eleição é secreta. Ao todo, havia 11 candidatos.
Se a escritora Conceição Evaristo tivesse sido eleita, seria a primeira escritora negra em 121 anos de ABL .
Até hoje, apenas oito mulheres fizeram ou fazem parte da ABL: Nélida Piñon, Zélia Gattai, Lygia Fagundes Telles, Rosiska Darcy de Oliveira, Cleonice Berardinelli, Dinah Silveira de Queiroz, Rachel de Queiroz e Ana Maria Machado. Considerando que a ABL já teve mais de 290 membros ao longo de sua história, é muito pouco.
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